Quem é mais cruel, a torcida do Flamengo ou a WADA, a World Anti-Doping Agency?
A primeira regula a vida de quem veste o manto sagrado rubro-negro, seja antes, durante ou mesmo depois de fazê-lo. Quem não se lembra do (horroroso) Claiton, que de tão identificado com o Botafogo, acabou condenado pela torcida desde o primeiro momento como jogador do Flamengo? E André Dias, que será para sempre (mal) lembrado por ter dito que o clube não era grande?
A torcida rubro-negra, ao contrário do eleitorado brasileiro, tem memória. Mesmo que não tenha sempre razão.
Domingo, elevou Romário às alturas. Chegando ao cúmulo do absurdo de pedir para que ele, e não Ele, batesse um pênalti (muitos devem ter me achado louco quando virei para trás, de onde começou o coro, e proferi uma rajada de palavrões).
Enquanto isso, Bebeto e Tita receberam vaias quando seus nomes foram mostrados no telão. Renato Gaúcho nem precisava ter tido desempenho tão risível - desde o primeiro toque foi vaiado.
Eu não me proponho a achar explicações.
Mas Romário, mesmo tendo conquistado quase nada pelo clube, sempre demonstrou um imenso respeito pelo Flamengo após sair. Renato, além do gol de barriga e de toda a besteirada que ele rendeu, se mostrou uma figura arrogante e cheia de empáfia como "técnico". Bebeto foi protagonista de um dos maiores casos de traição na rivalidade entre Fla e Vasco. Passado que também pesa contra Tita.
Isso justifica que Renato - sem ele jamais teríamos conquistado o tetra em 87 - seja vaiado? Ou que Romário receba tanto carinho?
Aliás, carinho, pra mim, só pra Um.
E a WADA? A mão-de-ferro da política mundial anti-doping está prestes a massacrar um pobre jovem.
Mas ainda há esperança.
Jobson foi flagrado duas vezes, nos jogos contra Coritiba, 8 de novembro, e Palmeiras, 6 de dezembro. Com a contraprova do primeiro, são três resultados positivos para cocaína. Droga abominada pelos membros da agência, ainda que tenha tudo a ver com dependência e necessidade de ajuda e nada com aumento de desempenho.
Jobson já mentiu, caiu em contradição de datas e, pior, não admitiu dependência. A historinha contada, sem dúvida, complicará ainda mais sua situação.
Só que as leis da WADA falam de banimento do esporte quando o atleta é condenado duas vezes. No caso do brasileiro de vinte e um anos, o tribunal da entidade pode entender que, pela proximidade dos exames, trata-se de um mesmo caso. Isso aumenta a possível pena para até quatro anos. Mas pelo menos não decreta o fim da linha para um garoto que, de uma maneira ou de outra, precisa de ajuda.
terça-feira, 29 de dezembro de 2009
quinta-feira, 17 de dezembro de 2009
O Futebol E A Violência.
A punição (justa) ao Coritiba, um comercial (idiota) de cerveja e a renovação (merecida) de contrato do Andrade me botaram pra pensar sobre essa relação que, muitas vezes, me parece ser tão ignorada por aqui quanto o racismo no Brasil.
Existe esporte tão violento quanto o futebol?
Primeiro se faz necessário definir violência. Que é inerente a esportes considerados nobres, do boxe ao judô. Derrubar ou subjugar o adversário não são exatamente objetivos fraternos. No entanto, a luta gentil é ensinada com orgulho pelos pais a crianças na mais tenra idade. Por quê? Por conta de sua filosofia nobre. Honra. Respeito. Valores também presentes no ringue, mesmo que dois pugilistas se espanquem ao soar do gongo. Antes e depois, tudo muda. A violência não passa do último assalto. Ninguém quer, realmente, machucar o oponente.
Mesmo em esportes em que a violência salta aos olhos, há valores que são maiores. No futebol americano, no rugby ou no nefasto MMA, ela fica compreendida dentro de regras, escritas e não escritas. Se um jogador da NFL é taxado como "sujo", vai ter mais dificuldade para achar emprego. Será discriminado pelos próprios companheiros. Nenhum lutador quer ficar marcado por abusar de golpes baixos.
No futebol não.
No futebol, a violência frequentemente vem acompanhada da maldade. Não conheço esporte em que a deslealdade entre atletas surja com tanta força e frequencia. Malícia, malandragem, tudo se soma, dependendo do caráter do boleiro. É quando ossos se quebram. Seja um Zico ou um Eduardo da Silva, a lista de vítimas é enorme.
Nesta semana, meu mestre Renato Nogueira me enviou o texto da coluna do Ugo Giorgetti no Estadão. Falava sobre o mais novo ridículo comercial da Brahma com Ronaldo. O texto é grande, mas o reproduzo aqui:
"Não sei por que ando pensando muito num comercial da Brahma que andou, ou anda, pelas televisões. De fato ele não me sai da cabeça. Fiquei tão intrigado que recorri até ao site do Clube de Criação de S.Paulo, onde não só o encontrei na íntegra, como tive a surpresa de encontrar também declarações do diretor de marketing da Brahma que, por sua vez, vieram aumentar meu assombro. Queria, logo de início, pedir licença ao diretor da empresa para refutar uma de suas declarações. Diz ele: "Com a campanha não queremos impor nada a ninguém. Queremos apenas ser porta-vozes do povo brasileiro." Bem, meu porta-voz esse comercial não é, isso eu posso garantir. E, espero, também não seja de boa parte do povo brasileiro. Para quem não sabe, o comercial descreve a atitude ideal do torcedor brasileiro em relação à Copa do Mundo que se aproxima. Consta de uma sucessão de imagens bélicas e melodramáticas, onde supostos torcedores carrancudos, gritam, choram e batem no peito. Para deixar ainda mais claro a observadores menos atentos que o que se espera realmente são guerras e batalhas, mistura essas cenas com outras, fictícias, devidamente produzidas e filmadas, de um grande exército medieval em ação. Se as imagens falam por si, o pior é o som. Vozes jovens alucinadas urrando palavras de ordem num tom ameaçador, histérico, a lembrar manifestações das mais radicais e intolerantes agrupamentos que, infelizmente, existem no interior de qualquer sociedade. Eu me permito transcrever algumas das frases vociferadas: "Eu queria que a seleção fosse para a Copa, como quem vai para uma batalha!" "Eu quero guerreiros!", "Vamos para a guerra juntos! 180 milhões de guerreiros!" "Sou guerreiro!" No final do filme, num golpe de surrealismo que faria as delícias de Luis Buñuel, o locutor, contrariando o tom anterior de toda a mensagem, recomenda sabiamente: "Beba com moderação." O diretor de marketing da Brahma, no mesmo site do Clube de Criação continua: "A mensagem que queremos passar ao torcedor é que, além de ser a primeira marca brasileira a patrocinar oficialmente uma Copa do Mundo, o desejo da Brahma é despertar a atitude guerreira da seleção em todos os 190 milhões de brasileiros." Com todo o respeito que tenho pela Brahma, cuja publicidade acompanho, até por dever de ofício, há mais de quarenta anos, e que me pareceu sempre celebrar a alegria e a irreverência popular, essas declarações inspiram alguns comentários. O que eu espero da seleção é que jogue bola. Acho que o que nos derrotou em 2006 não foi a falta de guerreiros, mas foi o Zidane, que não era exatamente um guerreiro. Quanto aos 190 milhões, espero que honrem nossa tradição de saber perder, como fizemos em 1950 em pleno Maracanã, ou como fizemos em 1982, encantando o mundo. O resto é apenas apelar para o que há de pior na sociedade brasileira. Que é o que faz esse equivocado comercial dessa grande empresa. E de repente, a razão pela qual penso nele com tanta freqüência me aparece claramente: é que, de certo modo, o confundo com as cenas reais que aconteceram no estádio de Curitiba domingo passado. Ao revê-las me ocorre uma pergunta: os torcedores que, ensandecidos, fizeram o que fizeram no Paraná seriam "guerreiros" ou "brameiros"? Ou os dois? Infelizmente não foi possível alertá-los para invadirem e quebrarem tudo "com moderação"."
A diretoria do Coritiba, como era de se esperar, recorreu da pena. Que, muito mais do que punir ou responsabilizar o clube, serve para educar o torcedor, mandar a mensagem de que cenas como aquelas acabam penalizando severamente o mandante. Torço para que não seja diminuída em um jogo sequer mas, mais do que isso, torço para que não fique apenas no campo do STJD - é preciso que se responsabilize, criminalmente, todo e qualquer daqueles vândalos que possa ser identificado pelas imagens de TV. Da mesma forma que os pitboys selvagens que brigaram no Leblon, naquela mesma noite.
E o Andrade?
Bem, o Andrade, que ganhava dez mil reais como funcionário do Flamengo, que foi promovido a técnico, que teve aumento para cinquenta mil, que levou o clube ao hexa e ontem renovou por 160, é dos poucos a nadar contra a corrente.
Andrade não fala em ver "sanque nos olhos" de seus comandados, como disse Silas ao ser apresentado como técnico do Grêmio. Andrade não manda nem jamais mandaria bater, pelo contrário - foi ele quem fez com que Aírton e Willians mudassem o comportamento dentro de campo, passando a não mais confundir vontade com truculência. Deixaram de colecionar cartões vermelhos e tiveram atuações fundamentais na arrancada final ao título. Aírton, principalmente, estava no caminho sem volta de se tornar um notório jogador desleal.
Mas mesmo esse Andrade, que qualquer amante da bola admira, já deixou-a de lado. Naquele 23 de novembro de 1981, foi expulso ainda no primeiro tempo da final contra o Cobreloa. "Foi minha única expulsão no Flamengo. Foi um jogo muito catimbado. Um jogador deles tinha dado uma entrada forte no Junior e eu revidei, até pelo clima criado no jogo anterior. O árbitro já tinha expulsado um jogador do Cobreloa e minha expulsão foi uma forma de igualar as coisas. É coisa de fração de segundos, na hora você não pensa".
É preciso pensar a violência dentro do contexto futebol. Seja na arquibancada, na TV ou no banco de reservas.
E um bom começo seria valorizar mais quem a combate.
Existe esporte tão violento quanto o futebol?
Primeiro se faz necessário definir violência. Que é inerente a esportes considerados nobres, do boxe ao judô. Derrubar ou subjugar o adversário não são exatamente objetivos fraternos. No entanto, a luta gentil é ensinada com orgulho pelos pais a crianças na mais tenra idade. Por quê? Por conta de sua filosofia nobre. Honra. Respeito. Valores também presentes no ringue, mesmo que dois pugilistas se espanquem ao soar do gongo. Antes e depois, tudo muda. A violência não passa do último assalto. Ninguém quer, realmente, machucar o oponente.
Mesmo em esportes em que a violência salta aos olhos, há valores que são maiores. No futebol americano, no rugby ou no nefasto MMA, ela fica compreendida dentro de regras, escritas e não escritas. Se um jogador da NFL é taxado como "sujo", vai ter mais dificuldade para achar emprego. Será discriminado pelos próprios companheiros. Nenhum lutador quer ficar marcado por abusar de golpes baixos.
No futebol não.
No futebol, a violência frequentemente vem acompanhada da maldade. Não conheço esporte em que a deslealdade entre atletas surja com tanta força e frequencia. Malícia, malandragem, tudo se soma, dependendo do caráter do boleiro. É quando ossos se quebram. Seja um Zico ou um Eduardo da Silva, a lista de vítimas é enorme.
Nesta semana, meu mestre Renato Nogueira me enviou o texto da coluna do Ugo Giorgetti no Estadão. Falava sobre o mais novo ridículo comercial da Brahma com Ronaldo. O texto é grande, mas o reproduzo aqui:
"Não sei por que ando pensando muito num comercial da Brahma que andou, ou anda, pelas televisões. De fato ele não me sai da cabeça. Fiquei tão intrigado que recorri até ao site do Clube de Criação de S.Paulo, onde não só o encontrei na íntegra, como tive a surpresa de encontrar também declarações do diretor de marketing da Brahma que, por sua vez, vieram aumentar meu assombro. Queria, logo de início, pedir licença ao diretor da empresa para refutar uma de suas declarações. Diz ele: "Com a campanha não queremos impor nada a ninguém. Queremos apenas ser porta-vozes do povo brasileiro." Bem, meu porta-voz esse comercial não é, isso eu posso garantir. E, espero, também não seja de boa parte do povo brasileiro. Para quem não sabe, o comercial descreve a atitude ideal do torcedor brasileiro em relação à Copa do Mundo que se aproxima. Consta de uma sucessão de imagens bélicas e melodramáticas, onde supostos torcedores carrancudos, gritam, choram e batem no peito. Para deixar ainda mais claro a observadores menos atentos que o que se espera realmente são guerras e batalhas, mistura essas cenas com outras, fictícias, devidamente produzidas e filmadas, de um grande exército medieval em ação. Se as imagens falam por si, o pior é o som. Vozes jovens alucinadas urrando palavras de ordem num tom ameaçador, histérico, a lembrar manifestações das mais radicais e intolerantes agrupamentos que, infelizmente, existem no interior de qualquer sociedade. Eu me permito transcrever algumas das frases vociferadas: "Eu queria que a seleção fosse para a Copa, como quem vai para uma batalha!" "Eu quero guerreiros!", "Vamos para a guerra juntos! 180 milhões de guerreiros!" "Sou guerreiro!" No final do filme, num golpe de surrealismo que faria as delícias de Luis Buñuel, o locutor, contrariando o tom anterior de toda a mensagem, recomenda sabiamente: "Beba com moderação." O diretor de marketing da Brahma, no mesmo site do Clube de Criação continua: "A mensagem que queremos passar ao torcedor é que, além de ser a primeira marca brasileira a patrocinar oficialmente uma Copa do Mundo, o desejo da Brahma é despertar a atitude guerreira da seleção em todos os 190 milhões de brasileiros." Com todo o respeito que tenho pela Brahma, cuja publicidade acompanho, até por dever de ofício, há mais de quarenta anos, e que me pareceu sempre celebrar a alegria e a irreverência popular, essas declarações inspiram alguns comentários. O que eu espero da seleção é que jogue bola. Acho que o que nos derrotou em 2006 não foi a falta de guerreiros, mas foi o Zidane, que não era exatamente um guerreiro. Quanto aos 190 milhões, espero que honrem nossa tradição de saber perder, como fizemos em 1950 em pleno Maracanã, ou como fizemos em 1982, encantando o mundo. O resto é apenas apelar para o que há de pior na sociedade brasileira. Que é o que faz esse equivocado comercial dessa grande empresa. E de repente, a razão pela qual penso nele com tanta freqüência me aparece claramente: é que, de certo modo, o confundo com as cenas reais que aconteceram no estádio de Curitiba domingo passado. Ao revê-las me ocorre uma pergunta: os torcedores que, ensandecidos, fizeram o que fizeram no Paraná seriam "guerreiros" ou "brameiros"? Ou os dois? Infelizmente não foi possível alertá-los para invadirem e quebrarem tudo "com moderação"."
A diretoria do Coritiba, como era de se esperar, recorreu da pena. Que, muito mais do que punir ou responsabilizar o clube, serve para educar o torcedor, mandar a mensagem de que cenas como aquelas acabam penalizando severamente o mandante. Torço para que não seja diminuída em um jogo sequer mas, mais do que isso, torço para que não fique apenas no campo do STJD - é preciso que se responsabilize, criminalmente, todo e qualquer daqueles vândalos que possa ser identificado pelas imagens de TV. Da mesma forma que os pitboys selvagens que brigaram no Leblon, naquela mesma noite.
E o Andrade?
Bem, o Andrade, que ganhava dez mil reais como funcionário do Flamengo, que foi promovido a técnico, que teve aumento para cinquenta mil, que levou o clube ao hexa e ontem renovou por 160, é dos poucos a nadar contra a corrente.
Andrade não fala em ver "sanque nos olhos" de seus comandados, como disse Silas ao ser apresentado como técnico do Grêmio. Andrade não manda nem jamais mandaria bater, pelo contrário - foi ele quem fez com que Aírton e Willians mudassem o comportamento dentro de campo, passando a não mais confundir vontade com truculência. Deixaram de colecionar cartões vermelhos e tiveram atuações fundamentais na arrancada final ao título. Aírton, principalmente, estava no caminho sem volta de se tornar um notório jogador desleal.
Mas mesmo esse Andrade, que qualquer amante da bola admira, já deixou-a de lado. Naquele 23 de novembro de 1981, foi expulso ainda no primeiro tempo da final contra o Cobreloa. "Foi minha única expulsão no Flamengo. Foi um jogo muito catimbado. Um jogador deles tinha dado uma entrada forte no Junior e eu revidei, até pelo clima criado no jogo anterior. O árbitro já tinha expulsado um jogador do Cobreloa e minha expulsão foi uma forma de igualar as coisas. É coisa de fração de segundos, na hora você não pensa".
É preciso pensar a violência dentro do contexto futebol. Seja na arquibancada, na TV ou no banco de reservas.
E um bom começo seria valorizar mais quem a combate.
segunda-feira, 7 de dezembro de 2009
A festa acabou, a luz apagou, o povo sumiu, a noite esfriou.
E agora, arquibaldo?
Agora que os jornais de segunda ficam sem graça, as noites de domingo sem gols e a cidade sem Maraca? E agora, você?
O êxtase cessou, a mesa do bar está vazia. A cabeça ainda sente os efeitos da alegria da noite de ontem. O sorriso não sai do rosto, de certo. Mas é tudo tão diferente da última vez. Éramos jovens. Eu e minha paixão. Meu amor nem tinha chegado aos cem.
Como lembrarei ontem daqui a outros vinte, trinta anos? Nem lembro de 80. Os de 82, 83 e até 87, lembro como conquistas de um time. O de 92, como de um homem, o maestro Léo. Acredito que este de agora, lembrarei como o título de algo maior.
Porque não tivemos o melhor time. Nem o pior. Não tivemos um Zico, um Júnior que estivesse ali nos momentos decisivos. Pet e Adriano tiveram, talvez, suas piores atuações nos últimos três (dois) jogos. Foi uma reta de chegada no braço, na marra. Sofrida.
Eu vou lembrar do Goiás. Da decepção na saída. Vou lembrar de Campinas. Da loucura no Brinco, quando comemorei seis vezes com igual intensidade num jogo em que meu time só fez dois. E vou lembrar de ontem, do absurdo que foi entrar, do sofrimento que foi estar e da felicidade ao sair.
E certamente vou lembrar deste como um título que foi movido à base de algo maior. Algo que começou a crescer de pequenas demonstrações de amor, como o choro do Andrade em Santos ou a entrega do Pet quando virou titular. Algo que cada rubro-negro tem dentro de si. E que esteve em todos os lugares nas últimas semanas.
* * *
O desfecho deste campeonato teve outros momentos inesquecíveis, para o bem ou o mal.
Como a desacreditada (não para mim) vitória do Botafogo, que não só o manteve na primeira divisão como tirou o Palmeiras da Libertadores. Aliás, ontem Diego Souza voltou a provar que ninguém engana a todos todo o tempo.
Ou a quase esperada salvação do Fluminense na última rodada. Ninguém acreditava que, depois de tamanha epopéia, ela fosse escapar. Tirando, claro, a torcida do Coritiba, logo de lá, onde se gabam de uma suposta maior civilidade.
Não que aqui seja diferente. Ontem temi pela tragédia. Não é possível que ninguém tome uma providência sobre como a Polícia Militar controla a entrada no Maracanã. E, pior ainda, que ninguém se arrisque a realmente mostrar o que acontece num jogo como o de ontem. Hmmm...
E no fim das contas, alguém sabe dizer quem teve menos interesse em seu derradeiro jogo no campeonato, se Grêmio, Santo André ou Sport?
Agora que os jornais de segunda ficam sem graça, as noites de domingo sem gols e a cidade sem Maraca? E agora, você?
O êxtase cessou, a mesa do bar está vazia. A cabeça ainda sente os efeitos da alegria da noite de ontem. O sorriso não sai do rosto, de certo. Mas é tudo tão diferente da última vez. Éramos jovens. Eu e minha paixão. Meu amor nem tinha chegado aos cem.
Como lembrarei ontem daqui a outros vinte, trinta anos? Nem lembro de 80. Os de 82, 83 e até 87, lembro como conquistas de um time. O de 92, como de um homem, o maestro Léo. Acredito que este de agora, lembrarei como o título de algo maior.
Porque não tivemos o melhor time. Nem o pior. Não tivemos um Zico, um Júnior que estivesse ali nos momentos decisivos. Pet e Adriano tiveram, talvez, suas piores atuações nos últimos três (dois) jogos. Foi uma reta de chegada no braço, na marra. Sofrida.
Eu vou lembrar do Goiás. Da decepção na saída. Vou lembrar de Campinas. Da loucura no Brinco, quando comemorei seis vezes com igual intensidade num jogo em que meu time só fez dois. E vou lembrar de ontem, do absurdo que foi entrar, do sofrimento que foi estar e da felicidade ao sair.
E certamente vou lembrar deste como um título que foi movido à base de algo maior. Algo que começou a crescer de pequenas demonstrações de amor, como o choro do Andrade em Santos ou a entrega do Pet quando virou titular. Algo que cada rubro-negro tem dentro de si. E que esteve em todos os lugares nas últimas semanas.
