sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Pronto, descobriram a pólvora (e outros absurdos do futebol brasileiro)

A "mala branca" é a bola da vez, acreditem.

Eu tenho 35 anos. Há um quarto de século, pelo menos, ouço falar das malas, a branca e a preta. E concordo com o Zico quando Ele afirma, categoricamente: "Quem leva dinheiro para ganhar pode levar para perder também. Eu sou trabalhador para ir para o campo e ganhar. Tenho meu salário no clube para honrar a camisa que eu visto. Se eu estou eliminado ou não, tenho que ir lá e ganhar, não tenho que ajudar nem A nem B. Vai dizer: ‘Nós estamos em uma fase ruim e o dinheiro é bem-vindo’? Que isso?"

A "mala", branca ou preta, é considerada corrupção pelo Código Brasileiro de Justiça Desportiva. Ou seja, é caso para o STJD, nesse momento em que alguns, como Zico, falam, e outros, como Roberto, se calam. E é aí que está o maior absurdo.

Como pode o senhor Roberto Dinamite, vinte e poucos anos de futebol, dizer que "nunca viu, nunca soube, que não existe"? Enquanto isso, Zico relembra jogos da Libertadores de 81, Renato Gaúcho diz que aprova, Washington, do Flu, escancara afirmando que "adoraria receber um extra agora no fim do ano" e outros, ainda mais corajosos, admitem já terem recebido, como Evandro, hoje no Palmeiras, que confirmou a ex-lenda de que os jogadores do Furação receberam grana do Goiás, no ano passado, para tirarem pontos do Corinthians, quando nada mais lhes interessava no campeonato.

O jogo no Pacaembu terminou empatado por 2 a 2 e o Timão acabou caindo.

Evandro, por ser corajoso em admitir, vai parar no STJD.

Não existe santo no futebol. Há os sonsos e os homens.

* * *

E há ainda os "machos". Ou que se acham assim. Estão por toda parte - dirigentes, zagueiros, cabeças-de-bagre, técnicos... O último da lista dos brucutús a virar notícia foi o técnico Roberto Fernandes, do Náutico (que eu já vi muita gente elogiar...).

Numa "aula" de um "curso" para "novos treinadores", em Recife, o "técnico" mandou as seguintes:

"Quem não faz falta não ganha jogo. Agora, que falta é essa? É a falta inteligente. Perdeu a posse de bola? O jogador mais próximo da bola mata o lance."

"Isso só é polêmica para quem não consegue interpretar o futebol. Esse romantismo serve para quem quer voltar à década de 70..."


Que imbecil.

* * *

Os desatinos também continuam Na Gávea, claro. Na mesma semana em que a assessora de imprensa do clube mandou um email pra Deus e todo mundo com o número do celular do Simon (um injustiçado, coitadinho...), o presidente Márcio Braga vai à tv dizer isso:

"Essa política de legião estrangeira aqui não dá certo. Pode dar certo no São Paulo, Atlético-PR... aqui não. O Flamengo só é forte e quase imbatível com um time basicamente feito em casa. Foi campeão do mundo e pentacampeão brasileiro com um time basicamente feito em casa."


Alguém em sã consciência (coisa que o Márcio Braga perdeu há tempos) acha mesmo que o Flamengo teria feito papel melhor nesse campeonato com uma base com Getúlio Vargas, Thiago Salles, Erick Flores, Pedro Breda, Paulo Sérgio e Fellype Gabriel?

Pena, sim, que o Homem Flúido não tenha sabido aproveitar melhor o Sambueza e o Fierro.

* * *

A recuperação continua - Ronaldinho fez ontem mais um pelo Milan, um golaço de falta (se bem que há quem defenda que não há golaço de falta - podem dar a mão ao Roberto Fernandes esses...).

* * *

Frase do dia:

"Fui injustiçado pela imprensa em geral. Ainda mais quando se trata do Flamengo, clube onde a pressão é muito maior. Sabia que desde o início tinha acertado, mas paguei caro por isso e recebi inúmeras ligações desde segunda-feira. Como sou um cara centrado, pude absorver tudo."

Carlos Eugenio Simon, candidato a cara-de-pau do ano.

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

O ano que vem não será como o que passou.

Foi com muito bom humor que Juca Kfouri leu esse email no último Linha de Passes: "Sabe o que tem todo ano? Ano Novo, Carnaval, Semana Santa, Natal e São Paulo campeão brasileiro". Mas que ninguém se engane - esse título, que faz do tricolor o primeiro tri nacional de verdade, não foi igual aos dois anteriores.

Em 2006, o primeiro com Muricy, foram 77 pontos conquistados, 15 a mais que o vice Santos. Naquela temporada o São Paulo assumiu a ponta na décima sétima rodada, de onde não saiu mais. Ou seja, ficou todo o segundo turno abrindo vantagem sobre a concorrência.

Em 2007, ano do bi, a liderança foi conquistada ainda no primeiro turno, na 12ª rodada. E a campanha foi ainda melhor - 78 pontos conquistados, onze a mais que o vice Internacional, antigo time de Muricy.

Neste ano de 2008, ao fim do primeiro turno, o São Paulo estava oito pontos atrás do líder Grêmio, diferença que aumentou para onze quando o tricolor foi derrotado no Olímpico logo na primeira rodada do returno. Nas dezesseis seguintes, o time de Muricy tirou essa desvantagem e ainda abriu cinco de frente sobre a equipe gaúcha. Ou seja, fez dezesseis pontos a mais que o Grêmio em igual número de rodadas, numa campanha de recuperação totalmente diferente dos dois anos anteriores - só chegou à ponta da tabela a cinco rodadas do fim. Na melhor das hipóteses, esse time de 2008 chegará a 77 pontos (mesmo aproveitamento de 2006, um ponto a menos que no ano passado).

