sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Em 2009 eu quero...

...um camisa dez, unzinho só, mas de verdade. E o Leonardo na presidência, pode ser? (torcida do Flamengo)

...um título, unzinho só, o da Libertadores. Ah, e o fim das coletivas depois dos jogos também. (Muricy)

...a paciência da Fiel para assuntos relacionados a peso, joelhos, jejum, boates, minhas companhias... (Ronaldo)

...um título, qualquer um, mas não serve Taça Guanabara ou Taça Rio. (Cuca)

...um presidente que não faça e nem seja motivo de piadas. (torcida do Fluminense)

...profissionais aptos a mostrar ao Roberto como se administrar um clube. (torcida do Vasco)

...um time pra eu enganar mais um pouquinho. (Edmundo, Túlio, Marcelinho, Carlos Alberto)

...nada, já achei o meu, o Guarani... (Amoroso)

...relevância para o meu trabalho, mesmo que para o mal, como na Gávea... (Caio Júnior, o Homem-Flúido)

...um time grande pra eu jogar. (Robinho)

...uma torcida que me aplauda e dê carinho. (Luxemburgo)

...uma folga dos críticos, da imprensa, da torcida... (Dunga)

...saúde e paz para todos e o hexa para a nossa nação (este que escreve).

Feliz 2009!

É Natal

Pelo segundo ano seguido, a festa promovida por Zico aconteceu no Maracanã, palco muito mais apropriado que o longínquo campo do CFZ. Deu bem menos gente que no ano passado, a metade, mas foi uma celebração ainda mais bela de futebol e solidariedade, com craques (do passado, diga-se) desfilando sua classe no gramado e parte da arrecadação destinada às vítimas das enchentes no sul do país e no norte do estado.

Como é bom ver o Galinho correndo com a bola dominada, dando lançamentos precisos, enxergando o jogo como quase ninguém mais faz. Triste é lembrar que o tempo passa, lembrar que fui ao Maraca tantas e tantas vezes para ver Zico jogar, enquanto hoje cada vez menos gente que freqüenta o estádio faz pálida idéia do quanto Ele jogava. Mesmo o coro de "Ei, ei, ei, o Zico é o nosso rei" é cantado por cada vez menos gente na arquibancada. Gente cada vez mais velha.

Minha sugestão é que a data, 23 de dezembro, seja fixa. Nada como, na véspera da véspera de Natal, Papai Noel deixar tantos craques no Maraca. Um dia, quem sabe, essa festa faça parte do calendário oficial de comemorações natalinas da cidade, cada vez mais necessitada de momentos mágicos de alegria como os de terça passada.

* * *

Assisti ao jogo com meu irmão e a turma de amigos de arquiba bem debaixo da Urubuzada. Dali, podíamos ver a linha lateral oposta às cabines de transmissão da mesma maneira que um bandeirinha vê a imaginária linha de impedimento (quanto bem posicionado, claro).

Ou seja, tínhamos um ângulo de visão muito parecido com o da foto, homenagem à melhor bandeirinha do nosso futebol.



"Gostosa filha-da-p..., não tava impedido não
!"

De um gaiato, no único deslize da Ana Paula, que chegou atrasada pro jogo...


* * *

No fim das contas deu Boca, que comemorou o título argentino após uma derrota-sufoco incrível para o Tigre, por um a zero. Tivesse saído outro golzinho naquela pressão final de quase meia hora e uma zebra histórica teria feito a festa em outras cores no El Cilindro. Não vi o jogo (por conta da festa do Zico, assisti apenas aos minutos finais) e nem o vt (por causa das festas de Natal). Mas tenho a impressão de que esse não entrará para o hall dos títulos mais marcantes da história do Boca, como muitos esperavam. Comemorar depois de perder nunca é a mesma coisa. Ainda mais do jeito que o Boca perdeu. Ainda mais com a outra torcida, do outro lado do estádio (novamente mais vazio que cheio) comemorando com igual satisfação o desempenho de seu time.

* * *

Pra quem quiser tirar a prova, hoje, às 20h, tem Heat x Bulls, mais uma chance de ver o fenômeno Derrick Rose em ação. Com um atrativo a mais - é o primeiro duelo oficial entre Rose e Michael Beasley, número 1 e número 2 do draft da NBA deste ano.

Graças a Deus, os Bulls souberam escolher.

domingo, 21 de dezembro de 2008

O Craque Decidiu

Certa vez, em outro blog, eu escrevi que "Riquelme é craque com carimbo de craque". Ontem, na vitória do Boca sobre o San Lorenzo, que deixou o time argentino mais descaradamente admirado no Brasil com as mãos no título - vi várias camisa azúis e amarelas hoje na praia - Riquelme foi simplesmente decisivo, apesar de não ter jogado tão bem. O que segue são as anotações que fiz durante o jogo em meu bloquinho.

- O El Cilindro, estádio do Racing, tem capacidade para 64 mil pessoas. Lá estavam apenas 27 mil, por questões de segurança. Quem acha que o pau quebra aqui entre as torcidas organizadas, não conhece o futebol argentino. As duas torcidas ocuparam apenas as áreas atrás dos gols, separadas por toda a parte central do Cilindro. É como se, aqui, a branca e as especiais do Maraca separassem as torcidas de Fla e Vasco, por exemplo. Pode ser seguro, ok. Mas não combina com decisão. Dependendo da câmera, o estádio por vezes parecia vazio. E estádio vazio em decisão é como pegar a Angelina Jolie sem dar beijo na boca, ir à praia sem dar um mergulho ou ao Pizza Hut e não comer pizza.

- O San Lorenzo, que venceu o Tigre no primeiro jogo do triangular decisivo, precisava apenas de outra vitória para ficar com o título no ano de seu centenário. Para o Boca, até o empate era bom resultado, o que explica a postura excessivamente defensiva do time no início.

- O calor era tanto em Avellaneda, arredores de Buenos Aires, que os reservas dos dois times preferiam camisetinhas às camisas dos clubes, nos bancos.

- O primeiro passe de Riquelme foi um tijolo que Ibarra não conseguiu dominar, deixando a bola sair pela lateral. Estranho, pra dizer o mínimo.

- Barrientos quer ser Riquelme. Um Roman canhoto. Mas Riquelme joga de cabeça em pé. Barrientos, primeiro, tem que aprender a ficar de pé. Pra isso, precisa soltar a bola mais rápido.

- O choque de cabeça entre Forlín e Silvera foi assustador. E nada de ambulância no Cilindro. Parecia aqui, antes da morte de Serginho, do São Caetano.

- Vinte e oito minutos, falta frontal para o Boca, média distância. Outro bate, lá nas nuvens. É um crime ter Riquelme no time e ele não bater todas as faltas.

- Dátolo, pela esquerda, em velocidade, é um trem.

- Quarenta e oito minutos, Roman bate escanteio no primeiro pau, Viatri abre o placar de cabeça. Foi a primeira bola do Boca ao gol do San Lorenzo.

- Vinte e quatro minutos de intervalo.

- Quinze do segundo tempo, Solari chuta fraco, Garcia aceita, por entre as pernas, na hora de encaixar a bola. Frango mais clássico no futebol não há.

- Imediatamente Ischia bota Palácio Padawan Skywalker no lugar de Figueroa. O gol mudou o jogo. O San Lorenzo passou a buscar o segundo, que seria o do título.

- Aos vinte e quatro, Riquelme leva amarelo, num lance em que não conseguiu pisar no freio e atropelou o adversário. Fica, assim, fora do jogo de terça, contra o Tigre. Passo a acreditar na possibilidade de uma zebra histórica.

- Trinta e dois minutos, cinco toques na bola. De Garcia, ex-vilão, sai o lançamento perfeito na ponta-esquerda para Dátolo, que mata a bola magnificamente e lança para Riquelme, no lado direito da área. O toque de prima, de craque, deixa Palácio na cara do goleiro. Também de prima, ele o desloca. Dátolo-Riquelme-Palácio. Os homens do Boca.

- Foram doze amarelos e dois vermelhos num jogo em que o pau comeu, quase sempre com lealdade.

- Aos quarenta e oito, Chávez faz 3x1, elimina o San Lorenzo e deixa o Boca perto do título - dá até pra perder por um gol na terça. Mas no Cilindro não estará o craque pra decidir. O Boca que abra o olho.

sábado, 20 de dezembro de 2008

Be Like Mike


Dezenove de dezembro. Tava lá marcado no bloquinho.

Miami Heat x Los Angeles Lakers. Ou melhor, Dwyane Wade x Kobe Bryant. Por isso tinha um asterisco ao lado.

Afinal de contas, são os dois melhores armadores do mundo. Na posição 2, se destacam de toda e qualquer concorrência. Estão em outro degrau de excelência.

Em comum, além do fato de que ambos só foram campeões como parceiros de Shaquille O'Neal - Kobe três vezes, Wade uma - o mesmo ídolo, modelo e imagem.

Jordan.

Kobe veio primeiro. Parece MJ até no falar. O estilo de jogo lembra Jordan em tudo. Postura, arremesso, o fadeaway, traquejos. Um clone perfeito (físico - mentalmente falando, em termos de basquete, Kobe nem chega perto).

Wade veio depois. O estilo é muito mais pessoal, com vários movimentos que nunca fizeram parte do repertório de Jordan. O moleque de Chicago, que cresceu tendo MJ como ídolo, preferiu não imitar à perfeição seu jogo. Mas parece ter entendido melhor a parte mental da coisa.

Foi um deleite de basquete, com os dois craques marcando um ao outro (e, não para meu espanto, raramente conseguindo parar o oponente). O Miami de Wade, que jogou em casa, venceu por dois pontos, na última bola. Um arremesso de Kobe que bateu nervosamente na parte de dentro do aro seis ou sete vezes e espirrou pra fora. Ambos foram brilhantes nos momentos decisivos, mas Wade foi mais, com duas cestas e um toco nos dois minutos finais. Até a bola ao alto, depois de uma presa, no mano-a-mano, Wade ganhou. Fez 35 pontos, contra 28 de Kobe.

E comemorou, assim que a bola do adversário espirrou, exatamente como o ídolo. Exatamente como Kobe teria feito se ela tivesse caído.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Citius, Altius, Fortius

Na teoria, o São Paulo deveria ser o time com menos necessidade/urgência de contratar reforços nesse fim de ano.

Na prática, não somente saiu na frente da concorrência como fez, até agora, os melhores negócios.

Contratou um zagueiro, um meio-campo e um atacante. Em princípio, nenhum para ser titular. Mas reforçou todos os setores do time com jogadores que, encaixados no sistema de jogo de Muricy, devem tornar o time ainda mais forte.

Renato Silva, pra mim, não é um grande zagueiro. Mas numa defesa que tem Miranda, André Dias e Rodrigo, ele passa a ser um ótimo reserva, talvez no nível de Rodrigo (que, por aqui, também não impressionou no Flamengo, embora tenha jogado pouco). Eduardo Costa, esse sim, acho bom de bola. Marca e sabe sair jogando, passar a bola. No meio de campo do São Paulo, pode fazer as funções de Jean e até de Hernanes. Em forma, não acredito que fique muito tempo no banco. E Washingon é aquele atacante que todos conhecem - vai perder gols feitos, feitíssimos, vez por outra. Mas também vai marcar com freqüência numa equipe que, até aqui, tinha apenas atacantes leves e de boa movimentação, como Borges e Dagoberto. Washington é exatamente o oposto deles, um homem de área, uma referência no ataque que será útil para o São Paulo contra defesas mais fechadas, que é quando o time mais sofre, pois prefere os contra-ataques.

Três contratações apenas. Mas três tiros certos da dupla Muricy-Mílton Cruz.

(Wagner Diniz? Não sei explicar, sinceramente. Mas acho que nem o São Paulo dará jeito nesse...)