* * *
O desfecho deste campeonato teve outros momentos inesquecíveis, para o bem ou o mal.
Como a desacreditada (não para mim) vitória do Botafogo, que não só o manteve na primeira divisão como tirou o Palmeiras da Libertadores. Aliás, ontem Diego Souza voltou a provar que ninguém engana a todos todo o tempo.
Ou a quase esperada salvação do Fluminense na última rodada. Ninguém acreditava que, depois de tamanha epopéia, ela fosse escapar. Tirando, claro, a torcida do Coritiba, logo de lá, onde se gabam de uma suposta maior civilidade.
Não que aqui seja diferente. Ontem temi pela tragédia. Não é possível que ninguém tome uma providência sobre como a Polícia Militar controla a entrada no Maracanã. E, pior ainda, que ninguém se arrisque a realmente mostrar o que acontece num jogo como o de ontem. Hmmm...
E no fim das contas, alguém sabe dizer quem teve menos interesse em seu derradeiro jogo no campeonato, se Grêmio, Santo André ou Sport?
quarta-feira, 2 de dezembro de 2009
A Incrível Saga do Hexa (ou "Nunca Mais Venha Me Dizer Que VOCÊ É Muito Rubro-Negro, parte III")
Não à toa eu deixei pra falar sobre o jogo alguns dias depois. Precisava digerir minhas impressões do que vi e vivi no Brinco de Ouro.
Da contusão de Ronaldo (agora confirmada por exames, segundo o departamento médico do clube) à paralisia de Felipe no pênalti, passando pelas expulsão de Chicão e as reclamações gerais após o jogo, principalmente do Mano, tudo me pareceu um imenso teatro. Afinal, o Corinthians perdeu o interesse neste campeonato assim que passou a não ter mais reais chances de conquistá-lo. Por que, então, se importar tanto com o penúltimo jogo da temporada, ainda por cima, fora de casa? Pra ajudar o Palmeiras? Ora, na rodada anterior, o time havia sido derrotado em seus domínios pelo Náutico... e vinha de outra derrota, para o Avaí... Da falta de empenho na marcação à falta de urgência na pressão nos vinte minutos finais, tudo me passou a impressão de que, em campo, havia um time interessado pelo título e outro esperando as férias. E só. Isso não quer dizer, em absoluto, "entregar" o jogo; fosse isto, Bruno não teria feito três difíceis defesas no segundo tempo. O que muita gente, principalmente os críticos dos pontos corridos, parece não entender é que, nas rodadas finais, como em qualquer campeonato do mundo, há diferentes motivações para cada time. Cobrar do Corinthians o mesmo empenho do Flamengo neste jogo seria como cobrar do Sport uma vitória sobre o São Paulo no próximo domingo.
Fato é que a postura do time despertou a ira de parte da torcida, indignada com o que chamou de falta de respeito, de amor à camisa... a ponto do Juca Kfouri, roxo, afirmar que o desempenho do Corinthians foi vergonhoso. E eis que então, pra selar o assunto, o jornal oficial do clube me vem com aquela manchete na segunda-feira...
Mesmo assim, eu não entendo e não concordo com quem faz agora essa celeuma em torno de Flamengo x Grêmio, que vale o hexa para o rubro-negro e nada, absolutamente nada, para o tricolor.
É o mesmo que comparar a pelada descompromissada semanal de qualquer boleiro com aquele jogo de campeonato da empresa, que vale troféu, rixa, gozações até o torneio seguinte etc.
Ninguém se esforça da mesma forma nas duas situações.
Da contusão de Ronaldo (agora confirmada por exames, segundo o departamento médico do clube) à paralisia de Felipe no pênalti, passando pelas expulsão de Chicão e as reclamações gerais após o jogo, principalmente do Mano, tudo me pareceu um imenso teatro. Afinal, o Corinthians perdeu o interesse neste campeonato assim que passou a não ter mais reais chances de conquistá-lo. Por que, então, se importar tanto com o penúltimo jogo da temporada, ainda por cima, fora de casa? Pra ajudar o Palmeiras? Ora, na rodada anterior, o time havia sido derrotado em seus domínios pelo Náutico... e vinha de outra derrota, para o Avaí... Da falta de empenho na marcação à falta de urgência na pressão nos vinte minutos finais, tudo me passou a impressão de que, em campo, havia um time interessado pelo título e outro esperando as férias. E só. Isso não quer dizer, em absoluto, "entregar" o jogo; fosse isto, Bruno não teria feito três difíceis defesas no segundo tempo. O que muita gente, principalmente os críticos dos pontos corridos, parece não entender é que, nas rodadas finais, como em qualquer campeonato do mundo, há diferentes motivações para cada time. Cobrar do Corinthians o mesmo empenho do Flamengo neste jogo seria como cobrar do Sport uma vitória sobre o São Paulo no próximo domingo.
Fato é que a postura do time despertou a ira de parte da torcida, indignada com o que chamou de falta de respeito, de amor à camisa... a ponto do Juca Kfouri, roxo, afirmar que o desempenho do Corinthians foi vergonhoso. E eis que então, pra selar o assunto, o jornal oficial do clube me vem com aquela manchete na segunda-feira...
Mesmo assim, eu não entendo e não concordo com quem faz agora essa celeuma em torno de Flamengo x Grêmio, que vale o hexa para o rubro-negro e nada, absolutamente nada, para o tricolor.
É o mesmo que comparar a pelada descompromissada semanal de qualquer boleiro com aquele jogo de campeonato da empresa, que vale troféu, rixa, gozações até o torneio seguinte etc.
Ninguém se esforça da mesma forma nas duas situações.
terça-feira, 1 de dezembro de 2009
A Incrível Saga do Hexa (ou "Nunca Mais Venha Me Dizer Que VOCÊ É Muito Rubro-Negro, parte II")
Do aeroporto de Viracopos rumamos para o Brinco de Ouro num táxi, ao preço de 55 reais. Como éramos três, achamos bem mais razoável que ficarmos andando de ônibus numa cidade desconhecida e cheia de torcidas organizadas do Corinthians apenas para economizar uns trocados. Nada razoável foi o tempo que levamos para chegar, não mais de quinze minutos... Pelo menos o motorista nos deixou de cara para a entrada reservada à nossa torcida, onde um mar de gente nas cores preta e vermelha e outro de policiais me fez sentir mais seguro. Nunca caí nesse papo de "torcidas co-irmãs". Apesar disso, ali pelas cercanias do estádio, o clima era pacífico, com rubro-negros e corintianos para todos os lados. À entrada, a polícia militar organizava as filas e fazia a revista. Foi nossa primeira surpresa:
- Não pode entrar de mochila.
- Hã? Mas eu abro, tiro tudo, pode revistar a mochila...
- Não pode entrar de mochila.
- Mas nós viemos do Rio, não estamos de carro, onde vou deixar a mochila?
- Não sei.
Não faz o mínimo sentido. Ainda tentei imaginar um motivo, como a possibilidade de tirar a alça da mochila para enforcar alguém, sei lá. Mas aí pensei que não pode ser esse, pois se eu quisesse enforcar alguém, poderia usar o cadarço, o cinto, a camisa... Pra nossa sorte, um estacionamento de restaurante ao lado aproveitou a situação para improvisar um guarda-volumes. Mais dez reais e pudemos finalmente entrar.
O estádio do Guarani é feio, sujo, desconfortável e perigoso. Logo na entrada do chamado tobogã, onde fica a torcida adversária, um túnel escuro, de teto baixo e não tão largo, dá acesso. Em caso de tumulto com casa cheia, um convite à tragédia. E trata-se da única entrada para aquele setor. Arquibancadas à antiga, sem assentos. Não há grades. Durante o jogo, dezenas se amontoavam nas quatro escadas de acesso, em outro convite a acidentes. Banheiros impraticáveis, alagados até o joelho. Polícia, quase nenhuma - basta dizer que, durante o jogo, um grupo atrás de nós fumou um cigarro de maconha como se estivesse no posto 9, em Ipanema. De longe deu pra perceber que cabines de rádio e tv continuam no século passado. Mas o que mais chamou minha atenção foi a estrutura montada sobre o teto do único setor coberto para as câmeras de transmissão. Dá pra imaginar que, com chuva e vento fortes, nada continue de pé ali. E que, como Campinas não terá jogos da Copa, a CBF vá deixar tudo correr assim até o século que vem.
- Não pode entrar de mochila.
- Hã? Mas eu abro, tiro tudo, pode revistar a mochila...
- Não pode entrar de mochila.
- Mas nós viemos do Rio, não estamos de carro, onde vou deixar a mochila?
- Não sei.
Não faz o mínimo sentido. Ainda tentei imaginar um motivo, como a possibilidade de tirar a alça da mochila para enforcar alguém, sei lá. Mas aí pensei que não pode ser esse, pois se eu quisesse enforcar alguém, poderia usar o cadarço, o cinto, a camisa... Pra nossa sorte, um estacionamento de restaurante ao lado aproveitou a situação para improvisar um guarda-volumes. Mais dez reais e pudemos finalmente entrar.
O estádio do Guarani é feio, sujo, desconfortável e perigoso. Logo na entrada do chamado tobogã, onde fica a torcida adversária, um túnel escuro, de teto baixo e não tão largo, dá acesso. Em caso de tumulto com casa cheia, um convite à tragédia. E trata-se da única entrada para aquele setor. Arquibancadas à antiga, sem assentos. Não há grades. Durante o jogo, dezenas se amontoavam nas quatro escadas de acesso, em outro convite a acidentes. Banheiros impraticáveis, alagados até o joelho. Polícia, quase nenhuma - basta dizer que, durante o jogo, um grupo atrás de nós fumou um cigarro de maconha como se estivesse no posto 9, em Ipanema. De longe deu pra perceber que cabines de rádio e tv continuam no século passado. Mas o que mais chamou minha atenção foi a estrutura montada sobre o teto do único setor coberto para as câmeras de transmissão. Dá pra imaginar que, com chuva e vento fortes, nada continue de pé ali. E que, como Campinas não terá jogos da Copa, a CBF vá deixar tudo correr assim até o século que vem.
segunda-feira, 30 de novembro de 2009
A Incrível Saga do Hexa (ou "Nunca Mais Venha Me Dizer Que VOCÊ É Muito Rubro-Negro, parte I")
Quarta-feira, 25 de novembro. Menos de vinte e quatro horas depois de momentos de sofrimento e angústia, por conta da Missão Quase Impossível de conseguir ingresso para o jogo contra o Grêmio, recebo a notícia devastadora - Adriano estava fora da partida contra o Corinthians. E eu, com ingresso para o Brinco de Ouro numa mão, e-ticket da TAM (Tamo Aqui Mengão) na outra e um imenso ódio do nosso artilheiro, um perfeito moleque. "Não há de ser nada", penso, mais confiante que nunca.
Ser rubro-negro, em determinadas (poucas) horas, não é fácil; da mesma forma que emociona estar em Fortaleza e ver um jogo no boteco como se estivesse no Leblon, cheio de rubro-negros (que fique claro que não vejo jogo no Leblon), é complicado encarar o fato de que, além de mim, há outros 35 milhões com a mesma paixão, muitos destes milhões na minha cidade. Assim como os ingressos para a partida contra o Grêmio, rapidamente começaram a se esgotar também os voos e ônibus para Campinas, mesmo depois da queimadura imperial.
Sobraram uma ida de avião e uma volta de busão, numa tal de viação Motta. Hmmm. Nada poderia ser mais diametralmente oposto.
Chego ao Galeão, com meu irmão e um amigo, e lá estão outras dezenas de rubro-negros - a fila do check-in parecia a da bilheteria. Ou quase. Só tinha um negro e a maioria absoluta era formada por marmanjos bem alimentados e fortes, daqueles que de fato assistem aos jogos no Leblon quando não vão ao estádio e cresceram à base de Sustagem. Tudo muito dentro dos padrões de educação que se espera dessa gente num aeroporto - sim, porque classe média até hoje tem aquele conceito de que viajar de avião não é como pegar um ônibus. Até o embarque.
Mais da metade dos passageiros do voo 3831 era de torcedores. Que, antes mesmo de decolar, começaram a cantar. Nada ofensivo, nenhum palavrão, que me lembre. O que sobrava, sim, eram o bom-humor e a irreverência típicos do carioca. Só mesmo um bando deles para puxar uma ola e pegar o panfleto vermelho do assento da frente e formar um mosáico dentro do avião, com direito a coreografia, risos de quem fazia e sorrisos daqueles que assistiam a tudo, sem nunca parecerem incomodados, o que é raro.
Momentos assim ficam pra sempre na memória. Pena que, destes, não tenha tirado nenhuma foto. Mas ao longo da semana, nos próximos capítulos, elas virão.
Assim como o hexa.
* * *
E o ano pode terminar com as cinco maiores torcidas do Rio tendo motivos para comemorar. Que incrível é o futebol.
Ser rubro-negro, em determinadas (poucas) horas, não é fácil; da mesma forma que emociona estar em Fortaleza e ver um jogo no boteco como se estivesse no Leblon, cheio de rubro-negros (que fique claro que não vejo jogo no Leblon), é complicado encarar o fato de que, além de mim, há outros 35 milhões com a mesma paixão, muitos destes milhões na minha cidade. Assim como os ingressos para a partida contra o Grêmio, rapidamente começaram a se esgotar também os voos e ônibus para Campinas, mesmo depois da queimadura imperial.
Sobraram uma ida de avião e uma volta de busão, numa tal de viação Motta. Hmmm. Nada poderia ser mais diametralmente oposto.
Chego ao Galeão, com meu irmão e um amigo, e lá estão outras dezenas de rubro-negros - a fila do check-in parecia a da bilheteria. Ou quase. Só tinha um negro e a maioria absoluta era formada por marmanjos bem alimentados e fortes, daqueles que de fato assistem aos jogos no Leblon quando não vão ao estádio e cresceram à base de Sustagem. Tudo muito dentro dos padrões de educação que se espera dessa gente num aeroporto - sim, porque classe média até hoje tem aquele conceito de que viajar de avião não é como pegar um ônibus. Até o embarque.
Mais da metade dos passageiros do voo 3831 era de torcedores. Que, antes mesmo de decolar, começaram a cantar. Nada ofensivo, nenhum palavrão, que me lembre. O que sobrava, sim, eram o bom-humor e a irreverência típicos do carioca. Só mesmo um bando deles para puxar uma ola e pegar o panfleto vermelho do assento da frente e formar um mosáico dentro do avião, com direito a coreografia, risos de quem fazia e sorrisos daqueles que assistiam a tudo, sem nunca parecerem incomodados, o que é raro.
Momentos assim ficam pra sempre na memória. Pena que, destes, não tenha tirado nenhuma foto. Mas ao longo da semana, nos próximos capítulos, elas virão.
Assim como o hexa.
* * *
E o ano pode terminar com as cinco maiores torcidas do Rio tendo motivos para comemorar. Que incrível é o futebol.
sexta-feira, 27 de novembro de 2009
O Flu errou? (de novo)
Segunda, no Linha de Passe, da ESPN Brasil, Juca Kfouri foi prudente em fazer um alerta antes de seu comentário, antecipando-se às críticas tricolores que viriam depois, por email: "Se eu fosse o presidente do Fluminense, levaria um time de reservas e garotos para Quito. É fato que o tricolor, seja com o time que for, será goleado pela LDU."
Quem assiste ao programa, sabe que Juca não tem nada de profeta, muito pelo contrário - já se cansou de perder braços e pernas quando os apostou na vitória de a, b ou c. Mas, desta vez, Juca estava certo.
Temia ele pela quebra do encanto, pelo fim desse casamento time/torcida que vinha sendo tão importante nos últimos jogos; "se levar um time reserva e perder, não faz diferença, mas se o titular for goleado..."
E foi. De cinco.
Se eu fosse o presidente do Fluminense (Deus me livre, que horror escrever isso).
De novo - se eu fosse o presidente do Fluminense (agora foi), eu pensaria como o Juca, sem dúvida.
De que vale o título da Sul-Americana se o time for rebaixado para a série B? Aliás, de que vale o título da Sul-Americana, anyway?
Como a goleada sofrida pelos titulares, não esperem mais casa lotada nem domingo, nem quarta. Mais um erro dessa turma que afunda o Flu sem dó.
Quem assiste ao programa, sabe que Juca não tem nada de profeta, muito pelo contrário - já se cansou de perder braços e pernas quando os apostou na vitória de a, b ou c. Mas, desta vez, Juca estava certo.
Temia ele pela quebra do encanto, pelo fim desse casamento time/torcida que vinha sendo tão importante nos últimos jogos; "se levar um time reserva e perder, não faz diferença, mas se o titular for goleado..."
E foi. De cinco.
Se eu fosse o presidente do Fluminense (Deus me livre, que horror escrever isso).
De novo - se eu fosse o presidente do Fluminense (agora foi), eu pensaria como o Juca, sem dúvida.
De que vale o título da Sul-Americana se o time for rebaixado para a série B? Aliás, de que vale o título da Sul-Americana, anyway?
Como a goleada sofrida pelos titulares, não esperem mais casa lotada nem domingo, nem quarta. Mais um erro dessa turma que afunda o Flu sem dó.
segunda-feira, 23 de novembro de 2009
Noah sim, Gordon não. Nem Juan.
Faltam só duas rodadas agora.
E o São Paulo (62), que perdeu para o Bota, só precisa vencer Goiás e Sport. O Goiás que tirou dois pontos do Fla diante de um Maracanã lotado e o Sport, lanterna, rebaixado, derrotado pelo Flu.
O Fla de Andrade (61), que podia ser líder nesse momento em que escrevo, ainda tem Corinthians e Grêmio pela frente. Vai precisar jogar bem mais do que ontem para vencer ambos. E o rubro-negro não tem jogado bem.
Enquanto isso, Internacional (59) e Palmeiras (59) ainda sonham com (perfeitamente possíveis) tropeços dos dois. O que não seria, claro, nenhuma surpresa. Aos mineiros, resta a briga por uma vaga na Libertadores, embora ache difícil que cheguem.
Enfim, nenhuma novidade num campeonato cantado e versado por sua irregularidade e equilíbrio de (fracas) forças, diante de tantos tropeços dos líderes na hora em que mais precisavam se afirmar - aconteceu com Atlético, depois Inter, Palmeiras, São Paulo e, agora, Flamengo.
A grande novidade da rodada, esta sim, é que o Fluminense, dado por rebaixado por muitos, agora depende apenas de si, já que na última rodada enfrenta o Coritiba, que tem apenas dois pontos a mais que ele - assim como Botafogo e Atlético Paranaense. Quem diria.
E quem se arrisca a dizer quem levanta taça e quem sobe nesse momento...
* * *
Sou frequentador do Maracanã desde moleque. E sempre disse que há, sim, uma distância imensa entre os diferentes tipos de torcedor: a) o que vai aos jogos no estádios, b) o que assiste aos jogos pela tv e c) o eventual torcedor, aquele que vez na vida, vez na morte, vai ao estádio e, vez em quando, acompanha o time pela telinha.
Vou usar o basquete, especificamente meus Bulls, para explicar melhor. Até o ano passado, havia no time um armador chamado Ben Gordon. Um tanto baixinho pra posição dois, um tanto preguiçoso na defesa mas, sem dúvida, um grande arremessador, capaz de cestas incríveis, principalmente nos instantes finais, nos momentos de decisão.
Ben Gordon foi o cestinha e ponto de referência do ataque do time por quatro temporadas seguidas. Mas quando seu contrato acabou, no meio deste ano, a diretoria dos Bulls simplesmente o deixou ir, sem nada ganhar em troca. Muitos não entenderam. Mas a resposta é simples - BG jogava para si. Sem ele, o Chicago se transforma, a cada dia, num time mais coeso do que jamais foi nos últimos anos. E, para surpresa geral, um dos maiores motivos é Joaquim Noah, pivô alto, cabeludo e desengonçado, dono de um dos arremessos mais esquisitos e feios que já vi, filho do grande Yannick Noah, tenista das antigas.
Pra quem não assiste aos jogos dos Bulls, Gordon era o craque que a diretoria deixou ir embora e Noah, o cabeça-de-bagre que virou titular.
Pra quem acompanha o time, Gordon era o câncer que foi embora e Noah, a principal fonte de energia e motivação da equipe. Não é, nem jamais será um craque. Mas deixa a alma em quadra, jogo após jogos. Entrega total ao time.
Eu dei essa volta toda pra chegar ao Juan, lateral-esquerdo do Flamengo.
Porque eu confesso: NÃO AGUENTO MAIS O JUAN com a camisa rubro-negra. Seu jeito displicente, sua disposição para correr no ataque e sua preguiça de voltar para a defesa, sua indolência nessa volta, sempre naquele trotezinho de velho correndo no calçadão de Copa, enquanto outros se matam por ele.
Juan e Ben Gordon são iguais.
Mas só quem vai ao estádio sabe disso. Porque a tv jamais mostra Juan quando ele não está na jogada.
E o São Paulo (62), que perdeu para o Bota, só precisa vencer Goiás e Sport. O Goiás que tirou dois pontos do Fla diante de um Maracanã lotado e o Sport, lanterna, rebaixado, derrotado pelo Flu.
