quinta-feira, 28 de maio de 2009

O Kobe de Spike Lee

Era agosto do ano passado e os jogos olímpicos de Pequim rolavam a todo vapor quando entrei na redação do Sportv para mais um dia de cobertura e percebi uma animada rodinha no fim da sala, a que logo fui chamado. O assunto era Kobe Bryant. Ou melhor, "como Kobe era um cara simpático, acessível, boa praça".

Fiquei atônito.

Tentei, em vão, explicar que não era nada daquilo. Que Kobe, desde a acusação de estupro do Colorado, em 2003, vinha tentando mudar sua imagem de weird - no nosso bom português, "esquisito". E sobre ser esquisito eu posso falar de cadeira, acreditem.

Kobe é bem mais do que apenas esquisito.

Desde pequeno, nunca teve uma vida normal. Quando ainda era uma criança, foi morar na Itália, acompanhando seu pai, Joe "Jelly Bean" Bryant, que havia trocado a NBA pela liga local, onde atuaria durante vários anos. Foi lá que Kobe conheceu Oscar. Foi lá que recebeu uma educação européia, diametralmente oposta à que 99% dos negros americanos têm acesso. À distância, pela tv a cabo, acompanhou com uma dedicação quase religiosa a carreira do ídolo, Michael Jordan. Centenas e centenas de fitas VHS. Play, rewind, slow play, rewind, play... Não à toa a semelhança na maneira de jogar, se mover e comportar em quadra chega a beirar o assustador.

Quando voltou para os Estados Unidos, era um peixe fora d'água. Não havia crescido ouvindo NWA e Public Enemy, como seus novos companheiros de time na Lower Marion High School. Não dominava suas gírias. Não tinha a malandragem deles. Mas jogava mais que todos e, por isso, era o centro das atenções. Logo acabaria na NBA, sem sequer passar pela universidade. E, num golpe de mestre do então gerente Jerry West, craque do passado, foi parar justo no Los Angeles Lakers. De menino-prodígio a três vezes seguidas campeão ao lado do amigo-desafeto Shaq, sempre esteve envolto em polêmicas. Muito antes da acusação de estupro, teve que lidar com a fama de fominha e mimado. Com a revelação de que sabotava jogos do time de segundo grau só para poder decidí-los no fim. Com a saída de Shaq de Los Angeles, imposta por ele. E, principalmente, com a total falta de empatia com todo e qualquer companheiro de time. Kobe é muito mais do que uma pessoa reservada, é um sujeito que evita, a todo custo, a aproximação humana. Tanto que não há, ainda hoje, um único jogador na NBA que possa dizer que realmente conheça Kobe Bean Bryant. Ou seja seu amigo.

Neste sábado, às sete e meia da noite, a ESPN mostra "Kobe Doin' Work", documentário de Spike Lee - ironicamente, um dos responsáveis pela explosão do mito Michael Jordan, dirigindo alguns de seus melhores comerciais para a Nike.

"Nós tivemos completo acesso", diz meu cineasta predileto. "Usamos trinta câmeras. Kobe tinha um microfone o tempo todo. E Phil Jackson nos permitiu filmar nos vestiários antes, durante e após o jogo. Ele nunca faz isso. Não houve nenhuma mudança sugerida, nem pelos Lakers, nem pela NBA. E quando sair o DVD, nesta semana (ntb: já foi), não haverá nenhuma censura de linguagem. Então será possível realmente sentir o clima entre os jogadores. Que não mediram as palavras em momento algum."

O documentário, de noventa minutos, foi todo filmado durante um jogo contra o arqui-rival San Antonio Spurs, em abril passado. A narração é do próprio Kobe, que se disse "surpreso" ao perceber o quanto fala com os companheiros durante a partida (na verdade, apontando cada um de seus erros e sempre dizendo como eles devem fazer as coisas). Mais surpreendente que isso no entanto, para quem já o assistiu, é a maneira como Kobe parece jamais ter interesse em ouví-los.

Se Spike Lee tivesse feito um documentário sobre a vida de Kobe, o resultado certamente teria sido mais interessante. Mas mesmo este, sobre um único jogo, já é suficiente pra turma daquela rodinha deixar de achá-lo "boa praça". Porque deve ser algo insuportável dividir quadra e o ambiente de trabalho com ele.
Ontem os Lakers venceram os Nuggets e abriram 3 a 2 na final do Oeste. O jogo seis é amanhã, em Denver, e eu aposto no time da casa. Quem acompanha o rapaz desde o início sabe o quando ele deve sonhar com o jogo sete, domingo, em Los Angeles.

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Barça x United, ao vivo e com letras brancas sobre um fundo preto

Quinze minutos para a bola rolar. Saíram as escalações. O Barcelona vai de Sylvinho na lateral esquerda. O Manchester, de Tevez no banco. Hmmm. Guardiola saiu na frente de Ferguson nessa.

Aliás, o Guardiola é ou não é a cara do Felipe, que acaba de renovar por mais dois anos com seu time do Qatar? Começou.

Uau, um minuto e meio e quase que o Manchester abre, no rebote da falta cobrada pelo Cristiano Ronaldo, cada vez melhor nessa batida seca e cheia de efeito. Quem perdeu? Park. Tevez teria chegado antes e feito.

Futebol é mesmo do caralho - perdão pela maneira, mas não há como dizer de outra. Nos oito primeiros minutos, o time inglês tinha chutado três vezes ao gol, todas com Ronaldo. O Barça mal tocou na bola. Pior - o PVC tinha acabado de observar bem, na transmissão da ESPN, que o time catalão estava jogando com Messi pelo meio e Eto'o pela direita. Aí o camaronês recebe um passe de Iniesta, dribla Vidic dentro da área e chuta de bico pra marcar. Isso aos nove. Pela direita. Vá entender.

Por isso o planeta inteiro joga bola.

Dezoito minutos, primeira boa jogada do Messi - um chute de esquerda que passa perto. Volta a pergunta recorrente: quem é o melhor hoje, ele ou Ronaldo? Normalmente minha resposta acaba sendo o argentino. Mas talvez Messi seja mais sensacional e Ronaldo, simplesmente mais eficiente. Bem, se eu estivesse batendo um time, acabaria escolhendo Messi.