O aproveitamento pode ter sido quase idêntico nos anos do tri. Mas os times, não. O São Paulo 08 é pior que o 07, que, por sua vez, era mais fraco que o 06.

2008, base - Ceni, André Dias, Rodrigo e Miranda; Joílson, Jean, Hernanes, Hugo e Jorge Wagner; Dagoberto e Borges.

2007, base - Ceni, Breno, Alex Silva e Miranda; Souza, Hernanes, Richarlyson e Jorge Wagner; Leandro, Dagoberto e Borges.

2006, base - Ceni, Lugano, Alex Silva e Edcarlos; Souza, Mineiro, Josué e Richarlyson; Leandro, Ricardo Oliveira e Alex Dias (e aquele time, que já tinha Miranda, Ilsinho, Danilo, Lenísio e Thiago, tinha ainda Fábio Santos, Fabão, Júnior e Aloísio).

Em comum entre os três, aí sim, o dedo de Muricy. Em 2006, com um baita elenco, foram 66 gols marcados. Em 2007, com uma baita defesa, apenas 19 sofridos (contra 32 em 2006 e 35, até agora, em 2008). Sempre com três zagueiros (reparem que Miranda será tri, nessa zaga por onde passaram Breno e Alex Silva); sempre com dois alas (Ilsinho, Richarlyson, Júnior, Souza, Jorge Wagner); sempre com dois volantes acima da média que se vê por aqui (Mineiro, Josué, Hernanes, Jean).

A maior diferença no esquema tático tricolor, nesses três anos, aconteceu justamente em 2008. Saiu a figura do homem mais avançado do meio-campo (que em 2006 e 2007 era feita pelo Leandro, atacante de origem) e entrou mais um homem de marcação no meio (Jean), o que possibilitou liberar mais Hernanes e Hugo, bons de bola e chegados a marcar gols (coisa que Mineiro, Josué e Richarlyson não eram).

Qual outro time brasileiro manteve base, técnico e esquema tático nos últimos três anos?

* * *

Anotem aí, foi dito no dia 25 de novembro de 2008: "Não existe a mínima chance de eu sair do Palmeiras em razão dos últimos acontecimentos ou das especulações que foram criadas recentemente. Quero e vou conseguir reencontrar dentro do próprio Palmeiras a felicidade que temporariamente se afastou."

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Hexa.

E com louvor. O São Paulo chegou a estar onze pontos atrás do líder Grêmio. Soube arrancar na hora certa - não perde há dezesseis rodadas.

Nesse tempo, todos os outros postulantes ao título sofreram derrotas que não podem ser classificadas como tropeços, mas sim como tombos de cara no chão.

O Palmeiras foi goleado pelo Inter (4x1), pelo Sport (3x0, em casa), pelo Fluminense (3x0) e pelo Flamengo (5x2). Ainda perdeu pro Grêmio (1x0). Cinco derrotas nessas 16 rodadas em que o São Paulo se recusou a perder.

O Cruzeiro perdeu para três times que brigaram o campeonato inteiro para não cair - Santos (2x0), Atlético Paranaense (1x0) e Náutico (5x2). E ainda tomou do Goiás (3x0). Pelo menos, no caso do time mineiro, todas foram fora de casa.

O Grêmio perdeu no Olímpico para o mesmo Goiás (3x0), foi goleado no clássico com o Inter (4x1) e ontem, pelo Vitória (4x2).

E o Flamengo, que nesse tempo perdeu apenas duas vezes, para os mineiros - no Maracanã para o Atlético (3x0) e no Mineirão para o Cruzeiro (3x2) - deu mole quando não podia, nos empates com Vitória e Portuguesa.

Nesse domingo, quem tinha a missão mais complicada, mais chances de tropeçar, era o São Paulo. Que foi a São Januário, viu o desespero do Vasco, a pressão do estádio cheio e venceu.

Agora resta a boa briga pelas três vagas para a Libertadores, que tem o Grêmio (66) na frente de Cruzeiro (64), Palmeiras (64) e Flamengo (63), a duas rodadas do fim.

* * *

Cruzeiro x Flamengo foi um jogo emocionante, bem jogado na maior parte do tempo e com poucas faltas (e cinco gols).

Faltou ao Fla atenção na defesa. Léo Moura não acompanhou Fernandinho no primeiro gol (e como falha o Léo na marcação!). Angelim deu condição de jogo para Thiago marcar o segundo, quando toda a zaga saiu pra deixá-lo em impedimento. E ainda não acompanhou Ramires, que era o homem dele, no terceiro (logo o Angelim, que tão pouco falha!).

Ao Cruzeiro, sobrou coragem para sempre partir para cima, mesmo depois de ver a vantagem virar igualdade duas vezes. Basta ver quantos gols feitos o time mineiro perdeu (pelo menos três).

Mas desse jogo vão ficar marcados dois lances.

O pênalti escandaloso em Tardelli, claro, pela covardia do Simon em marcá-lo.

E a imagem patética do Homem-Flúido tentando, em vão, conter seus comandados no momento em que eles pressionavam o árbitro gaúcho pela não marcação do pênalti. Ali, se havia alguma dúvida, ficou claro - Caio Júnior não tem o comando do time, não impõe respeito aos seus comandados.