O Fla de Andrade (61), que podia ser líder nesse momento em que escrevo, ainda tem Corinthians e Grêmio pela frente. Vai precisar jogar bem mais do que ontem para vencer ambos. E o rubro-negro não tem jogado bem.
Enquanto isso, Internacional (59) e Palmeiras (59) ainda sonham com (perfeitamente possíveis) tropeços dos dois. O que não seria, claro, nenhuma surpresa. Aos mineiros, resta a briga por uma vaga na Libertadores, embora ache difícil que cheguem.
Enfim, nenhuma novidade num campeonato cantado e versado por sua irregularidade e equilíbrio de (fracas) forças, diante de tantos tropeços dos líderes na hora em que mais precisavam se afirmar - aconteceu com Atlético, depois Inter, Palmeiras, São Paulo e, agora, Flamengo.
A grande novidade da rodada, esta sim, é que o Fluminense, dado por rebaixado por muitos, agora depende apenas de si, já que na última rodada enfrenta o Coritiba, que tem apenas dois pontos a mais que ele - assim como Botafogo e Atlético Paranaense. Quem diria.
E quem se arrisca a dizer quem levanta taça e quem sobe nesse momento...
* * *
Sou frequentador do Maracanã desde moleque. E sempre disse que há, sim, uma distância imensa entre os diferentes tipos de torcedor: a) o que vai aos jogos no estádios, b) o que assiste aos jogos pela tv e c) o eventual torcedor, aquele que vez na vida, vez na morte, vai ao estádio e, vez em quando, acompanha o time pela telinha.
Vou usar o basquete, especificamente meus Bulls, para explicar melhor. Até o ano passado, havia no time um armador chamado Ben Gordon. Um tanto baixinho pra posição dois, um tanto preguiçoso na defesa mas, sem dúvida, um grande arremessador, capaz de cestas incríveis, principalmente nos instantes finais, nos momentos de decisão.
Ben Gordon foi o cestinha e ponto de referência do ataque do time por quatro temporadas seguidas. Mas quando seu contrato acabou, no meio deste ano, a diretoria dos Bulls simplesmente o deixou ir, sem nada ganhar em troca. Muitos não entenderam. Mas a resposta é simples - BG jogava para si. Sem ele, o Chicago se transforma, a cada dia, num time mais coeso do que jamais foi nos últimos anos. E, para surpresa geral, um dos maiores motivos é Joaquim Noah, pivô alto, cabeludo e desengonçado, dono de um dos arremessos mais esquisitos e feios que já vi, filho do grande Yannick Noah, tenista das antigas.
Pra quem não assiste aos jogos dos Bulls, Gordon era o craque que a diretoria deixou ir embora e Noah, o cabeça-de-bagre que virou titular.
Pra quem acompanha o time, Gordon era o câncer que foi embora e Noah, a principal fonte de energia e motivação da equipe. Não é, nem jamais será um craque. Mas deixa a alma em quadra, jogo após jogos. Entrega total ao time.
Eu dei essa volta toda pra chegar ao Juan, lateral-esquerdo do Flamengo.
Porque eu confesso: NÃO AGUENTO MAIS O JUAN com a camisa rubro-negra. Seu jeito displicente, sua disposição para correr no ataque e sua preguiça de voltar para a defesa, sua indolência nessa volta, sempre naquele trotezinho de velho correndo no calçadão de Copa, enquanto outros se matam por ele.
Juan e Ben Gordon são iguais.
Mas só quem vai ao estádio sabe disso. Porque a tv jamais mostra Juan quando ele não está na jogada.
segunda-feira, 16 de novembro de 2009
Quem é O craque?
Talvez a lenga-lenga mais comum originada deste brasileirão 2009, depois, claro, do mantra "não há um time realmente bom", seja a da ausência de craques. Ou melhor, de UM CRAQUE. O tal. O bam-bam-bam. O pica, na linguagem dos boleiros.
Quando o Palmeiras liderava com folgas - sem jogar bem, diga-se - a crônica esportiva em geral não se cansava de massagear o ego de Diego Souza. O mesmo Diego que eu tanto xinguei em sua passagem pelo Flamengo, o mesmo de tantas confusões e atitudes descabidas por onde passou. Aliás, o mesmo que tem ainda um enorme gancho a cumprir no próximo campeonato paulista, ônus de uma agressão covarde que, claro, não condiz com a condição de craque que ele nunca teve. Mas, sabem como é parte da "imprensa" paulista, aquela de gente como Mílton Neves, Neto... (se bem que, à época, teve muita gente boa também enchendo a bola do rapaz).
O tempo passou, a liderança folgada do Palmeiras se foi e, com ela, a dita boa fase de Diego. Nada melhor para testar um verdadeiro craque que a adversidade. É nessa hora que ele se eleva e garante que o barco continue no rumo, que a tripulação siga motivada e alerta, e que os ventos de través não diminuam o ritmo da velejada. Diego não fez nada disso. Se perdeu juntamente com todo o time, mesmo contando com um navegador como Muricy. Tudo, claro, porque não é, nem nunca foi, craque.
Mas todo campeonato precisa de um, certo? Quem seria ele então?
Com a briga pelo título cada vez mais restrita a São Paulo e Flamengo, é natural que se olhe para o elenco destes dois times para se obter a resposta.
Rogério Ceni, se o tricolor for tetra/hepta? Não, Rogério jogou pouco - perdeu boa parte do campeonato se recuperando de lesão - e, quando jogou, não foi o Rogério do ano passado, por exemplo. Hernanes? Sem bola pra isso. Dagoberto, Jorge Wagner, Washington? Nem pensar.
Adriano, se o Flamengo for hexa? Pode ser. Adriano também chegou com o campeonato em andamento, num time que vinha mal das pernas... com ele, o Fla subiu e entrou na briga, muito graças a seus gols. Se terminar como artilheiro, quem sabe até superando a marca histórica de Zico pelo clube, o Imperador terá um bom argumento para reivindiar o posto de craque deste brasileirão.
Mas tem aquele sérvio.
O veterano de 37 anos que acertou com o clube para que este lhe quitasse uma dívida. Que foi motivo de piadas e desconfiança quando retornou à Gávea (minha, inclusive). Que, sob o comando de Cuca, entrava faltando cinco minutos pro fim dos jogos, quando entrava.
Sob o comando de Andrade, a partir da décima-quarta rodada, tudo mudou. Petkovic passou três jogos sem ver bola, apurando a forma física. Na derrota para o Goiás por 3x2, entrou no lugar do contundido Kléberson para marcar um gol e nunca mais sair do time titular. Dali em diante, o Flamengo ficou quatro jogos sem ele - quatro derrotas, para Grêmio, Cruzeiro, Avaí (estas três, seguidas, quando o time, cheio de desfalques, ficou cheio de garotos) e Barueri, recentemente.
Nos 14 jogos em que atuou como titular, o Flamengo venceu onze e empatou três. E Pet marcou oito gols. Quatro deles nos jogos decisivos contra São Paulo, Palmeiras e Atlético Mineiro.
Ao contrário de Diego Souza, Pet, que é craque, elevou seu futebol nos momentos em que o Fla mais precisou. Como titular, tem aproveitamento superior ao de Adriano. Pode ter marcado menos que este, mas também jogou menos, atua em posição mais recuada e, no fim das contas, foi o responsável direto por vários dos 19 gols do Imperador.
Então, se o Fla for campeão, entreguem o troféu de craque do campeonato ao gringo. Ele merece.
Quando o Palmeiras liderava com folgas - sem jogar bem, diga-se - a crônica esportiva em geral não se cansava de massagear o ego de Diego Souza. O mesmo Diego que eu tanto xinguei em sua passagem pelo Flamengo, o mesmo de tantas confusões e atitudes descabidas por onde passou. Aliás, o mesmo que tem ainda um enorme gancho a cumprir no próximo campeonato paulista, ônus de uma agressão covarde que, claro, não condiz com a condição de craque que ele nunca teve. Mas, sabem como é parte da "imprensa" paulista, aquela de gente como Mílton Neves, Neto... (se bem que, à época, teve muita gente boa também enchendo a bola do rapaz).
O tempo passou, a liderança folgada do Palmeiras se foi e, com ela, a dita boa fase de Diego. Nada melhor para testar um verdadeiro craque que a adversidade. É nessa hora que ele se eleva e garante que o barco continue no rumo, que a tripulação siga motivada e alerta, e que os ventos de través não diminuam o ritmo da velejada. Diego não fez nada disso. Se perdeu juntamente com todo o time, mesmo contando com um navegador como Muricy. Tudo, claro, porque não é, nem nunca foi, craque.
Mas todo campeonato precisa de um, certo? Quem seria ele então?
Com a briga pelo título cada vez mais restrita a São Paulo e Flamengo, é natural que se olhe para o elenco destes dois times para se obter a resposta.
Rogério Ceni, se o tricolor for tetra/hepta? Não, Rogério jogou pouco - perdeu boa parte do campeonato se recuperando de lesão - e, quando jogou, não foi o Rogério do ano passado, por exemplo. Hernanes? Sem bola pra isso. Dagoberto, Jorge Wagner, Washington? Nem pensar.
Adriano, se o Flamengo for hexa? Pode ser. Adriano também chegou com o campeonato em andamento, num time que vinha mal das pernas... com ele, o Fla subiu e entrou na briga, muito graças a seus gols. Se terminar como artilheiro, quem sabe até superando a marca histórica de Zico pelo clube, o Imperador terá um bom argumento para reivindiar o posto de craque deste brasileirão.
Mas tem aquele sérvio.
O veterano de 37 anos que acertou com o clube para que este lhe quitasse uma dívida. Que foi motivo de piadas e desconfiança quando retornou à Gávea (minha, inclusive). Que, sob o comando de Cuca, entrava faltando cinco minutos pro fim dos jogos, quando entrava.
Sob o comando de Andrade, a partir da décima-quarta rodada, tudo mudou. Petkovic passou três jogos sem ver bola, apurando a forma física. Na derrota para o Goiás por 3x2, entrou no lugar do contundido Kléberson para marcar um gol e nunca mais sair do time titular. Dali em diante, o Flamengo ficou quatro jogos sem ele - quatro derrotas, para Grêmio, Cruzeiro, Avaí (estas três, seguidas, quando o time, cheio de desfalques, ficou cheio de garotos) e Barueri, recentemente.
Nos 14 jogos em que atuou como titular, o Flamengo venceu onze e empatou três. E Pet marcou oito gols. Quatro deles nos jogos decisivos contra São Paulo, Palmeiras e Atlético Mineiro.
Ao contrário de Diego Souza, Pet, que é craque, elevou seu futebol nos momentos em que o Fla mais precisou. Como titular, tem aproveitamento superior ao de Adriano. Pode ter marcado menos que este, mas também jogou menos, atua em posição mais recuada e, no fim das contas, foi o responsável direto por vários dos 19 gols do Imperador.
Então, se o Fla for campeão, entreguem o troféu de craque do campeonato ao gringo. Ele merece.
segunda-feira, 9 de novembro de 2009
Pra botar fogo na reta final.
Os tropeços de São Paulo e Palmeiras e a vitória do Flamengo embolaram de vez a briga pelo título brasileiro - e ainda há o Atlético Mineiro, que se tivesse vencido seria o novo líder. Cruzeiro e Inter, pela distância para a ponta da tabela e também para o fim do campeonato, me parecem ter ficado pelo caminho da Libertadores apenas.
Faltando quatro rodadas, teremos apenas um confronto direto entre os postulantes ao caneco - Palmeiras x Atlético, na penúltima. O time mineiro também ainda terá pela frente Inter e Corinthians, logo, teoricamente, o caminho mais árduo.
O Fla, protagonista da arrancada que incendeia o campeonato, vai ter que suar sangue no domingo que vem para vencer o Náutico, nos Aflitos, com importantes desfalques. Depois, contra Goiás, Corinthians e Grêmio, pode até mesmo acabar tendo pela frente, por conta das circunstâncias, adversários desinteressados, quase de fato de férias.
Dou essa volta toda para chegar ao Botafogo. Sim, o Botafogo. É ele quem vai decidir o campeão brasileiro de 2009.
Ontem, mostrou personalidade ao vencer o Coritiba, na sua casa, igualando-se a este nos 41 pontos e se mantendo cinco à frente do Flu, o primeiro da zona de degola. Imaginem a crise hoje no clube se esta vitória não tivesse se consumado.
Mas fato é que o Bota ainda não se livrou matematicamente, apesar desta distância e, principalmente, porque o tricolor vive, ao lado do Fla, o melhor momento entre os vinte times do campeonato. E a perspectiva é de que o tricolor continue enchendo o Maracanâ em casa (Atlético PR domingo que vem e Vitória na penúltima rodada) e se enchendo de brios fora (Sport, daqui duas semanas, provavelmente já rebaixado, e Coritiba, na última rodada).
É por isso que o Botafogo vai permanecer com o sinal de alerta ligado.
E o alvinegro ainda será adversário de São Paulo (36a rodada) e Palmeiras (última).
Aí se descortinam alguns cenários bem interessantes.
Porque se diante do São Paulo o time pode chegar precisando apenas de um empate para se livrar matematicamente (caso vença o Barueri, domingo que vem, e o Flu perca seu jogo), contra o Palmeiras, no encerramento do campeonato, pode já estar livre da segundona e de qualquer obrigação de esforço, que poderia ser fundamental para que seu maior rival, o Flamengo, chegue ao título.
Ou não, porque o Palmeiras pode tropeçar antes disto, contra o Atlético Mineiro.
Então tomem nota - 22 de novembro, um domingo, tem Botafogo x São Paulo no Engenhão. É o jogo que pode decidir o campeonato. Porque afinal, os demais adversários do tricolor serão Vitória, antes, Goiás e Sport, depois. Jogos em que um tropeço será bem mais improvável.
* * *
E o Simon, hein? O que ainda faz com um apito na boca?
* * *
E o Pato e o Diego, hein? O que ainda fazem fora do escrete do Dunga?
Faltando quatro rodadas, teremos apenas um confronto direto entre os postulantes ao caneco - Palmeiras x Atlético, na penúltima. O time mineiro também ainda terá pela frente Inter e Corinthians, logo, teoricamente, o caminho mais árduo.
O Fla, protagonista da arrancada que incendeia o campeonato, vai ter que suar sangue no domingo que vem para vencer o Náutico, nos Aflitos, com importantes desfalques. Depois, contra Goiás, Corinthians e Grêmio, pode até mesmo acabar tendo pela frente, por conta das circunstâncias, adversários desinteressados, quase de fato de férias.
Dou essa volta toda para chegar ao Botafogo. Sim, o Botafogo. É ele quem vai decidir o campeão brasileiro de 2009.
Ontem, mostrou personalidade ao vencer o Coritiba, na sua casa, igualando-se a este nos 41 pontos e se mantendo cinco à frente do Flu, o primeiro da zona de degola. Imaginem a crise hoje no clube se esta vitória não tivesse se consumado.
Mas fato é que o Bota ainda não se livrou matematicamente, apesar desta distância e, principalmente, porque o tricolor vive, ao lado do Fla, o melhor momento entre os vinte times do campeonato. E a perspectiva é de que o tricolor continue enchendo o Maracanâ em casa (Atlético PR domingo que vem e Vitória na penúltima rodada) e se enchendo de brios fora (Sport, daqui duas semanas, provavelmente já rebaixado, e Coritiba, na última rodada).
É por isso que o Botafogo vai permanecer com o sinal de alerta ligado.
E o alvinegro ainda será adversário de São Paulo (36a rodada) e Palmeiras (última).
Aí se descortinam alguns cenários bem interessantes.
Porque se diante do São Paulo o time pode chegar precisando apenas de um empate para se livrar matematicamente (caso vença o Barueri, domingo que vem, e o Flu perca seu jogo), contra o Palmeiras, no encerramento do campeonato, pode já estar livre da segundona e de qualquer obrigação de esforço, que poderia ser fundamental para que seu maior rival, o Flamengo, chegue ao título.
Ou não, porque o Palmeiras pode tropeçar antes disto, contra o Atlético Mineiro.
Então tomem nota - 22 de novembro, um domingo, tem Botafogo x São Paulo no Engenhão. É o jogo que pode decidir o campeonato. Porque afinal, os demais adversários do tricolor serão Vitória, antes, Goiás e Sport, depois. Jogos em que um tropeço será bem mais improvável.
* * *
E o Simon, hein? O que ainda faz com um apito na boca?
* * *
E o Pato e o Diego, hein? O que ainda fazem fora do escrete do Dunga?
terça-feira, 3 de novembro de 2009
Onde está a emoção?
Eu sou fanático por basquete. Se tem um jogo passando na tv, eu assisto. Se tem uma peladinha com quatro moleques aqui na Lagoa, eu paro e vejo. Simples assim. Joguei a vida toda e sei que pode haver mais emoção até num racha entre amigos do que numa partida da NBA. Qualidade técnica, claro, são outros quinhentos.
É por isso que me espanta que tanta gente dita entendida no esporte não saiba diferenciar as duas coisas na hora de falar sobre este campeonato brasileiro.
"- Ah, mas é equilibrado porque ninguém se destaca, os times se nivelam por baixo."
"- É emocionante porque várias equipes disputam o título, mas não são bons times."
É verdade. São verdades.
Chegaram à trigésima-terceira de trinta e oito rodadas nada menos que seis pretendentes ao título porque, a rigor, nenhum deles foi capaz de disparar na liderança (ou, no caso de Flamengo e Cruzeiro, serem capazes de evitar longas sequências de maus resultados ao longo do caminho).
Realmente, o nivelamento é feito por baixo. Veteranos como Petkovic e Marcelinho Paraíba estão entre aqueles que têm mostrado o melhor futebol até aqui, ao lado de nomes que nunca se firmaram como craques - como os Diegos Souza e Tardelli -, repatriados do futebol europeu que buscam a redenção - como Adriano e Ronaldo -, e algumas poucas revelações que não chegam a empolgar, como Fernandinho, do Barueri, e Marquinhos, do Avaí.
Quando, entre os dez principais artilheiros, estão Obina, Val Baiano e Wellington Paulista, não é preciso dizer mais nada.
Mas e daí?
E daí que não temos aqui um Kaká, um Ronaldo, um Gerard, um Messi? São realmente nossos jogos tão menos emocionantes assim?
Faltou emoção na virada épica do Fluminense sobre o Cruzeiro? A incompetência mineira e a reação tardia carioca fizeram do jogo menos emocionante? Será que quem tanto critica tem mesmo assistido ao futebol que se joga por outras bandas?
É mais emocionante ter seis times de massa brigando por um título, apesar de sua mediocridade, ou um chatérrimo campeonato polarizado entre Real e Barça, mesmo recheados de estrelas?
Emoção e qualidade técnica, é verdade, se encontram na Premier League e, sobretudo, na Champions. Porque na Itália, as partidas têm sido de doer... e mesmo na Inglaterra, após apenas onze rodadas, o Liverpool já ficou pelo caminho e, de novo, a briga deve ser entre United e Chelsea, com o irresistível Arsenal tentando seguir os dois gigantes.
Enquanto isso, por aqui, a emoção é menosprezada em função da falta de craques, de dinheiro, de organização... uma pena. Porque a emoção do jogo de futebol não atenta necessariamente para nada disso.
* * *
Claro que, dentro da nossa estrutura, tudo que puder ser feito para atrapalhar, será.
Nem nas arquibancadas em Ribeirão Preto se aguentava o calor absurdo do sol das três da tarde. Porque, claro, a CBF igonora o horário de verão que contraria a TV.
Nem numa reta final de campeonato um jogo decisivo deixa de ser puxado para o meio da semana, apenas ele, para satisfazer a grade da TV.
Isso sem falar das arbitragens pífias, das malas brancas e sabe-se mais o que virá até o fim.
* * *
Mas é só aqui que o lanterna do campeonato - um clube que já foi campeão nacional, diga-se - é capaz de vencer, em sequência, dois dos primeiros quatro colocados na tabela, nos deliciando com a simples imagem de um Muricy perdendo o sono por conta de quem, há apenas duas rodadas, era cavalo morto.
Emocionante, sim.
É por isso que me espanta que tanta gente dita entendida no esporte não saiba diferenciar as duas coisas na hora de falar sobre este campeonato brasileiro.
"- Ah, mas é equilibrado porque ninguém se destaca, os times se nivelam por baixo."
"- É emocionante porque várias equipes disputam o título, mas não são bons times."
É verdade. São verdades.
Chegaram à trigésima-terceira de trinta e oito rodadas nada menos que seis pretendentes ao título porque, a rigor, nenhum deles foi capaz de disparar na liderança (ou, no caso de Flamengo e Cruzeiro, serem capazes de evitar longas sequências de maus resultados ao longo do caminho).
Realmente, o nivelamento é feito por baixo. Veteranos como Petkovic e Marcelinho Paraíba estão entre aqueles que têm mostrado o melhor futebol até aqui, ao lado de nomes que nunca se firmaram como craques - como os Diegos Souza e Tardelli -, repatriados do futebol europeu que buscam a redenção - como Adriano e Ronaldo -, e algumas poucas revelações que não chegam a empolgar, como Fernandinho, do Barueri, e Marquinhos, do Avaí.
Quando, entre os dez principais artilheiros, estão Obina, Val Baiano e Wellington Paulista, não é preciso dizer mais nada.