A marcação do Manchester afrouxou horrores e agora o Barcelona toca a bola de forma linda. Xavi e Iniesta são dois baitas jogadores, que acabam ofuscados pelo trio de ataque. Mas são a mola mestra do time. Ou seja, do meio pra frente, Guardiola escala cinco caras que são bola. É mais do que o Manchester apresenta hoje, com Tevez no banco. Não me admira que o argentino queira ir embora.

Fim de primeiro tempo, euforia da torcida do Barça no estádio Olímpico de Roma. Pois não é que Guardiola está pra se tornar um dos homens mais largos da história do futebol? Está a quarenta e cinco minutos de se tornar campeão europeu, espanhol e da Copa do Rei em seu primeiro ano e meio de carreira como técnico. Todos conquistados por conta da aposta no talento para um futebol ofensivo. Guardiola era um Iniesta, um Xavi, bom de bola. Imagine-o agora treinando a seleção espanhola, que tem uma das melhores safras de sua história, com Fernando Torres, os meias do Barça, Villa, Silva, Fabregas, Vieira. Quem sabe, num fiasco da Espanha na Copa das Confederações...

Dez do segundo tempo e o Manchester, que voltou com Tevez no lugar do nulo Anderson, tomou calor o tempo todo. O Barcelona criou chances com Messi, Henry, Eto'o e Xavi. Mas não fez. Agora o time inglês quase empata... com Park. É mesmo aquele velho ditado.

Ferguson decidiu ir pro tudo-ou-nada - botou Berbatov no lugar de Park e vai agora de quatro atacantes. Acho que o Barcelona ainda vai fazer mais.

Fez! E nem foi como eu imaginava, num contra-ataque. Tocou, tocou a bola até que Xavi cruzasse na medida para Messi, que fez um golaço de cabeça, algo raro, jogando o corpo para trás para alcançar a bola e jogá-la no contra-pé de Van der Saar. Acho que essa foi pra conta.

Fim do show. Uma atuação daquelas de deixar qualquer um orgulhoso, torcedor ou não. O Barcelona sobrou no mundo da bola nesta temporada. Messi será eleito o melhor do mundo. E todos vão lembrar deste time que ficará para a história como uma equipe que brincava de jogar futebol e fazer gol atrás de gol atrás de gol.

segunda-feira, 25 de maio de 2009

"Daqui a pouco, a mudança de clube do atacante Obina." - William Bonner, Jornal Nacional de segunda, 25 de maio de 2009.

Eu achava que depois de quinze anos de jornalismo, vivendo de perto os bastidores do futebol, já tivesse visto de tudo. Mala sumindo com renda, curso pra treinador caríssimo plagiando material didático alheio, manipulação de resultados por juíz, doping de toda sorte, mala preta...

E aí sou surpreendido pela seguinte notícia: o Flamengo arrumou um clube disposto a pagar o salário de Obina - 115 mil reais - pelos próximos seis meses.

Obina, dos dezesete jogos e nenhum gol na temporada. Que perdeu dois pênaltis este ano. Que surgiu no Vitória e na Gávea se transformou num misto de xodó, amuleto e bode-espiatório da torcida e do clube.

Obina é o Peu 2000, capaz de me fazer escrever isto em 24 de outubro do ano passado, depois da vitória sobre o Coritiba, pelo brasileiro:

"14 minutos - Obina cabeceia na trave uma bola cruzada por Luizinho.
19 minutos - Obina sai atrás do zagueiro, chega na frente e sofre pênalti.
35 minutos - Obina recebe de Kléberson, ajeita com a esquerda e, antes da bola cair, chuta com a direita no cantinho.
29 do segundo tempo - Obina faz jogada de craque, dribla o zagueiro duas vezes - o deixa no chão na segunda - e chuta rente ao gol.
34 do segundo tempo - Obina rouba a bola, passa por dois zagueiros na velocidade e cruza para Maxi marcar.
"

Neste dia, a manchete de O Globo foi "Com show de Obina, Fla goleia o Coritiba no Maracanã".

Só que, como descobriu um dia o Nunes - mesmo tendo tido o Zico como parceiro - artilheiro tem que matar um leão todo dia. E Obina não chega perto de um leão há quase seis meses.

Por isso, discutir o aspecto técnico desse empréstimo ao Palmeiras é algo que, admito, extrapola minha compreensão.

Mas há o aspecto financeiro, que me intriga.

Como, no atual panorama do futebol, um clube grande, de folha salarial idem mas envididado como todos os outros, se dispõe a pagar 690 mil reais pra ter um atacante que não faz gol, que não fica em forma e que está se tornando, a passos largos, uma piada nacional?

Pra entrar na vaga do Evandro na Libertadores? Isso não é explicação plausível.

Pra ter um atacante de força pra essa competição? Não, também não cola.

Pra que então gastar esse valor em um jogador que o Flamengo tentou empurrar pra meia dúzia de times e não conseguiu?

Teria isso tudo algo a ver com o fato de, mesmo em péssimo momento, Obina ter sido escalado como titular nos dois últimos jogos do Fla - um deles o jogo do ano para o clube?

São muitas perguntas, mas eu só tenho uma resposta:

O responsável pelo negócio, do lado rubro-negro, é um gênio. Mas eu jamais compraria um carro usado dele.

Segunda!

E não será uma segunda! qualquer. Hoje é o sétimo de quatorze dias seguidos com jogo das finais de conferência da NBA ao vivo na TV (ok, a ESPN me decepcionou na quarta, ao passar um jogo que anunciou para a meia-noite "ao vivo", quando na verdade foi em vt - a primeira vez que a ESPN me decepciona em relação à ética).

Magic e Lakers lideram suas séries por 2 a 1, respectivamente contra Cavs e Nuggets. Dos seis primeiros jogos, apenas um - o de ontem - não foi decidido nos segundos finais.

Considerando que a mesma ESPN transmitirá todos os jogos da finalíssima, essa terá sido a maior cobertura da fase decisiva da NBA a que o fã brasileiro já teve oportunidade de assistir.

Hoje tem o jogo 4 entre Nuggets e Lakers, em Denver. No anterior, Kobe Bryant calou o ginásio lotado com bolas certeiras nos momentos decisivos, numa atuação que deixou claro como o homem tem cujones. Desconfio que o troco de Carmello Anthony logo mais será na mesma moeda.

* * *

Campeonato Brasileiro? Começou, mas nem parece. Algumas das principais torcidas do país, nesta segunda, só pensam nos jogos do meio da semana pela Libertadores e Copa do Brasil.

