quarta-feira, 26 de novembro de 2008

O ano que vem não será como o que passou.

Foi com muito bom humor que Juca Kfouri leu esse email no último Linha de Passes: "Sabe o que tem todo ano? Ano Novo, Carnaval, Semana Santa, Natal e São Paulo campeão brasileiro". Mas que ninguém se engane - esse título, que faz do tricolor o primeiro tri nacional de verdade, não foi igual aos dois anteriores.

Em 2006, o primeiro com Muricy, foram 77 pontos conquistados, 15 a mais que o vice Santos. Naquela temporada o São Paulo assumiu a ponta na décima sétima rodada, de onde não saiu mais. Ou seja, ficou todo o segundo turno abrindo vantagem sobre a concorrência.

Em 2007, ano do bi, a liderança foi conquistada ainda no primeiro turno, na 12ª rodada. E a campanha foi ainda melhor - 78 pontos conquistados, onze a mais que o vice Internacional, antigo time de Muricy.

Neste ano de 2008, ao fim do primeiro turno, o São Paulo estava oito pontos atrás do líder Grêmio, diferença que aumentou para onze quando o tricolor foi derrotado no Olímpico logo na primeira rodada do returno. Nas dezesseis seguintes, o time de Muricy tirou essa desvantagem e ainda abriu cinco de frente sobre a equipe gaúcha. Ou seja, fez dezesseis pontos a mais que o Grêmio em igual número de rodadas, numa campanha de recuperação totalmente diferente dos dois anos anteriores - só chegou à ponta da tabela a cinco rodadas do fim. Na melhor das hipóteses, esse time de 2008 chegará a 77 pontos (mesmo aproveitamento de 2006, um ponto a menos que no ano passado).

O aproveitamento pode ter sido quase idêntico nos anos do tri. Mas os times, não. O São Paulo 08 é pior que o 07, que, por sua vez, era mais fraco que o 06.

2008, base - Ceni, André Dias, Rodrigo e Miranda; Joílson, Jean, Hernanes, Hugo e Jorge Wagner; Dagoberto e Borges.

2007, base - Ceni, Breno, Alex Silva e Miranda; Souza, Hernanes, Richarlyson e Jorge Wagner; Leandro, Dagoberto e Borges.

2006, base - Ceni, Lugano, Alex Silva e Edcarlos; Souza, Mineiro, Josué e Richarlyson; Leandro, Ricardo Oliveira e Alex Dias (e aquele time, que já tinha Miranda, Ilsinho, Danilo, Lenísio e Thiago, tinha ainda Fábio Santos, Fabão, Júnior e Aloísio).

Em comum entre os três, aí sim, o dedo de Muricy. Em 2006, com um baita elenco, foram 66 gols marcados. Em 2007, com uma baita defesa, apenas 19 sofridos (contra 32 em 2006 e 35, até agora, em 2008). Sempre com três zagueiros (reparem que Miranda será tri, nessa zaga por onde passaram Breno e Alex Silva); sempre com dois alas (Ilsinho, Richarlyson, Júnior, Souza, Jorge Wagner); sempre com dois volantes acima da média que se vê por aqui (Mineiro, Josué, Hernanes, Jean).

A maior diferença no esquema tático tricolor, nesses três anos, aconteceu justamente em 2008. Saiu a figura do homem mais avançado do meio-campo (que em 2006 e 2007 era feita pelo Leandro, atacante de origem) e entrou mais um homem de marcação no meio (Jean), o que possibilitou liberar mais Hernanes e Hugo, bons de bola e chegados a marcar gols (coisa que Mineiro, Josué e Richarlyson não eram).

Qual outro time brasileiro manteve base, técnico e esquema tático nos últimos três anos?

* * *

Anotem aí, foi dito no dia 25 de novembro de 2008: "Não existe a mínima chance de eu sair do Palmeiras em razão dos últimos acontecimentos ou das especulações que foram criadas recentemente. Quero e vou conseguir reencontrar dentro do próprio Palmeiras a felicidade que temporariamente se afastou."

5 comentários:

Anônimo disse...

cara, o blog continua ótimo. coisa rara quando o assunto é futebol. morri de rir agora com o felberg: não entendo como alguém que não é flamengo consegue ver o troca de passes. no mais, que o fluminense detetize logo esse tal 1% de risco de cair. não tô nada tranquilo, sério.

Edu Mendonça disse...

Não acredito que os jogadores do Fluminense não se incomodem com a possibilidade estarem mais uma vez num campo onde a festa, ao apito final, é do adversário. Além disso, o Washington já tá até fazendo anúncio de que aceita grana da "mala branca"...

Anônimo disse...

Pontos corridos. Putz. Em alguns anos teremos quatro ou cinco times apenas. Esse modelo é chato, dispendioso e conta com a falácia de que é mais justo. A partir de agora, apenas os ricos vão ganhar. Talvez seja uma coisa boa para nós, mas e os outros? Teria existido o Santos do Diego e Robinho se o campeonato fosse por pontos corridos? Cadê a Final!? Não tem. Tragédia.

Edu Mendonça disse...

Esse argumento é validado pelo que a gente vê na Europa, realmente - dois times monopolizam a Espanha, três a Inglaterra (onde mesmo o Liverpool há algum tempo não consegue competir com a trinca), três ou quatro a Itália...

Mas será mesmo que Coritiba em 85 e Bahia em 88, por exemplo, eram os melhores ou foram apenas aberrações de um sistema de disputa inchado que não valorizava as melhores campanhas? Será que o Fla de 87 não teria tido comportamento diferente durante o campeonato se ele fosse por pontos corridos? Ou o Santos de Diego e Robinho?

Essa discussão é sempre cheia de argumentos pros dois lados e, incrivelmente, argumentos racionais pra ambos.

Bolinho disse...

fui um defensor ferrenho dos pontos corridos...até o campeonato começar a ser jogado nessa formula. Aí constatei uma coisa simples: não é a nossa, não faz parte da nossa cultura, assassina o grande fator diferencial que era exatamente o imprevisível - um Santos de Robinho e Diego, o Mengão de 92, um Bahia (excelente equipe na época, aliás!) de 88...agora entramos na era da assepsia futebolística!
Quero o mata mata de volta!