Mas e daí?
E daí que não temos aqui um Kaká, um Ronaldo, um Gerard, um Messi? São realmente nossos jogos tão menos emocionantes assim?
Faltou emoção na virada épica do Fluminense sobre o Cruzeiro? A incompetência mineira e a reação tardia carioca fizeram do jogo menos emocionante? Será que quem tanto critica tem mesmo assistido ao futebol que se joga por outras bandas?
É mais emocionante ter seis times de massa brigando por um título, apesar de sua mediocridade, ou um chatérrimo campeonato polarizado entre Real e Barça, mesmo recheados de estrelas?
Emoção e qualidade técnica, é verdade, se encontram na Premier League e, sobretudo, na Champions. Porque na Itália, as partidas têm sido de doer... e mesmo na Inglaterra, após apenas onze rodadas, o Liverpool já ficou pelo caminho e, de novo, a briga deve ser entre United e Chelsea, com o irresistível Arsenal tentando seguir os dois gigantes.
Enquanto isso, por aqui, a emoção é menosprezada em função da falta de craques, de dinheiro, de organização... uma pena. Porque a emoção do jogo de futebol não atenta necessariamente para nada disso.
* * *
Claro que, dentro da nossa estrutura, tudo que puder ser feito para atrapalhar, será.
Nem nas arquibancadas em Ribeirão Preto se aguentava o calor absurdo do sol das três da tarde. Porque, claro, a CBF igonora o horário de verão que contraria a TV.
Nem numa reta final de campeonato um jogo decisivo deixa de ser puxado para o meio da semana, apenas ele, para satisfazer a grade da TV.
Isso sem falar das arbitragens pífias, das malas brancas e sabe-se mais o que virá até o fim.
* * *
Mas é só aqui que o lanterna do campeonato - um clube que já foi campeão nacional, diga-se - é capaz de vencer, em sequência, dois dos primeiros quatro colocados na tabela, nos deliciando com a simples imagem de um Muricy perdendo o sono por conta de quem, há apenas duas rodadas, era cavalo morto.
Emocionante, sim.
sexta-feira, 30 de outubro de 2009
Mata-Mata.
Faltam só seis rodadas. Então, vejamos:
O Palmeiras tem pela frente o clássico contra o Corinthians, em que qualquer resultado será normal (como, aliás, penso ser qualquer resultado, em qualquer jogo deste campeonato). Pode também tropeçar diante do Fluminense, no Maracanã. Depois recebe o Sport. Enfrenta ainda o Grêmio, no Olímpico - pela lógica das necessidades de cada um à essa altura, o Palmeiras seria favorito. Mas e diante do Atlético Mineiro, depois? Um empate não seria anormal.
O São Paulo vai vencer o Barueri, no Morumbi. Mas pode muito bem perder dois pontinhos diante do Grêmio, no Olímpico. Algo que não deve acontecer contra o Vitória, novamente em casa. Mas que pode se repetir diante do Botafogo, rival histórico e que estará precisando da vitória no Engenhão. Outro jogo fora, contra o Goiás, deve ser mais fácil.
O Atlético Mineiro tem jogo duro contra o Goiás. Pra quem foi capaz de perder para o Flu, deixar dois pontinhos no Serra Dourada não seria surpresa. Se isso acontecer, outro revés diante do Flamengo, mesmo em casa, não seria algo inimaginável. O que tornaria a vitória sobre o Coritiba, fora, na rodada seguinte, obrigatória. Depois viria o clássico contra o Inter, no Mineirão, em que o empate seria resultado mais que normal.
O Internacional deve vencer o Botafogo, em casa. Idem diante do Barueri, e também contra o Santos, no Beira-Rio. Mas pode empatar ou perder para o Atlético Mineiro, no Mineirão. E ainda diante do Sport, novamente fora, já que na hora H esse Inter tem rateado.
O Cruzeiro não deve tomar conhecimento do Fluminense no Mineirão. Mas pode perfeitamente ser surpreendido pelo desesperado Sport na rodada seguinte, na Ilha do Retiro. Pega o Grêmio, em casa, na sequência. Depois enfrenta o Atlético Paranaense, fora, em jogo decisivo. Apostaria no Cruzeiro em ambos. Assim como contra o Coritiba, em Minas.
O Flamengo tem tudo para vencer o Santos, no Maracanã, se tiver Petkovic. E se vencer, pode também passar pelo Galo, no Mineirão, no embalo. Claro que, aí, aumentaria a probabilidade de um daqueles tropeços tolos contra o Náutico, nos Aflitos. De volta ao Maracanã, sobre o Goiás, a recuperação seria uma obrigação diante da torcida. E se vencer esse jogo, encara o Corinthians, que já estará pensando em 2010, com invasão da torcida ao Pacaembu.
Diante dessas possibilidades, Palmeiras (66), São Paulo (65), Flamengo (64), Cruzeiro (63) e Internacional (63) chegariam todos à derradeira rodada com chances de título. Nela, vão enfrentar, respectivamente, Botafogo (Engenhão), Sport (Morumbi), Grêmio (Maracanã), Santos (Vila) e Santo André (Beira-Rio).
E ainda tem gente que diz precisar do tal mata-mata pra sentir a emoção dos momentos decisivos do campeonato.
Hã?
* * *
Mudando de assunto, muito me espanta a revelação de Andre Agassi com relação ao uso de drogas lá pelos idos de 1997, época em que o crystal meth pegou muita gente. Qual o sentido de revelar uma coisa dessas agora, causando contrangimentos para quem ele enganou (ATP) e levantando ainda mais suspeitas sobre o já permissivo mundo do tênis?
Se ele queria vender bem seu livro, seria muito mais impactante e sincero sair do armário, admitindo a homossexualidade e o casamento aberto/de fachada com Steffi Graf.
O Palmeiras tem pela frente o clássico contra o Corinthians, em que qualquer resultado será normal (como, aliás, penso ser qualquer resultado, em qualquer jogo deste campeonato). Pode também tropeçar diante do Fluminense, no Maracanã. Depois recebe o Sport. Enfrenta ainda o Grêmio, no Olímpico - pela lógica das necessidades de cada um à essa altura, o Palmeiras seria favorito. Mas e diante do Atlético Mineiro, depois? Um empate não seria anormal.
O São Paulo vai vencer o Barueri, no Morumbi. Mas pode muito bem perder dois pontinhos diante do Grêmio, no Olímpico. Algo que não deve acontecer contra o Vitória, novamente em casa. Mas que pode se repetir diante do Botafogo, rival histórico e que estará precisando da vitória no Engenhão. Outro jogo fora, contra o Goiás, deve ser mais fácil.
O Atlético Mineiro tem jogo duro contra o Goiás. Pra quem foi capaz de perder para o Flu, deixar dois pontinhos no Serra Dourada não seria surpresa. Se isso acontecer, outro revés diante do Flamengo, mesmo em casa, não seria algo inimaginável. O que tornaria a vitória sobre o Coritiba, fora, na rodada seguinte, obrigatória. Depois viria o clássico contra o Inter, no Mineirão, em que o empate seria resultado mais que normal.
O Internacional deve vencer o Botafogo, em casa. Idem diante do Barueri, e também contra o Santos, no Beira-Rio. Mas pode empatar ou perder para o Atlético Mineiro, no Mineirão. E ainda diante do Sport, novamente fora, já que na hora H esse Inter tem rateado.
O Cruzeiro não deve tomar conhecimento do Fluminense no Mineirão. Mas pode perfeitamente ser surpreendido pelo desesperado Sport na rodada seguinte, na Ilha do Retiro. Pega o Grêmio, em casa, na sequência. Depois enfrenta o Atlético Paranaense, fora, em jogo decisivo. Apostaria no Cruzeiro em ambos. Assim como contra o Coritiba, em Minas.
O Flamengo tem tudo para vencer o Santos, no Maracanã, se tiver Petkovic. E se vencer, pode também passar pelo Galo, no Mineirão, no embalo. Claro que, aí, aumentaria a probabilidade de um daqueles tropeços tolos contra o Náutico, nos Aflitos. De volta ao Maracanã, sobre o Goiás, a recuperação seria uma obrigação diante da torcida. E se vencer esse jogo, encara o Corinthians, que já estará pensando em 2010, com invasão da torcida ao Pacaembu.
Diante dessas possibilidades, Palmeiras (66), São Paulo (65), Flamengo (64), Cruzeiro (63) e Internacional (63) chegariam todos à derradeira rodada com chances de título. Nela, vão enfrentar, respectivamente, Botafogo (Engenhão), Sport (Morumbi), Grêmio (Maracanã), Santos (Vila) e Santo André (Beira-Rio).
E ainda tem gente que diz precisar do tal mata-mata pra sentir a emoção dos momentos decisivos do campeonato.
Hã?
* * *
Mudando de assunto, muito me espanta a revelação de Andre Agassi com relação ao uso de drogas lá pelos idos de 1997, época em que o crystal meth pegou muita gente. Qual o sentido de revelar uma coisa dessas agora, causando contrangimentos para quem ele enganou (ATP) e levantando ainda mais suspeitas sobre o já permissivo mundo do tênis?
Se ele queria vender bem seu livro, seria muito mais impactante e sincero sair do armário, admitindo a homossexualidade e o casamento aberto/de fachada com Steffi Graf.
segunda-feira, 19 de outubro de 2009
Deixaram chegar...
Creio que nunca me foi tão difícil escrever. O natural virou trava. A graça não veio, o prazer passou longe.
Mesmo com a vitória do Flamengo, com o campeonato embolado, com tantas possibilidades abertas, escrever sobre esporte me pareceu não fazer nenhum sentido. Vinte pessoas mortas. Três inocentes executados no meio da rua. Três policiais assassinados. E aquela imagem, aquela maldita imagem, que ainda não me sai da cabeça - um helicóptero da polícia abatido por bandidos, queimando num campo de futebol.
Há momentos que são reflexos de mudanças, há momentos que causam mudanças.
Ver Petkovic, aos 37, fazer o que anda fazendo, só me prova que, no futebol brasileiro atual, saber jogar - mesmo - já faz toda a diferença. É verdade que o gringo até está mesmo na sua melhor forma recente. Mas a cada jogo é possível ver quatro ou cinco lances em que as pernas simplesmente lhe traem a cabeça. Pet tem feito a diferença porque tem olhado, corrido e pensado para frente a cada vez que pega na bola. Simples assim. Complicado é entender como chegamos ao ponto de termos, num país como o nosso, um campeonato em que tão poucos jogam assim (e nenhum desta forma). Pet (aplausos para ele) é reflexo, não causa. Já passou desta idade.
Mas o que aconteceu sábado precisava ser um ponto de virada. Precisava. Precisava.
Mas não vai.
Se Osama não tivesse derrubado as torres, talvez nunca tivéssemos Obama. Aqui, derrubaram um helicóptero da polícia, policiais morreram carbonizados e hoje todos teriam ido à praia se sol tivesse havido no feriado do comerciário.
Fica complicado pensar em esporte.
E mais ainda no que será preciso acontecer para que tenhamos nosso momento de mudança.
Mesmo com a vitória do Flamengo, com o campeonato embolado, com tantas possibilidades abertas, escrever sobre esporte me pareceu não fazer nenhum sentido. Vinte pessoas mortas. Três inocentes executados no meio da rua. Três policiais assassinados. E aquela imagem, aquela maldita imagem, que ainda não me sai da cabeça - um helicóptero da polícia abatido por bandidos, queimando num campo de futebol.
Há momentos que são reflexos de mudanças, há momentos que causam mudanças.
Ver Petkovic, aos 37, fazer o que anda fazendo, só me prova que, no futebol brasileiro atual, saber jogar - mesmo - já faz toda a diferença. É verdade que o gringo até está mesmo na sua melhor forma recente. Mas a cada jogo é possível ver quatro ou cinco lances em que as pernas simplesmente lhe traem a cabeça. Pet tem feito a diferença porque tem olhado, corrido e pensado para frente a cada vez que pega na bola. Simples assim. Complicado é entender como chegamos ao ponto de termos, num país como o nosso, um campeonato em que tão poucos jogam assim (e nenhum desta forma). Pet (aplausos para ele) é reflexo, não causa. Já passou desta idade.
Mas o que aconteceu sábado precisava ser um ponto de virada. Precisava. Precisava.
Mas não vai.
Se Osama não tivesse derrubado as torres, talvez nunca tivéssemos Obama. Aqui, derrubaram um helicóptero da polícia, policiais morreram carbonizados e hoje todos teriam ido à praia se sol tivesse havido no feriado do comerciário.
Fica complicado pensar em esporte.
E mais ainda no que será preciso acontecer para que tenhamos nosso momento de mudança.
sábado, 10 de outubro de 2009
Deus é Rubro-Negro
Eu parecia estar adivinhando. Desde a primeira acelerada, torci o nariz. Mas tinha perdido a hora, estava atrasado, e acabei recorrendo a um táxi para ir ao Maracanã. Ignorando a pista molhada, a chuva e o trânsito lento da Lagoa, o motorista cortava de uma pista para outra, fechava, freava em cima, acelerava parado.
Quando enfim foi capaz de acelerar, já no Rebouças, eis que o carro apaga, como num daqueles episódios de abdução em Arquivo X. Painel, rádio e motor, tudo para de funcionar. E, lentamente, bem no meio da primeira galeria do túbel, ele para. Sem pisca alerta, sem sinal da bateria a cada enervante virada de chave do motorista, visivelmente em estado de semi-pânico. Concluo que deve ter começado a dirigir táxi ontem. Saio pra empurrar o Santana velho, mas esqueço que estou no sentido ZN, e nem consigo fazer o carro se mexer, graças à inclinação da pista. "Eu não mereço".
Imediatamente um carro para à nossa frente e liga o pisca. Mas ninguém sai do carro. Eu, que ainda estava do lado de fora do táxi, vejo uma mão me chamar. Era um rubro-negro me oferecendo carona. Deixo dez reais com o taxista e sigo confiante para o Maracanã.
"Deus é Rubro-Negro. Hoje é nosso."
Brigar por uma vaga na Libertadores é uma realidade para um clube que, mesmo sem planejamento, faz novamente boa campanha. O Flamengo entrou com moral no campeonato, viu essa moral ir embora rapidamente, passou por forte turbulência e encontrou, num antigo maestro, seu caminho. O maior mérito do Fla de Andrade é recuperar o clássico 4-3-3, fazendo a equipe jogar sempre para frente. Além disso, o Tromba tem moral suficiente na Gávea para substituir o sempre desinteressado Juan no intervalo e sacar Dênis Marques mais uma vez.
Sem Everton (fratura) e talvez também Álvaro (joelho) até o fim do campeonato, Andrade e o time têm sua missão bastante dificultada. Hora de saber quem pode e quem não tem condições de permanecer no clube no ano que vem.
Se eu bem conheço a mente de Andrade, o Oséas genérico começa no banco contra o Palmeiras. E Juan vai ter que correr bem mais que hoje.Histórico o Argentina x Peru de hoje. Torço pra que meu irmão Bolinho tenha conseguido ingresso e presenciado.
A Argentina vai à Copa.
E Maradona, terminadas as eliminatórias, faria um bem imenso ao país se elegantemente deixasse o cargo.
Mas entender a mente deste é algo bem mais complicado.
Quando enfim foi capaz de acelerar, já no Rebouças, eis que o carro apaga, como num daqueles episódios de abdução em Arquivo X. Painel, rádio e motor, tudo para de funcionar. E, lentamente, bem no meio da primeira galeria do túbel, ele para. Sem pisca alerta, sem sinal da bateria a cada enervante virada de chave do motorista, visivelmente em estado de semi-pânico. Concluo que deve ter começado a dirigir táxi ontem. Saio pra empurrar o Santana velho, mas esqueço que estou no sentido ZN, e nem consigo fazer o carro se mexer, graças à inclinação da pista. "Eu não mereço".
Imediatamente um carro para à nossa frente e liga o pisca. Mas ninguém sai do carro. Eu, que ainda estava do lado de fora do táxi, vejo uma mão me chamar. Era um rubro-negro me oferecendo carona. Deixo dez reais com o taxista e sigo confiante para o Maracanã.
"Deus é Rubro-Negro. Hoje é nosso."
Brigar por uma vaga na Libertadores é uma realidade para um clube que, mesmo sem planejamento, faz novamente boa campanha. O Flamengo entrou com moral no campeonato, viu essa moral ir embora rapidamente, passou por forte turbulência e encontrou, num antigo maestro, seu caminho. O maior mérito do Fla de Andrade é recuperar o clássico 4-3-3, fazendo a equipe jogar sempre para frente. Além disso, o Tromba tem moral suficiente na Gávea para substituir o sempre desinteressado Juan no intervalo e sacar Dênis Marques mais uma vez.
Sem Everton (fratura) e talvez também Álvaro (joelho) até o fim do campeonato, Andrade e o time têm sua missão bastante dificultada. Hora de saber quem pode e quem não tem condições de permanecer no clube no ano que vem.
Se eu bem conheço a mente de Andrade, o Oséas genérico começa no banco contra o Palmeiras. E Juan vai ter que correr bem mais que hoje.Histórico o Argentina x Peru de hoje. Torço pra que meu irmão Bolinho tenha conseguido ingresso e presenciado.
A Argentina vai à Copa.
E Maradona, terminadas as eliminatórias, faria um bem imenso ao país se elegantemente deixasse o cargo.
Mas entender a mente deste é algo bem mais complicado.
sexta-feira, 2 de outubro de 2009
F....eu.
Eu ainda não sei bem o que é mais inacreditável neste dois de outubro, que jamais vou esquecer.
Se as dezenas de pronúncias diferentes para o sobrenome Rogge.
Se o nosso prefeito, no fim de uma entrevista à ESPN Brasil, concluindo uma longa explanação com um "...e a ESPN vai continuar com seu baixo astral."
Se Don Nuzman rindo debochadamente - e dando as costas ao mesmo repórter da ESPN Brasil - por conta da pergunta "o que podemos aprender com os erros do Pan para 2016?"
Se o mesmo senhor pulando e abraçando euforicamente o prefeito, sim, o prefeito - que foi quem mais comemorou, saltando como um moleque no momento do anúncio.
Se o fato de todo mundo parecer ignorar que, só até agora, com a campanha, foram mais de cem milhões de reais do dinheiro público, meu, seu.
Ou se o fato de ninguém achar absurdo que a mesma turma que organizou o Pan - e até hoje é investigada pelo TCU - ter recebido, hoje, o direito e a responsabilidade de organizar algo dez vezes maior, quem sabe cem vezes mais caro.
De emocionante neste dois de outubro, para mim, 36 anos de Rio de Janeiro, apenas a imagem de um Lula que me lembrou muito um sentimento daquele 27, também outubro, 2002, quando quem foi à praia de Copacabana tinha muito mais esperança em seus corações.
Porque, aqui entre nós, o Rio só piorou nos últimos sete anos. E nada me leva a crer que nosso principal problema - sermos uma cidade partida - vá ser solucionado nos próximos sete.
Deus abençoe nossa cidade.
* * *
A mim, causa nenhum espanto. Mas vai causar, quando aqui a notícia chegar.
Nenê declarou que, em 2016, quando terá 33 anos, já estará aposentado.
O pivô jogou nesta semana, quando seus Nuggets enfrentaram os Jazz pela pré-temporada da NBA.
Mas não defendeu o Brasil na Copa América.
Entendo.
* * *
Dois dias depois, Nenê negou a entrevista ao site americano e soltou a seguinte nota: "(...) se for a vontade de Deus, vou estar jogando ou torcendo pelo Brasil."
Hein?
Se as dezenas de pronúncias diferentes para o sobrenome Rogge.
Se o nosso prefeito, no fim de uma entrevista à ESPN Brasil, concluindo uma longa explanação com um "...e a ESPN vai continuar com seu baixo astral."
Se Don Nuzman rindo debochadamente - e dando as costas ao mesmo repórter da ESPN Brasil - por conta da pergunta "o que podemos aprender com os erros do Pan para 2016?"
Se o mesmo senhor pulando e abraçando euforicamente o prefeito, sim, o prefeito - que foi quem mais comemorou, saltando como um moleque no momento do anúncio.
Se o fato de todo mundo parecer ignorar que, só até agora, com a campanha, foram mais de cem milhões de reais do dinheiro público, meu, seu.
Ou se o fato de ninguém achar absurdo que a mesma turma que organizou o Pan - e até hoje é investigada pelo TCU - ter recebido, hoje, o direito e a responsabilidade de organizar algo dez vezes maior, quem sabe cem vezes mais caro.
De emocionante neste dois de outubro, para mim, 36 anos de Rio de Janeiro, apenas a imagem de um Lula que me lembrou muito um sentimento daquele 27, também outubro, 2002, quando quem foi à praia de Copacabana tinha muito mais esperança em seus corações.
Porque, aqui entre nós, o Rio só piorou nos últimos sete anos. E nada me leva a crer que nosso principal problema - sermos uma cidade partida - vá ser solucionado nos próximos sete.
Deus abençoe nossa cidade.
* * *
A mim, causa nenhum espanto. Mas vai causar, quando aqui a notícia chegar.
Nenê declarou que, em 2016, quando terá 33 anos, já estará aposentado.