"Ah, mas daqui a pouco a coisa engrena", dirão aqueles que não condenam veementemente esse calendário absurdo (por que a Copa do Brasil precisa ter suas semifinais entre as quatro primeiras rodadas, quando isso poderia acontecer, sei lá, em meados de junho ou julho?).

Eu digo só uma coisa: no próximo fim de semana, o Inter recebe o Avaí (e deve ir a 12 pontos), o Náutico joga com o Fluminense em casa (podendo ir a 10) e o Patético Mineiro (by Bolinho essa) enfrenta o fraco Santo André no Mineirão, (devendo chegar também a 10 pontos). Ou seja, os três primeiros devem continuar em suas posições na tabela.

Para Náutico e Atlético, um bom começo, sem dúvida, mas nada que faça deles candidatos a coisa alguma.

Mas, para o Inter, pode significar muito.

Afinal, na próxima rodada teremos São Paulo x Cruzeiro, Santos x Corinthians e Vitória e Grêmio. Será perfeitamente plausível, então, que o São Paulo termine a quarta rodada dez pontos atrás do Inter, o Cruzeiro seis, o Corinthians oito e o Grêmio idem. Ou seja, logo no início, o time gaúcho pode abrir uma excelente frente sobre seus principais concorrentes.

Pontos que poderão fazer muita diferença lá pra frente.

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Tudo Muda.

Numa semana marcada por jogos decisivos pela Copa do Brasil, pela convocação de Dunga e ainda a saída de mais dois jovens talentos para o exterior, o campeonato brasileiro, claro, ficou em segundo plano. Mas tudo nessa semana vai ser refletir, mais pra frente, justamente no brasileirão.

A lista de Dunga desfalca Inter, Cruzeiro e Grêmio na reta final das competições que os três priorizam nesta temporada. Não vou considerar o André Santos uma peça fundamental ao sucesso do Corinthias. Mas e o Inter sem Nilmar? Pior ainda, o Cruzeiro sem Ramires? Alguém já viu jogar Marcelo Grohe, reserva do baita goleiro Victor, do Grêmio?

Ramires nem volta da seleção. Ou melhor, volta, caso o Cruzeiro chegue às finais da Libertadores - em princípio, o acerto com o Benfica (por valor risível) prevê que o meia dispute a competição até o fim pelo clube mineiro. Se não tivesse, logo agora, sido finalmente chamado por Dunga.

Nilmar? Quem sabe se ele também volta da seleção ao Inter? Periga ser finalmente negociado depois de passar pela vitrine oficial do futebol brasileiro. A diferença é que o Inter, ao contrário do Cruzeiro, não vende os seus a preço de banana.

Maicosuel, que não é da patota do Dunga mas também está saindo por duas mariolas, vai fazer uma falta danada ao Botafogo, mesmo que este traga de volta Lúcio Flávio.

E aí? Será que o Inter, sem Nilmar, é ainda o favorito ao título de 2009? E o Cruzeiro, sem Ramires, continua candidato? Ao título ou à Libertadores? E o Botafogo, sem seu principal jogador, continua ali no meio do bolo ou periga brigar pra não chegar ao fim do ano no desespero?

É só o início. Muita coisa ainda vai mudar nos próximos meses.

Enquanto isso, o São Paulo, que não teve ninguém convocado, apresenta Marlos na segunda-feira, negocia com Fabiano Eller pra compor o elenco, descansa para o confronto com o Cruzeiro pela Libertadores, comemora a eliminação do Boca...

Muricy deve estar rindo à toa com tudo isso conspirando a seu favor.

* * *

Eu nem vou falar da lista do Dunga.

Gilberto Silva e Josué continuam lá.

E o Felipe Mello.

Assim como Luisão, Lúcio e Juan. Um é beque horroroso, o outro vive a pior fase da carreira e o último não joga há séculos por conta de problemas físicos. Assim como Daniel Alves, mesmo também machucado, foi chamado.

Fora, continuam Fábio Aurélio, Rafael, Lucas, Diego, Keirrison, Kléber, Taison...

Dunga comeu muita grama pra chegar onde chegou. Parece que acha que todos têm que fazer o mesmo. Tendo talento ou não - como ele.

quarta-feira, 20 de maio de 2009

The End.

Eu acho que só quem é torcedor de arquibancada do Flamengo sabe como dói essa eliminação diante do Inter. Porque só quem viu o bastante do Andrezinho com a camisa rubro-negra sabe como é ser eliminado com um gol dele - e de falta, não menos.

E o pior é que logo nos vinte primeiros minutos de jogo ficou claro como o time do Flamengo, hoje, tinha noção da urgência de uma atuação com aquele algo mais de aplicação, de raça. Menos Juan. Nesses mesmos vinte minutos foram duas bolas perdidas, uma delas dando contra-ataque, dois cruzamentos errados, quatro ou cinco reclamações e, pra ficar bem claro, uma falta cobrada bizonhamente de forma direta - nas alturas - quando meio time esperava pela bola alçada na área. Juan, como eu já escrevi aqui, pensa nele e só nele.

E assim o Flamengo dominou, criou e perdeu chances, boas chances, principalmente com Kléberson, dono de talento especial para perder gols.

Só que, aos quarenta e dois, Juan entregou a bola e o jogo.

O empate, numa bela jogada entre Ibson-Kléberson-Emerson, veio lá pelos trinta do segundo tempo e teria dado ao time uma classificação que em nada seria injusta. Pelo contrário, mesmo antes de sofrer o gol, o Flamengo sempre jogou para frente, até mesmo se expondo ao contra-ataque mais do que deveria.

Só que aí esse time se esforça pra arrumar uma faltinha pro Inter na entrada da área. E Bruno resolve fazer golpe de vista pra uma cobrança nem tão boa assim. Segue o Inter, sai o Fla. Mas poderia ter sido o contrário e também seria justo.

* * *

A eliminação não tem nada a ver com o título deste post. A volta de Petkovic para a Gávea, isto sim, é o fim.

Para o bem do clube, comissão técnica e departamento de futebol deveriam pedir o boné logo nesta quinta. Se aceitarem a sandice do presidente interino, estarão abrindo o chamado precedente Unimed. Só que, neste caso, nem patrocinador o time tem.

* * *

E por falar em Flu, quando alguém nas Laranjeiras terá um mínimo de entendimento sobre futebol para ver que Fernando Henrique não é e nem nunca foi um goleiro confiável?