* * *

Enquanto isso, no futebol paulista, apenas o Corinthians se mexeu, com Ronaldo, o que é um baita negócio de risco, como qualquer garoto de 8 anos que torça pro Milan sabe, além de Jorge Henrique e Túlio (jogadores de quem a torcida botafoguense não parece sentir muitas saudades). O Palmeiras espera pelas eleições e o Santos acena com Lúcio Flávio, que é bom reforço. No Rio, o Flamengo segue em compasso de espera, assim como o Fluminense, o Vasco anuncia gente desconhecida e o Botafogo se desmantela.

O São Paulo pode estar saindo na frente na busca pelo hepta ainda no ano do hexa.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Sprewell x Ronaldo, e a total falta de noção


Latrell Sprewell foi um bom armador, quiçá brilhante. Durante mais de uma dácada - de 1992 a 2005 - brilhou na NBA atuando por Golden State Warriors, New York Knicks e Minnesota Timberwolves. Chegou a disputar as finais pelos Knicks. Chegou a ser ídolo da mais que exigente torcida de Nova Iorque. Mas será sempre lembrado por um incidente e uma declaração infelizes.

Em dezembro de 1997, durante um treino, o então técnico dos Warriors, P.J.Carlesimo, pediu que Sprewell tivesse mais "atenção nos passes". Latrell disse que não estava de bom humor e pediu para que o treinador mantivesse distância. Quando P.J. se aproximou, o temperamental jogador simplesmente atacou-o. Atirou-o no chão e tentou entrangulá-lo por uns dez segundos antes que os companheiros o retirassem. O clube rescindiu o restante de seu contrato - quase 24 milhões de dólares pelos três anos seguintes. Ele acabou suspenso por mais de um ano, só voltando às quadras em fevereiro de 99, já com a camisa dos Knicks (quem mais para apostar num jogador que tentou estrangular o técnico além dos Knickerbockers?)

Incrível é pensar que Latrell Sprewell possa ter se queimado ainda mais com algo que disse do que com isso que fez.

Em 2004, já defendendo o Minnesota, Sprewell recebeu uma oferta de prorrogação de contrato de 21 milhões de dólares por três anos. Era bem menos que o contrato em vigência o pagava, mas o fato é que ele já tinha 34 anos e de forma alguma estaria atuando no mesmo nível até os 37. Latrell se sentiu insultado e deu sua resposta através da imprensa:

- "EU TENHO UMA FAMÍLIA PARA ALIMENTAR."

Sprewell nunca mais jogou, tendo recusado ofertas (ainda menores) de clubes muito melhores (Spurs, Mavericks, Lakers) nos anos seguintes. Desde então, foi acusado de tentar estrangular uma jovem de 21 anos em seu iate de 70 pés, em 2006. Acabou tendo as acusações retiradas por falta de provas. Seu iate também lhe acabaria sendo retirado, neste ano, por falta de pagamento, assim como uma de suas mansões em Milwaukee, onde mora.

* * *

Ronaldo Nazário foi um baita atacante, realmente brilhante. Depois de surgir no São Cristóvão, brilhou rapidamente no Cruzeiro antes de se transferir para o futebol europeu, onde brilharia ainda muito mais intensamente, defendendo clubes como Barcelona, Internazionale e Real Madrid. Jamais será lembrado como ídolo por essas torcidas, pois defendeu Real depois do Barça e agora o Milan depois da Inter... Foi decisivo na conquista do penta, tendo marcado os dois gols na final da Copa do Mundo de 2002. Mas será sempre lembrado por um incidente e uma declaração infelizes.

O incidente, todo mundo sabe, envolveu três travestis e uma história muito mal contada. Mas é problema dele, claro. Botar três travestis num carro e levá-los para um motel é algo muito menos grave e muito mais pessoal que tentar estrangular um técnico.

Incrível é pensar que, por estar no Brasil, por ser brasileiro, Ronaldo não tenha se queimado muito mais com algo que disse ao trocar o Flamengo pelo Corinthians:

- "EU TENHO QUE LEVAR O PÃO PRA CASA."

* * *

Em 2004, quando Sprewell disse que tinha "família pra alimentar", eu fiquei puto, claro. "Desgraçado! Cheio da grana e tem a cara-de-pau de falar uma coisa dessas!", pensei.

Não fui só eu. Nos Estados Unidos, Latrell passou a ser visto como um astro mesquinho e ganancioso. E olha que a mesma opinião pública que passou a condená-lo o havia perdoado por agredir o próprio técnico! Nada atenuava a ignorância de um atleta multi-milionário ao dizer que a recusa de um contrato de 21 milhões de dólares estava ligada à necessidade de alimentar a família. O americano, de forma geral, não engoliu aquilo.

* * *

Aqui? Bem, aqui parece que ninguém deu a mínima para o que Ronaldo disse. O mesmo Ronaldo que, segundo o Renato M. Prado, gosta de se gabar dizendo ter mais de 100 milhões de euros na conta. Imprensa, povo, companheiros de profissão, ninguém parece ligar para o fato dele ter "justificado" sua decisão citando a necessidade de alimentar a família, como fez Sprewell.

Mas eu ligo.

Ronaldo?

Pra mim, foi pro mesmo saco do Sprewell.

Dois idiotas sem noção do mundo que os cerca.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Bando de loucos

Terminou ontem a fase de grupos da Liga dos Campeões, com 16 times classificados para o mata-mata.

Oito terão a missão de decidir o confronto das oitavas fora de casa, pois terminaram em segundo lugar em seus grupos. São Chelsea, Internazionale, Sporting, Atlético de Madrid, Villarreal, Lyon, Arsenal e Real Madrid.

Os oito que terminaram em primeiro são Roma, Barcelona, Liverpool, Manchester, Bayern, Porto, Juventus.. e o Panathinaikos.

* * *

Eu estava em Atenas no dia em que Gilberto Silva chegou para assinar contrato com o clube. Falei com muitos gregos - são todos fanáticos por futebol - sobre o que esperavam do brasileiro. Em geral, pareciam cegos pela áurea do penta e a boa carreira internacional do meio-campo. Alertei-os sobre um excesso de otimismo, já que, apesar de capitão da seleção de Dunga, Gilberto mal vinha atuando em seu clube.

Acabamos indo ao aeroporto, naquele dia, cobrir sua chegada. Qual não foi a surpresa ao descobrirmos que ele sairia por um terminal de carga, pois havia uma pequena multidão esperando por ele lá fora. Debaixo do sol ameno de Atenas no verão, caminhamos até lá. Eram cinco, seis mil torcedores em frente ao terminal e todos cantavam sem parar, de uma maneira que deixaria qualquer torcida argentina com uma pontinha de inveja. Como a sorte acompanha quem trabalha, cinco minutos depois que chegamos pintou o Gilberto - a torcida e as demais equipes de tv já o esperavam há quase duas horas...

Rojões; muitos rojões. Corre-corre. Do aceno pra torcida, pro carro. Carro cercado, multidão enlouquecida. Parecia que os caras tinham contratato o Messi. Mas era o Gilberto Silva.

Ele foi o único brasileiro em campo ontem, na vitória magra porém tranqüila sobre o Anorthosis (sem Sávio, machucado). O Panathinaikos terminou na frente da Inter de Milão em seu grupo. Passei um email para um amigo grego. Não demorou meia hora para a resposta chegar, carregada de euforia (o clube comemora nada menos que seu centenário nessa temporada). Esse torcedor, que na época me disse que Marcelo Mattos, ex-Corinthians, era ídolo da torcida por conta de seu futebol e raça, diz agora que o meio-campo tem ficado no banco.

Imagine o cartaz do Gilberto Silva hoje no Patathinaikos.

* * *

Obviamente eu não poderia ter escrito para o Dimitris sem perguntar sobre como andam as coisas em Atenas, principal foco dos violentos protestos pelo assassinato de um jovem de quinze anos pela polícia, há seis dias.

Lá no fim do email, me chamou a atenção essa frase:

"Edu, é da nossa natureza não aceitar certos absurdos. O garoto foi morto por quem nos deve proteger - e sem motivo. Ninguém vai ficar calado até que a justiça seja feita."

Eu ouço muita coisa parecida aqui. Mas preferimos nos vestir de preto ou de branco e caminhar pela praia de Ipanema para protestar. Não é da nossa natureza agir como os gregos nessas horas. Uma pena.

* * *

Há quinze anos um menor de idade não era assassinato na Grécia.

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

And the "Tudo Bola Award" goes to...

Ontem foi dia de festa, oba-oba e reconhecimento, com a entrega dos dois mais importantes prêmios do futebol brasileiro - a Bola de Prata da Revista Placar e o Craque do Brasileirão, organizado pela CBF.

O primeiro é anos-luz mais tradicional, justo e transparente, com notas dadas pela Placar ao longo do campeonato desde 1970. Craques como Zico, Falcão, Sócrates e Reinaldo guardam com orgulho esses troféus em casa. O segundo tem apenas quatro anos de existência e a escolha é feita por um painel de 500 jornalistas, mas ninguém fica sabendo quantos votos cada eleito recebeu. Bem CBF.

As duas seleções ficaram assim:

Bola de Prata - Rogério Ceni (São Paulo), Vítor (Goiás), André Dias (São Paulo), Miranda (São Paulo) e Juan (Flamengo); Hernanes (São Paulo), Ramires (Cruzeiro), Wagner (Cruzeiro) e Tcheco (Grêmio); Borges (São Paulo) e Nilmar (Internacional).

Craque do Brasileirão - Victor (Grêmio), Léo Moura (Flamengo), Thiago Silva (Flu), Miranda e Juan; Hernanes, Ramires, Diego Souza (Palmeiras) e Alex (Internacional); Alex Mineiro (Palmeiras) e Kléber Pereira (Santos).

Para a Placar, o melhor jogador do campeonato foi Rogério Ceni, com média 6,21. Para a CBF, o craque foi Hernanes.

Só quatro jogadores aparecem nas duas, o que faz a gente pensar que entre esses 500 jornalistas teve muita gente votando pelo nome, sem ter realmente acompanhado certos jogadores ao longo do campeonato.

* * *

Posto isso, aqui vai a seleção do Tudo Bola do brasileirão-08, que joga com três zagueiros, para aproveitar a boa safra da temporada, cinco homens no meio, sendo dois alas, e dois atacantes.

Rogério; Thiago Silva, Miranda e André Dias; Vítor, Hernanes, Tcheco, Alex e Jorge Wagner; Keirrison e Nilmar.

* * *

Algumas poucas e boas sobre o Craque do Brasileirão, a que por algum movito obscuro, eu assisti:

- Por que Marcos Palmeira E Tony Ramos? Nenhuma apresentadora? Que mundo é esse, meu Deus? Da bola?

- Mais chato que o formato de entrega do prêmio, que tira toda a emoção do anúncio dos vencedores, só mesmo os stand up comedies apresentados pelos dois atores que eu, obviamente, não lembro os nomes. Longos e acompanhados de um silêncio constrangedor na platéia.

- Mais constrangedor que esse silêncio, só o discurso-protesto do senhor Simon. Vaiado na entrega do prêmio de melhor árbitro (em que ele ficou em terceiro), pegou o microfone e desatou a falar besteira/puxar o saco de Deus e todo mundo, saindo ainda sob vaias. Ele deveria saber que, no Rio, só não se vaia o Papa.

- O ministro dos esportes, Orlando Silva, também resolveu falar. Bastaram poucas palavras para ele deixar claro que não sabe nada sobre futebol ("o campeonato foi equilibrado porque teve três artilheiros"?)

- Quem falou e emocionou, emocionado, foi Pelé. Aliás, valeu assistir a tudo pelo momento em que alguns campeões de 58 se abraçaram no palco, com direito a até um João Havelange sorridente.

- Nilmar era o único jogador sem terno, preferindo um jeans com blazer. Aliás, mesmo sentado de cuecas no sofá de casa, me senti o mais elegante dos homens ontem.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Acabou-se o que era doce.