O pivô jogou nesta semana, quando seus Nuggets enfrentaram os Jazz pela pré-temporada da NBA.
Mas não defendeu o Brasil na Copa América.
Entendo.
* * *
Dois dias depois, Nenê negou a entrevista ao site americano e soltou a seguinte nota: "(...) se for a vontade de Deus, vou estar jogando ou torcendo pelo Brasil."
Hein?
terça-feira, 29 de setembro de 2009
Rio 2020.
Faltam só três dias. Já era hora do TB se posicionar.
Este blog é radicalmente contra a realização dos jogos olímpicos no Rio de Janeiro.
Em primeiro lugar, ainda não conheço Chicago.
Além disso, há outras questões menores. Como as contas do Pan de 2007, até hoje não aprovadas pelo TCU. Lembro que o Pan daqui custou duas vezes mais que os dois anteriores, em Winnipeg e Santo Domingo, somados. Caso de polícia.
Legado? A Arena Olímpica está quase sempre fechada - administrada por um banco, tem como objetivo único fazer dinheiro, claro. Shows com ingressos caros. Nenhum projeto para aproveitar a instalação para o esporte de base.
O Maria Lenk, coitado, cai aos pedaços já.
O Engenhão? Subutilizado por um clube de futebol.
E as obras prometidas para melhorar a cidade? Onde estão? Qual benfeitoria de fato o Pan deixou para o Rio?
Agora tentem imaginar isso tudo elevado a um orçamento e ganância olímpicos.
Não quero viver essa vergonha.
Podem ter certeza de uma coisa: na sexta, depois do anúncio, se minha cidade não for escolhida - e há de não ser - a tchurma que há anos vive e enriquece de fazer campanha não perderá tempo e dará logo o seu grito.
Rio 2020!
Este blog é radicalmente contra a realização dos jogos olímpicos no Rio de Janeiro.
Em primeiro lugar, ainda não conheço Chicago.
Além disso, há outras questões menores. Como as contas do Pan de 2007, até hoje não aprovadas pelo TCU. Lembro que o Pan daqui custou duas vezes mais que os dois anteriores, em Winnipeg e Santo Domingo, somados. Caso de polícia.
Legado? A Arena Olímpica está quase sempre fechada - administrada por um banco, tem como objetivo único fazer dinheiro, claro. Shows com ingressos caros. Nenhum projeto para aproveitar a instalação para o esporte de base.
O Maria Lenk, coitado, cai aos pedaços já.
O Engenhão? Subutilizado por um clube de futebol.
E as obras prometidas para melhorar a cidade? Onde estão? Qual benfeitoria de fato o Pan deixou para o Rio?
Agora tentem imaginar isso tudo elevado a um orçamento e ganância olímpicos.
Não quero viver essa vergonha.
Podem ter certeza de uma coisa: na sexta, depois do anúncio, se minha cidade não for escolhida - e há de não ser - a tchurma que há anos vive e enriquece de fazer campanha não perderá tempo e dará logo o seu grito.
Rio 2020!
sexta-feira, 11 de setembro de 2009
11 de Setembro.
Hoje a turma de 2009 do Hall da Fama do Basquete foi oficialmente introduzida em Springfield. David Robinson, John Stockton, Vivian Stringer, Jerry Sloam e Michael Jordan subiram ao palco e fizeram discursos que arrancaram sorrisos e boas gargalhadas de uma platéia em total reverência. Até mesmo o quase sempre irrascível Sloam foi leve e espirituoso ao recordar que, na infância, meninos e meninas jogavam juntos em seu colégio. Mais tarde, quando elas foram proibidas, ele ficaria aliviado pois várias delas jogavam melhor que ele - uma, inclusive, melhor que todos os meninos.
Stockton fez piada com a polarização em torno de Michael, o sempre engraçado e religioso David Robinson agradeceu a Deus por atender suas preces - enquanto a câmera mostrava um envergonhado Tim Duncan, objeto das orações do Almirante - e Vivian lembrou da outra única vez em que estivera no Hall da Fama - pagando ingresso. Definitivamente, há um vazio entre essa geração e a atual enorme.
E Michael... Michael chorou.
Agradeceu a Pippen.
Explicou a escolha de David Thompson para fazer sua introdução - ele era seu herói de infância, aos onze anos. Sua primeira inspiração.
E me deixou de olhos marejados. Afinal, ele foi a minha. Genial e imperfeito. Obcecado e intolerante com seus erros e, principalmente, os dos outros. Um mestre da intimidação e dos segundos finais do cronômetro. Uma locomotiva sem freio para quem apenas uma coisa importava - vencer. Nunca houve um espírito tão competitivo quanto o dele, em esporte algum.
A entrevista exclusiva para a ESPN, pouco antes da cerimônia, é imperdível.
Depois, na coletiva de imprensa, teve mais.
E a contagem regressiva da ESPN.com está completa.
Thanks for all the joy, Money.
Stockton fez piada com a polarização em torno de Michael, o sempre engraçado e religioso David Robinson agradeceu a Deus por atender suas preces - enquanto a câmera mostrava um envergonhado Tim Duncan, objeto das orações do Almirante - e Vivian lembrou da outra única vez em que estivera no Hall da Fama - pagando ingresso. Definitivamente, há um vazio entre essa geração e a atual enorme.
E Michael... Michael chorou.
Agradeceu a Pippen.
Explicou a escolha de David Thompson para fazer sua introdução - ele era seu herói de infância, aos onze anos. Sua primeira inspiração.
E me deixou de olhos marejados. Afinal, ele foi a minha. Genial e imperfeito. Obcecado e intolerante com seus erros e, principalmente, os dos outros. Um mestre da intimidação e dos segundos finais do cronômetro. Uma locomotiva sem freio para quem apenas uma coisa importava - vencer. Nunca houve um espírito tão competitivo quanto o dele, em esporte algum.
A entrevista exclusiva para a ESPN, pouco antes da cerimônia, é imperdível.
Depois, na coletiva de imprensa, teve mais.
E a contagem regressiva da ESPN.com está completa.
Thanks for all the joy, Money.
quinta-feira, 10 de setembro de 2009
Caixinha de surpresas.
Quem diria que, depois daquele jogo insosso contra a Argentina - apesar da vitória - a seleção brasileira me surpreenderia tão positivamente diante do Chile, já classificada, cheia de reservas, e jogando debaixo de chuva.
Não só a seleção, mas, principalmente, Dunga.
Quem ganha tempo lendo o Tudo Bola já sabe - eu não aprecio o ténico Carlos Caetano Bledorn Verri, assim como não apreciava o volante. Com a bola nos pés ou a prancheta na mão, seu estilo truculento e pouco cerebral jamais me cativou.
Só que ontem, para minha surpresa, Dunga nem parecia Dunga. Talvez pelo fato de já ter garantido a classificação, talvez pela necessidade apenas, ele se permitiu ousar, arriscar. E a primeira boa surpresa veio na escalação, com Dani Alves no lugar de Elano. Há tempos estava claro que temos, hoje, os dois melhores laterais direitos do mundo (bem que um deles poderia ser canhoto...). Jogando juntos, Maicon e Daniel empurraram o time o tempo todo para frente, com perfeito entrosamento, como se tivessem jogado juntos, dessa forma, a vida toda. Quando Maicon se lançava, Daniel ficava ali pelo meio. Quando este subia ou caía até pela esquerda, lá estava Maicon, guardando a posição. E foi assim que participaram dos quatro gols do Brasil, numa demonstração clara de que esta pode ser uma alternativa interessantíssima para que ambos possam jogar juntos - sempre.
Dunga foi além da escalação. Mexeu bem, muito bem no time, depois da expulsão de Felipe Melo. Tirou André Santos e Adriano, que estavam mal, puxou Daniel para a lateral esquerda, botou Sandro pra fechar o meio e Tardelli para aumentar a velocidade do contra-ataque. Deu tudo certo. O time ficou arrumado em campo, fez mais dois e ele ainda mexeu novamente, tirando o então já apagado Júlio Baptista para botar Elano. Nem pareceu que jogamos quase todo o segundo tempo com um a menos.
Torço para que Dunga veja e reveja várias vezes a partida de ontem. Talvez perceba muita coisa que pode ser decisiva para que este time brilhe na África do Sul, no ano que vem:
Felipe Melo não pode ser titular da seleção brasileira. Do toque irresponsável de calcanhar no primeiro tempo à sua falta de urgência para voltar neste mesmo lance, passando pelas bordoadas, pelo pênalti infantil e pela expulsão merecida, tudo que se viu ontem em campo foi o verdadeiro Felipe Melo, aquele que qualquer torcedor de arquibancada do Maracanã até hoje se pergunta como pode ter enganado tanta gente - Dunga, Juventus, crônicos esportivos... Que a suspensão dele abra vaga para novos nomes, como Lucas, ou novas idéias, como Elano na posição de segundo volante.
André Santos não é a solução para a lateral esquerda. Até acho que, diante da atual safra, ele pode estar no grupo. Mas pelas deficiências na marcação e inconstância de suas atuações, valeria muito testar outras opções nos dois jogos restantes.
Júlio Baptista é banco. É banco na seleção, foi banco no Real, é banco na Roma, vai ser banco sempre. Entrando no meio do jogo, até por suas características, pode ser ótima opção - até porque, sabe jogar bola. Mas não tem cabeça, foco, concentração e regularidade para ser titular, nem na seleção, nem em clube, como o tempo continua a nos mostrar.
Nilmar é nome certo para a Copa, mas deveria mesmo é ser nome certo no time. Há tempos está jogando muito mais que Robinho. E ao lado de Kaká e Luis Fabiano, certamente renderia ainda mais.
Adriano ainda está lento e fora de ritmo, mesmo que esteja em melhor forma. No lance do gol, subiu crente de que alcançaria o cruzamento de Dani Alves, apenas para ver Nilmar, muito mais veloz, chegar na bola depois dele e dar um acrobático toque para o gol. Outro detalhe que os replays deste lance mostram é que Nilmar pediu a bola na frente para Daniel, que viu o sinal com a mão e deu o passe preciso.
Não custa sonhar com um time que jogue com Júlio, Maicon, Lúcio, Thiago Silva e Fábio Aurélio; Lucas, Elano, Dani Alves e Kaká; Luis Fabiano e Nilmar. No banco, opções como Juan, Diego, Robinho...
Corri do trabalho para casa para assistir ao segundo tempo de Paraguai x Argentina. Corri à toa. Em vez da pressão do time de Maradona, que perdia, o que vi foi uma das piores atuações de uma seleção argentina. Não houve abafa algum, simplesmente porque o time, de tão desorganizado, não conseguia fazer a bola chegar ao ataque.
Bielsa, que está a três pontos da Copa com o Chile, deve estar rindo à toa.
Enquanto isso, os outros quarenta milhões de argentinos temem pela classificação. E não só eles - uma Copa sem Messi e Cristiano Ronaldo será, no mínimo, menos lúdica.
Não só a seleção, mas, principalmente, Dunga.
Quem ganha tempo lendo o Tudo Bola já sabe - eu não aprecio o ténico Carlos Caetano Bledorn Verri, assim como não apreciava o volante. Com a bola nos pés ou a prancheta na mão, seu estilo truculento e pouco cerebral jamais me cativou.
Só que ontem, para minha surpresa, Dunga nem parecia Dunga. Talvez pelo fato de já ter garantido a classificação, talvez pela necessidade apenas, ele se permitiu ousar, arriscar. E a primeira boa surpresa veio na escalação, com Dani Alves no lugar de Elano. Há tempos estava claro que temos, hoje, os dois melhores laterais direitos do mundo (bem que um deles poderia ser canhoto...). Jogando juntos, Maicon e Daniel empurraram o time o tempo todo para frente, com perfeito entrosamento, como se tivessem jogado juntos, dessa forma, a vida toda. Quando Maicon se lançava, Daniel ficava ali pelo meio. Quando este subia ou caía até pela esquerda, lá estava Maicon, guardando a posição. E foi assim que participaram dos quatro gols do Brasil, numa demonstração clara de que esta pode ser uma alternativa interessantíssima para que ambos possam jogar juntos - sempre.
Dunga foi além da escalação. Mexeu bem, muito bem no time, depois da expulsão de Felipe Melo. Tirou André Santos e Adriano, que estavam mal, puxou Daniel para a lateral esquerda, botou Sandro pra fechar o meio e Tardelli para aumentar a velocidade do contra-ataque. Deu tudo certo. O time ficou arrumado em campo, fez mais dois e ele ainda mexeu novamente, tirando o então já apagado Júlio Baptista para botar Elano. Nem pareceu que jogamos quase todo o segundo tempo com um a menos.
Torço para que Dunga veja e reveja várias vezes a partida de ontem. Talvez perceba muita coisa que pode ser decisiva para que este time brilhe na África do Sul, no ano que vem:
Felipe Melo não pode ser titular da seleção brasileira. Do toque irresponsável de calcanhar no primeiro tempo à sua falta de urgência para voltar neste mesmo lance, passando pelas bordoadas, pelo pênalti infantil e pela expulsão merecida, tudo que se viu ontem em campo foi o verdadeiro Felipe Melo, aquele que qualquer torcedor de arquibancada do Maracanã até hoje se pergunta como pode ter enganado tanta gente - Dunga, Juventus, crônicos esportivos... Que a suspensão dele abra vaga para novos nomes, como Lucas, ou novas idéias, como Elano na posição de segundo volante.
André Santos não é a solução para a lateral esquerda. Até acho que, diante da atual safra, ele pode estar no grupo. Mas pelas deficiências na marcação e inconstância de suas atuações, valeria muito testar outras opções nos dois jogos restantes.
Júlio Baptista é banco. É banco na seleção, foi banco no Real, é banco na Roma, vai ser banco sempre. Entrando no meio do jogo, até por suas características, pode ser ótima opção - até porque, sabe jogar bola. Mas não tem cabeça, foco, concentração e regularidade para ser titular, nem na seleção, nem em clube, como o tempo continua a nos mostrar.
Nilmar é nome certo para a Copa, mas deveria mesmo é ser nome certo no time. Há tempos está jogando muito mais que Robinho. E ao lado de Kaká e Luis Fabiano, certamente renderia ainda mais.
Adriano ainda está lento e fora de ritmo, mesmo que esteja em melhor forma. No lance do gol, subiu crente de que alcançaria o cruzamento de Dani Alves, apenas para ver Nilmar, muito mais veloz, chegar na bola depois dele e dar um acrobático toque para o gol. Outro detalhe que os replays deste lance mostram é que Nilmar pediu a bola na frente para Daniel, que viu o sinal com a mão e deu o passe preciso.
Não custa sonhar com um time que jogue com Júlio, Maicon, Lúcio, Thiago Silva e Fábio Aurélio; Lucas, Elano, Dani Alves e Kaká; Luis Fabiano e Nilmar. No banco, opções como Juan, Diego, Robinho...
Corri do trabalho para casa para assistir ao segundo tempo de Paraguai x Argentina. Corri à toa. Em vez da pressão do time de Maradona, que perdia, o que vi foi uma das piores atuações de uma seleção argentina. Não houve abafa algum, simplesmente porque o time, de tão desorganizado, não conseguia fazer a bola chegar ao ataque.
Bielsa, que está a três pontos da Copa com o Chile, deve estar rindo à toa.
Enquanto isso, os outros quarenta milhões de argentinos temem pela classificação. E não só eles - uma Copa sem Messi e Cristiano Ronaldo será, no mínimo, menos lúdica.
segunda-feira, 7 de setembro de 2009
Futuro x Passado
De um lado, um time talentoso, imprevisível, que vive e morre através dos arremessos de três. Quando a bola cai, ele é irresistível. Quando não, ele perde, por vezes de muito.
Do outro, uma equipe coesa e equilibrada, também talentosa, apesar de menos experiente, que marca com vontade de marcar e ataca em equipe, preferencialmente através de contra-ataques ou infiltrações.
Até muito pouco tempo atrás, qual definição você acha que se encaixaria melhor na seleção brasileira de basquete?
Pois hoje, na vitória sobre Porto Rico, em Porto Rico, que deu ao basquete brasileiro o bi da Copa América - um carimbo de afirmação de um time que já havia cumprido sua missão, de conquistar a vaga para o Mundial da Turquia -, o Brasil mostrou um basquete como o da segunda descrição, de dar gosto e orgulho de ver.
Jogando de forma soberana, abriu boa vantagem nos três primeiros quartos. No último, quando veio a esperada reação dos anfitriões, com apoio da fanática torcida, soube cumprir à risca o plano de jogo de seu técnico - trabalhar a bola com paciência e inteligência.
Nos dez minutos finais, eu tive o prazer de ver Tiago bater pra dentro e servir Anderson pra bandeja embaixo da cesta. Vi Marcelinho Machado dar uma assistência magistral para Leandrinho também embaixo da cesta. E Tiago fazer dois pontos num gancho de esquerda e ainda converter dois lances livres que acabariam sendo fundamentais. Nenhuma bola louca de três. A única, foi trabalhada por todo o time, mas o tiro livre de Leandrinho não caiu.
E Moncho ainda acertou ao mandar a defesa no perímetro se postar mais aberta, dificultando o jogo de Porto Rico. A marcação de Alex sobre Arroyo no último lance foi a cereja do bolo.
A festa, no fim, logo depois da sirene, mostrou tanto quanto o ótimo basquete apresentado em quadra durante todo o torneio - temos um time.
Que ainda vai melhorar.
Do outro, uma equipe coesa e equilibrada, também talentosa, apesar de menos experiente, que marca com vontade de marcar e ataca em equipe, preferencialmente através de contra-ataques ou infiltrações.
Até muito pouco tempo atrás, qual definição você acha que se encaixaria melhor na seleção brasileira de basquete?
Pois hoje, na vitória sobre Porto Rico, em Porto Rico, que deu ao basquete brasileiro o bi da Copa América - um carimbo de afirmação de um time que já havia cumprido sua missão, de conquistar a vaga para o Mundial da Turquia -, o Brasil mostrou um basquete como o da segunda descrição, de dar gosto e orgulho de ver.
Jogando de forma soberana, abriu boa vantagem nos três primeiros quartos. No último, quando veio a esperada reação dos anfitriões, com apoio da fanática torcida, soube cumprir à risca o plano de jogo de seu técnico - trabalhar a bola com paciência e inteligência.
Nos dez minutos finais, eu tive o prazer de ver Tiago bater pra dentro e servir Anderson pra bandeja embaixo da cesta. Vi Marcelinho Machado dar uma assistência magistral para Leandrinho também embaixo da cesta. E Tiago fazer dois pontos num gancho de esquerda e ainda converter dois lances livres que acabariam sendo fundamentais. Nenhuma bola louca de três. A única, foi trabalhada por todo o time, mas o tiro livre de Leandrinho não caiu.
E Moncho ainda acertou ao mandar a defesa no perímetro se postar mais aberta, dificultando o jogo de Porto Rico. A marcação de Alex sobre Arroyo no último lance foi a cereja do bolo.
A festa, no fim, logo depois da sirene, mostrou tanto quanto o ótimo basquete apresentado em quadra durante todo o torneio - temos um time.
Que ainda vai melhorar.
terça-feira, 1 de setembro de 2009
Sobre como macular uma boa imagem.
Chegou às bancas daqui a edição mais esperada do ano da Four Four Two inglesa, a melhor revista de futebol do planeta. No seu "A a Z" da temporada que se inicia, em destaque na letra W, de World Cup, entre outros, quem aparece é Ronaldo. Assim:
""Will Ronaldo's form see him chosen to represent the Selecao in South Africa? Already a World Cup legend, the original Ronaldo has been to four successive tournaments with Brazil and is the World Cup's all time top scorer, with 15. The last few years have been tough, though with a third knee ligament injury in 2008, plus a peculiar transsexual hotel rendezvous incident last summer. The three-time World Player of the Year hasn't played for Brazil since 2006. In his favour: last December's move to Corinthians has gone swimmingly. O Fenomeno scored 10 goals in 14 games to help win the Campeonato Paulista. Another good season and you'd have to have a heart of stone not to take him (Note: Dunga may well have a heart of stone)."
Além do esforço em usar termos latinos - de "O Fenomeno" a "Selecao", tudo sem acento ou cedilha, claro - o que eu adoro é o senso de humor tipicamente british (pra manter a linha). Primeiro em achar que todo fã de futebol do mundo sabe que o tal "Campeonato Paulista" é apenas um torneio regional, disputado por times de um único estado do país. Segundo, pela constatação óbvia sobre o Dunga. E terceiro, pelo emprego de "peculiar" pra definir o episódio com os travestis.
Imagine se eles soubessem que o tal travesti morreu e que o Corinthians também conquistou a Copa do Brasil, esse sim, um título nacional.
* * *
Na mesma letra W, outro destacado é Dunga. "Can Dunga's dress sense get any worse?"
Neste caso, me abstenho de transcrever a nota, mesmo que ela comece com um "oddly unpopular" delicioso.
* * *
Esse link é pra meu irmão Lucas, Camilo, Porto e quem mais tiver um dia na vida posto os pés dentro de um par de Air Jordans e batido uma bola.