Aliás, comando falta ao clube, não ao time. Porque as atitudes de Bruno, durante a semana, e de Fábio Luciano, ontem, são inadmissíveis. O mesmo capitão que foi dizer ao Simon que ele "era muito experiente para temer o Mineirão" foi de uma inexperiência absurda para conseguir ser expulso depois do apito final, por ter xingado o juiz. E agora desfalca o time à toa, num momento decisivo.

* * *

O jogo entre Cruzeiro e Flamengo foi muito, mas muito melhor que o super-clássico entre Internazionale e Juventus. Melhor tecnicamente, melhor em emoção, melhor em tudo.

Alguém se habilita a descobrir a diferença das folhas salariais entre os quatro? Alguém se habilita a me dizer qual a diferença desse campeonato brasileiro para os campeonatos europeus em geral?

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Fim-de-semana no parque.

O domingo de futebol começou com a cena mais engraçada que há atualmente no Maracanã. Meia hora antes do jogo, a fila na bilheteria da Avenida dava voltas e voltas em meio a grades (pelo menos acabou aquela muvuca) e enchia toda a esquina de gente. “Em menos de uma hora eu não entro no estádio”, pensei. Logo ao lado, na outra bilheteria, três guichês absolutamente vazios. Cheguei, pedi, comprei. Essa bilheteria não tem fila porque não vende meia-entrada. Mas será que naquela fila toda só tinha gente com carteirinha pra comprar meia? Duvido.

O Maracanã tenta, tenta, tenta, mas continua a ser uma bagunça.

Lá dentro, mais de sessenta mil pessoas passaram um calor do cão (com péssimo serviço – por algum motivo, não tinha ambulantes pela arquibancada com os isopores de água e refri) e viram um jogo bom demais. O gol logo aos dois minutos, claro, mudou tudo. Mas nada é à toa. O Flamengo fez sua melhor apresentação no campeonato (embora tenha sido a terceira goleada de cinco), num dia em que seus laterais não jogaram nada (na verdade, Juan foi horroroso e dispersivo), seu principal atancante não marcou (embora Obina tenha jogado bem fazendo o pivô para quem chegava de trás e caindo pela esquerda, na Avenida Roque Júnior) e Jaílton, bem, Jaílton voltou a ser Jaílton, cometendo um pênalti ridiculamente desnecessário e burro, que poderia ter mudado a partida. Não mudou porque nada mudaria, naquela tarde em que Ibson e Kléberson jogaram um futebol simples e genial – simples na qualidade do passe e nas tabelas e genial nos deslocamentos e triangulações.

Nem mesmo as substituições mais uma vez equivocadas do Homem Flúido conseguiram estragar o show rubro-negro. Éverton, que entrou no lugar de Juan no intervalo, deve ter feito umas quinze faltas pra tentar marcar o lado direito do ataque do Palmeiras, porque não sabe marcar - e não acrescentou muito no ataque. E a entrada de Toró no lugar de Marcelinho logo depois do segundo gol alvi-verde foi uma típica manobra covarde, retranqueira. Mas, numa tarde como a de domingo, até Caio Júnior teve seu nome gritado pela torcida.

Resta a pergunta – por que Ibson e Kléberson não jogam sempre dessa forma? Sem errar passes de três metros, sem prender a bola em demasia, sem se omitir do jogo? Na inesquecível tarde de domingo eles foram cirúrgicos, errando quase nada, buscando o jogo a todo instante, se movimentando por todos os lados do campo – como provam os lances dos cinco gols do Flamengo.

Agora ficou assim:

São Paulo 68
Grêmio 66
Flamengo 63
Cruzeiro 61
Palmeiras 61

Eu fico com o Grêmio, porque o time gaúcho pega gente desinteressada pela frente, enquanto o tricolor paulista pega gente desesperada. Cruzeiro x Flamengo, domingo que vem, praticamente vale a vaga na Libertadores, porque o Palmeiras pega o Ipatinga em casa.

Só o Calazans acha esse campeonato ruim

(Mas na coluna desta segunda ele se entregou – falou mal à beça do Obina, dizendo que o baiano não teve mobilidade, não teve corrida, esteve pesado... Porra, ou ele não viu o jogo ou ele é mesmo um cara cheio de preconceitos, porque o Obina foi peça chave da vitória, tanto quanto o Fábio Luciano, por exemplo. Correu, prendeu a bola no ataque, deu bons passes, caiu muito bem pela esquerda... a única coisa em que ele pecou, realmente, foi nas conclusões, pois teve duas chances e perdeu-as).

São Paulo? Grêmio?

Ou Flamengo?

Em uma rodada – a próxima – tudo pode mudar. De novo.

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Certo x Errado

Eu discordo da saraivada de críticas dirigidas ao Carlos Alberto, por conta de sua decisão de abandonar o Botafogo e entrar na justiça contra o clube, que não lhe paga salários há três meses e ainda lhe deve dinheiro do contrato de imagem. Logo o Botafogo, que nos últimos anos postulou, orgulhoso, o posto de clube mais bem administrado do Rio, não abriu sequer conta para depósito do FGTS do jogador.

Isso, mais do que falta de dinheiro pura e simples, é má administração - pura e simples. Porque agora essa dívida, na justiça, vai se multiplicar consideravelmente. E lá vai mais um clube carioca pagar Deus-sabe-quanto em dezenas e dezenas de parcelas a um profissional que não faz mais parte de seus quadros.

O Botafogo não tem dinheiro, por isso não paga. Carlos Alberto não recebe, por isso não trabalha mais pro Botafogo. O que é importante perceber, nesse momento em que parte da torcida e imprensa o condenam por não ter esperado o fim do campeonato, é que o próprio clube "decretou" férias depois da eliminação na sul-americana. Por que Carlos Alberto haveria de esperar? Esperar o quê?