O São Paulo é hexa. Muricy é tri. Fizeram, São Paulo e o técnico, o que se propuseram a fazer depois da eliminação na Libertadores - correr atrás, sem desespero, sem mudanças no planejamento. O time correu, chegou, pegou e levou o título novamente para o Morumbi. Ironicamente, com um gol irregular, muito irregular.

(E, às 8:22 da manhã, a CBF e o MP ainda não se pronunciaram sobre qual o real conteúdo do envelope para Tardelli. Ao que parece, seriam apenas ingressos pro show da Madonna, o que faz do episódio ainda mais patético - como a CBF).

O Grêmio é vice, nessa fórmula de pontos corridos em que o vice, realmente, é esquecido ainda mais facilmente do que se houvesse final. Terminou só três pontos atrás do São Paulo, mas terminou atrás. Ainda bem. Um Grêmio campeão teria a seguinte escalação no jogo do título: Victor, Léo, Jean e Réver; Souza, Felipe Mattioti, William Magrão, Tcheco e André Luis; Soares e Perea. Não dá, não deu, não daria de jeito nenhum, o Grêmio era só um time comum...

Em terceiro ficou o Cruzeiro, que saiu atrás contra a Portuguesa mas virou o jogo e garantiu a vaga na Libertadores. O Cruzeiro termina o campeonato oito pontos atrás do campeão.

Para a pré-Libertadores vai o Palmeiras de Wanderley Luxemburgo, que conseguiu perder, em casa, para o Botafogo, que cumpria tabela. Resta saber se o Palmeiras ainda será mesmo de Wanderley Luxemburgo no ano que vem.

Fora ficou o Flamengo, goleado na Arena da Baixada pelo Atlético Paranaense, que com isso se livrou do rebaixamento. Marcelinho Paraíba, pela primeira vez escalado em sua real posição em todo o campeonato, marcou três gols. Mas o Homem Flúido não vai mais escalar o time no ano que vem.

Caiu o Figueirense, apesar da vitória sobre o Inter, a terceira do técnico Pintado em três jogos, os últimos três do time catarinense no campeonato.

E caiu o Vasco, que nem mesmo fez sua parte, que era vencer o Vitória em casa, coisa que acabaria sendo inútil de qualquer forma. O Vasco perdeu vinte dos 38 jogos que disputou. Só o Ipatinga perdeu mais.

Agora resta esperar o ano que vem para ver as lições, aprendidas ou não, neste que se encerra. O que teriam feito de errado equipes como Grêmio, Cruzeiro, Palmeiras, Flamengo e Internacional para permitir o hexa são-paulino? E o que o São Paulo faz de tão certo?

Assunto para outros dias, nesses dias que serão tão sem graça, até que a bola role de novo.

sábado, 6 de dezembro de 2008

Mistério, mistééério...

É tudo estranho demais.

Como assim um envelope foi "interceptado"? Interceptado como?
Por quem? Os Correios?
E como assim tinha dinheiro e ingressos pro show da Madonna dentro?
Quanto dinheiro?
Eram ingressos pro show da Madonna mesmo? Ou do Radiohead?
Quem mandou o envelope que foi interceptado por ninguém sabe quem?
Peraí - não seria o Grêmio o único interessado no resultado deste jogo?
Quem sabe disso afinal, a CBF ou o MP?
Como o Wagner Tardelli afirma que não havia nenhum envelope se o tal envelope foi interceptado por ninguém sabe quem?
Quem fez a denúncia para que o tal envelope fosse interceptado só Deus sabe como?
O próprio Tardelli afirma que o MP sabe "quem são as pessoas". Por que o MP não diz logo?
Por que a CBF não fala tudo que sabe sobre o caso antes da rodada, preferindo se pronuciar na segunda-feira?
Por que quem vai apitar o jogo agora será Jaílson Macedo de Freitas, que apitaria neste domingo o sensacional jogo entre a Seleção de Conceição do Coité a Seleção de Itajibá, pela semifinal do Campeonato Intermunicipal de Seleções da Bahia?

E, finalmente:

Por que só aqui no Brasil pra acontecer um papelão desses na véspera da última rodada de um dos campeonatos mais emocionantes dos últimos tempos?

Por que alguém ainda se assusta com isso na terra dos Edílsons, Ivens Mendes e tantos outros escândalos de arbitragem?

Vamos torcer pra que haja a última rodada e tenhamos grandes jogos de futebol.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Boleiros À Beira De Um Ataque De Nervos

"- A verdade é que tem pessoas que trabalham dentro de campo e outras quererm trabalhar psicologicamente. Às vezes existe falta de respeito de alguns profissionais. Tenho 29 anos e isso não vai me abalar. O pensamento é de respeitar o Goiás, mas jogar mais firme do que na última partida."

André Dias, zagueiro do São Paulo, sobre Hélio dos Anjos, que disse bastar ao Grêmio vencer o Atlético Mineiro, domingo, para ser campeão, pois o Goiás vai vencer o tricolor.

(Leia-se: "- A verdade é que o Hélio gosta de falar besteira e o Muricy de dar treino. A gente vai entrar com tudo - sola e travas, se preciso - contra eles. Que foi o que faltou na última partida.")

* * *

"- Se o Flamengo estivesse em uma situação como essa teria gente fazendo churrasco por aí. Mas a gente precisa da vitória porque ainda há chance de chegar à Libertadores. De qualquer forma, não quero que o Vasco seja rebaixado porque é um clube grande e seria ruim para o futebol do Rio."

Bruno, língua tão solta quanto a do Márcio Braga.

(Entenda-se: "- Se o Flamengo estivesse quase rebaixado, teria gente fazendo churrasco em vez de treinar por aí. Mas a gente precisa vencer pra pelo menos livrar um pouco nossa cara depois do vexame contra o Goiás. Blá, blá, blá, blá, blá, blá do Rio.")

* * *

"- Eu acho que todo bom botafoguense vai deixar de lado a camisa alvinegra e colocar a alviverde no domingo."

"- É claro que estou falando isso como torcedor. Se eu estivesse jogando, o pensamento seria diferente."


Túlio, ex-Botafogo, sobre o que deseja para Palmeiras x Botafogo, domingo.

(Entenda-se: "- Eu acho que tem mais é que perder pra prejudicar o Flamengo mesmo, nós todos odiamos o Flamengo, não agüentamos mais perder pro Flamengo. É claro que seu eu estivesse jogando, eu daria tudo de mim, suaria sangue mesmo pra poder ajudar o Flamengo... rs... porque afinal de contas, isso é ser profissio... rs... profissional. E além do mais, blá, blá, blá, blá...")

* * *

"- Vamos parar de maliciar. O Internacional quer entregar por causa da minha ligação com o Grêmio, o Flamengo quer entregar porque é rival do Vasco. Um clube depende do outro. Se o Vasco cair vai ser ruim para todo mundo. Adorei a declaração do Zico, que disse que nunca vai torcer contra o futebol carioca. Tem que ser assim. Amanhã ou depois, o Flamengo pode precisar do Vasco, como precisou em 1992. Conheço o pessoal lá e sei que vão se esforçar ao máximo."

Renato Gaúcho, bem lembrando que o Vasco ajudou o Fla a chegar à final do Brasileiro vencendo o São Paulo na última rodada do quadrangular semifinal.

Leia-se: exatamente o que está escrito. É o Renato, sempre que pode, diz exatamente o que pensa.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Os Incompetentes

Quem foi mais?

Sem dúvida não o São Paulo, apesar de ter jogado em casa (cheia, 67 mil) e com a possibilidade de conquistar o campeonato com a vitória. Eu bem achava que os jogadores do Flu não iriam querer outra festa de título tendo-os como coadjuvantes. Além do quê, os dois tricolores desenvolveram uma boa rivalidade nesta temporada por conta dos confrontos emocionantes da Libertadores. E olha que se o FH não erra daquela forma no gol de Borges, a briga poderia estar bem diferente agora.

Teria sido o Palmeiras o mais imconpetente? Não. O empate com o Vitória acabou sendo bom resultado pro time paulista, que na última rodada recebe o Botafogo (e coitados daqueles que dependem desse Botafogo pra algo) dependendo apenas de si.

Cruzeiro? Bem, pelo menos o time mineiro acabou derrotado fora de casa, mesmo que tenha sido por um time cheio de reservas do Inter. E, como disse seu próprio presidente, o Cruzeiro é uma raposa em casa e um cordeirinho fora...

Nessa rodada marcada por pequenos e grandes tropeços de quatro dos cinco primeiros colocados, ninguém tomou tombo pior que o Flamengo, que em seu último jogo do ano diante de sua torcida, repetiu os mesmíssimos erros da trágica eliminação diante do América do México na Libertadores. Abriu três a zero facilmente e entregou o resultado que lhe convia com igual facilidade.

Tivesse vencido, estaria agora um ponto à frente do Palmeiras e dois do Cruzeiro. Em vez disso, depende de um tropeço de um dos dois e uma vitória diante de um desesperado Atlético Paranaense, na Arena da Baixada, para ficar com a vaga na Libertadores. E sem Ibson, Kléberson e Obina.

Como consolo para a torcida rubro-negra, o desfecho pífio da temporada significa o fim das passagens do Homem Flúido (nunca vi técnico mexer em time tão mal) e de Jaílton (que não aprende nunca e faz mais pênaltis que qualquer outro jogador nesse campeonato) pela Gávea.

A derrota de ontem pode ser posta na conta dos dois.

* * *

Será que os vascaínos se sensibilizaram pelo pedido de desculpas de Ney Franco? Será que alguém duvida de que aquele senhor do Ibope vai torcer contra o próprio time no domingo que vem por conta de seu ódio/recalque em relação ao Flamengo?

* * *

"Ah, mas nos pontos corridos a emoção morre de véspera, tem um monte de times jogando pra cumprir tabela..."

Fato: a decisão do título ficou para a última rodada, em que apenas dois dos dez jogos não valerão nada pra ninguém.

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Pronto, descobriram a pólvora (e outros absurdos do futebol brasileiro)

A "mala branca" é a bola da vez, acreditem.

Eu tenho 35 anos. Há um quarto de século, pelo menos, ouço falar das malas, a branca e a preta. E concordo com o Zico quando Ele afirma, categoricamente: "Quem leva dinheiro para ganhar pode levar para perder também. Eu sou trabalhador para ir para o campo e ganhar. Tenho meu salário no clube para honrar a camisa que eu visto. Se eu estou eliminado ou não, tenho que ir lá e ganhar, não tenho que ajudar nem A nem B. Vai dizer: ‘Nós estamos em uma fase ruim e o dinheiro é bem-vindo’? Que isso?"

A "mala", branca ou preta, é considerada corrupção pelo Código Brasileiro de Justiça Desportiva. Ou seja, é caso para o STJD, nesse momento em que alguns, como Zico, falam, e outros, como Roberto, se calam. E é aí que está o maior absurdo.

Como pode o senhor Roberto Dinamite, vinte e poucos anos de futebol, dizer que "nunca viu, nunca soube, que não existe"? Enquanto isso, Zico relembra jogos da Libertadores de 81, Renato Gaúcho diz que aprova, Washington, do Flu, escancara afirmando que "adoraria receber um extra agora no fim do ano" e outros, ainda mais corajosos, admitem já terem recebido, como Evandro, hoje no Palmeiras, que confirmou a ex-lenda de que os jogadores do Furação receberam grana do Goiás, no ano passado, para tirarem pontos do Corinthians, quando nada mais lhes interessava no campeonato.

O jogo no Pacaembu terminou empatado por 2 a 2 e o Timão acabou caindo.

Evandro, por ser corajoso em admitir, vai parar no STJD.

Não existe santo no futebol. Há os sonsos e os homens.

* * *

E há ainda os "machos". Ou que se acham assim. Estão por toda parte - dirigentes, zagueiros, cabeças-de-bagre, técnicos... O último da lista dos brucutús a virar notícia foi o técnico Roberto Fernandes, do Náutico (que eu já vi muita gente elogiar...).