""Will Ronaldo's form see him chosen to represent the Selecao in South Africa? Already a World Cup legend, the original Ronaldo has been to four successive tournaments with Brazil and is the World Cup's all time top scorer, with 15. The last few years have been tough, though with a third knee ligament injury in 2008, plus a peculiar transsexual hotel rendezvous incident last summer. The three-time World Player of the Year hasn't played for Brazil since 2006. In his favour: last December's move to Corinthians has gone swimmingly. O Fenomeno scored 10 goals in 14 games to help win the Campeonato Paulista. Another good season and you'd have to have a heart of stone not to take him (Note: Dunga may well have a heart of stone)."
Além do esforço em usar termos latinos - de "O Fenomeno" a "Selecao", tudo sem acento ou cedilha, claro - o que eu adoro é o senso de humor tipicamente british (pra manter a linha). Primeiro em achar que todo fã de futebol do mundo sabe que o tal "Campeonato Paulista" é apenas um torneio regional, disputado por times de um único estado do país. Segundo, pela constatação óbvia sobre o Dunga. E terceiro, pelo emprego de "peculiar" pra definir o episódio com os travestis.
Imagine se eles soubessem que o tal travesti morreu e que o Corinthians também conquistou a Copa do Brasil, esse sim, um título nacional.
* * *
Na mesma letra W, outro destacado é Dunga. "Can Dunga's dress sense get any worse?"
Neste caso, me abstenho de transcrever a nota, mesmo que ela comece com um "oddly unpopular" delicioso.
* * *
Esse link é pra meu irmão Lucas, Camilo, Porto e quem mais tiver um dia na vida posto os pés dentro de um par de Air Jordans e batido uma bola.
domingo, 30 de agosto de 2009
Porrada! Nos caras que não fazem nada! Porrada! Porrada!
Seguindo à risca tanto a lei de Murphy quanto o efeito borboleta, duas besteiras que inventamos para tentar explicar o inexplicável - o destino -, eu ontem terminei o dia diante da tv, refastelado no sofá da sala, telespectador de um dos meus mais improváveis interesses: O UFC.
Logo quem, logo eu, olha só... que sempre desprezei "competições" do gênero, apesar de já ter sido um assíduo observador de boxe numa época mais remota, de nomes mais nobres como o próprio esporte, tais como Sugar Ray Leonard, Roberto Mano de Piedra Duran, Evander Holyfield, Tyson. Época em que as mais importantes lutas do mundo podiam ser vistas na tv aberta.
Com o tempo, vieram a tv a cabo e os torneios de lutas marciais, enquanto o boxe perdia espaço. E eu, que sempre achei no mínimo estranho o interesse por dois caras se batendo, se agarrando, se roçando sem parar em meio a um banho de sangue, simplesmente parei de assistir a qualquer tipo de luta na tv.
Mas ontem fui pego por um interesse histórico que não poderia simplesmente ignorar. Cedo, por volta das onze da noite, zapeando a tv, passo pelo Sportv e fico sabendo que a grande atração do UFC 102, que já estava sendo transmitido ao vivo, seria o combate entre o brasileiro Rodrigo Minotauro e o americano Randy Couture, duas lendas desse esporte, se é que se trata realmente disto, esporte.
Nunca parei para ver, mas sei bem o que ambos representam para o MMA.
O famoso octagon estava montado bem no meio da quadra do Rose Garden, casa do Portland Trail Blazers. Uma turba formada basicamente de jovens enlouquecia a cada apresentação dos lutadores - antes do combate principal, foram outros tantos preliminares. Assisti ao primeiro, chatíssimo, em que o vencedor foi anunciado debaixo de vaias - as mesmas que pontuaram toda a luta, composta por três rounds de cinco minutos. Vaiavam a falta de iniciativa dos lutadores. Isso porque não viram os quinze segundos finais do segundo assalto. Num capricho do tal destino citado lá em cima, uma sequência de clinch com os dois brutamontes de pé, entrelaçados pelos braços, foi captada pela câmera certa, no ângulo perfeito, no momento ideal. Resultado - uma cena que faria corar qualquer defensor do movimento arco-íris por conta de sua sugestão sexualmente gay. Muito gay.
Depois desta, vi outra, em que um brasileiro com onze lutas de invencibilidade no cartel foi nocauteado no primeiro soco, um direto no queixo que parecia saído de desenho animado, daqueles em que a cabeça fica e o corpo segue adiante. Caiu grogue, derrotado, envergonhado. Minha paciência para esses aperitivos acabou e marquei o tempo que deveria faltar até o prato principal.
Quatro partidas de Winning Eleven depois, lá estava eu de volta ao sofá, alertado pelo anúncio exagerado da entrada dos lutadores.
Minotauro, 33 anos, e Couture, 46, subiram ao octagon carregando não cinturões, mas uma história de glórias na competição mais famosa do MMA. Ambos na mais absoluta forma, secos e musculosos, compenetratos. Couture, claro, tinha da platéia o mesmo carinho que Rocky Balboa em seus filmes. O Brasileiro, apesar de também idolatrado por lá, desta vez atuava no papel de vilão.
Foram quinze minutos que apreciei da mesma forma que uma boa luta de boxe. Aliás, boxe foi o que se mais viu nesse tempo, com os dois lutadores trocando socos sem nenhuma prudência em várias oportunidades. "Trocação" franca, diziam na tv. Corro pro dicionário. A palavra não existe, como eu imaginei. Tudo bem, o comentarista, também tenho certeza de que foi inventado.
Numa dessas trocas de socos, Minotauro leva Couture ao chão. Tenta a montada e a finalização mas, para surpresa geral, o americano sai do triângulo que o brasileiro tentou a todo custo e força aplicar. Surpreendente, para dizer o mínimo.
A situação se repetiria. Um direto de Minotauro, Couture novamente no chão. Desta vez, o brasileiro imprensa o americano na grade e, de novo, tenta o estrangulamento. Fica longos minutos sobre ele quando, numa troca de posição, passa a ficar ainda mais à vontade para castigá-lo, soco atrás de soco, sempre na cabeça. Nada do juiz, também brasileiro, parar a luta. Nada do americano apagar. Mais uma vez, me surpreendo com sua resistência. O que não me surpreende, de forma alguma, é o impacto das cenas, de uma violência assustadora, daquelas em que, numa situação normal, você pensa “porra, assim ele vai matar o cara”.
Nada. Os dois se levantam, a luta acaba. Minotauro é declarado vencedor. Comemora sob tímidas vaias, já que foi claramente superior. Ouço a palavra “trocação” pela enésima vez. Tento ser menos intolerante e pensar que se trata de um termo próprio do esporte. “Impróprio é o catso, se são jornalistas, devem falar nossa língua com correção”.
É, realmente tem certas coisas as quais eu não consigo me acostumar.
Logo quem, logo eu, olha só... que sempre desprezei "competições" do gênero, apesar de já ter sido um assíduo observador de boxe numa época mais remota, de nomes mais nobres como o próprio esporte, tais como Sugar Ray Leonard, Roberto Mano de Piedra Duran, Evander Holyfield, Tyson. Época em que as mais importantes lutas do mundo podiam ser vistas na tv aberta.
Com o tempo, vieram a tv a cabo e os torneios de lutas marciais, enquanto o boxe perdia espaço. E eu, que sempre achei no mínimo estranho o interesse por dois caras se batendo, se agarrando, se roçando sem parar em meio a um banho de sangue, simplesmente parei de assistir a qualquer tipo de luta na tv.
Mas ontem fui pego por um interesse histórico que não poderia simplesmente ignorar. Cedo, por volta das onze da noite, zapeando a tv, passo pelo Sportv e fico sabendo que a grande atração do UFC 102, que já estava sendo transmitido ao vivo, seria o combate entre o brasileiro Rodrigo Minotauro e o americano Randy Couture, duas lendas desse esporte, se é que se trata realmente disto, esporte.
Nunca parei para ver, mas sei bem o que ambos representam para o MMA.
O famoso octagon estava montado bem no meio da quadra do Rose Garden, casa do Portland Trail Blazers. Uma turba formada basicamente de jovens enlouquecia a cada apresentação dos lutadores - antes do combate principal, foram outros tantos preliminares. Assisti ao primeiro, chatíssimo, em que o vencedor foi anunciado debaixo de vaias - as mesmas que pontuaram toda a luta, composta por três rounds de cinco minutos. Vaiavam a falta de iniciativa dos lutadores. Isso porque não viram os quinze segundos finais do segundo assalto. Num capricho do tal destino citado lá em cima, uma sequência de clinch com os dois brutamontes de pé, entrelaçados pelos braços, foi captada pela câmera certa, no ângulo perfeito, no momento ideal. Resultado - uma cena que faria corar qualquer defensor do movimento arco-íris por conta de sua sugestão sexualmente gay. Muito gay.
Depois desta, vi outra, em que um brasileiro com onze lutas de invencibilidade no cartel foi nocauteado no primeiro soco, um direto no queixo que parecia saído de desenho animado, daqueles em que a cabeça fica e o corpo segue adiante. Caiu grogue, derrotado, envergonhado. Minha paciência para esses aperitivos acabou e marquei o tempo que deveria faltar até o prato principal.
Quatro partidas de Winning Eleven depois, lá estava eu de volta ao sofá, alertado pelo anúncio exagerado da entrada dos lutadores.
Minotauro, 33 anos, e Couture, 46, subiram ao octagon carregando não cinturões, mas uma história de glórias na competição mais famosa do MMA. Ambos na mais absoluta forma, secos e musculosos, compenetratos. Couture, claro, tinha da platéia o mesmo carinho que Rocky Balboa em seus filmes. O Brasileiro, apesar de também idolatrado por lá, desta vez atuava no papel de vilão.
Foram quinze minutos que apreciei da mesma forma que uma boa luta de boxe. Aliás, boxe foi o que se mais viu nesse tempo, com os dois lutadores trocando socos sem nenhuma prudência em várias oportunidades. "Trocação" franca, diziam na tv. Corro pro dicionário. A palavra não existe, como eu imaginei. Tudo bem, o comentarista, também tenho certeza de que foi inventado.
Numa dessas trocas de socos, Minotauro leva Couture ao chão. Tenta a montada e a finalização mas, para surpresa geral, o americano sai do triângulo que o brasileiro tentou a todo custo e força aplicar. Surpreendente, para dizer o mínimo.
A situação se repetiria. Um direto de Minotauro, Couture novamente no chão. Desta vez, o brasileiro imprensa o americano na grade e, de novo, tenta o estrangulamento. Fica longos minutos sobre ele quando, numa troca de posição, passa a ficar ainda mais à vontade para castigá-lo, soco atrás de soco, sempre na cabeça. Nada do juiz, também brasileiro, parar a luta. Nada do americano apagar. Mais uma vez, me surpreendo com sua resistência. O que não me surpreende, de forma alguma, é o impacto das cenas, de uma violência assustadora, daquelas em que, numa situação normal, você pensa “porra, assim ele vai matar o cara”.
Nada. Os dois se levantam, a luta acaba. Minotauro é declarado vencedor. Comemora sob tímidas vaias, já que foi claramente superior. Ouço a palavra “trocação” pela enésima vez. Tento ser menos intolerante e pensar que se trata de um termo próprio do esporte. “Impróprio é o catso, se são jornalistas, devem falar nossa língua com correção”.
É, realmente tem certas coisas as quais eu não consigo me acostumar.
sexta-feira, 28 de agosto de 2009
Início, meio e fim.
Há exatos cinco anos eu saía do ginásio do complexo de Helliniko, em Atenas, com um tremendo sorriso no rosto. Havia acabado de testemunhar a vitória da Argentina sobre a Itália, na disputa do ouro olímpico no basquete.
Era um dos eventos mais esperados e disputados dos jogos, pois todos acreditavam que o Dream Team americano estaria na final. Por isso não foi nada fácil entrar sem ingresso, no meio do segundo quarto, mesmo com a credencial de imprensa. Mas na Grécia, como aqui, muita coisa se resolve no jeitinho.
Para mim, que pela segunda olimpíada seguida não tinha o Brasil para torcer, era natural ficar feliz e vibrar por nossos vizinhos. Não só porque a escola argentina sempre me agradou, mas também porque aquela geração, em especial, tinha algo mágico. Que não era o talento incomum de Manu, a garra absurda de Noce ou a inteligência de Scola. O que saltava aos olhos naquele time era o espírito solidário, a união, a quase irmandade entre os jogadores. E as olimpíadas de Atenas, que começaram com o inacreditável - a derrota americana para Porto Rico, bem diante de meus olhos - terminavam com um sentimento imenso de orgulho em ser latino-americano, contagiado, claro, por três quartos pulando bem no meio da apaixonada torcida argentina, que eu bem sei, canta sem parar até em jogo de pólo aquático.
Naquela noite, éramos todos irmãos no basquete.
Eis que hoje, cinco anos depois, a seleção brasileira vence a argentina com autoridade e até sobras, pela Copa América, início do caminho para o tão esperado ciclo olímpico, que continua no ano que vem, com o Campeonato Mundial.
Em quadra, uma geração cada vez mais madura e preparada do basquete brasileiro, com Leandrinho, Ânderson, Tiago, Huertas, Alex. E um adversário desmantelado pelos desfalques de Ginóbili, Nocioni, Oberto, Delfino, Pepe. Nomes que, na Turquia, devem ter seu canto do cisne com a seleção argentina.
Uma troca de guarda. Que nossos moleques, cada vez mais homens, honrem o posto.
* * *
Pra quem não quiser mudar de assunto, vale uma olhada nisto.
Com sua introdução ao Hall da Fama do Basquete cada vez mais próxima, pipocam publicações, homenagens e lançamentos em torno de MJ. E lembranças. Muitas e boas.
Era um dos eventos mais esperados e disputados dos jogos, pois todos acreditavam que o Dream Team americano estaria na final. Por isso não foi nada fácil entrar sem ingresso, no meio do segundo quarto, mesmo com a credencial de imprensa. Mas na Grécia, como aqui, muita coisa se resolve no jeitinho.
Para mim, que pela segunda olimpíada seguida não tinha o Brasil para torcer, era natural ficar feliz e vibrar por nossos vizinhos. Não só porque a escola argentina sempre me agradou, mas também porque aquela geração, em especial, tinha algo mágico. Que não era o talento incomum de Manu, a garra absurda de Noce ou a inteligência de Scola. O que saltava aos olhos naquele time era o espírito solidário, a união, a quase irmandade entre os jogadores. E as olimpíadas de Atenas, que começaram com o inacreditável - a derrota americana para Porto Rico, bem diante de meus olhos - terminavam com um sentimento imenso de orgulho em ser latino-americano, contagiado, claro, por três quartos pulando bem no meio da apaixonada torcida argentina, que eu bem sei, canta sem parar até em jogo de pólo aquático.
Naquela noite, éramos todos irmãos no basquete.
Eis que hoje, cinco anos depois, a seleção brasileira vence a argentina com autoridade e até sobras, pela Copa América, início do caminho para o tão esperado ciclo olímpico, que continua no ano que vem, com o Campeonato Mundial.
Em quadra, uma geração cada vez mais madura e preparada do basquete brasileiro, com Leandrinho, Ânderson, Tiago, Huertas, Alex. E um adversário desmantelado pelos desfalques de Ginóbili, Nocioni, Oberto, Delfino, Pepe. Nomes que, na Turquia, devem ter seu canto do cisne com a seleção argentina.
Uma troca de guarda. Que nossos moleques, cada vez mais homens, honrem o posto.
* * *
Pra quem não quiser mudar de assunto, vale uma olhada nisto.
Com sua introdução ao Hall da Fama do Basquete cada vez mais próxima, pipocam publicações, homenagens e lançamentos em torno de MJ. E lembranças. Muitas e boas.
quarta-feira, 26 de agosto de 2009
Uma questão de bom senso.
Os mais velhos lembrarão que este era o slogam de uma antiga marca de cigarros.
Os mais antigos talvez fiquem até assustados com o que vou dizer.
O Esporte Fantástico do domingo passado resolveu propor uma questão, no mínimo, polêmica: quem era melhor, o Flamengo de 81 ou o São Paulo de 91/92?
Foram ouvidas seis opiniões, três ligadas a cada clube - Leandro, Andrade, Heitor Martinez (ator rubro-negro que me surpreendeu com seu conhecimento sobre o Fla), Cafu, Raí e Nasi (ele mesmo, do Ira!), tricolor fanático.
Quando entrevistei o Leandro, em sua pousada, em Cabo Frio, tive que lhe fazer a seguinte pergunta proposta pelo quadro do programa: num jogo único, quem levaria a melhor?
Leandro, do alto de sua classe e sabedoria, teve o bom senso de admitir que, em se tratando de futebol, qualquer um poderia vencer um jogo único. Mas ressaltou que, se fossem dez jogos, provavelmente aquele time do Flamengo venceria nove.
Ontem finalmente vi a matéria. Leandro e Andrade, claro, apontaram o Fla como sendo superior, pelos motivos que nem perderei tempo e espaço em reproduzir aqui. Heitor Martinez teve opinião igual (e, no dia da entrevista, foi mais longe, lembrando que se o Flamengo não tivesse perdido aquela semi para o Peñarol aqui, também seria bi da Libertadores e Mundial, como aquele São Paulo - mas não usaram isso na edição).
Cafu, que entrou para a história infinitamente mais pelo fôlego do que pela inteligência, preferiu apontar o São Paulo. Foi além - disse que, sem o Zico, o Fla de 81 tinha bons jogadores, mas inferiores aos daquele tricolor bi-mundial.
Passei a desconfiar que Cafu foi gostar de futebol tardiamente e, por isso, talvez jamais tenha visto Leandro, Júnior, Andrade e Adílio em campo.
Nasi, como esperado, apontou o São Paulo.
E aí veio Raí. Que, por duas vezes, enalteceu aquela bela equipe de Telê Santana, mas foi categórico: o Fla de 81 era melhor que o São Paulo da época dele.
Demonstrou sabedoria, conhecimento e, acima de tudo, respeito pela geração do irmão mais velho, uma das mais brilhantes que o futebol brasileiro já teve.
Uma questão de bom senso, acima de tudo.
Estreia é sempre estreia, mesmo agora, sem acento. Por isso, mais importante que qualquer outra observação, é preciso lembrar que o primeiro passo foi dado com o pé direito.
Mas, aqui entre nós, quase tropeçando no próprio pé esquerdo.
O Brasil venceu a República Dominicana, mas não sem tomar um calor quase até o fim e, principalmente, não sem deixar a todos preocupados.
Depois dos erros na preparação - como a tardia apresentação, duas semanas depois do que poderia ter sido - nossa seleção deixou muito a desejar ontem, em San Juan, mostrando um basquete quase oposto ao pregado e treinado por Moncho e mostrado nos amistosos anteriores.
Afobação no ataque, uma certa impaciência na defesa e, sobretudo, tiros e mais tiros de três pontos equivocados, mesmo numa tarde em que ficou claro, desde o início, que a bola não estava caindo.
Tomara que hoje, passada a estreia, joguemos como um time contra a Venezuela.
Os mais antigos talvez fiquem até assustados com o que vou dizer.
O Esporte Fantástico do domingo passado resolveu propor uma questão, no mínimo, polêmica: quem era melhor, o Flamengo de 81 ou o São Paulo de 91/92?
Foram ouvidas seis opiniões, três ligadas a cada clube - Leandro, Andrade, Heitor Martinez (ator rubro-negro que me surpreendeu com seu conhecimento sobre o Fla), Cafu, Raí e Nasi (ele mesmo, do Ira!), tricolor fanático.
Quando entrevistei o Leandro, em sua pousada, em Cabo Frio, tive que lhe fazer a seguinte pergunta proposta pelo quadro do programa: num jogo único, quem levaria a melhor?
Leandro, do alto de sua classe e sabedoria, teve o bom senso de admitir que, em se tratando de futebol, qualquer um poderia vencer um jogo único. Mas ressaltou que, se fossem dez jogos, provavelmente aquele time do Flamengo venceria nove.
Ontem finalmente vi a matéria. Leandro e Andrade, claro, apontaram o Fla como sendo superior, pelos motivos que nem perderei tempo e espaço em reproduzir aqui. Heitor Martinez teve opinião igual (e, no dia da entrevista, foi mais longe, lembrando que se o Flamengo não tivesse perdido aquela semi para o Peñarol aqui, também seria bi da Libertadores e Mundial, como aquele São Paulo - mas não usaram isso na edição).
Cafu, que entrou para a história infinitamente mais pelo fôlego do que pela inteligência, preferiu apontar o São Paulo. Foi além - disse que, sem o Zico, o Fla de 81 tinha bons jogadores, mas inferiores aos daquele tricolor bi-mundial.
Passei a desconfiar que Cafu foi gostar de futebol tardiamente e, por isso, talvez jamais tenha visto Leandro, Júnior, Andrade e Adílio em campo.
Nasi, como esperado, apontou o São Paulo.
E aí veio Raí. Que, por duas vezes, enalteceu aquela bela equipe de Telê Santana, mas foi categórico: o Fla de 81 era melhor que o São Paulo da época dele.
Demonstrou sabedoria, conhecimento e, acima de tudo, respeito pela geração do irmão mais velho, uma das mais brilhantes que o futebol brasileiro já teve.
Uma questão de bom senso, acima de tudo.
Estreia é sempre estreia, mesmo agora, sem acento. Por isso, mais importante que qualquer outra observação, é preciso lembrar que o primeiro passo foi dado com o pé direito.
