sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Pronto, descobriram a pólvora (e outros absurdos do futebol brasileiro)

A "mala branca" é a bola da vez, acreditem.

Eu tenho 35 anos. Há um quarto de século, pelo menos, ouço falar das malas, a branca e a preta. E concordo com o Zico quando Ele afirma, categoricamente: "Quem leva dinheiro para ganhar pode levar para perder também. Eu sou trabalhador para ir para o campo e ganhar. Tenho meu salário no clube para honrar a camisa que eu visto. Se eu estou eliminado ou não, tenho que ir lá e ganhar, não tenho que ajudar nem A nem B. Vai dizer: ‘Nós estamos em uma fase ruim e o dinheiro é bem-vindo’? Que isso?"

A "mala", branca ou preta, é considerada corrupção pelo Código Brasileiro de Justiça Desportiva. Ou seja, é caso para o STJD, nesse momento em que alguns, como Zico, falam, e outros, como Roberto, se calam. E é aí que está o maior absurdo.

Como pode o senhor Roberto Dinamite, vinte e poucos anos de futebol, dizer que "nunca viu, nunca soube, que não existe"? Enquanto isso, Zico relembra jogos da Libertadores de 81, Renato Gaúcho diz que aprova, Washington, do Flu, escancara afirmando que "adoraria receber um extra agora no fim do ano" e outros, ainda mais corajosos, admitem já terem recebido, como Evandro, hoje no Palmeiras, que confirmou a ex-lenda de que os jogadores do Furação receberam grana do Goiás, no ano passado, para tirarem pontos do Corinthians, quando nada mais lhes interessava no campeonato.

O jogo no Pacaembu terminou empatado por 2 a 2 e o Timão acabou caindo.

Evandro, por ser corajoso em admitir, vai parar no STJD.

Não existe santo no futebol. Há os sonsos e os homens.

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E há ainda os "machos". Ou que se acham assim. Estão por toda parte - dirigentes, zagueiros, cabeças-de-bagre, técnicos... O último da lista dos brucutús a virar notícia foi o técnico Roberto Fernandes, do Náutico (que eu já vi muita gente elogiar...).

Numa "aula" de um "curso" para "novos treinadores", em Recife, o "técnico" mandou as seguintes:

"Quem não faz falta não ganha jogo. Agora, que falta é essa? É a falta inteligente. Perdeu a posse de bola? O jogador mais próximo da bola mata o lance."

"Isso só é polêmica para quem não consegue interpretar o futebol. Esse romantismo serve para quem quer voltar à década de 70..."


Que imbecil.

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Os desatinos também continuam Na Gávea, claro. Na mesma semana em que a assessora de imprensa do clube mandou um email pra Deus e todo mundo com o número do celular do Simon (um injustiçado, coitadinho...), o presidente Márcio Braga vai à tv dizer isso:

"Essa política de legião estrangeira aqui não dá certo. Pode dar certo no São Paulo, Atlético-PR... aqui não. O Flamengo só é forte e quase imbatível com um time basicamente feito em casa. Foi campeão do mundo e pentacampeão brasileiro com um time basicamente feito em casa."


Alguém em sã consciência (coisa que o Márcio Braga perdeu há tempos) acha mesmo que o Flamengo teria feito papel melhor nesse campeonato com uma base com Getúlio Vargas, Thiago Salles, Erick Flores, Pedro Breda, Paulo Sérgio e Fellype Gabriel?

Pena, sim, que o Homem Flúido não tenha sabido aproveitar melhor o Sambueza e o Fierro.

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A recuperação continua - Ronaldinho fez ontem mais um pelo Milan, um golaço de falta (se bem que há quem defenda que não há golaço de falta - podem dar a mão ao Roberto Fernandes esses...).

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Frase do dia:

"Fui injustiçado pela imprensa em geral. Ainda mais quando se trata do Flamengo, clube onde a pressão é muito maior. Sabia que desde o início tinha acertado, mas paguei caro por isso e recebi inúmeras ligações desde segunda-feira. Como sou um cara centrado, pude absorver tudo."

Carlos Eugenio Simon, candidato a cara-de-pau do ano.

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