Numa "aula" de um "curso" para "novos treinadores", em Recife, o "técnico" mandou as seguintes:

"Quem não faz falta não ganha jogo. Agora, que falta é essa? É a falta inteligente. Perdeu a posse de bola? O jogador mais próximo da bola mata o lance."

"Isso só é polêmica para quem não consegue interpretar o futebol. Esse romantismo serve para quem quer voltar à década de 70..."


Que imbecil.

* * *

Os desatinos também continuam Na Gávea, claro. Na mesma semana em que a assessora de imprensa do clube mandou um email pra Deus e todo mundo com o número do celular do Simon (um injustiçado, coitadinho...), o presidente Márcio Braga vai à tv dizer isso:

"Essa política de legião estrangeira aqui não dá certo. Pode dar certo no São Paulo, Atlético-PR... aqui não. O Flamengo só é forte e quase imbatível com um time basicamente feito em casa. Foi campeão do mundo e pentacampeão brasileiro com um time basicamente feito em casa."


Alguém em sã consciência (coisa que o Márcio Braga perdeu há tempos) acha mesmo que o Flamengo teria feito papel melhor nesse campeonato com uma base com Getúlio Vargas, Thiago Salles, Erick Flores, Pedro Breda, Paulo Sérgio e Fellype Gabriel?

Pena, sim, que o Homem Flúido não tenha sabido aproveitar melhor o Sambueza e o Fierro.

* * *

A recuperação continua - Ronaldinho fez ontem mais um pelo Milan, um golaço de falta (se bem que há quem defenda que não há golaço de falta - podem dar a mão ao Roberto Fernandes esses...).

* * *

Frase do dia:

"Fui injustiçado pela imprensa em geral. Ainda mais quando se trata do Flamengo, clube onde a pressão é muito maior. Sabia que desde o início tinha acertado, mas paguei caro por isso e recebi inúmeras ligações desde segunda-feira. Como sou um cara centrado, pude absorver tudo."

Carlos Eugenio Simon, candidato a cara-de-pau do ano.

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

O ano que vem não será como o que passou.

Foi com muito bom humor que Juca Kfouri leu esse email no último Linha de Passes: "Sabe o que tem todo ano? Ano Novo, Carnaval, Semana Santa, Natal e São Paulo campeão brasileiro". Mas que ninguém se engane - esse título, que faz do tricolor o primeiro tri nacional de verdade, não foi igual aos dois anteriores.

Em 2006, o primeiro com Muricy, foram 77 pontos conquistados, 15 a mais que o vice Santos. Naquela temporada o São Paulo assumiu a ponta na décima sétima rodada, de onde não saiu mais. Ou seja, ficou todo o segundo turno abrindo vantagem sobre a concorrência.

Em 2007, ano do bi, a liderança foi conquistada ainda no primeiro turno, na 12ª rodada. E a campanha foi ainda melhor - 78 pontos conquistados, onze a mais que o vice Internacional, antigo time de Muricy.

Neste ano de 2008, ao fim do primeiro turno, o São Paulo estava oito pontos atrás do líder Grêmio, diferença que aumentou para onze quando o tricolor foi derrotado no Olímpico logo na primeira rodada do returno. Nas dezesseis seguintes, o time de Muricy tirou essa desvantagem e ainda abriu cinco de frente sobre a equipe gaúcha. Ou seja, fez dezesseis pontos a mais que o Grêmio em igual número de rodadas, numa campanha de recuperação totalmente diferente dos dois anos anteriores - só chegou à ponta da tabela a cinco rodadas do fim. Na melhor das hipóteses, esse time de 2008 chegará a 77 pontos (mesmo aproveitamento de 2006, um ponto a menos que no ano passado).

O aproveitamento pode ter sido quase idêntico nos anos do tri. Mas os times, não. O São Paulo 08 é pior que o 07, que, por sua vez, era mais fraco que o 06.

2008, base - Ceni, André Dias, Rodrigo e Miranda; Joílson, Jean, Hernanes, Hugo e Jorge Wagner; Dagoberto e Borges.

2007, base - Ceni, Breno, Alex Silva e Miranda; Souza, Hernanes, Richarlyson e Jorge Wagner; Leandro, Dagoberto e Borges.

2006, base - Ceni, Lugano, Alex Silva e Edcarlos; Souza, Mineiro, Josué e Richarlyson; Leandro, Ricardo Oliveira e Alex Dias (e aquele time, que já tinha Miranda, Ilsinho, Danilo, Lenísio e Thiago, tinha ainda Fábio Santos, Fabão, Júnior e Aloísio).

Em comum entre os três, aí sim, o dedo de Muricy. Em 2006, com um baita elenco, foram 66 gols marcados. Em 2007, com uma baita defesa, apenas 19 sofridos (contra 32 em 2006 e 35, até agora, em 2008). Sempre com três zagueiros (reparem que Miranda será tri, nessa zaga por onde passaram Breno e Alex Silva); sempre com dois alas (Ilsinho, Richarlyson, Júnior, Souza, Jorge Wagner); sempre com dois volantes acima da média que se vê por aqui (Mineiro, Josué, Hernanes, Jean).

A maior diferença no esquema tático tricolor, nesses três anos, aconteceu justamente em 2008. Saiu a figura do homem mais avançado do meio-campo (que em 2006 e 2007 era feita pelo Leandro, atacante de origem) e entrou mais um homem de marcação no meio (Jean), o que possibilitou liberar mais Hernanes e Hugo, bons de bola e chegados a marcar gols (coisa que Mineiro, Josué e Richarlyson não eram).

Qual outro time brasileiro manteve base, técnico e esquema tático nos últimos três anos?

* * *

Anotem aí, foi dito no dia 25 de novembro de 2008: "Não existe a mínima chance de eu sair do Palmeiras em razão dos últimos acontecimentos ou das especulações que foram criadas recentemente. Quero e vou conseguir reencontrar dentro do próprio Palmeiras a felicidade que temporariamente se afastou."

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Hexa.

E com louvor. O São Paulo chegou a estar onze pontos atrás do líder Grêmio. Soube arrancar na hora certa - não perde há dezesseis rodadas.

Nesse tempo, todos os outros postulantes ao título sofreram derrotas que não podem ser classificadas como tropeços, mas sim como tombos de cara no chão.

O Palmeiras foi goleado pelo Inter (4x1), pelo Sport (3x0, em casa), pelo Fluminense (3x0) e pelo Flamengo (5x2). Ainda perdeu pro Grêmio (1x0). Cinco derrotas nessas 16 rodadas em que o São Paulo se recusou a perder.

O Cruzeiro perdeu para três times que brigaram o campeonato inteiro para não cair - Santos (2x0), Atlético Paranaense (1x0) e Náutico (5x2). E ainda tomou do Goiás (3x0). Pelo menos, no caso do time mineiro, todas foram fora de casa.

O Grêmio perdeu no Olímpico para o mesmo Goiás (3x0), foi goleado no clássico com o Inter (4x1) e ontem, pelo Vitória (4x2).

E o Flamengo, que nesse tempo perdeu apenas duas vezes, para os mineiros - no Maracanã para o Atlético (3x0) e no Mineirão para o Cruzeiro (3x2) - deu mole quando não podia, nos empates com Vitória e Portuguesa.

Nesse domingo, quem tinha a missão mais complicada, mais chances de tropeçar, era o São Paulo. Que foi a São Januário, viu o desespero do Vasco, a pressão do estádio cheio e venceu.

Agora resta a boa briga pelas três vagas para a Libertadores, que tem o Grêmio (66) na frente de Cruzeiro (64), Palmeiras (64) e Flamengo (63), a duas rodadas do fim.

* * *

Cruzeiro x Flamengo foi um jogo emocionante, bem jogado na maior parte do tempo e com poucas faltas (e cinco gols).

Faltou ao Fla atenção na defesa. Léo Moura não acompanhou Fernandinho no primeiro gol (e como falha o Léo na marcação!). Angelim deu condição de jogo para Thiago marcar o segundo, quando toda a zaga saiu pra deixá-lo em impedimento. E ainda não acompanhou Ramires, que era o homem dele, no terceiro (logo o Angelim, que tão pouco falha!).

Ao Cruzeiro, sobrou coragem para sempre partir para cima, mesmo depois de ver a vantagem virar igualdade duas vezes. Basta ver quantos gols feitos o time mineiro perdeu (pelo menos três).

Mas desse jogo vão ficar marcados dois lances.

O pênalti escandaloso em Tardelli, claro, pela covardia do Simon em marcá-lo.

E a imagem patética do Homem-Flúido tentando, em vão, conter seus comandados no momento em que eles pressionavam o árbitro gaúcho pela não marcação do pênalti. Ali, se havia alguma dúvida, ficou claro - Caio Júnior não tem o comando do time, não impõe respeito aos seus comandados.

Aliás, comando falta ao clube, não ao time. Porque as atitudes de Bruno, durante a semana, e de Fábio Luciano, ontem, são inadmissíveis. O mesmo capitão que foi dizer ao Simon que ele "era muito experiente para temer o Mineirão" foi de uma inexperiência absurda para conseguir ser expulso depois do apito final, por ter xingado o juiz. E agora desfalca o time à toa, num momento decisivo.

* * *

O jogo entre Cruzeiro e Flamengo foi muito, mas muito melhor que o super-clássico entre Internazionale e Juventus. Melhor tecnicamente, melhor em emoção, melhor em tudo.

Alguém se habilita a descobrir a diferença das folhas salariais entre os quatro? Alguém se habilita a me dizer qual a diferença desse campeonato brasileiro para os campeonatos europeus em geral?

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Fim-de-semana no parque.

O domingo de futebol começou com a cena mais engraçada que há atualmente no Maracanã. Meia hora antes do jogo, a fila na bilheteria da Avenida dava voltas e voltas em meio a grades (pelo menos acabou aquela muvuca) e enchia toda a esquina de gente. “Em menos de uma hora eu não entro no estádio”, pensei. Logo ao lado, na outra bilheteria, três guichês absolutamente vazios. Cheguei, pedi, comprei. Essa bilheteria não tem fila porque não vende meia-entrada. Mas será que naquela fila toda só tinha gente com carteirinha pra comprar meia? Duvido.

O Maracanã tenta, tenta, tenta, mas continua a ser uma bagunça.

Lá dentro, mais de sessenta mil pessoas passaram um calor do cão (com péssimo serviço – por algum motivo, não tinha ambulantes pela arquibancada com os isopores de água e refri) e viram um jogo bom demais. O gol logo aos dois minutos, claro, mudou tudo. Mas nada é à toa. O Flamengo fez sua melhor apresentação no campeonato (embora tenha sido a terceira goleada de cinco), num dia em que seus laterais não jogaram nada (na verdade, Juan foi horroroso e dispersivo), seu principal atancante não marcou (embora Obina tenha jogado bem fazendo o pivô para quem chegava de trás e caindo pela esquerda, na Avenida Roque Júnior) e Jaílton, bem, Jaílton voltou a ser Jaílton, cometendo um pênalti ridiculamente desnecessário e burro, que poderia ter mudado a partida. Não mudou porque nada mudaria, naquela tarde em que Ibson e Kléberson jogaram um futebol simples e genial – simples na qualidade do passe e nas tabelas e genial nos deslocamentos e triangulações.

Nem mesmo as substituições mais uma vez equivocadas do Homem Flúido conseguiram estragar o show rubro-negro. Éverton, que entrou no lugar de Juan no intervalo, deve ter feito umas quinze faltas pra tentar marcar o lado direito do ataque do Palmeiras, porque não sabe marcar - e não acrescentou muito no ataque. E a entrada de Toró no lugar de Marcelinho logo depois do segundo gol alvi-verde foi uma típica manobra covarde, retranqueira. Mas, numa tarde como a de domingo, até Caio Júnior teve seu nome gritado pela torcida.