Mas, aqui entre nós, quase tropeçando no próprio pé esquerdo.
O Brasil venceu a República Dominicana, mas não sem tomar um calor quase até o fim e, principalmente, não sem deixar a todos preocupados.
Depois dos erros na preparação - como a tardia apresentação, duas semanas depois do que poderia ter sido - nossa seleção deixou muito a desejar ontem, em San Juan, mostrando um basquete quase oposto ao pregado e treinado por Moncho e mostrado nos amistosos anteriores.
Afobação no ataque, uma certa impaciência na defesa e, sobretudo, tiros e mais tiros de três pontos equivocados, mesmo numa tarde em que ficou claro, desde o início, que a bola não estava caindo.
Tomara que hoje, passada a estreia, joguemos como um time contra a Venezuela.
segunda-feira, 24 de agosto de 2009
Segundona.
Eu assisti a três jogos de futebol neste fim de semana.
No sábado, vi o trio Thiago Silva, Ronaldinho Gaúcho e Alexandre Pato ser decisivo para a estreia do Milan com vitória sobre o Siena, por dois a um, no campeonato italiano.
Thiago foi um monstro na defesa, orientando companheiros dez anos mais experientes que ele. Ronaldinho, jogando como um legítimo camisa dez, deu dois passes mágicos nos lances dos gols marcados por um Pato absolutamente decisivo e confiante. Os três me pareceram em forma e motivados.
Ontem, vi Diego ter uma atuação soberba na magra vitória da Juve sobre o Chievo. Foi dele o cruzamento para o gol de Iaquinta e foram para ele as palmas de todo o Estádio Olímpico de Turim quando Ferrara o substituiu, a quatro minutos do fim, exatamente para isso. Mais que as palmas, o sorriso no rosto do brasileiro, enquanto era festejado pelos demais companheiros no banco, dizia tudo. Diego veste a 28, mas poderia perfeitamente vestir a 10 se ela não fosse de Del Piero.
Pois nem Diego, nem Thiago Silva, nem Pato, nem Ronaldinho, nenhum deles vai estar em campo no dia cinco, em Rosário, quando o Brasil enfrenta a Argentina.
Para os três mais jovens, seria um importante aprendizado relacionado à amarelinha. Encarar nossos hermanos, na terra deles, e na situação atual deles, é uma experiência que amadurece e bota à prova qualquer jogador.
Em vez deles, lá estarão Luisão, Felipe Melo, Josué, Gilberto Silva...
Ainda bem que ainda há tempo até a Copa de 2010.
* * *
O terceiro jogo a que assisti, claro, foi Avaí x Flamengo.
Sobre ele, apenas uma coisa a dizer - o foco de jogadores, comissão técnica e dirigentes, a partir de agora, deve ser chegar logo aos tais 45 pontos.
E é bom não entrar numa de que falta pouco para isso.
* * *
Mudando totalmente de assunto, deixo a dica - "Nalu Pelo Mundo", que estreou por esses dias no Multishow (terças, 21h), poderia ser apenas mais um programa na linha Surf Adventures, Mochilão, Travellers e outros, todos bons. Mas Nalu é muito bom. Também pela graça de Isabelle Nalu, de quatro anos, e pela simpatia do casal Pato e Fabiana. Mas, principalmente, pela edição, roteiro, sonorização e cuidado que se vê com a produção de cada sequência. Quando se sabe que tudo é feito apenas pelo casal - paralelamente a tomar conta da filha, numa idade em que isso não é exatamente algo fácil -, fica ainda mais admirável o resultado. Pra quem curte fazer tv, vale dar uma olhada.
No sábado, vi o trio Thiago Silva, Ronaldinho Gaúcho e Alexandre Pato ser decisivo para a estreia do Milan com vitória sobre o Siena, por dois a um, no campeonato italiano.
Thiago foi um monstro na defesa, orientando companheiros dez anos mais experientes que ele. Ronaldinho, jogando como um legítimo camisa dez, deu dois passes mágicos nos lances dos gols marcados por um Pato absolutamente decisivo e confiante. Os três me pareceram em forma e motivados.
Ontem, vi Diego ter uma atuação soberba na magra vitória da Juve sobre o Chievo. Foi dele o cruzamento para o gol de Iaquinta e foram para ele as palmas de todo o Estádio Olímpico de Turim quando Ferrara o substituiu, a quatro minutos do fim, exatamente para isso. Mais que as palmas, o sorriso no rosto do brasileiro, enquanto era festejado pelos demais companheiros no banco, dizia tudo. Diego veste a 28, mas poderia perfeitamente vestir a 10 se ela não fosse de Del Piero.
Pois nem Diego, nem Thiago Silva, nem Pato, nem Ronaldinho, nenhum deles vai estar em campo no dia cinco, em Rosário, quando o Brasil enfrenta a Argentina.
Para os três mais jovens, seria um importante aprendizado relacionado à amarelinha. Encarar nossos hermanos, na terra deles, e na situação atual deles, é uma experiência que amadurece e bota à prova qualquer jogador.
Em vez deles, lá estarão Luisão, Felipe Melo, Josué, Gilberto Silva...
Ainda bem que ainda há tempo até a Copa de 2010.
* * *
O terceiro jogo a que assisti, claro, foi Avaí x Flamengo.
Sobre ele, apenas uma coisa a dizer - o foco de jogadores, comissão técnica e dirigentes, a partir de agora, deve ser chegar logo aos tais 45 pontos.
E é bom não entrar numa de que falta pouco para isso.
* * *
Mudando totalmente de assunto, deixo a dica - "Nalu Pelo Mundo", que estreou por esses dias no Multishow (terças, 21h), poderia ser apenas mais um programa na linha Surf Adventures, Mochilão, Travellers e outros, todos bons. Mas Nalu é muito bom. Também pela graça de Isabelle Nalu, de quatro anos, e pela simpatia do casal Pato e Fabiana. Mas, principalmente, pela edição, roteiro, sonorização e cuidado que se vê com a produção de cada sequência. Quando se sabe que tudo é feito apenas pelo casal - paralelamente a tomar conta da filha, numa idade em que isso não é exatamente algo fácil -, fica ainda mais admirável o resultado. Pra quem curte fazer tv, vale dar uma olhada.
quarta-feira, 19 de agosto de 2009
O admirável mundo da bola, onde 2+2=3.
Eu já escrevi aqui uma vez que não sou muito bom em matemática. Mesmo assim, vamos lá, tentar entender algo que matemático algum parece ser capaz de me fazer compreender.
Anteontem foi anunciada a saída de Emerson do Flamengo. A tal proposta árabe - que, estranhamente, ontem, descobriu-se ser do Al-Ain, e não do Al-Ahli - havia sido aumentada e o clube, como apalavrado com o jogador, iria liberá-lo.
Vejamos, então, os valores sabidos até aqui. Lembro que a fonte desses números é a própria diretoria do Flamengo - a mesma que vinha dizendo negociar com um clube que, agora, revelou ser outro.
A multa rescisória do contrato assinado pelo jogador, em março passado, foi estabelecida em 6 milhões de euros, algo em torno de 15 milhões de reais. Pelos dois anos do compromisso, Emerson receberia pouco mais de um milhão de euros, 2,8 milhões de reais.
Há duas semanas chegou a notícia de que o Al-Ahli - perdão, o Al-Ain, na verdade - estaria oferencendo, pelo mesmo tempo de contrato, 12,5 milhões de reais ao jogador. Isso dá quatro vezes e meia o que ele teria a receber do Flamengo.
O mesmo Al-Ahli - quer dizer, o Al-Ain - ofereceu 5 milhões de reais ao clube - três vezes menos que a multa rescisória. Conta daqui, conta dali e os dirigentes rubro-negros concluíram que era muito pouco, ainda mais porque quase 90% do dinheiro iria diretamente para dois credores, o Atlético de Madrid, por conta da compra do zagueiro Gamarra, e uma empresa de segurança contratada na mais nebulosa administração que o clube já teve, de Edmundo Santos Silva.
Eis que, anteontem, os árabes melhoram a proposta feita ao jogador, de 12,5 milhões para 17 milhões. Nada menos que 4,5 milhões de aumento.
O Flamengo? Não, o Flamengo continua com a oferta de cinquinho na mesa, nem um tostão a mais.
Ora, como os árabes são capazes de oferecer tanto mais ao atleta e nada além para o clube?
Seriam eles os melhores negociantes do mundo ou seriam nossos dirigentes os piores?
Ou as duas coisas?
O vice de futebol do clube, Marcos Braz, afirmou ontem textualmente o seguinte, depois de vetar o negócio e quebrar a palavra dada a Emerson: "- Qualquer um que olhar a proposta verá que ela não é boa para o clube."
Jura?
Aí eu pergunto: alguém duvida que Emerson vai embora?
E mais importante: alguém acredita que os árabes possam aumentar a proposta ao clube da mesma maneira que fizeram com o jogador?
NÃO e NÃO são as respostas. No fim desta terça, O Flamengo já acenava com a possibilidade de fechar negócio por 6 milhões de reais - só um milhão a mais do que a proposta inicial e ainda duas vezes e meia menor que o valor da multa rescisória.
Se Emerson é tão importante para o time (e é) e se os árabes têm cacife (e terão sempre) para aumentar a proposta a Emerson em 4,5 milhões, por que o clube não bate o pé e diz que só libera o jogador se receber aumento similar, o que levaria o valor a ser recebido pelo Fla para algo em torno de 10 milhões de reais?
* * *
A enquete na página de abertura do globoesporte.com dá a tônica do que tem sido esse Campeonato Brasileiro até aqui. A pergunta é:
Quem foi o melhor jogador do primeiro turno do Brasileiro?
As opções?
Adriano, Diego Souza, Fernandinho, Júlio César, Miranda e Diego Tardelli.
Anteontem foi anunciada a saída de Emerson do Flamengo. A tal proposta árabe - que, estranhamente, ontem, descobriu-se ser do Al-Ain, e não do Al-Ahli - havia sido aumentada e o clube, como apalavrado com o jogador, iria liberá-lo.
Vejamos, então, os valores sabidos até aqui. Lembro que a fonte desses números é a própria diretoria do Flamengo - a mesma que vinha dizendo negociar com um clube que, agora, revelou ser outro.
A multa rescisória do contrato assinado pelo jogador, em março passado, foi estabelecida em 6 milhões de euros, algo em torno de 15 milhões de reais. Pelos dois anos do compromisso, Emerson receberia pouco mais de um milhão de euros, 2,8 milhões de reais.
Há duas semanas chegou a notícia de que o Al-Ahli - perdão, o Al-Ain, na verdade - estaria oferencendo, pelo mesmo tempo de contrato, 12,5 milhões de reais ao jogador. Isso dá quatro vezes e meia o que ele teria a receber do Flamengo.
O mesmo Al-Ahli - quer dizer, o Al-Ain - ofereceu 5 milhões de reais ao clube - três vezes menos que a multa rescisória. Conta daqui, conta dali e os dirigentes rubro-negros concluíram que era muito pouco, ainda mais porque quase 90% do dinheiro iria diretamente para dois credores, o Atlético de Madrid, por conta da compra do zagueiro Gamarra, e uma empresa de segurança contratada na mais nebulosa administração que o clube já teve, de Edmundo Santos Silva.
Eis que, anteontem, os árabes melhoram a proposta feita ao jogador, de 12,5 milhões para 17 milhões. Nada menos que 4,5 milhões de aumento.
O Flamengo? Não, o Flamengo continua com a oferta de cinquinho na mesa, nem um tostão a mais.
Ora, como os árabes são capazes de oferecer tanto mais ao atleta e nada além para o clube?
Seriam eles os melhores negociantes do mundo ou seriam nossos dirigentes os piores?
Ou as duas coisas?
O vice de futebol do clube, Marcos Braz, afirmou ontem textualmente o seguinte, depois de vetar o negócio e quebrar a palavra dada a Emerson: "- Qualquer um que olhar a proposta verá que ela não é boa para o clube."
Jura?
Aí eu pergunto: alguém duvida que Emerson vai embora?
E mais importante: alguém acredita que os árabes possam aumentar a proposta ao clube da mesma maneira que fizeram com o jogador?
NÃO e NÃO são as respostas. No fim desta terça, O Flamengo já acenava com a possibilidade de fechar negócio por 6 milhões de reais - só um milhão a mais do que a proposta inicial e ainda duas vezes e meia menor que o valor da multa rescisória.
Se Emerson é tão importante para o time (e é) e se os árabes têm cacife (e terão sempre) para aumentar a proposta a Emerson em 4,5 milhões, por que o clube não bate o pé e diz que só libera o jogador se receber aumento similar, o que levaria o valor a ser recebido pelo Fla para algo em torno de 10 milhões de reais?
* * *
A enquete na página de abertura do globoesporte.com dá a tônica do que tem sido esse Campeonato Brasileiro até aqui. A pergunta é:
Quem foi o melhor jogador do primeiro turno do Brasileiro?
As opções?
Adriano, Diego Souza, Fernandinho, Júlio César, Miranda e Diego Tardelli.
segunda-feira, 17 de agosto de 2009
SMS
Essa coisa de trabalhar tem me deixado sem tempo para o Tudo Bola. E o Flamengo, me deixado sem paciência pra escrever. A troca de mensagens com meu irmão, ontem, durante o jogo, resume bem o que ele foi.
- O flor VAI cair...
(a bolinha da Globo tinha acabado de anunciar o primeiro do Coxa)
- Porra, na pequena área, era bola do Bruno...
(e o Fla, tomado o primeiro do Grêmio)
- Tamos perdendo gol demais!
(nem lembro qual foi esse, foram tantos perdidos...)
- Esse Fierro é uma merda. Vamos ganhar esse jogo.
(confiança nada tola, diga-se, pois o Grêmio estava deixando jogar)
- Goleiraço.
(Victor salva um gol feito. Ou Adriano perde, tanto faz...)
- goleiraços
(Bruno espalma para escanteio uma cabeçada à queima-roupa)
- O nosso já foi.
(Bruno tinha acabado de falhar no segundo gol do Grêmio)
- FRANGAÇO
(a caixa alta diz tudo...)
- Imperador e Sheik muito mal hoje, perderam uma penca.
(na conta deles: 5 chances claras perdidas)
- Time apagou
(já tava 3x1...)
- Mais uma que dava pra ter ganho. Gostei do Camacho e do Everton, melhor do time.
- Placar injusto
E assim acabou o primeiro turno do campeonato para o Flamengo, décimo colocado com 27 pontos, cada vez mais longe do G4 mas, graças a Zico, confortavelmente longe da zona do rebaixamento.
Não, não se trata de pensamento pequeno, muito pelo contrário. A realidade desse campeonato é que qualquer sequência pode levá-lo ao céu ou ao inferno. Perguntem a São Paulo (seis vitórias seguidas, da quase zona pro G4), Avaí (nove jogos invicto, da lanterna para o quinto lugar) ou Fluminense (oito derrotas nas últimas doze rodadas, em que só venceu uma vez). Subir ou cair na tabela, numa competição em que a marca é a irregularidade, é muito fácil.
O difícil é mudar a realidade.
É por isso que não acredito que o Fla brigue mais pelo título. Pode melhorar, dar uma arrancada ali ou aqui (mais provavelmente aqui, porque fora o time quase não vence), mas vai, no máximo, brigar mesmo pela Libertadores.
É por isso, também, que acredito que o Fluminense já esteja rebaixado.
Teoricamente, Palmeiras, Goiás, Inter, São Paulo e Atlético estariam na disputa, já que a diferença entre o primeiro e o quinto colocados é de apenas cinco pontos. Mas eu vejo o Galo ficando pelo caminho... o Bambi subindo, chegando... o Colorado se reerguendo depois da saída de Nilmar... o Goiás cada vez mais sólido - e ainda terá Fernandão pra melhorar mais... e o Palmeiras, de Muricy, sinceramente eu não vejo com essa bola toda.
Continuo apostando no Inter, como previ aqui antes do campeonato. E acho que o São Paulo será o principal adversário dos gaúchos, com o Goiás pintando como possível surpresa.
- O flor VAI cair...
(a bolinha da Globo tinha acabado de anunciar o primeiro do Coxa)
- Porra, na pequena área, era bola do Bruno...
(e o Fla, tomado o primeiro do Grêmio)
- Tamos perdendo gol demais!
(nem lembro qual foi esse, foram tantos perdidos...)
- Esse Fierro é uma merda. Vamos ganhar esse jogo.
(confiança nada tola, diga-se, pois o Grêmio estava deixando jogar)
- Goleiraço.
(Victor salva um gol feito. Ou Adriano perde, tanto faz...)
- goleiraços
(Bruno espalma para escanteio uma cabeçada à queima-roupa)
- O nosso já foi.
(Bruno tinha acabado de falhar no segundo gol do Grêmio)
- FRANGAÇO
(a caixa alta diz tudo...)
- Imperador e Sheik muito mal hoje, perderam uma penca.
(na conta deles: 5 chances claras perdidas)
- Time apagou
(já tava 3x1...)
- Mais uma que dava pra ter ganho. Gostei do Camacho e do Everton, melhor do time.
- Placar injusto
E assim acabou o primeiro turno do campeonato para o Flamengo, décimo colocado com 27 pontos, cada vez mais longe do G4 mas, graças a Zico, confortavelmente longe da zona do rebaixamento.
Não, não se trata de pensamento pequeno, muito pelo contrário. A realidade desse campeonato é que qualquer sequência pode levá-lo ao céu ou ao inferno. Perguntem a São Paulo (seis vitórias seguidas, da quase zona pro G4), Avaí (nove jogos invicto, da lanterna para o quinto lugar) ou Fluminense (oito derrotas nas últimas doze rodadas, em que só venceu uma vez). Subir ou cair na tabela, numa competição em que a marca é a irregularidade, é muito fácil.
O difícil é mudar a realidade.
É por isso que não acredito que o Fla brigue mais pelo título. Pode melhorar, dar uma arrancada ali ou aqui (mais provavelmente aqui, porque fora o time quase não vence), mas vai, no máximo, brigar mesmo pela Libertadores.
É por isso, também, que acredito que o Fluminense já esteja rebaixado.
Teoricamente, Palmeiras, Goiás, Inter, São Paulo e Atlético estariam na disputa, já que a diferença entre o primeiro e o quinto colocados é de apenas cinco pontos. Mas eu vejo o Galo ficando pelo caminho... o Bambi subindo, chegando... o Colorado se reerguendo depois da saída de Nilmar... o Goiás cada vez mais sólido - e ainda terá Fernandão pra melhorar mais... e o Palmeiras, de Muricy, sinceramente eu não vejo com essa bola toda.
Continuo apostando no Inter, como previ aqui antes do campeonato. E acho que o São Paulo será o principal adversário dos gaúchos, com o Goiás pintando como possível surpresa.
terça-feira, 4 de agosto de 2009
Ei, Léo Moura...
Pedir desculpas não adianta, camarada. Aliás, camarada é o cacete.
Xingar a torcida, como você fez, muito menos. E dizer que se trata de meia dúzia que te persegue é piada ou surdez da sua parte. Ou cara-de-pau. Ou, pior, presunção.
Assim como aconteceu com Juan, seu parceiro da outra lateral, realmente as vaias te acompanham há tempos. E eu posso dizer isso de cadeira - arquibancada, na verdade - porque vou a todos os jogos. E também vaio.
Eu já escrevi isso aqui outra vez, mas vou repetir só pra você - a torcida rubro-negra, salvo raríssimas exceções (o horroroso Wellinton é um exemplo), só vaia quem não demonstra aplicação em campo. Vaia quem não volta pra defesa com o mesmo ímpeto que vai ao ataque. Vaia quem perde esse ímpeto e passa a se achar o dono do time, dando passinhos pro lado, sem suar a camisa. Vaia quem abandona a posição e se manda pra área, onde já está o Adriano. Vaia quem não honra a camisa que chamam de manto.
Por isso tudo e mais um pouco, como seguidas faltas e cruzamentos bizonhos, jogo após jogo, o que deixa clara a falta de treinamento, ela vaia você há tempos.
E veja só que engraçado, Léo: Willians, que há pelo menos meia dúzia de partidas tem jogado tão mal quanto você, esse sim, foi vaiado timidamente depois de uma bola perdida no ataque já no fim do jogo contra o Náutico. Sabe por que Willians não é vaiado, mesmo jogando mal? Porque dá o sangue em campo. Se aplica, demonstra esforço. Não foge de divididas, não volta dando trotezinho pra defesa. Rouba mais bolas que o restante do time todo. Erra dezenas de passes, é verdade. Mas tem ido mais à linha de fundo que você. Tem demonstrado infinitamente mais respeito à instituição Flamengo que você.
Claro que, nessas horas, mesmo após a atitude lamentável que você teve, aparecem cronistas criticando a postura do torcedor que vaia tanto quanto a sua. Eu lembro a esses que você e Juan, que um dia foram chamados de "os melhores laterais em atividade no Brasil", são há muito tempo os piores do time. Irritam a torcida tanto ou mais que o pobre Wellinton. Mas não pelo mesmo motivo. E sim pelos motivos que fizeram vocês terem passagens-relâmpago pela seleção do Dunga. A mesma seleção que sofre até hoje com seus próprios laterais.