Aliás, Bruno também não é. Bruno é o goleiro não confiável mais espetacular dos últimos tempos. Muito bom mesmo. Mas como falha também.

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Malandragem, dá um tempo!

Michael Jordan. Ayrton Senna. Pete Sampras. Zico. A lista poderia ser bem mais longa, mas eu preferi ir logo na canela.

Em comum, além da genialidade, uma predileção - treinar.

A distância percorrida por Ayrton nos GPs era infinitamente inferior à que ele fazia em treinos. Obsessivo. Michal era pior. Como o basquete é coletivo, ele era assim também com os companheiros, exigindo deles o mesmo nível de dedicação. Bateu certa vez em Steve Kerr, hoje gerente dos Suns, por conta disso. No meio de um treino, na frente de todos. Zico era sempre o último a sair da Gávea, repetindo cobranças de faltas, tendo uma camisa como alvo, até que caísse a luz do dia. Pete Pistola, diz meu camarada Dácio Campos, era muito mais suor que talento, e daí vinha a sua intensidade nos treinos.

Aí eu abro a web e me deparo com a seguinte notícia:

"FIM DE SEMANA INTENSIVO NAS PARTES FÍSICA E TÉCNICA PARA OBINA E ZÉ ROBERTO. Atacantes não ficam nem no banco na partida contra o Avaí. Cuca diz que dupla será preparada para o duelo contra o Internacional."

Hein?

Hoje não é dia 15 de maio? Como um atleta, à essa altura da temporada, não está em forma? E como mestre cuca pode achar que dois dias de treinos em separado - sábado e domingo apenas - podem resolver o que ele mesmo admite ser um problema de mau condicionamento físico? Esse Obina não é o mesmo que voltou das férias se dizendo (e parecia mesmo) na melhor forma dos últimos anos? Onde foi parar o tal esforço feito nas férias, que devem mesmo ter sido horrorosas sem seu amado acarajé?

E esse absurdo não acontece apenas no circo da Gávea.

Ronaldinho Gaúcho? Intensidade em treino??? Ancelotti tá rindo até agora dessa. Robinho? Adriano?

Romário foi mesmo um modelo negativo enquanto esses caras cresciam.

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Filho Feio.

Não existe. Ou alguém já ouviu pai ou mãe dizendo "olha, ele não é um horrorzinho?".

Assim é esse time do Flamengo, para mim. E como não pretendo fugir à regra, não vou falar aqui de mais uma atuação pífia de um ataque (?) que não marca há séculos. Deixe-me falar do que deu certo ontem - a defesa. Porque futebol não é basquete mas, mesmo assim, pode haver beleza numa atuação defensiva competente. Principalmente se o principal objetivo não era defender-se, claro.

Cuca surpreendeu a todos ao sacar o bom jovem zagueiro Welinton para escalar Toró - o que significou puxar Willians para a posição do primeiro, com Torozinho no meio. O mais engraçado é que, antes da entrada do time em campo, comentei com meu irmão, na arquiba, o seguinte: "-Hoje o Welinton não termina a partida." Meu temor era que, em alguma das arrancadas de Nilmar, Taison ou D'Alessandro, Welinton ficasse para trás e apelasse para uma bordoada daquelas de cartão vermelho. Cuca deve ter pensado igual. Apesar de talentoso, o jovem zagueiro não é exatamente veloz, longe disso. Por isso, Willians, ontem, era muito mais indicado para a tarefa. E Toró, no meio, supriria bem o deslocamento deste, com a mesma disposição para a marcação e velocidade para acompanhar o trio colorado.

Resultado: Nilmar deu dois chutes a gol, Taison e D'Alessandro não jogaram nada e acabaram sendo substituídos. Toró saiu de campo aplaudidíssimo pela torcida. E Willians, mais uma vez, foi um dos destaques do time, pois mesmo na zaga, subiu constantemente pela direita (aliás, como é triste ver que, hoje, ele e Angelim jogam muito mais pelos lados do campo que Léo e Juan, que deveriam ser os homens das ultrapassagens - se ainda corressem...).

Taticamente, o Fla foi perfeito em sua proposta de não tomar gol, graças, também, à não menos competente atuação de Aírton, cada vez mais seguro como zagueiro (ontem, pelo meio, na sobra, na posição que era de Fábio Luciano).

Pena que, lá na frente, nem Emerson, nem Éverton, nem Obina, nem Josiel, nem Erick Flores...

O esquema de Cuca é bom. Mas esbarra na preguiça e má-vontade de seus alas (para quem a torcida tem tido cada vez menos paciência) e na absoluta falta de qualidade de seus atacantes (para quem a tolerância acabou faz tempos).

* * *

Três cariocas nas semis da Copa do Brasil? Possível.

* * *

O São Paulo passou a perna na concorrência e vai acertar nas próximas horas com Marlos, vinte anos, moleque bom de bola do Coritiba. Vai brilhar.

* * *

Como terá sido a noite de Sir Alex Fergusson depois de assistir ao massacre de ontem do Barça sobre o Athletic Bilbao na final da Copa do Rei da Espanha?

domingo, 10 de maio de 2009

Jinx.

Hehehehe.

A semana inteira eu só li e ouvi sobre "A VOLTA DOS ARTILHEIROS", "O BRASILEIRÃO DOS GOLEADORES"... e a primeira rodada teve só 25 gols... isso porque Goiás e Náutico fizeram uma pelada de seis em Goiânia, senão teríamos tido a minguada média de 1,9 por partida.

* * *

Terminado o jogo do Flamengo, troquei o metrô por um táxi na hora de voltar da casa de meu irmão. E apesar de minha resitência em conversar com estranhos, o senhor ao volante - que ouvia o jogo do Botafogo no rádio - puxou conversa.

- O Botafogo não tem jeito, né?
- Por que, tá perdendo?
- Não, mas não tá ganhando do Santo André, meu filho.

"Hmmm... botafoguense", pensei.

- Você viu o Flamengo, viu? (detalhe: eu estava à paisana)
- Vi sim, o senhor viu?
- Não, não... mas eu ouvi na rádio, disseram que perdeu um monte de gols.
- Pois é, podia ter feito três ou quatro nos quinze primeiros minutos.
- É, mas o Flamengo não tem ataque, né? Se bem que vem o Adriano...
- Vai mudar pouco.
- É verdade. Queria ver o Ronaldo fazer esses gols todos na Itália, na Inglaterra... não no paulista.