Resta a pergunta – por que Ibson e Kléberson não jogam sempre dessa forma? Sem errar passes de três metros, sem prender a bola em demasia, sem se omitir do jogo? Na inesquecível tarde de domingo eles foram cirúrgicos, errando quase nada, buscando o jogo a todo instante, se movimentando por todos os lados do campo – como provam os lances dos cinco gols do Flamengo.

Agora ficou assim:

São Paulo 68
Grêmio 66
Flamengo 63
Cruzeiro 61
Palmeiras 61

Eu fico com o Grêmio, porque o time gaúcho pega gente desinteressada pela frente, enquanto o tricolor paulista pega gente desesperada. Cruzeiro x Flamengo, domingo que vem, praticamente vale a vaga na Libertadores, porque o Palmeiras pega o Ipatinga em casa.

Só o Calazans acha esse campeonato ruim

(Mas na coluna desta segunda ele se entregou – falou mal à beça do Obina, dizendo que o baiano não teve mobilidade, não teve corrida, esteve pesado... Porra, ou ele não viu o jogo ou ele é mesmo um cara cheio de preconceitos, porque o Obina foi peça chave da vitória, tanto quanto o Fábio Luciano, por exemplo. Correu, prendeu a bola no ataque, deu bons passes, caiu muito bem pela esquerda... a única coisa em que ele pecou, realmente, foi nas conclusões, pois teve duas chances e perdeu-as).

São Paulo? Grêmio?

Ou Flamengo?

Em uma rodada – a próxima – tudo pode mudar. De novo.

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Certo x Errado

Eu discordo da saraivada de críticas dirigidas ao Carlos Alberto, por conta de sua decisão de abandonar o Botafogo e entrar na justiça contra o clube, que não lhe paga salários há três meses e ainda lhe deve dinheiro do contrato de imagem. Logo o Botafogo, que nos últimos anos postulou, orgulhoso, o posto de clube mais bem administrado do Rio, não abriu sequer conta para depósito do FGTS do jogador.

Isso, mais do que falta de dinheiro pura e simples, é má administração - pura e simples. Porque agora essa dívida, na justiça, vai se multiplicar consideravelmente. E lá vai mais um clube carioca pagar Deus-sabe-quanto em dezenas e dezenas de parcelas a um profissional que não faz mais parte de seus quadros.

O Botafogo não tem dinheiro, por isso não paga. Carlos Alberto não recebe, por isso não trabalha mais pro Botafogo. O que é importante perceber, nesse momento em que parte da torcida e imprensa o condenam por não ter esperado o fim do campeonato, é que o próprio clube "decretou" férias depois da eliminação na sul-americana. Por que Carlos Alberto haveria de esperar? Esperar o quê?

Como escrevi aqui, o Botafogo teve uma boa oportunidade de fazer caixa no clássico contra o Flamengo. Em vez disso, resolveu esvaziar a partida, aumentando os ingressos para, deliberadamente, espantar o público. Por que fez isso? Difícil dizer. Pirraça pela mudança do local do jogo? Um protesto? Uma retaliação ao Flamengo?

Como será que os jogadores alvi-negros, há três meses sem salários, viram essa decisão? Será que ficaram felizes com o fato dos seus dirigentes terem preferido esvaziar o Maracanã, em vez encherem um pouquinho o cofre?

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Ratátátátá!!!

Muricy técnico da seleção - e sendo anunciado na festa dos melhores do campeonato brasileiro? Sei não, bom demais pra ser verdade... Próximos adversários do Grêmio: Coritiba (que só tem uma pequena chance, matemática, de cair fora da sul-americana), Vitória (que tem sete pontos de vantagem sobre o primeiro fora da zona da sul-americana), Ipatinga (que, à essa altura, já estará rebaixado) e Atlético Mineiro (hoje seis pontos à frente do primeiro fora da sul-americana). Ou seja, os gaúchos só enfrentam times de férias... O São Paulo, por sua vez, pega, em seqüência, três times desesperados com a possibilidade de rebaixamento: Figueirense (35 pts), Vasco (37) e Fluminense (37). Sei não... Marcos foi assunto, ontem, nos programas que competem pela audiência das noites de segunda com discussões clubísticas ou gastronômicas. No geral, foi criticado pelos desatinos de domingo, muito mais do que pela falha no gol de Tcheco. Mas foi só José Trajano quem lembrou do lance em que Rogério Ceni foi até quase o meio de campo para fazer o lançamento que acabaria num dos gols de Borges contra a Lusa... Não que eu seja fã do Rogério Ceni... Nem do Trajano... "Dinheiro no bolso", "Família Soprano", "Máfia", "juiz caseiro" - esses foram alguns termos usados por jogadores, técnicos e dirigentes na última rodada... alguém acha mesmo que rola dinheiro para juíz e máfia no futebol? Jura?... No domingo o Flamengo viu sua torcida (e seus interesses) serem prejudicados pelo aumento dos ingressos promovido pela diretoria botafoguense. Agora era a hora dos cartolas rubro-negros devolverem os 10 reais ao torcedor, fazendo promoção para encher o jogo de domingo, contra o Palmeiras... D-u-v-i-d-o... Saiu a edição brasileira da Four-Four-Two, a melhor revista do mundo sobre futebol. Ainda vou ler... Papo estranho esse de o Ronaldo ter parado de treinar na Gávea por conta de uma "pequena contusão no joelho". Tem algo por trás, claro. A conferir... Por falar em algo por trás, por que ninguém noticia que o Léo Moura foi convidado para ser padrinho de casamento de um famoso funkeiro, amigo dele e de sua noiva funkeira, no mesmo dia e horário de Botafogo x Flamengo? Por isso a tal "contratura" apareceu tão misteriosamente, de sexta para sábado, pegando a torcida de surpresa... Claro que os assessores de ambas as partes já trataram de afirmar que ele só chegou à festa à meia-noite... Mas, peraí - se o jogo acabou às nove, por que ele só chegaria à meia-noite?... Você daria emprego pro Dunga depois que ele deixar de atrasar a seleção brasileira?...

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Pocotó, pocotó.

"Se a gente perder hoje, o Fantástico vai botar nosso cavalinho na lama e chamá-lo de cavalo paraguaio..."

A frase de meu irmão, na arquibancada, dá a exata dimensão da importância da vitória sobre o Botafogo para o Flamengo. Mesma importância dos triunfos de São Paulo, na véspera, do Grêmio e do Cruzeiro. Ou seja, apenas o cavalinho do Palmeiras perdeu terreno na rodada.

É esse Palmeiras que vem ao Rio, na próxima rodada, enfrentar justamente o Flamengo, num jogo decisivo para os planos de ambos com relação à Libertadores do ano que vem. Isso porque o páreo ficou assim:

São Paulo 65
Grêmio 63
Cruzeiro 61
Palmeiras 61
Flamengo 60

Na próxima rodada, o São Paulo recebe o Figueirense (penúltimo, mas a apenas dois pontos do primeiro fora da zona do rebaixamento); o Cruzeiro vai a Recife encarar o Náutico (primeiro da zona, com os mesmos 37 pontos de Flu e Vasco, que pularam fora) e o Grêmio joga em casa contra o Coritiba (que já está de férias).

Eu até acertei três das quatro previsões para a rodada passada mas, para esta, é bem mais complicado prever o que pode acontecer.

Afinal, se o São Paulo parece ter tarefa fácil diante do Figueira, pode acabar se complicando contra um time desesperado para não cair - como quase se complicou com a Lusa. Que dizer então do Cruzeiro, que joga mal fora de casa e pega um Náutico doido pra escapar da degola? O jogo do Maracanã é absolutamente imprevisível pois se o Palmeiras vem com o moral baixo, o Flamengo continua jogando mal demais.

Diante do que fez no Palestra, ontem (mesmo com um gol meio sem querer), arrisco dizer que só o Grêmio deve passar sem problemas pela 35ª rodada. Quem vai ficar pelo caminho, só Deus sabe. Ou nem Ele.

* * *

Eu não quero e não vou falar especificamente de Botafogo x Flamengo, que foi um jogo ruim sob todos os aspectos. Basta dizer que o Fla ganhou com um gol de pênalti quando o empate parecia inevitável e que o time ainda foi beneficiado pela arbitragem, que não marcou outra penalidade, de Bruno, logo no início (embora, no restante do jogo inteiro, tenha invertido dezenas de faltas para o Botafogo, por conta da pressão do clube durante a semana, após sua escalação para o clássico).

Sobre esse jogo, basta dizer duas coisas:

1) o público, ridículo, foi pequeno, em grande parte, por conta do aumento dos ingressos praticado pela diretoria do Botafogo. Não dá pra dizer "ah, mas 24 mil teriam cabido perfeitamente no Engenhão, que comporta o dobro de gente..."

2) um grande amigo botafoguense, que foi pela primeira vez ao estádio olímpico JH no meio da semana passada, ver o Verón, comprovou o que eu já havia lhe dito - "nem se botar o exército pra tomar conta dá pra fazer um Botafogo x Flamengo no Engenhão".

* * *

Ronaldinho marcou mais um pelo Milan, o quinto desde sua chegada a Milão. Mas não joga no time de Dunga que enfrenta Portugal...

* * *

Eu não quero parecer chato, baba-ovo ou repetitivo, mas neste fim-de-semana, na Itália, Del Piero fez seu terceiro gol seguido de falta. Depois de marcar nas vitórias sobre a Roma, pelo campeonato italiano, e Real Madrid, pela Liga dos Campeões, Ale fez outro golaço contra o Chievo.

Del Piero está na galeria dos maiores batedores de falta que vi jogar, ao lado de seu ídolo Zico e de Roberto Dinamite. E bem à frente de tantos outros que muitos valorizam nessa arte, como Beckham, Neto, Marcelinho...

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Quem é bola, é bola. E ponto.

Foi o que Ronaldinho Gaúcho mostrou ontem com o golaço que garantiu a vitória do Milan sobre o Braga na Copa da UEFA, no finzinho. O brasileiro - que continua não tendo prestígio algum com Dunga - já caiu nas graças da torcida milanesa, do técnico, do dono do time, dos companheiros... foi o quinto gol dele na temporada.

* * *

Foi o que o Internacional deixou claro ontem para o Boca. Ok, era um Boca meia boca. Mas não interessa, porque era jogo eliminatório numa Bombonera cheia. E o Inter foi lá, venceu e venceu bem, com muita autoridade (embora há que se dizer que o destaque absoluto do jogo foi o goleiro colorado Lauro - que atuação!). Mas o Inter não venceu só por conta de Lauro. Venceu porque tem um bom time, com um meio-campo acima da média (com dois gringos, ok) e se portou de maneira corajosa em campo.

* * *

Mudando de bola, foi o que o armador Brandon Roy, dos Blazers, mostrou ontem na sensacional vitória sobre os Rockets, na prorrogação. A cesta da vitória, no apito da sirene, foi a terceira que mudou o placar no último 1,9 segundo de jogo. Vale ver:

http://scores.espn.go.com/nba/recap?gameId=281106022

* * *

E quem vai mostrar que é bola na rodada deste fim-de-semana? Como não sou fã de bola de cristal, aqui vão minhas apostas (e não previsões), baseadas em fatos.

Portuguesa x São Paulo - a Lusa saiu da zona do rebaixamento com os últimos bons resultados (duas vitórias e três empates nos últimos cinco jogos, em que tirou pontos preciosos de Grêmio e Flamengo). Mas alguém acha mesmo que o tricolor vai dar esse mole? Dá São Paulo, mas sem muita facilidade.

Palmeiras x Grêmio - o Grêmio virou mesmo o fio? É o que vamos descobrir nesse jogo, confronto direto que interessa aos dois e também aos outros três pretendentes. O Palmeiras, jogando em casa, é favorito. Mas Celso Roth não quer perder o emprego no finzinho do campeonato e deve armar o tricolor gaúcho para voltar com um pontinho, pelo menos, para Porto Alegre. E daí? Acho que dá Palmeiras assim mesmo.

