terça-feira, 17 de janeiro de 2012

2012 Pode Ser Mesmo O Fim.


Afinal de contas, ao que parece, o fim da linha, o fundo do poço, o fim da picada - estão todos ali, no virar da esquina. Senão, vejamos.

Nesses vinte e poucos primeiros dias de 2012, vimos governantes do Rio e de Minas, principalmente, terem a cara de pau de, novamente, botar a culpa das enchentes e deslizamentos e mortes no clima. Um ano se passou desde a tragédia de 2011 e nada, absolutamente nada foi feito. Ainda assim, Cabral deve se reeleger com folgas quando chegar a hora; antes dele, o prefeito bufão da Maravilhosa fará o mesmo. Em São Paulo, ainda não me decidi sobre o que foi/é pior - a ação do Estado na cracolândia ou a desocupação do Pinheirinho, onde quase nove mil pessoas foram postas à força para fora de suas casas pela PM para que o Estado, sempre ele, garanta o direito de posse do terreno a ninguém menos que Naji Nahas, aquele criminoso que pegava dinheiro emprestado com bancos para fazer negócio com ele mesmo na Bolsa, através de seus laranjas. E, vejam só, o desgraçado foi absolvido pela Justiça de todos os crimes de que foi acusado - lavagem de dinheiro, corrupção, evasão de divisas, sonegação fiscal e formação de quadrilha. Pra completar, ainda tivemos o primeiro caso de estupro em rede nacional na TV brasileira - com Pedro Bial fazendo o papel de cereja do bolo ao afirmar, diante da cena editada no melhor estilo-melhores-momentos, que "o amor é lindo". E nada acontece diante disso tudo.

Mas o que todo esse lixo tem a ver com o Tudo Bola?

Tudo, infelizmente.

O ano que se passou não foi exatamente animador. Números não mentem - em 2011, escrevi somente 10 posts. Em 2010, foram 52, e em 2009, 104. Considerando que no ano passado eu praticamente não trabalhei em televisão, posso afirmar que foi quando tive mais tempo livre para escrever sobre minha grande paixão, o esporte. Paixão, profissão, comida e arte - porque o esporte pode ser isso tudo e muito mais. Porém, não foi.

Relembremos algumas, recentes:

- depois de semanas de excitação, expectativa e até uma certa debilidade nacionalista em relação ao assunto, o Santos foi ao Japão para, no fim, na final, ser goleado e humilhado pelo Barcelona. Pior que o placar, foi a forma da derrota - abdicando do direito de jogar para passar a maior parte dos noventa minutos observando o jogo do outro, de pé em pé, toque em toque. E pior que tudo foram ainda a postura e as declarações do "professor" Muricy após a partida. Não foi apenas a torcida do Santos que terminou o ano desiludida - todos que acreditamos na arte do futebol encerramos a temporada assim, descrentes de que dias melhores virão por aqui.

- após meses de um campeonato brasileiro alardeado como "o mais emocionante dos pontos corridos", tivemos um Corinthians campeão sem brilho, cheio de suspeitas fundamentadas (Itaquerão, Andrés na CBF, arbitragens estranhas) e com uma escalação que, cá entre nós, ficará na cabeça apenas dos corintianos mesmo. O Vasco, história mais bela da competição, ficou pelo caminho, como se previa para quem decidiu esgoelar o time (que já é velho) na reta final da temporada. Fla e Flu, então, sequer chegaram realmente a brigar pelo título nas rodadas finais - o Fla do time sem esquema e sem pênaltis a seu favor e o Flu do artilheiro boêmio, do meia capenga e do presidente que manda menos que o mecenas.

- Passado mais de ano e meio desde a pífia Copa de 2010, ainda não temos uma seleção brasileira. Na verdade, nem um esboço dela parecemos ter. Aquele Mano da primeira coletiva, que deixou entusiasmo e esperança no ar, sucumbiu à pressão por resultados, como se apenas eles fossem capazes de manter um técnico de seleção no cargo. E o resultado foi o pior possível - não tivemos nem o prazer do bom futebol, nem os tais bons resultados de uma seleção que começa a ficar conhecida por não vencer as demais grandes. Some a isso o papelão do Santos e a declaração de Pep Guardiola lembrando como jogávamos antigamente e chegamos ao panorama sombrio de 2011.

- Pra começar 2012, que tal o Fluminense aliciar Rodrigo Caetano e Thiago Neves; Adriano continuar quase tão gordo quanto Ronaldo; Kléber ainda ser a esperança de alguém e o Flamengo investir dez milhões de euros em Vágner Love, depois de vexame após vexame nessas primeiras semanas na terra de ninguém chamada Gávea?

E aí, qual minha motivação pra escrever?

Será que finalmente cheguei à conclusão de que nosso futebol, falando assim, de maneira ampla, da mesma forma que nossa televisão, nossos governantes e nossa política, em geral, são todos uma merda? Um bando de gente sem capacidade ou vontade que não sejam a capacidade e vontade de agir em benefício próprio?

É difícil dissociar o jogo de tudo que o envolve. Mas vou continuar tentando.

* * *

Hoje tem Flamengo abrindo a temporada em Potosí. No banco, um técnico que, dizem, amanhã já não o será. Em campo, um camisa dez que, dizem, está na melhor forma física desde que chegou ao clube (além de quatro, eu disse quatro volantes). Um ou outro precisa mostrar hoje que é o cara certo pro clube.

* * *

Nas próximas semanas, de (ainda) pouco futebol e (muita) apatia pelo cenário que o cerca, sobram o Superbowl repleto de histórias do próximo dia 5 (!) e a temporada da NBA, onde o Chicago Bulls fará história nesse ano. Mas isso fica pra já, já.

* * *

Love ou Thiago Neves? E aí, rubro-negros?