Como escrevi aqui, o Botafogo teve uma boa oportunidade de fazer caixa no clássico contra o Flamengo. Em vez disso, resolveu esvaziar a partida, aumentando os ingressos para, deliberadamente, espantar o público. Por que fez isso? Difícil dizer. Pirraça pela mudança do local do jogo? Um protesto? Uma retaliação ao Flamengo?

Como será que os jogadores alvi-negros, há três meses sem salários, viram essa decisão? Será que ficaram felizes com o fato dos seus dirigentes terem preferido esvaziar o Maracanã, em vez encherem um pouquinho o cofre?

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Ratátátátá!!!

Muricy técnico da seleção - e sendo anunciado na festa dos melhores do campeonato brasileiro? Sei não, bom demais pra ser verdade... Próximos adversários do Grêmio: Coritiba (que só tem uma pequena chance, matemática, de cair fora da sul-americana), Vitória (que tem sete pontos de vantagem sobre o primeiro fora da zona da sul-americana), Ipatinga (que, à essa altura, já estará rebaixado) e Atlético Mineiro (hoje seis pontos à frente do primeiro fora da sul-americana). Ou seja, os gaúchos só enfrentam times de férias... O São Paulo, por sua vez, pega, em seqüência, três times desesperados com a possibilidade de rebaixamento: Figueirense (35 pts), Vasco (37) e Fluminense (37). Sei não... Marcos foi assunto, ontem, nos programas que competem pela audiência das noites de segunda com discussões clubísticas ou gastronômicas. No geral, foi criticado pelos desatinos de domingo, muito mais do que pela falha no gol de Tcheco. Mas foi só José Trajano quem lembrou do lance em que Rogério Ceni foi até quase o meio de campo para fazer o lançamento que acabaria num dos gols de Borges contra a Lusa... Não que eu seja fã do Rogério Ceni... Nem do Trajano... "Dinheiro no bolso", "Família Soprano", "Máfia", "juiz caseiro" - esses foram alguns termos usados por jogadores, técnicos e dirigentes na última rodada... alguém acha mesmo que rola dinheiro para juíz e máfia no futebol? Jura?... No domingo o Flamengo viu sua torcida (e seus interesses) serem prejudicados pelo aumento dos ingressos promovido pela diretoria botafoguense. Agora era a hora dos cartolas rubro-negros devolverem os 10 reais ao torcedor, fazendo promoção para encher o jogo de domingo, contra o Palmeiras... D-u-v-i-d-o... Saiu a edição brasileira da Four-Four-Two, a melhor revista do mundo sobre futebol. Ainda vou ler... Papo estranho esse de o Ronaldo ter parado de treinar na Gávea por conta de uma "pequena contusão no joelho". Tem algo por trás, claro. A conferir... Por falar em algo por trás, por que ninguém noticia que o Léo Moura foi convidado para ser padrinho de casamento de um famoso funkeiro, amigo dele e de sua noiva funkeira, no mesmo dia e horário de Botafogo x Flamengo? Por isso a tal "contratura" apareceu tão misteriosamente, de sexta para sábado, pegando a torcida de surpresa... Claro que os assessores de ambas as partes já trataram de afirmar que ele só chegou à festa à meia-noite... Mas, peraí - se o jogo acabou às nove, por que ele só chegaria à meia-noite?... Você daria emprego pro Dunga depois que ele deixar de atrasar a seleção brasileira?...

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Pocotó, pocotó.

"Se a gente perder hoje, o Fantástico vai botar nosso cavalinho na lama e chamá-lo de cavalo paraguaio..."

A frase de meu irmão, na arquibancada, dá a exata dimensão da importância da vitória sobre o Botafogo para o Flamengo. Mesma importância dos triunfos de São Paulo, na véspera, do Grêmio e do Cruzeiro. Ou seja, apenas o cavalinho do Palmeiras perdeu terreno na rodada.

É esse Palmeiras que vem ao Rio, na próxima rodada, enfrentar justamente o Flamengo, num jogo decisivo para os planos de ambos com relação à Libertadores do ano que vem. Isso porque o páreo ficou assim:

São Paulo 65
Grêmio 63
Cruzeiro 61
Palmeiras 61
Flamengo 60

Na próxima rodada, o São Paulo recebe o Figueirense (penúltimo, mas a apenas dois pontos do primeiro fora da zona do rebaixamento); o Cruzeiro vai a Recife encarar o Náutico (primeiro da zona, com os mesmos 37 pontos de Flu e Vasco, que pularam fora) e o Grêmio joga em casa contra o Coritiba (que já está de férias).

Eu até acertei três das quatro previsões para a rodada passada mas, para esta, é bem mais complicado prever o que pode acontecer.

Afinal, se o São Paulo parece ter tarefa fácil diante do Figueira, pode acabar se complicando contra um time desesperado para não cair - como quase se complicou com a Lusa. Que dizer então do Cruzeiro, que joga mal fora de casa e pega um Náutico doido pra escapar da degola? O jogo do Maracanã é absolutamente imprevisível pois se o Palmeiras vem com o moral baixo, o Flamengo continua jogando mal demais.

Diante do que fez no Palestra, ontem (mesmo com um gol meio sem querer), arrisco dizer que só o Grêmio deve passar sem problemas pela 35ª rodada. Quem vai ficar pelo caminho, só Deus sabe. Ou nem Ele.