Nesse momento, o locutor quase grita gol no rádio - mas a bola de Victor Simões se recusou a entrar, num daqueles lances que só acontecem com o Botafogo, segundo palavras do próprio.

- E você viu aquele gol esquisito de ontem?
- O do Barueri?
- Mas que coisa, rapaz... se fosse o Botafogo, duvido que a bola entrasse!

"Bem, pelo menos é um botafoguense bem humorado..."

- Mas eu quero mesmo é chegar em casa pra ver o gol do Nilmar.
- Olha, eu vou dizer pro senhor... foi uma pintura.
- E foi que nem o do Maradona mesmo?
- Não, não... era a defesa reserva do Corinthians, na primeira rodada do Brasileirão, não a titular da Inglaterra, numa Copa do Mundo.
- E por que o tal do Dunga não convoca esse rapaz?
- Porque é um imbecil.
- Esse Dunga é burro mesmo. Convocou até aquele Alonso.

Na rádio, a repórter dá a notícia de que Kléber Leite negou o interesse do Flamengo em Ronaldinho Gaúcho.

- E será mesmo que é verdade isso?
- Tomara que não... o senhor ía querer o Ronaldinho no Botafogo?
- Botafogo? Eu sou Fluminense.
- Tricolor? Mas eu pensei que...
- (enfezado) Toda a família, tirando meu filho, que torce pro Flamengo, pra meu desgosto. Rubro-negro doente aquilo...
- Doente e tri-campeão carioca.
- Pois é, ainda tenho que aturar isso.

quinta-feira, 7 de maio de 2009

É Tudo Bola - De Cristal.

Começa amanhã, com três joguinhos de lascar (Sport x Barueri e Avaí x Atlético Mineiro na abertura? Quem faz essa tabela?), o Brasileirão 2009.

Gostando ou não dos tais pontos corridos - debate interminável que já rendeu até música - o fato é que no ano passado, apesar do título antecipado do São Paulo, tivemos um baita campeonato, com muita briga durante os quase oito meses e emoção até o fim na disputa por vaga na Libertadores e fuga da segundona.

Fazer uma previsão para um campeonato tão longo já seria um risco. Mas aqui, além de tudo, temos ainda o "fator janela", que pode desmontar um time (vide o Flamengo, no ano passado) ou reforçá-lo (fato bem mais raro que a tradicional debandada para Europa e mundo árabe).

Logo, ao se fazer uma análise dos times, é preciso estabelecer determinadas regras para que fiquemos dentro da realidade. Não adianta, por exemplo, conjecturar agora quem realmente vai sair na janela, principalmente nesse momento em que o mundo anda com o freio puxado. Mas há casos, por exemplo, que já são sabidos nesse momento, como contratos que terminam no meio do ano. Mais uma vez citando o Flamengo, sabe-se que Ibson vai embora em junho, acha-se que Juan também pode ir. Então, na hora de botar o Fla na balança, Ibson teve peso apenas como alguém que vai contribuir por um mês e meio e Juan, como lateral do time para a temporada toda.

Assim sendo, sem mais delongas...

CAMPEÃO - Internacional

Uma defesa sólida, com Bolívar, Índio e Kléber; volantes acima da média (daqui), como Guiñazu, Magrão e Sandro, capitão da seleção sub-20 e promessa da base; um legítimo argentino bom de bola, em D'Alessandro; dois atacantes velozes, inteligentes e goleadores como Nilmar e Taison, sensação do primeiro semestre do futebol brasileiro. Bons reservas, como Alecsandro, Marcelo Cordeiro, Andrezinho, Sorondo - que está voltando. Um técnico numa posição de conforto no clube e com o elenco jovem, porém experiente, na mão. O Internacional vai quebrar essa chata rotina do São Paulo e começar a postular deste a posição de clube mais bem estruturado do Brasil. Nada como boa administração e planejamento.

VICE - São Paulo

É hora de novos ares para Muricy. Tudo termina, a vida é cíclica - a menos que você seja Alex Fergusson. O time do São Paulo será bom, jogará bem (porém menos ainda que o de 2008) e vai brigar pela ponta, como sempre. Mas tá dois passos atrás do Internacional.

LIBERTADORES (3) - Cruzeiro

O Cruzeiro já sobra em Minas. Tem uma equipe arrumada, com dois jogadores candidatos à seleção (se o técnico não fosse Dunga, que só chama "estrangeiros"), Ramires e Kléber, e uma base sólida em Fábio, Jancarlos, Fabrício, Wagner e Soares, além do velho Sorín. Só que a obsessão do Cruzeiro para este ano é a Libertadores e enquanto estiver vivo na disputa, o clube vai relegar o Brasileirão ao segundo plano. Está abaixo de Inter e São Paulo na qualidade do elenco, mas tem padrão de jogo tão definido quanto. E outro técnico em posição confortável para trabalhar, Adílson Batista.

PRÉ-LIBERTADORES (4) - Grêmio

A grande indefinição no Grêmio, outro que só pensa nela - a Libertadores - é quem será seu técnico. E a vida promete ser bem melhor sem Celso Roth. O Grêmio do baita goleiro Victor, que joga com três zagueiros - Léo, Réver e Rafael Marques - cinco no meio, com os alas Ruy e Fábio Santos, além de Adílson, Tcheco e Souza e Fábio Santos, e dois atacantes, Jonas e Maxi López, ainda não sabe se terá mesmo Paulo Autuori ao comando. O elenco também ainda não está fechado - o volante Túlio foi contratado esta semana, o lateral Joílson fechou terça e Marlos, revelação do Coritiba, e Molina, do Santos, podem ser os próximos. No banco, o novo técnico ainda terá à sua disposição o meia Eduardo Costa, o uruguaio Orteman, o argentino Herrera, além de Alex Mineiro. Um elenco com muitas peças, aparentemente superior ao do ano passado. Considerando que Autuori é muito mais técnico que Celso Roth, o Grêmio promete.