Cruzeiro x Fluminense - depois das declarações de seu presidente durante a semana ("o Cruzeiro é uma raposa em casa e um gatinho fora dela"), o time mineiro recebe o relaxado Fluminense, que acha que está fora de perigo. Cruzeiro na cabeça.

Botafogo x Flamengo - a semana do Botafogo todos viram como foi - mais drama, mais acusações, aumento do preço dos ingressos, salários ainda atrasados... na Gávea, por sua vez, Márcio Braga abriu a boca novamente, desta vez para dizer que o time está fora da briga pelo título e que lhe falta "a arrogãncia típica do rubro-negro"... como isso tudo vai bater na cabeça dos jogadores dos dois times, é difícil dizer. Servirá como motivação? Pra qual dos dois? Como o Flamengo não perde para o Botafogo em jogos que valem algo há algum tempo, acho que dá Fla. Mas só pelo retrospecto e pelo fato dos rubro-negros ainda terem objetivo nesse campeonato - o Botafogo entrou de férias quarta.

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

O que se passa pela cabeça de quem comanda o Botafogo?

O clássico contra o Flamengo, domingo, às 19h10, acabou ficando mesmo para o Maracanã. Certo ou errado, eu não sei. Acho certo que o Botafogo reivindique o direito de mando de campo. Acho errado um clássico como esse ser jogado num estádio de menor porte, tendo-se o Maracanã à disposição. Acho errado a própria Polícia Militar admitir não ter como garantir a segurança do público. E, mais errado ainda, o Botafogo não admitir que se trata de jogo de algo risco para ser jogado lá - basta lembrar o que aconteceu na partida contra o Fluminense.

O Flamengo não terá participação na renda do jogo.

E o Botafogo, que perdeu vaga e cabeça (de novo) ontem na Sul-Americana, decidiu não limitar a carga de ingressos à torcida rubro-negra.

Mas decidiu aumentar TODOS os preços. Isso, o Botafogo, ele mesmo, que deve três meses de salários aos jogadores e poderia aproveitar esse jogo, que para ele não vale NADA, para fazer caixa. Como? Ora, abaixando o preço dos ingressos para que a torcida do Flamengo fosse em melhor número ao Maracanã. Em vez disso...

Cadeiras comuns - 30 reais
Arquibancadas verdes/amarelas - 40 reais
Arquibancadas brancas - 50 reais
Cadeiras especiais - 200 reais

Não é brilhante a diretoria do Botafogo? Podem esperar, no máximo, 20 mil pessoas para domingo.

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Meu momento Calazans (ao contrário)

Faltam quinze minutos para acabar Real Madrid x Juventus. Tirando os dois gols de Del Piero, único craque em campo, foi um dos piores jogos que vi recentemente. Furadas, cruzamentos no décimo-oitavo pau, várias faltas duras e um Real Madrid ruim como há muitos anos não via. A Juve foi se defender e sair nos contra-ataques, o que fez com a eficiência típica do calcio, num dia inspirado de seu camisa 10.

O Real tem em campo, nesse momento, Sergio Ramos e Drenthe. Sergio Ramos não é mau jogador, mas foi vaiado pela própria torcida por uma atuação que só não foi pior que a do holandês. O primeiro é titular da seleção espanhola, o segundo custou onze milhões de euros ao time merengue. Em campo estavam também brucutús como Diarra e, sobretudo, Sissoko. O malinês da Juve bate como poucos hoje. Lembram-se do Gravensen? O Sissoko é negro, mais alto e sabe jogar alguma bola. Mas parece gostar de bater tanto quanto o outro. A zaga italiana teve quatro zagueirões cintura-dura: Mellberg, Legrottaglie, Chiellini e Molinaro. Como disse, quatro zagueiros, em linha. Nenhum lateral. Mais uma linha de quatro no meio e, lá na frente, Del Piero e, mais ainda, Amauri (que tomara vire mesmo italiano). O Real, que precisava vencer mais que a Juve, entra em campo pra isso com um meio que tinha dois volantes - Diarra e Gúti - e Sneidjer torto pela direita e o horroroso Drenthe pela esquerda. Lá na frente, um atacante aposentado em atividade - Raúl - e o holandês Van Nistelroy, pesado e isolado. Foi só depois de dez minutos após o segundo gol que o alemão Schuster decidiu mexer mesmo no time, botando Saviola e Van der Vaart (ele manteve Drenthe em campo). Antes, tinha trocado seis por meia-dúzia (Sneidjer por Higuaín, outro caro reforço que não mostrou nada).

Não é de se espantar que a primeira defesa do goleiro Manninger tenha ocorrido a cinco minutos do fim do jogo. Mesmo assim, foi um chute cruzado para a área.

O-i-t-e-n-ta e c-i-n-c-o m-i-n-u-t-o-s de futebol e o Real Madrid, em casa, não deu um único chute no gol.

O jogo acabou, com vaias pesadas. Que futebolzinho esse dos europeus...

* * *

Pronto, meu momento Calazans passou.

Ufa.

(mas nada do que está escrito acima é exagero, note-se)

Falemos do que torna um jogo como esse emocionante, mesmo sendo ruim pra burro. O craque. O craque, mesmo num jogo como esse, é capaz de deixar algo marcado na memória da gente para sempre.

Del Piero teve a bola nos pés hoje umas cinco ou seis vezes. Nas outras participações, passes de primeira sempre precisos. Nessas cinco ou seis vezes, em apenas uma deu um passe ruim, interceptado. Nas outras, duas ou três jogadas pela ponta esquerda e dois gols.

No primeiro, num contra-ataque rápido, um chute de esquerda, em curva, fraco, mas rente à trave de Casillas. Absolutamente colocado.

No segundo... bem, o segundo eu soube antes. Quando Sissoko sofreu a falta, mais ou menos na mesma posição de domingo (contra a Roma), eu soube. A câmera ficou o tempo todo mostrando o gol de frente. Casillas, goleiraço, montou a barreira e ficou quase no meio do gol - afinal de contas, a falta era a alguns metros da entrada da área, quase do meio da rua. A bola saiu em curva. No replay, deu pra ver que o espanhol deu dois passinhos de tênis pra esquerda antes de se dar conta de que a bola já estava indo para sua direita. Meia-altura. Rápida. Caixa.

E ele ainda quase fez o terceiro, que passou raspando a trave. E havia feito um golaço na vitória italiana em Turim.

Substituído a minutos do fim, Del Piero foi aplaudido de pé pela torcida espanhola. Que vaiou impiedosamente o time ao apito final.

Schuster, no Brasil, já teria sido demitido há algumas rodadas. Lá, vai ficar. Mas o Real do alemão não vai a lugar algum. Cláudio Ranieri, no Brasil, seria carimbado como retranqueiro (que é).

Menu desta quarta

Pra quem não agüenta mais as eleições americanas (Obama!), a tv reserva algumas boas opções para hoje.

17h30 - Real Madrid x Juventus - Em Turim, há duas semanas, deu Juve, num joguinho ruim de dar dó... Hoje, em Madrid, o time italiano deve jogar mais calcio do que nunca, pois não terá Trézéguet, Buffon, Zanetti, Jorge Andrade e Poulsen. Resta saber como o mecânico Real de Bernd Schuster, que terá todo o elenco à disposição, vai fazer para furar a retranca bianconeri. Os dois times estão no grupo H da Liga dos Campeões - A Juve lidera com sete pontos e o Real tem seis. Pelo menos Del Piero joga.

17h45 - Arsenal x Fenerbahce - Um Arsenal desfalcadíssimo (Adebayor, Walcott, Gallas, Eboué e Rosicky) recebe o time que ainda não se acertou desde a saída de Zico (o time inglês lidera o grupo com sete pontos, o turco é o lanterna, com um). Sendo no mesmo horário de Real x Juve, acho que a ESPN Brasil não vai ter muita audiência nessa...

21h50 - Botafogo x Estudiantes - passional, apático, nervoso, desinteressante, emocionante, xoxo - esse jogo pode ser isso tudo e muito mais porque, independentemente do resultado, o melhor pode estar guardado para depois do apito final, com as entrevistas de jogadores e dirigentes do Botafogo (excluo o técnico, homem ponderado e sensato)

21h50 - Argentinos Juniors x Palmeiras - seria promessa de bom jogo, se o time paulista não estivesse dez milhões de vezes mais preocupado com o campeonato brasileiro.

23h00 - Cavaliers x Bulls - mais uma chance de testemunhar o nascimento de um craque. Olho no camiseta um do Chicago, que nos quatro primeiros jogos da temporada (2-2) teve médias superiores a 18 pontos, quatro rebotes e quatro assistências. E ainda tem Lebron James em quadra.

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Faltam 5.

Mais uma rodada se foi e o São Paulo já é líder isolado.

Venceu um Internacional meia-bomba com autoridade e um golaço do Dagoberto - atacante que, quando não está machucado, é bom demais (quando eu vejo o Dagoberto jogando sempre imagino um ataque com ele e Nilmar - quantos jogos eles conseguiriam disputar juntos numa temporada são outros quinhentos...).

O time de Muricy não perde há treze jogos.

Na cola agora está o Palmeiras, que viu a vitória na Vila cair do céu no finzinho.

Mas o Palmeiras não enfrenta mais o São Paulo, que terá pela frente Portuguesa (f), Fiqueirense (c), Vasco (f), Fluminense (c) e Goiás (f).

O Grêmio cometeu o mesmo pecado do Flamengo - perdeu pontos que não podia, em casa, jogando mal e com o técnico saindo vaiado (odiado) pela torcida.

Pior fez o Cruzeiro, derrotado sem piedade pelo Goiás. Mas vale lembrar que o Goiás vinha de uma seqüência de cinco jogos sem vitória - e o time, até antes dessa maré, era o líder do returno.

Na próxima rodada, ninguém duvide de que o São Paulo vá fazer picadinho da Lusa. Porque Muricy sabe que o Palmeiras enfrenta o Grêmio e um empate nesse jogo pode deixar o atual bi quatro pontos à frente do rival - aí seria mesmo mão na taça, a menos que Vasco e Flu, lutando pra não caírem, se portem como não se portaram em todo o campeonato quando enfrentarem o líder.

Flu que será o próximo adversário do Cruzeiro, no Mineirão. Muito desse jogo depende de como vá terminar a partida do tricolor carioca com o Figueirense, quarta.

E o Flamengo tem clássico no Rio contra um Botafogo que pode chegar embalado ou morto, dependendo da Sul-Americana no meio de semana. Fla e Cruzeiro devem disputar ponto a ponto a quarta vaga na Libertadores.

E ainda tem quem ache esse campeonato ruim.

* * *

Muricy no lugar de Dunga?

* * *

Nesse fim-de-semana, Del Piero fez seu milionésimo gol de falta, na vitória da Juve sobre a Roma. Eu virei fã do italiano, há muitos anos, quando li numa entrevista que seu ídolo era Zico. Naquela época, em início de carreira, Ale já batia faltas bem demais, mas dizia que seguia o exemplo do Galinho, cobrando pelo menos 50 depois de cada treino, tendo a camisa como alvo, pendurada em vários cantos da trave.

Quem não viu, veja. Cobrança precisa e potente, perfeita.

Aliás, quem puder deve baixar um vídeo que rola no e-mule com todos os gols do camisa 10 da Juve desde seu primeiro jogo com a camisa alvi-negra, em ordem cronológica. Era um demônio quando ainda lhe fazia companhia a velocidade.

Mesmo sem ela, Del Piero, ainda hoje, é craque com carimbo de craque.

sábado, 1 de novembro de 2008

O cego dos óculos.

O Caio Júnior não foi capaz de enxergar, hoje, a derrota que se desenhou bem diante de seus óculos durante todo o jogo. O gol logo aos cinco minutos deixou o técnico do Flamengo ainda mais cego para o que acontecia em campo. O belo arremate de Fábio Luciano foi, a rigor, o único lance de ataque do Flamengo, que recuou e deu campo à Portuguesa depois de abrir o placar e foi pressionado por esta pelos 40 minutos seguintes, quando Preto, Jonas e sobretudo Athirson, envolveram a zaga rubro-negra com extrema facilidade. Todos os movimentos da Lusa começavam e terminavam nos pés do ex-quase-ídolo do time carioca. Foram dele as duas melhores chances de empate no primeiro tempo.