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Eu não quero e não vou falar especificamente de Botafogo x Flamengo, que foi um jogo ruim sob todos os aspectos. Basta dizer que o Fla ganhou com um gol de pênalti quando o empate parecia inevitável e que o time ainda foi beneficiado pela arbitragem, que não marcou outra penalidade, de Bruno, logo no início (embora, no restante do jogo inteiro, tenha invertido dezenas de faltas para o Botafogo, por conta da pressão do clube durante a semana, após sua escalação para o clássico).

Sobre esse jogo, basta dizer duas coisas:

1) o público, ridículo, foi pequeno, em grande parte, por conta do aumento dos ingressos praticado pela diretoria do Botafogo. Não dá pra dizer "ah, mas 24 mil teriam cabido perfeitamente no Engenhão, que comporta o dobro de gente..."

2) um grande amigo botafoguense, que foi pela primeira vez ao estádio olímpico JH no meio da semana passada, ver o Verón, comprovou o que eu já havia lhe dito - "nem se botar o exército pra tomar conta dá pra fazer um Botafogo x Flamengo no Engenhão".

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Ronaldinho marcou mais um pelo Milan, o quinto desde sua chegada a Milão. Mas não joga no time de Dunga que enfrenta Portugal...

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Eu não quero parecer chato, baba-ovo ou repetitivo, mas neste fim-de-semana, na Itália, Del Piero fez seu terceiro gol seguido de falta. Depois de marcar nas vitórias sobre a Roma, pelo campeonato italiano, e Real Madrid, pela Liga dos Campeões, Ale fez outro golaço contra o Chievo.

Del Piero está na galeria dos maiores batedores de falta que vi jogar, ao lado de seu ídolo Zico e de Roberto Dinamite. E bem à frente de tantos outros que muitos valorizam nessa arte, como Beckham, Neto, Marcelinho...

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Quem é bola, é bola. E ponto.

Foi o que Ronaldinho Gaúcho mostrou ontem com o golaço que garantiu a vitória do Milan sobre o Braga na Copa da UEFA, no finzinho. O brasileiro - que continua não tendo prestígio algum com Dunga - já caiu nas graças da torcida milanesa, do técnico, do dono do time, dos companheiros... foi o quinto gol dele na temporada.

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Foi o que o Internacional deixou claro ontem para o Boca. Ok, era um Boca meia boca. Mas não interessa, porque era jogo eliminatório numa Bombonera cheia. E o Inter foi lá, venceu e venceu bem, com muita autoridade (embora há que se dizer que o destaque absoluto do jogo foi o goleiro colorado Lauro - que atuação!). Mas o Inter não venceu só por conta de Lauro. Venceu porque tem um bom time, com um meio-campo acima da média (com dois gringos, ok) e se portou de maneira corajosa em campo.

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Mudando de bola, foi o que o armador Brandon Roy, dos Blazers, mostrou ontem na sensacional vitória sobre os Rockets, na prorrogação. A cesta da vitória, no apito da sirene, foi a terceira que mudou o placar no último 1,9 segundo de jogo. Vale ver:

http://scores.espn.go.com/nba/recap?gameId=281106022

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E quem vai mostrar que é bola na rodada deste fim-de-semana? Como não sou fã de bola de cristal, aqui vão minhas apostas (e não previsões), baseadas em fatos.

Portuguesa x São Paulo - a Lusa saiu da zona do rebaixamento com os últimos bons resultados (duas vitórias e três empates nos últimos cinco jogos, em que tirou pontos preciosos de Grêmio e Flamengo). Mas alguém acha mesmo que o tricolor vai dar esse mole? Dá São Paulo, mas sem muita facilidade.

Palmeiras x Grêmio - o Grêmio virou mesmo o fio? É o que vamos descobrir nesse jogo, confronto direto que interessa aos dois e também aos outros três pretendentes. O Palmeiras, jogando em casa, é favorito. Mas Celso Roth não quer perder o emprego no finzinho do campeonato e deve armar o tricolor gaúcho para voltar com um pontinho, pelo menos, para Porto Alegre. E daí? Acho que dá Palmeiras assim mesmo.

Cruzeiro x Fluminense - depois das declarações de seu presidente durante a semana ("o Cruzeiro é uma raposa em casa e um gatinho fora dela"), o time mineiro recebe o relaxado Fluminense, que acha que está fora de perigo. Cruzeiro na cabeça.

Botafogo x Flamengo - a semana do Botafogo todos viram como foi - mais drama, mais acusações, aumento do preço dos ingressos, salários ainda atrasados... na Gávea, por sua vez, Márcio Braga abriu a boca novamente, desta vez para dizer que o time está fora da briga pelo título e que lhe falta "a arrogãncia típica do rubro-negro"... como isso tudo vai bater na cabeça dos jogadores dos dois times, é difícil dizer. Servirá como motivação? Pra qual dos dois? Como o Flamengo não perde para o Botafogo em jogos que valem algo há algum tempo, acho que dá Fla. Mas só pelo retrospecto e pelo fato dos rubro-negros ainda terem objetivo nesse campeonato - o Botafogo entrou de férias quarta.

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

O que se passa pela cabeça de quem comanda o Botafogo?

O clássico contra o Flamengo, domingo, às 19h10, acabou ficando mesmo para o Maracanã. Certo ou errado, eu não sei. Acho certo que o Botafogo reivindique o direito de mando de campo. Acho errado um clássico como esse ser jogado num estádio de menor porte, tendo-se o Maracanã à disposição. Acho errado a própria Polícia Militar admitir não ter como garantir a segurança do público. E, mais errado ainda, o Botafogo não admitir que se trata de jogo de algo risco para ser jogado lá - basta lembrar o que aconteceu na partida contra o Fluminense.