SUL-AMERICANA (5) - Flamengo

O Flamengo vai de Cuca, que terá a tal tranquilidade que desejava para trabalhar. Tem, no papel, um time muito bom... mas só até a metade da folha, porque sofre com a pífia qualidade de seus atacantes - o pereba Josiel (sim, pereba - e não é o primeiro dito artilheiro pereba do futebol), o mítico Obina, o gato-sheik Emerson, o nanico Maxi, o sempre ausente Zé Roberto... o desespero é tanto que Adriano surge como solução do problema. Apesar disso, a base é sólida, com o monstro Bruno, os laterais Léo Moura e Juan, bons zagueiros como Angelim, Wellinton e Aírton, além de Willians, Kléberson e Ibson - sendo que este vai jogar menos de vinte por cento do campeonato. Pratas da casa como Erick Flores e Paulo Sérgio, além da promessa Everton, precisam brilhar para que o time aspire à Libertadores. Um bom começo também é fundamental para uma boa campanha, por conta do apoio da torcida, o melhor jogador do time nos dois últimos brasileirões.

SUL-AMERICANA (6) - Corinthians

O Corinthians tem Ronaldo. O Corinthians tem Mano. Tem Felipe no gol. Tem sua torcida, sua força em casa. Mas tem um elenco mediano (em que Morais não consegue ser titular, Túlio foi negociado, Jorge Henrique se destaca...). A base com Chicão, William, André Santos, Douglas, Dentinho é boa, mas quando se fala em seus substitutos, o nível cai bastante. E num campeonato de oito meses, isso é fatal. E nem vou falar dos joelhos dele, pra não dar azar.

Ok, ainda tem a questão dos joelhos do Ronaldo.

SUL-AMERICANA (7) - Palmeiras

O Palmeiras de Luxemburgo é um time pragmático, que me parece muito mais capaz de vencer um torneio como a Libertadores, mesmo sem brilhar, do que uma maratona como o Brasileirão. E não, eu não acho que esse Palmeiras vá vencer a Libertadores. A defesa não é segura. Não dá pra contar sempre com Diego Souza - agora literalmente, já que ele deve pegar um belo gancho pela frente. A molecada - Keirrison, Claiton Xavier, Marquinhos, Willians, Ortigoza - também não tem ainda a regularidade suficiente para um campeonato tão longo.

SUL-AMERICANA (8) - Sport

O Sport ganhou moral e status que o Bahia já teve, lá pelo fim dos anos oitenta - clube do Nordeste que encara os de baixo de igual para igual (não, o Sport de 1987, do fraco módulo amarelo, não chegava nem perto disso). Vai pra cima do Palmeiras, no jogo de volta, na Ilha do Retiro, confiante na classificação na Libertadores. Tem um bom técnico em Nelsinho. Jogadores experientes como Dutra e Paulo Baier. Tem a revelação Ciro e promessas como Andrade. Sabendo como poucos usar o fator campo, vai brigar para voltar à Libertadores. Mas terá que se contentar com a Sul-Americana (que poderia ser uma boa afirmação para o clube, sendo um torneio mais fácil de conquistar-se e, ainda assim, um título internacional).

SUL-AMERICANA (9) - Fluminense

O Fluminense não é administrado de maneira séria no momento. Seu presidente é o bobo da corte do futebol carioca e quem manda no clube, de fato, é quem manda na Unimed. Tem um técnico que já parece cansado do futebol há tempos. E que, aliás, nunca foi um papão de títulos. Thiago Neves, que mesmo alguns tricolores pensam agora se deveria ter voltado, vai embora. O tricolor só chegará nessa boa nona posição por conta do talento de Conca e da garotada comandada por Tartá, Maicon e Alan. Se Parreira não achar tudo isso muito ofensivo, claro.

SUL-AMERICANA (10) - Botafogo

Tri-vice estadual, eliminado da Copa do Brasil pelo Americano. A psiquè é a maior dúvida em relação ao alvi-negro, desprestigiado por sua própria torcida nas finais contra o Flamengo. Com que espírito esse grupo parte para um campeonato de oito meses em que todos sabem que o clube não entra para brigar por título ou Libertadores? Como será a resposta da torcida nos dezenove jogos em casa, num estádio que já é chamado no Rio, jocosamente, de Vazião? O Bota tem um bom time, dentro de um orçamento realista, mas vai patinar bastante.

SUL-AMERICANA (11) - Santos

Num patamar parecido com a do Botafogo, com algumas diferenças:
- a torcida vai apoiar o time na Vila.
- quem gostar de futebol vai gostar de acompanhar o desenvolvimento de Neymar durante o campeonato.
- o elenco tem mais peças de reposição que o alvi-negro do Rio.
Por que fica atrás do alvi-negro carioca então? Porque na primeira sequência de derrotas, vai trocar de técnico e estragar tudo.

SUL-AMERICANA (12) - Coritiba

O time da Paraíba - no caso dos, Marcelinho e Carlinhos - tem algumas promessas, em especial Marlos, pretendido por dez entre dez clubes brasileiros nesse momento. Se corresponder, teremos um novo efeito-Keirrisson no time, apesar da ausência de treinador, já que todos sabem que Renê Simões jamais conseguiria ir até o fim de um campeonato de oito meses. Mas gostam dele lá, enfim. Curitiba é mesmo uma cidade ímpar. Ah, e o contrato de Marlos com o clube termina em 23 de maio.

LIMBO (13) - Goiás

O Goiás é aquilo... mesmo tendo perdido o quase-ícone Paulo Baier, ainda tem no time gente boa de bola, como o bom goleiro Harlei, o ótimo lateral-ala-direito Vitor e os atacantes Iarley e Felipe. Dá pra ficar ali no limbo...

LIMBO (14) - Atlético Paranaense

O Atlético tem em Rafael Moura, o He-Man, seu principal jogador. Não é preciso dizer mais nada. Ainda assim, consegue ser melhor que os que vêm abaixo.

LIMBO (15) - Atlético Mineiro

O atleticano, que está se acostumando a sofrer, vai ter que dar graças aos céus se o galo realmente terminar em décimo quinto. Celso Roth cai ainda no primeiro turno, podem me cobrar.

LIMBO RASPANDO...(16) - Vitória

Bem, talvez o Vitória até seja melhor que o Atlético Mineiro, time que eliminou na Copa do Brasil. Mas não chega no Goiás.

REBAIXAMENTO (17) - Náutico

O Náutico vai fazer um bom início de campeonato, ser apontado como surpresa, depois começar a despencar na tabela até terminar brigando para não cair. Ou isso terá sido em 2008? Bem, nesse ano cai.