Eis que vem o intervalo e Caio Júnior, que nunca substitui no intervalo, surpreende e volta com Fierro no lugar de Kléberson. Mas simplesmente ignora qualquer atenção especial a Athirson, que inicia a jogada do gol de empate e marca - de cabeça, numa falha grotesca de marcação de Léo Moura - o gol da virada.

E Caio Júnior ali, na beira do campo.

* * *

A verdade é que o bicampeão carioca, que chegou com moral para esse campeonato, teve três momentos distintos nele.

O bom início, quando o time jogou bem, começava a se acertar e abrir vantagem na liderança.

As semanas da janela, quando saíram Marcinho, Souza, Renato Augusto e mais seis jogadores; outros nove chegaram, mas demoraram mais que o devido.

A lenta recuperação, quando chegou a estar a apenas um ponto do líder, mesmo jogando muito mais vezes mal que bem.

Foi nesse terceiro momento que Caio Júnior, nosso Homem Flúido, se perdeu. Se perdeu porque não teve coragem de tentar sair da mesmice. Se perdeu porque mesmo depois de passar a ter boas peças, como Éverton, Fierro e Sambueza, que nunca tiveram seqüência, deu preferência a jogadores como Jaílton, Toró e Kléberson.

Eu até acho que o Jaílton tem jogado bem nas últimas três partidas. Mas Jaílton e Toró não podem ser titulares do Flamengo.

E Kléberson, que parece ter muita moral com o técnico, não pode ser o homem mais avançado do meio-campo.

Mesmo com Caio Júnior também mantendo Jaílton no time, de fato como um terceiro zagueiro, ainda assim o Flamengo poderia ter um meio-campo com Ibson (na sua real posição, onde tem jogado Toró), Fierro (fazendo um-dois com o Léo Moura pela direita) e Éverton (pela esquerda com Juan). Na frente, Marcelinho, que poderia cair pelos dois lados, para fechar as triangulações, e um homem de área (qualquer um, todos são fracos).

E Caio teria um banco com opções como Sambueza, Kléberson, Toró, Joziel, Vandinho...

Ou você aposta no talento e tenta se destacar no meio da mesmice ou você aposta na mesmice e começa a fazer parte dela.

Por isso, cá entre nós, não há diferença alguma entre esse dito promissor técnico jovem e os outros que estão aí, há anos, fazendo a mesma coisa e escalando quem não sabe jogar bola.

* * *

Não tem ninguém morto. O Ipatinga, lanterna, ficou a três pontinhos de sair da zona. Náutico e Portuguesa foram a 36. E o Fluminense, se perder amanhã, volta a ficar entre os quatro últimos.

"Ah, mas tem os três pontos do Figueirense", dirão alguns.

Foi por conta dessa soberba que o time perdeu pra LDU e está onde está agora.

Não tem ninguém morto.

(nem tudo é um) Mar de Rosas

Desde que Michael Jordan vestiu pela última vez a camiseta dos Bulls, o time de Chicago jamais teve um craque. Ao longo dos últimos dez anos de sofrimento (karma?), passaram pela equipe excelentes jogadores (Brand, Artest ainda novinho, Kukoc além do seu auge), bons jogadores (Mercer, Jalen Rose, Hinrich, Deng, Noce, Gordon) e muitos jogadores horrorosos (Marcus Fizer, Eddie Robinson, Eddy Curry, Rick Brunson, Paul Shirley, Kornel David...)

Mas nunca um craque.

No último draft os Bulls tinham só 1,7% de chances de escolher em primeiro. Deram sorte e a apostaram no armador Derrick Rose.

O mesmo Rose que me deixou boquiaberto no Final Four da NCAA deste ano.

Quanto a ele, Chicago não precisa se preocupar. Além de talentoso, é um exemplo de dedicação, reverente aos veteranos do time, humilde como um novato deve ser - mesmo que ele seja o único no elento a ter sido número um no draft. Sabe que é o futuro do time mas não age como um garoto de 20 anos que é.

Hoje, contra os Celtics, em Boston, Rose fez 18 pontos, perdeu a bola três vezes, roubou-a uma, deu só uma assistência (contra as 9 da estréia) e pegou quatro rebotes, tendo acertado seis de seus 14 arremessos (não tentou bola de três) e todos os seis lances livres que cobrou. Isso, tendo a defesa do atual campeão - a melhor defesa da liga - armada especialmente para contê-lo, nos 28 minutos em que esteve em quadra.

Os Bulls perderam feio e Rose pereceu sério e contrariado sempre que focalizado pelas câmeras quando estava no banco. Em seu segundo jogo como pro, aprendeu a lição de que os novatos, mesmo os números um, não têm nenhuma moral com os juízes. Ficou bom tempo no banco porque rapidamente chegou a três faltas. E mostrou, em dois lances seguidos no terceiro quarto, porque será um dos maiores armadores do basquete.

Num contra-ataque, duas mudanças de velocidade e duas de direção, antes da bandeja com reversão, marcado por três Celtics.

Noutro, uma bandeja pelo lado esquerdo, protegendo a bola como um quarterback na passada e largando-a na bandeja com a mão esquerda, como se fosse canhoto.

Tudo isso, numa velocidade fora do comum.

É hora dos Bulls limparem todo o elenco atual e moldarem um novo time em função do talento do seu número um. Como fizeram em apenas três anos depois da chegada de Jordan.

* * *

Neste domingo, na tv, tem Milan x Nápoli. Além de Kaká, Seedorf, Ronaldinho, Sheve etc, é boa chande de ver Lavessi, o argentino que está comendo a bola nesse início de temporada surpreendente do time do sul da bota no calcio.

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Fim-de-semana no parque.

Nos dois últimos anos eu trabalhei TODOS os domingos. Isso dá 108 dias em que eu, ao contrário das pessoas normais, não tive o dia mais sagrado da semana à minha disposição.

Os finais de semana agora se apresentam a mim como um cardápio variado de jogos e mais jogos a que posso escolher assistir de acordo com minha vontade. O que significa, por vezes, estar em casa com as duas tvs e um computador ligados em esporte.

Hoje, portanto, é dia de montar minha "grade de programação". Que inclui, claro, Maracanã amanhã. Logo mais, vejo o que me reservam os canais de esporte dos campeonatos inglês e italiano. Quem sabe o espanhol, se tiver Messi na tv. Fórmula 1? Passo, obrigado. Quero bola.

E ela quica hoje, às 22h, na ESPN internacional, com Celtics e Bulls. A primeira chance de ver Derrick Rose com a camisa do meu time. Eu não vou me alongar agora, porque sei que, depois do jogo, não resistirei a escrever sobre o moleque que tanto me impressionou jogando pela universidade de Memphis. Só digo que vale à pena prestar atenção ao número um vestido de vermelho hoje à noite.

* * *

O jogo-chave do fim-de-semana? São Paulo x Inter. E olho na arbitragem. Aliás, depois dos apagões em Salvador e Florianópolis, olho em tudo, minha gente.

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Embolada

Embolada é como chamam, no norte e nordeste do país, os desafios entre repentistas. Um manda a rima de um lado, o outro responde ironizando o adversário, usando e abusando de ofensas e palavrões, mas sem nunca perder o respeito por ele.

Essa reta final de campeonato brasileiro, mais que nunca, virou uma grande embolada. Rodada à rodada, não basta fazer o seu - é preciso ficar atento ao que os adversários estão fazendo... Com os resultados desta quarta, a corrida pelo título ficou assim:

Grêmio 59
São Paulo 59
Cruzeiro 58
Palmeiras 58
Flamengo 56

Na embolada de ontem, o Palmeiras foi o primeiro a mandar a rima. Suou para vencer o Goiás, em casa, com um golzinho de pênalti, pênalti daqueles que a maioria dos juízes não dá.

Uma hora mais tarde, era a vez dos outros quatro pretendentes darem suas respostas.

Ninguém foi mais rápido que o Cruzeiro, que abriu o placar no Mineirão, diante do Grêmio, com quinze segundos de jogo. Fez mais dois e bateu na mesa - "queremos o título". O ainda líder Grêmio ficou sem resposta.

No Engenhão, o São Paulo, invicto há doze jogos, rebateu com autoridade todos os versos do Botafogo. Que, como um todo, mais uma vez perdeu o controle ao ver o gol de Lucas Silva mal anulado pelo péssimo árbitro Sérgio Carvalho. Bebeto, mais uma vez, não se portou como presidente de clube de futebol. E o alvi-negro, agora sim, ficou definitivamente para trás. O tricolor, por sua vez, mostrou que é o time a ser batido, até e muito por conta dos jogos que terá pela frente.

Quem ficou sem rima, logo jogando no Nordeste, onde tem muita embolada boa, foi o Flamengo. Jogou mal, perdeu gols incríveis, poderia ter ganho ou perdido e acabou empatando, em mais uma desastrosa noite do técnico Caio Júnior, que escalou mal o time (com Ibson recuado e torto pela esquerda e Kléberson fazendo a função que deveria ser deste), e mexeu pior ainda no segundo tempo. O Homem Flúido ainda tem muito o que aprender.

Ainda assim, mesmo o Flamengo segue na briga nessa embolada, visto que a diferença do quinto colocado para o líder caiu de quatro para três pontos.

No fim-de-semana, Fla e Grêmio têm jogos fáceis, em casa, contra Lusa e Figueirense. Os outros, não - O Cruzeiro enfrenta o Goiás fora, o Palmeiras, também fora, faz clássico contra o Santos e o São Paulo recebe o imprevisível Internacional.

Com um detalhe - é o Flamengo o único a mandar seus versos no sábado, podendo chegar antes aos 59 pontos (e até mesmo à breve liderança, pois pode ultrapassar o Grêmio). E, na embolada, quem manda a rima primeiro sempre leva uma certa vantagem, pois joga a pressão pra cima do oponente.

* * *

Pesquisas realizadas pelos jornais Clarín e La Nación mostram que mais de 70% dos torcedores argentinos desaprovam Maradona no comando da seleção.

Como eu disse, tem tudo pra ser muito divertido isso...

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Era do 10 (e um feliz ano novo)

Depois da saída dos campos pela porta dos fundos - flagrado em dois exames antidoping, em 91 e 94 - Maradona foi técnico, apresentador de programa de tv, comentarista de tv e jogador de showbol. Foi preso por consumo de cocaína, ficou internado em Cuba, chegou a ter a vida em risco por conta dos problemas decorrentes do vício e do excesso de peso.

Maradona foi o maior que vi jogar, ao lado de Zico.

Agora don Diego é o novo técnico da seleção argentina.

Seria uma vingança movida a pragas tupiniquins, por conta da cruz chamada Dunga que temos carregado?

Como será o técnico Maradona? Disciplinador ou paizão? Ofensivo ou retranqueiro? Como vai lidar com Agüero, seu genro? E com Messi, seu craque? E com Tévez?

Serão tempos divertidos esses que se aproximam no futebol argentino.

* * *

Hoje é dia de Cruzeiro, Flamengo e São Paulo baterem o pau na mesa - ou vencem ou mostram que não estão na briga pelo título da mesma forma que o Grêmio, que nos momentos de pressão até aqui, na maioria das vezes, venceu.

Para o Palmeiras, então, nem se fala - jogando em casa e depois do tropeço no Rio, tem a obrigação de vencer não somente para continuar na briga como também para aplacar a ira de sua torcida.

A noite promete.

* * *

E ainda tem outra atração - Spurs x Suns, na primeira transmissão da temporada 2008/2009 da NBA na tv brasileira (22h30, ESPN Brasil); ontem o Chicago estreou com vitória sobre o Milwaukee e Derrick Rose, em seu debut profissional, anotou 11 pontos e nove assistências.