O Flamengo não terá participação na renda do jogo.

E o Botafogo, que perdeu vaga e cabeça (de novo) ontem na Sul-Americana, decidiu não limitar a carga de ingressos à torcida rubro-negra.

Mas decidiu aumentar TODOS os preços. Isso, o Botafogo, ele mesmo, que deve três meses de salários aos jogadores e poderia aproveitar esse jogo, que para ele não vale NADA, para fazer caixa. Como? Ora, abaixando o preço dos ingressos para que a torcida do Flamengo fosse em melhor número ao Maracanã. Em vez disso...

Cadeiras comuns - 30 reais
Arquibancadas verdes/amarelas - 40 reais
Arquibancadas brancas - 50 reais
Cadeiras especiais - 200 reais

Não é brilhante a diretoria do Botafogo? Podem esperar, no máximo, 20 mil pessoas para domingo.

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Meu momento Calazans (ao contrário)

Faltam quinze minutos para acabar Real Madrid x Juventus. Tirando os dois gols de Del Piero, único craque em campo, foi um dos piores jogos que vi recentemente. Furadas, cruzamentos no décimo-oitavo pau, várias faltas duras e um Real Madrid ruim como há muitos anos não via. A Juve foi se defender e sair nos contra-ataques, o que fez com a eficiência típica do calcio, num dia inspirado de seu camisa 10.

O Real tem em campo, nesse momento, Sergio Ramos e Drenthe. Sergio Ramos não é mau jogador, mas foi vaiado pela própria torcida por uma atuação que só não foi pior que a do holandês. O primeiro é titular da seleção espanhola, o segundo custou onze milhões de euros ao time merengue. Em campo estavam também brucutús como Diarra e, sobretudo, Sissoko. O malinês da Juve bate como poucos hoje. Lembram-se do Gravensen? O Sissoko é negro, mais alto e sabe jogar alguma bola. Mas parece gostar de bater tanto quanto o outro. A zaga italiana teve quatro zagueirões cintura-dura: Mellberg, Legrottaglie, Chiellini e Molinaro. Como disse, quatro zagueiros, em linha. Nenhum lateral. Mais uma linha de quatro no meio e, lá na frente, Del Piero e, mais ainda, Amauri (que tomara vire mesmo italiano). O Real, que precisava vencer mais que a Juve, entra em campo pra isso com um meio que tinha dois volantes - Diarra e Gúti - e Sneidjer torto pela direita e o horroroso Drenthe pela esquerda. Lá na frente, um atacante aposentado em atividade - Raúl - e o holandês Van Nistelroy, pesado e isolado. Foi só depois de dez minutos após o segundo gol que o alemão Schuster decidiu mexer mesmo no time, botando Saviola e Van der Vaart (ele manteve Drenthe em campo). Antes, tinha trocado seis por meia-dúzia (Sneidjer por Higuaín, outro caro reforço que não mostrou nada).

Não é de se espantar que a primeira defesa do goleiro Manninger tenha ocorrido a cinco minutos do fim do jogo. Mesmo assim, foi um chute cruzado para a área.

O-i-t-e-n-ta e c-i-n-c-o m-i-n-u-t-o-s de futebol e o Real Madrid, em casa, não deu um único chute no gol.

O jogo acabou, com vaias pesadas. Que futebolzinho esse dos europeus...

* * *

Pronto, meu momento Calazans passou.

Ufa.

(mas nada do que está escrito acima é exagero, note-se)

Falemos do que torna um jogo como esse emocionante, mesmo sendo ruim pra burro. O craque. O craque, mesmo num jogo como esse, é capaz de deixar algo marcado na memória da gente para sempre.

Del Piero teve a bola nos pés hoje umas cinco ou seis vezes. Nas outras participações, passes de primeira sempre precisos. Nessas cinco ou seis vezes, em apenas uma deu um passe ruim, interceptado. Nas outras, duas ou três jogadas pela ponta esquerda e dois gols.

No primeiro, num contra-ataque rápido, um chute de esquerda, em curva, fraco, mas rente à trave de Casillas. Absolutamente colocado.

No segundo... bem, o segundo eu soube antes. Quando Sissoko sofreu a falta, mais ou menos na mesma posição de domingo (contra a Roma), eu soube. A câmera ficou o tempo todo mostrando o gol de frente. Casillas, goleiraço, montou a barreira e ficou quase no meio do gol - afinal de contas, a falta era a alguns metros da entrada da área, quase do meio da rua. A bola saiu em curva. No replay, deu pra ver que o espanhol deu dois passinhos de tênis pra esquerda antes de se dar conta de que a bola já estava indo para sua direita. Meia-altura. Rápida. Caixa.

E ele ainda quase fez o terceiro, que passou raspando a trave. E havia feito um golaço na vitória italiana em Turim.

Substituído a minutos do fim, Del Piero foi aplaudido de pé pela torcida espanhola. Que vaiou impiedosamente o time ao apito final.

Schuster, no Brasil, já teria sido demitido há algumas rodadas. Lá, vai ficar. Mas o Real do alemão não vai a lugar algum. Cláudio Ranieri, no Brasil, seria carimbado como retranqueiro (que é).

Menu desta quarta

Pra quem não agüenta mais as eleições americanas (Obama!), a tv reserva algumas boas opções para hoje.