REBAIXAMENTO (18) - Santo André

Pode até brigar com Náutico e Vitória para não cair, mas seria bom que caísse mesmo.

REBAIXAMENTO (19) - Avaí

A onda de time de série A vai ser curta.

REBAIXAMENTO (20) - Barueri

Hã?

terça-feira, 5 de maio de 2009

O Nível Só Cai.

Nada contra os campeonatos estaduais, apesar de todos terem times demais e, por isso mesmo, durarem bem além da conta. Num mundo perfeito, começariam junto com a temporada européia e durariam, no máximo, um mês e meio, basicamente só com jogos que realmente valessem algo.

Mas não é essa a questão. Eis as seleções dos três principais regionais do país:

SP - Felipe (Corinthians), Alessandro (Corinthians), André Dias (São Paulo), Chicão (Corinthians) e André Santos (Corinthians); Cristian (Corinthians), Elias (Corinthians), Madson (Santos) e Diego Souza (Palmeiras); Ronaldo (Corinthians) e
Washington (São Paulo). Técnico: Mano Menezes (Corinthians)

RJ - Bruno (Flamengo), Léo Moura (Flamengo), Juninho (Botafogo), Angelim (Flamengo) e Ramon (Vasco); Leandro Guerreiro (Botafogo), Nilton (Vasco), Carlos Alberto (Vasco) e Maicosuel (Botafogo); Bruno Meneghel (Resende) e Victor Simões (Botafogo). Técnico: Cuca (Flamengo)

RS - Victor (Grêmio), Ruy (Grêmio), Índio (Inter), Réver (Grêmio) e Kleber (Inter); Sandro (Inter), Guiñazu (Inter), Souza (Grêmio) e D´Alessandro (Inter); Taison (Inter) e Nilmar (Inter). Técnico: Tite

Alguém tem dúvida de que essa seleção gaúcha bateria as paulista e carioca? Eu não.

* * *

Talvez essa seleção gaúcha, com treino, fizesse frente ao Manchester United melhor do que o Arsenal fez hoje, na primeira semifinal da Chaaaaaaampions! League.

O time de Londres, que perdeu a ida por um a zero, tomou de três no Emirates, que a quinze minutos do fim de jogo, já estava quase vazio.

É bem verdade que um lance de azar de Gibbs, logo aos oito minutos, mudou a história do jogo. Três minutos depois, Ronaldo faria o segundo - e ainda faria outro, no segundo tempo, num dos contra-ataques mais belos e velozes que já vi.

Só de pensar num United x Barça na final, fico arrepiado. O jogo de amanhã, contra o Chelsea, será o penúltimo teste desse super time que consegue botar em campo, ao mesmo tempo, Messi, Eto'o, Henry, Xavi e Iniesta. Uma equipe que já entrou para o meu hall das melhores que vi jogar.

* * *

Só por aqui um time é campeão num domingo, joga a vida na Copa do Brasil na quarta e estreia no Campeonato Brasileiro no domingo seguinte.

Apesar desse ritmo louco do nosso calendário torto, até sexta o TB vai dar sua previsão para o Brasileirão, do primeiro ao último colocado.

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Requintes de crueldade.

"Dida, o segundo tempo vai ser pior. O Flamengo ainda vai fazer uns dois ou três..."

Pois é, meu avô, que é botafoguense, me chama pelo apelido de infância familiar, "Dida". Assistiu ao jogo na casa da namorada e falou comigo ao telefone, no intervalo, com ar resignado. "Desse jeito não vai dar pro Botafogo não."

Ainda não conversei com ele depois do jogo. Mas me pergunto, até agora, se não teria sido melhor se as coisas tivessem corrido como ele previu para o segundo tempo.

Em vez disso, o Botafogo teve um pênalti - que perdeu - logo aos dois minutos. Aos dezesseis, diminuiu com Juninho, de falta. E aos dezoito, empatou. Poderia ter feito o terceiro, porque nos trinta primeiros minutos da etapa final, esse Botafogo sem Maicossuel e Reinaldo jogou melhor que aquele Botafogo do domingo anterior. Melhor porque foi mais eficiente, conseguindo abrir o jogo pelas laterais do campo com muito mais facilidade, enquanto, do outro lado, Léo Moura e Juan insistiam e fechar para o meio. Jogou melhor também, o Botafogo, porque o técnico do Flamengo conseguiu mexer no time da pior forma possível, primeiro tirando Erick, que realmente não vinha bem, para botar Obina, que foi dez vezes pior, como era de se esperar. E depois, sacando Emerson, que tinha acabado de criar duas jogadas de gol, para botar Josiel, um dos piores atacantes que passaram pela Gávea nos últimos tempos, tecnicamente falando.

Mesmo assim, jogando melhor, mais arrumadinho, e diante de um Fla sem forças no ataque, o Botafogo parou, lá pelos trinta e poucos minutos. Preferiu abdicar de tentar a vitória e começou o vexatório cai-cai da semana passada, para esfriar a leve pressão rubro-negra no fim, muito mais na base da raça de Ibson e da torcida, que tentavam empurrar o time, do que na competência propriamente dita para fazer o terceiro. E assim, com o Fla tentando o gol até o último minuto, até de mão, e o Bota se defendendo, a decisão foi para os pênaltis.

Antes, vale dizer, mais uma vez, que Fábio Luciano é um péssimo capitão, dos piores que o Flamengo já teve. Nunca quem usou a braçadeira foi expulso tantas vezes em tão pouco tempo de formas tão irresponsáveis.

O sorteio ainda beneficiou o Botafogo, com as cobranças sendo feitas do lado de sua pequena torcida, que se tivesse sentado toda ela nas arquibas verdes, ainda assim teria visto o jogo com conforto.

Quem perdeu os pênaltis do Bota? Juninho, o capitão, e Leandro Guerreiro, símbolo de garra pro time. Dois dos que estavam na decisão do ano passado. Dois que carregavam o peso da escrita em seus semblantes - alguém já viu cara de derrotado maior que a do Leandro na hora de cobrar seu pênalti?

É nesse ponto que eu sempre discordo do Ney Franco, que realmente é sim um bom técnico. Mas não tem coragem. Eu, se treinador do Bota fosse, jamais me fiaria numa decisão por pênaltis, contra o Flamengo, com quatro vezes mais torcida no estádio, depois de dois vice-campeonatos seguidos.