Feliz ano novo a todos, 2008 finalmente começou.

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Ó, pá!

Hoje o Mourinho foi notícia por aqui (Adriano também, mas notícia repetida). Barrou o brasileiro e o Júlio Cruz. O português é dos mais apreciados técnicos do mundo, elogiado pela capacidade tática e inventividade, criticado pela postura arrogante e disciplinatória e indicado por Sir Ferguson como seu possível sucessor no comando dos Red Devils.

Por conta disso tudo, costumam respeitar - ou pelo menos prestar muita atenção - no que o senhor José Mourinho diz. Vale então lembrar o que ele falou no Mineirão, há alguns meses, no Tá na Área, quando foi assistir à Brasil x Argentina:

"Na Europa, com a diferença de fuso horário, não é fácil assistir aos jogos ao vivo. Mas eventualmente, se é um jogo importante, de Libertadores ou um bom jogo do campeonato brasileiro, faço uma noite de insônia para poder acompanhar, porque o talento nunca acaba. Eu costumo dizer que, no Brasil, dá-se um ponta-pé numa pedra e aparece um jogador embaixo. Todos os anos aparecem jogadores novos que nós não conhecemos. E, um ano ou dois depois, ele está na seleção, e um ano ou dois depois, está numa grande equipe européia."

Afinal, o futebol que tem sido praticado por aqui é bom ou não?

* * *

Pensamento do dia - alguém ainda acha que o Robinho fez má escolha ao ir para o City em vez de ficar no Real de Schuster?

Ontem o moleque, que já tem seis na vice-artilharia da Premier League, um atrás de um egípcio do Wigan, disse que pretende alcançar a marca dos 30 gols na temporada.

Quando um jogador consegue marcar vinte numa temporada lá, pode bater no peito e gritar aquela frase que tantos atacantes usam ao estufar a rede.

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

On any given sunday.

A gente tem umas manias estranhas que, de vez em quando, aparecem pra ficar de vez, infelizmente. E pior, a gente nem sabe exatamente de onde elas vieram.

Nessa reta final de campeonato brasileiro, uma das piores dos últimos tempos ocupa novamente páginas de jornais e minutos de televisão - as "previsões" (sic) dos matemáticos (e não vou chamar de matemáticos de plantão porque isso seria uma tremenda indelicadeza minha, visto que são profissionais competentíssimos).

O problema é que a matemática - essa matemática - e o futebol têm pouquíssimo em comum.

Cálculos matemáticos são muito bons pra dizer que o sujeito tem uma chance em 50 milhões de acertar a mega-sena com uma aposta mínima (e toda hora alguém acerta). Que o Chicago tinha 1,7% de chance de ficar com a primeira escolha no último draft da NBA (e ficou).

Não para dizer que o Grêmio tem 43% de chance de ser campeão, enquanto Cruzeiro tem 17%, São Paulo, Flamengo e Palmeiras, 13%.

Por quê? Porque esses números não valem absolutamente nada, mudam de um extremo ao outro em coisa de duas rodadas. Por si só, uma análise do que foi publicado até agora mostra que as tais previsões, como chamam os jornais, são nada mais que cálculos matemáticos em cima das combinações de resultados possíveis. Como quem calcula qual a chance de se acertar a mega-sena com um cartão de seis dezenas.

http://www1.folha.uol.com.br/folha/educacao/ult305u10267.shtml

* * *

Ainda sobre as tais previsões matemáticas, quais variáveis a matemática poderia aprender para apontar um resultado mais provável em qualquer um desses jogos de quarta?

Cruzeiro x Grêmio. Botafogo x São Paulo. Vitória x Flamengo.

Pra mim, qualquer resultado é tão possível quanto qualquer outro nessas partidas.

Afinal, a matemática não leva em conta que o Cruzeiro venceu apenas um dos seis confrontos diretos que fez até aqui contra os outros pretendentes. Muito menos leva em conta a tradição do Botafogo sempre ter uma motivação extra contra o São Paulo, por conta do passado. Nem que o Flamengo deve ter tanta torcida quanto o Vitória no Barradão.

* * *

A nota do dia:

"O Sport Club Corinthians Paulista agradece ao Clube de Regatas do Flamengo pela manifestação de carinho por nosso retorno à Série A.

Também desejamos toda sorte e sucesso ao co-irmão carioca na reta final do Campeonato Brasileiro de 2008. Estamos na torcida pelo título rubro-negro!"

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Flanonsense

"Com show de Obina, Fla goleia o Coritiba no Maracanã" - O Globo

Era noite de dever de casa para três dos cinco pretendentes ao título.

O Grêmio fez o seu, marcando um golzinho logo no início do jogo contra o Sport, time-turista desse campeonato. E lamba.

O São Paulo teve dififuldades e começou perdendo para o Vitória. Virou e cumpriu sua parte.

E o Flamengo goleou o Coritiba - tarefa muito mais complicada do que vencer pernambucanos e baianos - jogando bem. Vá entender.

Dos cinco que lutam pela taça, o rubro-negro é, disparado, o que tem jogado pior. E também o que mais tem vencido, seguindo assim na cola dos líderes - foram seis triunfos nos últimos sete jogos. Tivesse vencido o Atlético Mineiro também, estaria a um pontinho da liderança. Mesmo não tendo, possui a melhor campanha do segundo turno. E tem o melhor ataque entre os cinco, ao lado do São Paulo. E, ainda assim, eu te desafio a dizer quem é o artilheiro do time no campeonato.

Mas o nonsense rubro-negro nem está nesses fatos e números. Está nesses:

14 minutos - Obina cabeceia na trave uma bola cruzada por Luizinho.
19 minutos - Obina sai atrás do zagueiro, chega na frente e sofre pênalti.
35 minutos - Obina recebe de Kléberson, ajeita com a esquerda e, antes da bola cair, chuta com a direita no cantinho.
29 do segundo tempo - Obina faz jogada de craque, dribla o zagueiro duas vezes - o deixa no chão na segunda - e chuta rente ao gol.
34 do segundo tempo - Obina rouba a bola, passa por dois zagueiros na velocidade e cruza para Maxi marcar.

Como se não bastasse isso tudo - e ainda a impressão de que Obina está magro e em forma - o Jaílton jogou muito na posição do Fábio Luciano, como líbero de fato.

Vá entender o Flamengo.

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Muricy.

Mal-humorado, ranzinza, implicante para alguns. Para outros, marrento mesmo. Para mim, um dos poucos, poquíssimos, que fogem à mesmice do futebol. Além de um puta técnico. Ou seja, não tem como eu não simpatizar com o Muricy.

Pois eis que essa semana, num programa desses de tv, o treinador com mais tempo de cargo no futebol brasileiro disparou: "Eu não vejo diferença nenhuma entre os jogos do Campeonato Italiano e do Campeonato Brasileiro." Se referia, basicamente, à qualidade do jogo, sem entrar nos méritos econômico, tático ou do talento dos jogadores.

Eu, que acompanho o futebol há mais de vinte e cinco anos, de perto há quinze, nunca assisti a tantas partidas quanto no último mês. Campeonato italiano, brasileiro, inglês, espanhol - até alemão e holandês - além da Champions League, filé dos filés da bola, a tudo eu assisti. E olha, o Muricy está com a razão.

Meus amigos, o que é ver a Juventus jogar... ou o Roma... ou o Milan... No Calcio, em geral, só assisti a jogos chatíssimos. Destoam a Inter, pela qualidade superior do elenco e pelo Mourinho, e o Napoli, surpresa até aqui. E só. O resto é de doer.

Na Inglaterra, onde o futebol hoje é o mais dinâmico no mundo da bola, dá gosto realmente ver o Manchester jogar. Sir Alex Fergusson troca as peças - muitas e boas - mas os diabos jogam sempre da mesma forma, pra frente, pelos flancos, valorizando o toque de primeira e aproveitando a velocidade de seus atacantes. O Liverpool tenta jogar parecido, mas não consegue. O Arsenal é jovem demais. O Chelsea, de Felipão, também dá sono, mesmo com tantos bons jogadores.

Na Espanha, o time que mais evoluiu nos últimos anos é dos mais chatos de se ver que há - o Villareal. O Real Madrid, dirigido por um alemão que foi craque mas não deixa de ser alemão, virou um time mecânico em que talentos como Gago e Higuaín não brilham e Robben fica no banco... E o Barça, esse sim, também dá gosto de ver. Não tem o ímpeto ou o estilo do Manchester, mas tem Messi.

Enquanto isso, por aqui, a imensa maioria critica horrores o Campeonato Brasileiro, "medíocre e nivelado por baixo". Associa de imediato a falta de dinheiro à falta de qualidade, pensamento raso e fácil. Esquece da essência do futebol - que não faz distinção entre um jogo de garotos de quinze anos e outro de profissionais de alto nível - pois o primeiro pode, perfeitamente, ser mais emocionante que o segundo.

Afinal, a emoção, no esporte, nunca dependeu só de talento.

* * *

Exemplo prático disso? O basquete americano. Os melhores do mundo estão na NBA. Mas é muito mais fácil assistir-se a um emcionante (e melhor) jogo na NCAA, o campeonato universitário.

Nem vou entrar no mérito tático, que exemplifica que o basquete dos garotos é mais bem jogado que o dos milionários - o primeiro se aproxima mais do europeu, com movimentação e troca de muitos passes, enquanto o segundo se baseia no individualismo e na criação de astros.

Eu me refiro simplesmente à emoção. Que pode ser muito maior num jogo entre Grêmio e Náutico, pela segunda divisão do nosso campeonato, do que num Juventus x Real Madrid, pela Champions League. Como o Muricy bem sabe.

* * *

Nessa semana uma notinha de jornal me chamou atenção, muita. Foi no O Globo de segunda, em que o editor de esportes do jornal, Antonio Nascimento, denunciava a agressão de Falcão a um jogador espanhol na final do mundial de futsal. "Uma cena covarde", palavras de Antonio. E foi mesmo. Por isso causou revolta nos adversários. E por conta da notinha, Falcão admitiria, na mesma noite de segunda, o que havia negado após o jogo e também na segunda pela manhã.

Foi inevitável lembrar-me da confusão na final do pólo aquático masculino do campeonato sul-americano que cobri em Mar Del Plata, em 99. Uma semana antes, em off, Coaracy Nunes, presidente da CBDA, nos havia dito que "os rapazes do pólo eram sua única preocupação". Na decisão contra os donos da casa, um dos bad boys do nosso time - que só tinha tipos assim, necessitando muito auto-afirmar a própria masculinidade - acertou um soco na nunca de um adversário. A porrada estancou na piscina, depois à beira da piscina, depois nas arquibancadas. Uma cagada.

Eu, acompanhado de uma repórter e um câmera que presenciaram a mesma cena, decido bancar a história como ela foi e ignoro o papinho de vítima dos nossos jogadores depois do jogo. Só que não havia a imagem do soco - assim como não havia foto ou imagem do soco do Falcão. Só o compromisso dos três com a verdade. Soa piegas, mas não é.

Por conta disso, meio time do Brasil quis tirar satisfações comigo no hotel. Chegaram a tentar intimidar (conseguiram) nosso produtor, um brasileiro residente na Argentina, que eles achavam ter a fita com alguma imagem comprometedora. Naquele mesmo saguão de hotel, os valentões se gabavam de seus socos aos berros.

Botamos nossa história no ar através de um audio-tape recheado de imagens de pancadaria generalizada na piscina. Mas sem a imagem do primeiro soco, que foi nosso.

Uma semana depois, de volta à tv, fui informado das várias pessoas ligadas ao pólo aquático que ligaram e até foram ao canal reclamar da nossa cobertura no caso.

Eu tinha pouco tempo de profissão e fui mandado pra Argentina na chefia da equipe. Não podia aceitar nada menos do que eu fiz - meu trabalho de jornalista. Como o Antonio bem sabe.