17h30 - Real Madrid x Juventus - Em Turim, há duas semanas, deu Juve, num joguinho ruim de dar dó... Hoje, em Madrid, o time italiano deve jogar mais calcio do que nunca, pois não terá Trézéguet, Buffon, Zanetti, Jorge Andrade e Poulsen. Resta saber como o mecânico Real de Bernd Schuster, que terá todo o elenco à disposição, vai fazer para furar a retranca bianconeri. Os dois times estão no grupo H da Liga dos Campeões - A Juve lidera com sete pontos e o Real tem seis. Pelo menos Del Piero joga.

17h45 - Arsenal x Fenerbahce - Um Arsenal desfalcadíssimo (Adebayor, Walcott, Gallas, Eboué e Rosicky) recebe o time que ainda não se acertou desde a saída de Zico (o time inglês lidera o grupo com sete pontos, o turco é o lanterna, com um). Sendo no mesmo horário de Real x Juve, acho que a ESPN Brasil não vai ter muita audiência nessa...

21h50 - Botafogo x Estudiantes - passional, apático, nervoso, desinteressante, emocionante, xoxo - esse jogo pode ser isso tudo e muito mais porque, independentemente do resultado, o melhor pode estar guardado para depois do apito final, com as entrevistas de jogadores e dirigentes do Botafogo (excluo o técnico, homem ponderado e sensato)

21h50 - Argentinos Juniors x Palmeiras - seria promessa de bom jogo, se o time paulista não estivesse dez milhões de vezes mais preocupado com o campeonato brasileiro.

23h00 - Cavaliers x Bulls - mais uma chance de testemunhar o nascimento de um craque. Olho no camiseta um do Chicago, que nos quatro primeiros jogos da temporada (2-2) teve médias superiores a 18 pontos, quatro rebotes e quatro assistências. E ainda tem Lebron James em quadra.

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Faltam 5.

Mais uma rodada se foi e o São Paulo já é líder isolado.

Venceu um Internacional meia-bomba com autoridade e um golaço do Dagoberto - atacante que, quando não está machucado, é bom demais (quando eu vejo o Dagoberto jogando sempre imagino um ataque com ele e Nilmar - quantos jogos eles conseguiriam disputar juntos numa temporada são outros quinhentos...).

O time de Muricy não perde há treze jogos.

Na cola agora está o Palmeiras, que viu a vitória na Vila cair do céu no finzinho.

Mas o Palmeiras não enfrenta mais o São Paulo, que terá pela frente Portuguesa (f), Fiqueirense (c), Vasco (f), Fluminense (c) e Goiás (f).

O Grêmio cometeu o mesmo pecado do Flamengo - perdeu pontos que não podia, em casa, jogando mal e com o técnico saindo vaiado (odiado) pela torcida.

Pior fez o Cruzeiro, derrotado sem piedade pelo Goiás. Mas vale lembrar que o Goiás vinha de uma seqüência de cinco jogos sem vitória - e o time, até antes dessa maré, era o líder do returno.

Na próxima rodada, ninguém duvide de que o São Paulo vá fazer picadinho da Lusa. Porque Muricy sabe que o Palmeiras enfrenta o Grêmio e um empate nesse jogo pode deixar o atual bi quatro pontos à frente do rival - aí seria mesmo mão na taça, a menos que Vasco e Flu, lutando pra não caírem, se portem como não se portaram em todo o campeonato quando enfrentarem o líder.

Flu que será o próximo adversário do Cruzeiro, no Mineirão. Muito desse jogo depende de como vá terminar a partida do tricolor carioca com o Figueirense, quarta.

E o Flamengo tem clássico no Rio contra um Botafogo que pode chegar embalado ou morto, dependendo da Sul-Americana no meio de semana. Fla e Cruzeiro devem disputar ponto a ponto a quarta vaga na Libertadores.

E ainda tem quem ache esse campeonato ruim.

* * *

Muricy no lugar de Dunga?

* * *

Nesse fim-de-semana, Del Piero fez seu milionésimo gol de falta, na vitória da Juve sobre a Roma. Eu virei fã do italiano, há muitos anos, quando li numa entrevista que seu ídolo era Zico. Naquela época, em início de carreira, Ale já batia faltas bem demais, mas dizia que seguia o exemplo do Galinho, cobrando pelo menos 50 depois de cada treino, tendo a camisa como alvo, pendurada em vários cantos da trave.

Quem não viu, veja. Cobrança precisa e potente, perfeita.

Aliás, quem puder deve baixar um vídeo que rola no e-mule com todos os gols do camisa 10 da Juve desde seu primeiro jogo com a camisa alvi-negra, em ordem cronológica. Era um demônio quando ainda lhe fazia companhia a velocidade.

Mesmo sem ela, Del Piero, ainda hoje, é craque com carimbo de craque.

sábado, 1 de novembro de 2008

O cego dos óculos.

O Caio Júnior não foi capaz de enxergar, hoje, a derrota que se desenhou bem diante de seus óculos durante todo o jogo. O gol logo aos cinco minutos deixou o técnico do Flamengo ainda mais cego para o que acontecia em campo. O belo arremate de Fábio Luciano foi, a rigor, o único lance de ataque do Flamengo, que recuou e deu campo à Portuguesa depois de abrir o placar e foi pressionado por esta pelos 40 minutos seguintes, quando Preto, Jonas e sobretudo Athirson, envolveram a zaga rubro-negra com extrema facilidade. Todos os movimentos da Lusa começavam e terminavam nos pés do ex-quase-ídolo do time carioca. Foram dele as duas melhores chances de empate no primeiro tempo.