"Ah, mas tem coisas que só acontecem com o Botafogo", ainda vou ouvir muito pelos próximos dias.

* * *

Tri rubro-negro no Rio, com a final mais emocionante de todos os estaduais pelo Brasil (ok, em SC também sobrou emoção, mas quem liga pra times chamados Avaí e Chapecoense?), título invicto para o Corinthians de Ronaldo em São Paulo. Sim, porque Ronaldo parece o dono do clube, agora capaz de criticar tudo e todos sempre (nem o próprio capitão William deu tanta importância ao incidente inflamável na entrega da taça). Ronaldo não deu volta olímpica, correu pro vestiário com medo das "microfonadas" na cara. E ainda reclamou que a imprensa "lhe tirou a oportunidade de viver aquele momento".

Alguém duvida que Ronaldo saia na próxima janela de transferências, caso não se machuque até lá?

* * *

Requintes de crueldade também teve a eliminação dos Bulls no sétimo e derradeiro jogo da série diante do campeão Boston Celtics. Depois de surpreender a todos, vencendo três partidas e ajudando a protagonizar uma das séries de sete jogos mais emocionantes de todos os tempos, com quatro deles decididos na prorrogação (e sete tempos extras no total!), o Chicago perdeu no sábado a chance de fazer história em oito minutos - sete minutos e cinquenta e dois segundos, para ser preciso.

Esse foi o tempo que o time ficou sem marcar uma única cesta de quadra no segundo quarto de partida. Nesse oito minutos, foram apenas dois pontos, em dois lances livres. A vantagem virou desvantagem quando os Celtics fizeram 22 pontos nesse mesmo tempo.

Vinnie Del Negro, Doc Rivers, Ney Franco, Cuca, Mano, Mourinho, Fergusson, Guardiola... e ainda tem gente que acha que técnico é apenas um detalhe.

sábado, 2 de maio de 2009

Jogo Sete

Antes de mais nada, louvada seja a justin.tv. Amém.

Derrick Rose acertou os três primeiros arremessos - um floater, um jump shot da cabeça do garrafão e um gancho com a mão esquerda. O Chicago vence por 13 a 9 mas, ao que parece, Ray Allen vem com tudo de novo hoje - já tem 5 pontos.

Bulls 18 a 16. Rose acaba de dar um toco em Brian Scalabrine sensacional. Pense num daqueles tocos do Lebron, quando ele acompanha o contra-ataque adversário e pega o incauto na tranquilidade da bandeja. Limpo, preciso.

Fim do primeiro quarto, Bulls 27 a 23. Apesar de todas as teorias conspiratórias, Kevin Garnett não saiu miraculosamente do túnel vestindo o uniforme dos Celtics. Ele continua usando um terno no banco. O que não vai significar nada se os Bulls continuarem deixando um branco-azedo-ruivo de braços gordos e flácidos livre pra chutar dos três. Scalabrine fez cinco pontos em dois arremessos sem marcação. Pierce e Allen têm sete cada. Gordon doze, Rose oito (em nenhuma bandeja, só jump shots) e Salmons cinco. Mas a pequena vantagem foi muito em função dos sete rebotes de Joaquim Noah.

O segundo quarto começa com Rose no banco e Gordon marcando cinco pontos rapidamente. Eu lembro que, quando chegou ao Chicago, Ben era um baita arremessador de longa distância, mas que raramente conseguia criar seu próprio arremesso e concentrava a maioria de seus chutes da linha dos três. Hoje, Ben Gordon é capaz de chutar quando quer, de onde quiser. Pena que Vinnie "Ray Charles" Del Negro continue deixando Scalabrine livre pra meter dos três quando os Bulls começam a abrir. Se bem que isso pouco importa, o jogo vai para a prorrogação mesmo...

A cinco minutos do fim, os Celtics passam à frente pela primeira vez desde a primeira cesta, 38 a 36. Eddie House saiu do banco para fazer duas cestas de três, levando a vantagem para 44 a 37. O Chicago parece em pane e o maior sinal disso é a cara de seu técnico na tv. É realmente lamentável que Derrick Rose ainda vá ter que aturar Vinnie por, pelo menos, mais uma temporada. A 3:10 do fim ele finalmente pede tempo, coisa que deveria ter feito quando o placar marcava 41 a 37. Agora é 46 a 38.

E agora, ao fim do primeiro tempo, Celtics 52 a 38. O Chicago passou os últimos sete minutos e cinquenta e dois segundos do período sem uma única cesta de quadra.

E acaba de cair a justin.tv. Maldita justin.tv!

Passei todo o terceiro quarto ouvindo o jogo através de uma webradio de Chicago. Assim como eu, meio mundo deve estar tentando acessar a transmissão via web. Todos os sites congestionados. E a diferença no placar, que era de 14 pontos ao fim do primeiro tempo, caiu para sete quando o relógio marca onze e oito da noite e vai começar o último período em Boston...

AAAAAAAAARF!

Achei o livestreaming de uma transmissão da tv turca. Sério. Os Celtics vencem por 89 a 83, a 5:43 para o fim. Já vi esse filme. Go Bulls.

O relógio marca 1:05 para o fim, o Chicago perde por cinco e eu agora assisto ao jogo em italiano, porque a transmissão turca também travou. Mas Ben Gordon erra no ataque, Pierce faz dois lances livres e a diferença sobe para sete, a 44 segundos do fim. Acabou, eu penso. Hmmm. Dejà vu, eu penso...

Mas não. Ray Allen, numa bobeira de marcação, faz dois a sofre a falta. A vantagem sobe para oito, a 36.6 do fim. Chamem Tracy McGrady, chamem Reggie Miller. O chamem um milagre através de Ben Gordon.

O Chicago faz tudo errado nesse tempo. Depois de um tapinha de Hinrich, que traz a diferença para seis, o time intercepta a saída de bola dos Celtics. Ben se precipita e seu arremesso pra três nem dá aro.

Marbury converte dois lances livres. Ben força outra bola de três sem sucesso. Doze segundos, dez pontos, o banco do Boston já comemora, quando Vinnie pede seu último tempo, numa imagem patética. Vitória dos Celtics, por 109 a 99.

O Chicago perdeu o jogo no segundo quarto horrososo, quando sangrou até a morte sem que seu técnico pudesse fazer nada. Mas chega por hora. Muita queda de sinal, muita imagem travada, muitos palavrões por hoje.