Eis que vem o intervalo e Caio Júnior, que nunca substitui no intervalo, surpreende e volta com Fierro no lugar de Kléberson. Mas simplesmente ignora qualquer atenção especial a Athirson, que inicia a jogada do gol de empate e marca - de cabeça, numa falha grotesca de marcação de Léo Moura - o gol da virada.

E Caio Júnior ali, na beira do campo.

* * *

A verdade é que o bicampeão carioca, que chegou com moral para esse campeonato, teve três momentos distintos nele.

O bom início, quando o time jogou bem, começava a se acertar e abrir vantagem na liderança.

As semanas da janela, quando saíram Marcinho, Souza, Renato Augusto e mais seis jogadores; outros nove chegaram, mas demoraram mais que o devido.

A lenta recuperação, quando chegou a estar a apenas um ponto do líder, mesmo jogando muito mais vezes mal que bem.

Foi nesse terceiro momento que Caio Júnior, nosso Homem Flúido, se perdeu. Se perdeu porque não teve coragem de tentar sair da mesmice. Se perdeu porque mesmo depois de passar a ter boas peças, como Éverton, Fierro e Sambueza, que nunca tiveram seqüência, deu preferência a jogadores como Jaílton, Toró e Kléberson.

Eu até acho que o Jaílton tem jogado bem nas últimas três partidas. Mas Jaílton e Toró não podem ser titulares do Flamengo.

E Kléberson, que parece ter muita moral com o técnico, não pode ser o homem mais avançado do meio-campo.

Mesmo com Caio Júnior também mantendo Jaílton no time, de fato como um terceiro zagueiro, ainda assim o Flamengo poderia ter um meio-campo com Ibson (na sua real posição, onde tem jogado Toró), Fierro (fazendo um-dois com o Léo Moura pela direita) e Éverton (pela esquerda com Juan). Na frente, Marcelinho, que poderia cair pelos dois lados, para fechar as triangulações, e um homem de área (qualquer um, todos são fracos).

E Caio teria um banco com opções como Sambueza, Kléberson, Toró, Joziel, Vandinho...

Ou você aposta no talento e tenta se destacar no meio da mesmice ou você aposta na mesmice e começa a fazer parte dela.

Por isso, cá entre nós, não há diferença alguma entre esse dito promissor técnico jovem e os outros que estão aí, há anos, fazendo a mesma coisa e escalando quem não sabe jogar bola.

* * *

Não tem ninguém morto. O Ipatinga, lanterna, ficou a três pontinhos de sair da zona. Náutico e Portuguesa foram a 36. E o Fluminense, se perder amanhã, volta a ficar entre os quatro últimos.

"Ah, mas tem os três pontos do Figueirense", dirão alguns.

Foi por conta dessa soberba que o time perdeu pra LDU e está onde está agora.

Não tem ninguém morto.

(nem tudo é um) Mar de Rosas

Desde que Michael Jordan vestiu pela última vez a camiseta dos Bulls, o time de Chicago jamais teve um craque. Ao longo dos últimos dez anos de sofrimento (karma?), passaram pela equipe excelentes jogadores (Brand, Artest ainda novinho, Kukoc além do seu auge), bons jogadores (Mercer, Jalen Rose, Hinrich, Deng, Noce, Gordon) e muitos jogadores horrorosos (Marcus Fizer, Eddie Robinson, Eddy Curry, Rick Brunson, Paul Shirley, Kornel David...)

Mas nunca um craque.

No último draft os Bulls tinham só 1,7% de chances de escolher em primeiro. Deram sorte e a apostaram no armador Derrick Rose.

O mesmo Rose que me deixou boquiaberto no Final Four da NCAA deste ano.

Quanto a ele, Chicago não precisa se preocupar. Além de talentoso, é um exemplo de dedicação, reverente aos veteranos do time, humilde como um novato deve ser - mesmo que ele seja o único no elento a ter sido número um no draft. Sabe que é o futuro do time mas não age como um garoto de 20 anos que é.

Hoje, contra os Celtics, em Boston, Rose fez 18 pontos, perdeu a bola três vezes, roubou-a uma, deu só uma assistência (contra as 9 da estréia) e pegou quatro rebotes, tendo acertado seis de seus 14 arremessos (não tentou bola de três) e todos os seis lances livres que cobrou. Isso, tendo a defesa do atual campeão - a melhor defesa da liga - armada especialmente para contê-lo, nos 28 minutos em que esteve em quadra.

Os Bulls perderam feio e Rose pereceu sério e contrariado sempre que focalizado pelas câmeras quando estava no banco. Em seu segundo jogo como pro, aprendeu a lição de que os novatos, mesmo os números um, não têm nenhuma moral com os juízes. Ficou bom tempo no banco porque rapidamente chegou a três faltas. E mostrou, em dois lances seguidos no terceiro quarto, porque será um dos maiores armadores do basquete.

Num contra-ataque, duas mudanças de velocidade e duas de direção, antes da bandeja com reversão, marcado por três Celtics.

Noutro, uma bandeja pelo lado esquerdo, protegendo a bola como um quarterback na passada e largando-a na bandeja com a mão esquerda, como se fosse canhoto.

Tudo isso, numa velocidade fora do comum.

É hora dos Bulls limparem todo o elenco atual e moldarem um novo time em função do talento do seu número um. Como fizeram em apenas três anos depois da chegada de Jordan.

* * *

Neste domingo, na tv, tem Milan x Nápoli. Além de Kaká, Seedorf, Ronaldinho, Sheve etc, é boa chande de ver Lavessi, o argentino que está comendo a bola nesse início de temporada surpreendente do time do sul da bota no calcio.