Enfim, camarada, corra. Corra bastante amanhã, contra o Goiás, longe da meia dúzia que você afirma o perseguir injustamente.
Domingo que vem temos mais um encontro, eu, você e a torcida do Flamengo.
Xingar a torcida, como você fez, muito menos. E dizer que se trata de meia dúzia que te persegue é piada ou surdez da sua parte. Ou cara-de-pau. Ou, pior, presunção.
Assim como aconteceu com Juan, seu parceiro da outra lateral, realmente as vaias te acompanham há tempos. E eu posso dizer isso de cadeira - arquibancada, na verdade - porque vou a todos os jogos. E também vaio.
Eu já escrevi isso aqui outra vez, mas vou repetir só pra você - a torcida rubro-negra, salvo raríssimas exceções (o horroroso Wellinton é um exemplo), só vaia quem não demonstra aplicação em campo. Vaia quem não volta pra defesa com o mesmo ímpeto que vai ao ataque. Vaia quem perde esse ímpeto e passa a se achar o dono do time, dando passinhos pro lado, sem suar a camisa. Vaia quem abandona a posição e se manda pra área, onde já está o Adriano. Vaia quem não honra a camisa que chamam de manto.
Por isso tudo e mais um pouco, como seguidas faltas e cruzamentos bizonhos, jogo após jogo, o que deixa clara a falta de treinamento, ela vaia você há tempos.
E veja só que engraçado, Léo: Willians, que há pelo menos meia dúzia de partidas tem jogado tão mal quanto você, esse sim, foi vaiado timidamente depois de uma bola perdida no ataque já no fim do jogo contra o Náutico. Sabe por que Willians não é vaiado, mesmo jogando mal? Porque dá o sangue em campo. Se aplica, demonstra esforço. Não foge de divididas, não volta dando trotezinho pra defesa. Rouba mais bolas que o restante do time todo. Erra dezenas de passes, é verdade. Mas tem ido mais à linha de fundo que você. Tem demonstrado infinitamente mais respeito à instituição Flamengo que você.
Claro que, nessas horas, mesmo após a atitude lamentável que você teve, aparecem cronistas criticando a postura do torcedor que vaia tanto quanto a sua. Eu lembro a esses que você e Juan, que um dia foram chamados de "os melhores laterais em atividade no Brasil", são há muito tempo os piores do time. Irritam a torcida tanto ou mais que o pobre Wellinton. Mas não pelo mesmo motivo. E sim pelos motivos que fizeram vocês terem passagens-relâmpago pela seleção do Dunga. A mesma seleção que sofre até hoje com seus próprios laterais.
Enfim, camarada, corra. Corra bastante amanhã, contra o Goiás, longe da meia dúzia que você afirma o perseguir injustamente.
Domingo que vem temos mais um encontro, eu, você e a torcida do Flamengo.
terça-feira, 28 de julho de 2009
Cadê o Corinthians que tava aqui?
Primeiro foram Cristian e André Santos. Agora, quem sai é Douglas. Antes dele, a diretoria resolveu emprestar Lulinha, Otacílio Neto e Wellington Saci. E, pra piorar, Ronaldo quebrou a mão e ficará, pelo menos, oito rodadas fora do time.
Já classificado para a Libertadores do ano que vem, o Corinthians, de uma semana para outra, sumiu.
Com isso, já são dois os favoritos que, em apenas quatorze das trinta e oito rodadas do campeonato, saem da real disputa pelo título - ou alguém acredita que o Inter de Andrezinho e Alecssandro é o mesmo de Nilmar e D'Alessandro, agora afastado do grupo?
Quem deve estar rindo à toa é a torcida do Palmeiras de Muricy e Obina. Por mais que essa frase soe estranha.
Já classificado para a Libertadores do ano que vem, o Corinthians, de uma semana para outra, sumiu.
Com isso, já são dois os favoritos que, em apenas quatorze das trinta e oito rodadas do campeonato, saem da real disputa pelo título - ou alguém acredita que o Inter de Andrezinho e Alecssandro é o mesmo de Nilmar e D'Alessandro, agora afastado do grupo?
Quem deve estar rindo à toa é a torcida do Palmeiras de Muricy e Obina. Por mais que essa frase soe estranha.
segunda-feira, 27 de julho de 2009
Ser Rubro-Negro é...
"Quis o destino que fosse eu. Muitos queriam estar aqui dirigindo este time fabuloso que é o Flamengo. Sinto orgulho disso. Era o milésimo jogo da história do clube no Brasileiro. Isso é importantíssimo. Eles entenderam e foram brilhantes. Em 50 anos vão lembrar este jogo. Quero dedicar ao Zé Carlos, um amigo que não está mais aqui."
sexta-feira, 24 de julho de 2009
Fri-Day!
Nesta semana eu tive o prazer de conversar com o sociólogo Maurício Murad, autor de brilhante pesquisa que aponta a lamentável liderança do Brasil no ranking de mortes associadas à violência no futebol. Só nos primeiros seis meses deste ano, sete pessoas foram assassinadas indo ou voltando dos estádios.
Como se não isso bastasse, a rodada do meio de semana comprovou o que já suspeitávamos há tempos - temos também a pior arbitragem do mundo.
Depois do escândalo de quarta-feira, quando Rodrigo Nunes de Sá validou dois gols do Internacional em impedimento e ainda não mandou voltar a cobrança de pênalti de Washington, ontem, pasmem, aconteceu coisa pior.
Na vitória do Atlético Mineiro sobre o Fluminense, Wilson Luiz Seneme validou o gol do time carioca com nada menos que cinco jogadores em impedimento. Tartá, que voltava de posição ilegal e deu o passe para o gol de Kieza, estava, no mínimo, dez metros impedido no momento do chute. O vídeo, mesmo sem o melhor ângulo, já deixa clara a irregularidade. Note, aos 2:56, que o auxiliar estava em perfeita posição para observar o lance.
Como nem tudo é vergonha, resta rir com a vergonha alheia... Ronaldo pode ter dado belíssimo passe para o golaço de Dentinho na vitória sobre o Vitória. Mas, além de perder um gol feito, nos brindou com esse lance. Sorte dele não ter torcido o tornozelo esquerdo na pixotada.
Em Belo Horizonte, Alexandre Kallil, presidente do Atlético, mostrou que a onda do Twitter realmente pegou em cheio no mundo da bola. Mas parece que os dirigentes ainda não sabem muito bem para que serve essa ferramenta...
Enquanto isso, na Espanha, o Barça contrata o segundo melhor jogador do mundo na atualidade, para fazer dupla com o primeiro, um certo argentino baixinho. Podem tomar nota: o primeiro confronto entre Real e Barça, em Barcelona, é no dia 29 de novembro.
E por aqui, Cucaiu, finalmente. E se alguém tem dúvida dos motivos, basta ler aqui sobre o que jogadores e vice de futebol conversaram mais de uma hora ontem, na Gávea - sem a presença do ex-comandante, claro.
* * *
O título do post de hoje é homenagem descarada a Lang Whitaker, uma das melhores cabeças do jornalismo esportivo americano, cara que me inspirou a ter esse blog e dono do emprego dos meus sonhos, na bíblia chamada SLAM. Boa sexta a todos!
Como se não isso bastasse, a rodada do meio de semana comprovou o que já suspeitávamos há tempos - temos também a pior arbitragem do mundo.
Depois do escândalo de quarta-feira, quando Rodrigo Nunes de Sá validou dois gols do Internacional em impedimento e ainda não mandou voltar a cobrança de pênalti de Washington, ontem, pasmem, aconteceu coisa pior.
Na vitória do Atlético Mineiro sobre o Fluminense, Wilson Luiz Seneme validou o gol do time carioca com nada menos que cinco jogadores em impedimento. Tartá, que voltava de posição ilegal e deu o passe para o gol de Kieza, estava, no mínimo, dez metros impedido no momento do chute. O vídeo, mesmo sem o melhor ângulo, já deixa clara a irregularidade. Note, aos 2:56, que o auxiliar estava em perfeita posição para observar o lance.
Como nem tudo é vergonha, resta rir com a vergonha alheia... Ronaldo pode ter dado belíssimo passe para o golaço de Dentinho na vitória sobre o Vitória. Mas, além de perder um gol feito, nos brindou com esse lance. Sorte dele não ter torcido o tornozelo esquerdo na pixotada.
Em Belo Horizonte, Alexandre Kallil, presidente do Atlético, mostrou que a onda do Twitter realmente pegou em cheio no mundo da bola. Mas parece que os dirigentes ainda não sabem muito bem para que serve essa ferramenta...
Enquanto isso, na Espanha, o Barça contrata o segundo melhor jogador do mundo na atualidade, para fazer dupla com o primeiro, um certo argentino baixinho. Podem tomar nota: o primeiro confronto entre Real e Barça, em Barcelona, é no dia 29 de novembro.
E por aqui, Cucaiu, finalmente. E se alguém tem dúvida dos motivos, basta ler aqui sobre o que jogadores e vice de futebol conversaram mais de uma hora ontem, na Gávea - sem a presença do ex-comandante, claro.
* * *
O título do post de hoje é homenagem descarada a Lang Whitaker, uma das melhores cabeças do jornalismo esportivo americano, cara que me inspirou a ter esse blog e dono do emprego dos meus sonhos, na bíblia chamada SLAM. Boa sexta a todos!
segunda-feira, 20 de julho de 2009
Vinte de Julho ou Primeiro de Abril?
Não, o título nada tem a ver com qualquer dúvida sobre a conquista da Lua pelo homem. Graças à televisão, que desmitificou ontem os argumentos dos teóricos da conspiração, todos acreditam que estivemos lá - afinal, se deu na televisão, então é verdade.
Foi assim em 1969, quando a transmissão ao vivo pela tv foi o grande instrumento de divulgação da vitória americana. Na lógica da Guerra Fria, não fazia sentido pisar na Lua sem que toda a humanidade pudesse assistir.
Hoje foi possível rever a transmissão integral na voz de Walter Cronkite, que acaba de falecer. E também admirar imagens fantásticas.
Mas eu pergunto se é primeiro de abril porque parece mais assim. Não fossem as novas andorinhas voando pela janela de transferências, eu até acreditaria estarmos iniciando abril mesmo.
Afinal, Renato está de volta ao Fluminense.
Luxemburgo iniciou a campanha ao senado pelo estado do Tocantins.
E Romário está financeiramente quase quebrado.
Nosso futebol é inacreditavelmente autofágico.
Foi assim em 1969, quando a transmissão ao vivo pela tv foi o grande instrumento de divulgação da vitória americana. Na lógica da Guerra Fria, não fazia sentido pisar na Lua sem que toda a humanidade pudesse assistir.
Hoje foi possível rever a transmissão integral na voz de Walter Cronkite, que acaba de falecer. E também admirar imagens fantásticas.
Mas eu pergunto se é primeiro de abril porque parece mais assim. Não fossem as novas andorinhas voando pela janela de transferências, eu até acreditaria estarmos iniciando abril mesmo.
Afinal, Renato está de volta ao Fluminense.
Luxemburgo iniciou a campanha ao senado pelo estado do Tocantins.
E Romário está financeiramente quase quebrado.
Nosso futebol é inacreditavelmente autofágico.
segunda-feira, 13 de julho de 2009
Metade da metade.
"Ah, mas o campeonato ainda não engrenou, agora que vai começar de verdade." - comentaristas em geral
"Que preocupado que nada, ainda tem muito campeonato pela frente!" - tricolores do Rio em geral
"Cavalo paraguaio é o c... vamos acabar com o jejum de... de... nossa, é até difícil fazer essa conta..." - atleticanos em geral
"Somos time de arrancada, vai ser como no ano passado, o Muricy vai ver só..." - são-paulinos em geral
"Eu não enteeeeiiindo essa deconfiança com nosso time." - como se chama quem torce pelo Barueri?
É fato. Encerrada a décima rodada, mais de 25% do campeonato já se foi. Nesse admirável mundo dos pontos corridos, todos os times têm o mesmo número de jogos disputados (10) e a disputar (28). Tirando o Cruzeiro, ninguém mais se preocupa com competições paralelas. Acabaram-se as desculpas.
Dentro desse panorama, cinco times surpreendem até aqui, para o bem e para o mal:
Atlético Mineiro - eu já cheguei a chamá-lo de Patético Mineiro aqui. Afinal, um time que nos últimos anos, além de ser rebaixado, ainda teve que aturar dois vices para o arqui-rival com acachapantes goleadas idênticas na decisão, merece mesmo. Mas, surpresa - o galo lidera o campeonato com seis vitórias e apenas uma derrota em dez partidas. Qual a explicação? Bem, em primeiro lugar, uma olhada na tabela. As vitórias foram sobre o Grêmio (com titulares, diga-se), Sport, Atlético Paranaense, Náutico, Santos e Cruzeiro (com reservas). Destes, o melhor colocado até agora, em sexto, é o time gaúcho. Não dá pra dizer que a tabela foi exatamente exigente com o líder até aqui. Ainda mais se notarmos que o Atlético perdeu pontos nos empates com Avaí (fora), Santo André e Botafogo (em casa), sem falar na derrota para o Barueri. Pela frente, nas próximas nove rodadas (que completam o primeiro turno), virão São Paulo, Vitória, Fluminense, Goíás, Flamengo, Coritiba, Inter, Palmeiras e Corinthians. Será o verdadeiro teste para a turma de Celso Roth, Júnior e Éder Luis.
Vitória - uma simples olhada na tabela, por incrível que pareça, também explica o sucesso do time treinado por PCC. Vejamos: estreou vencendo o fraco Atlético Paranaense, no seu único triunfo fora de casa. Venceu também Sport, Grêmio, Botafogo, Santo André e Santos, todos em Salvador. Quando jogou fora, perdeu para Cruzeiro, Palmeiras e Flamengo. No Beira-Rio, empatou com o time reserva do Internacional. Ou seja, o Vitória só é vitória em casa. Resta saber até quando o time seguirá se impondo no Barradão - e se isso vai acontecer diante de adversários mais fortes.
Barueri - o mais incrível da campanha do Barueri é que, nas cinco primeiras rodadas, foram só quatro pontos, com quatro empates (Sport, Flu, Palmeiras e Goiás) e uma derrota (Corinthians). Nas cinco seguintes, treze pontos conquistados, com vitórias sobre Avaí, Cruzeiro, Atlético MG e Coritiba e o empate com o Santo André. Por conta da surpreendente e ascendente campanha, o atacante Fernandinho, em entrevista após a última vitória, disse que o time tem que pensar no título brasileiro. Sério. O técnico Estevam Soares foi rápido: "- Ouvi a manifestação do Fernandinho. É até normal um jogador jovem se empolgar um pouco mais. Mas na segunda-feira, na nossa conversa, isso acaba". A pergunta é quando vai acabar o encanto do Barueri.
São Paulo - onze pontos em dez jogos. Mesmo número de derrotas, no primeiro semestre de 2009, do que em todo o ano passado. Um técnico novo e que trabalhava há anos e anos no exterior. Outra eliminação na Libertadores, que culminou na demissão de Muricy. Para o bem do futebol brasileiro, a era São Paulo acabou. E, nesse caso, a explicação é simples - tudo, um dia, acaba.
Fluminense - dez pontos em dez jogos. Zona de rebaixamento. O Fluminense veio para a temporada 2009 embalado pela grande campanha na Libertadores do ano passado e iludido pelo retorno (ele chegou mesmo a ir?) de Thiago Neves. Mas o futebol apresentado até aqui é dos piores dos últimos tempos tricolores. Parreira caiu hoje e fala-se em Muricy. Papo. Malandro, jamais aceitaria treinar um clube comandado por um cardiologista e um empresário que não entendem nada de futebol. É bom abrir o olho, porque não se trata nem de cair ou não cair, mas sim de acostumar a torcida ao drama do cai-não-cai, como foi em 2008. É assim que se perde a base de torcedores. Mas seus dirigentes, no momento, parecem mais preocupados em saber quantas quadras de tênis cabem no campo das Laranjeiras, então...
"Que preocupado que nada, ainda tem muito campeonato pela frente!" - tricolores do Rio em geral
"Cavalo paraguaio é o c... vamos acabar com o jejum de... de... nossa, é até difícil fazer essa conta..." - atleticanos em geral
"Somos time de arrancada, vai ser como no ano passado, o Muricy vai ver só..." - são-paulinos em geral
"Eu não enteeeeiiindo essa deconfiança com nosso time." - como se chama quem torce pelo Barueri?
É fato. Encerrada a décima rodada, mais de 25% do campeonato já se foi. Nesse admirável mundo dos pontos corridos, todos os times têm o mesmo número de jogos disputados (10) e a disputar (28). Tirando o Cruzeiro, ninguém mais se preocupa com competições paralelas. Acabaram-se as desculpas.
Dentro desse panorama, cinco times surpreendem até aqui, para o bem e para o mal:
Atlético Mineiro - eu já cheguei a chamá-lo de Patético Mineiro aqui. Afinal, um time que nos últimos anos, além de ser rebaixado, ainda teve que aturar dois vices para o arqui-rival com acachapantes goleadas idênticas na decisão, merece mesmo. Mas, surpresa - o galo lidera o campeonato com seis vitórias e apenas uma derrota em dez partidas. Qual a explicação? Bem, em primeiro lugar, uma olhada na tabela. As vitórias foram sobre o Grêmio (com titulares, diga-se), Sport, Atlético Paranaense, Náutico, Santos e Cruzeiro (com reservas). Destes, o melhor colocado até agora, em sexto, é o time gaúcho. Não dá pra dizer que a tabela foi exatamente exigente com o líder até aqui. Ainda mais se notarmos que o Atlético perdeu pontos nos empates com Avaí (fora), Santo André e Botafogo (em casa), sem falar na derrota para o Barueri. Pela frente, nas próximas nove rodadas (que completam o primeiro turno), virão São Paulo, Vitória, Fluminense, Goíás, Flamengo, Coritiba, Inter, Palmeiras e Corinthians. Será o verdadeiro teste para a turma de Celso Roth, Júnior e Éder Luis.
Vitória - uma simples olhada na tabela, por incrível que pareça, também explica o sucesso do time treinado por PCC. Vejamos: estreou vencendo o fraco Atlético Paranaense, no seu único triunfo fora de casa. Venceu também Sport, Grêmio, Botafogo, Santo André e Santos, todos em Salvador. Quando jogou fora, perdeu para Cruzeiro, Palmeiras e Flamengo. No Beira-Rio, empatou com o time reserva do Internacional. Ou seja, o Vitória só é vitória em casa. Resta saber até quando o time seguirá se impondo no Barradão - e se isso vai acontecer diante de adversários mais fortes.
Barueri - o mais incrível da campanha do Barueri é que, nas cinco primeiras rodadas, foram só quatro pontos, com quatro empates (Sport, Flu, Palmeiras e Goiás) e uma derrota (Corinthians). Nas cinco seguintes, treze pontos conquistados, com vitórias sobre Avaí, Cruzeiro, Atlético MG e Coritiba e o empate com o Santo André. Por conta da surpreendente e ascendente campanha, o atacante Fernandinho, em entrevista após a última vitória, disse que o time tem que pensar no título brasileiro. Sério. O técnico Estevam Soares foi rápido: "- Ouvi a manifestação do Fernandinho. É até normal um jogador jovem se empolgar um pouco mais. Mas na segunda-feira, na nossa conversa, isso acaba". A pergunta é quando vai acabar o encanto do Barueri.
São Paulo - onze pontos em dez jogos. Mesmo número de derrotas, no primeiro semestre de 2009, do que em todo o ano passado. Um técnico novo e que trabalhava há anos e anos no exterior. Outra eliminação na Libertadores, que culminou na demissão de Muricy. Para o bem do futebol brasileiro, a era São Paulo acabou. E, nesse caso, a explicação é simples - tudo, um dia, acaba.
Fluminense - dez pontos em dez jogos. Zona de rebaixamento. O Fluminense veio para a temporada 2009 embalado pela grande campanha na Libertadores do ano passado e iludido pelo retorno (ele chegou mesmo a ir?) de Thiago Neves. Mas o futebol apresentado até aqui é dos piores dos últimos tempos tricolores. Parreira caiu hoje e fala-se em Muricy. Papo. Malandro, jamais aceitaria treinar um clube comandado por um cardiologista e um empresário que não entendem nada de futebol. É bom abrir o olho, porque não se trata nem de cair ou não cair, mas sim de acostumar a torcida ao drama do cai-não-cai, como foi em 2008. É assim que se perde a base de torcedores. Mas seus dirigentes, no momento, parecem mais preocupados em saber quantas quadras de tênis cabem no campo das Laranjeiras, então...
quinta-feira, 9 de julho de 2009
Mil palavras.
segunda-feira, 6 de julho de 2009
Big Phil
Somos todos técnicos de futebol, correto?
Assim como agora somos todos jornalistas.
E é isso mesmo. São duas profissões em que não é absolutamente necessária uma formação técnica. Se bem que, pra ser técnico, até onde eu sei, tem que fazer um cursinho. O Dunga fez esse cursinho? Não sei. De repente nem precisa mais do cursinho também.
Será que era necessário no passado? Teria João Saldanha feito cursinho? Aliás, haveria algum cursinho capaz de ter João Saldanha? Duvido.
Ontem, na tv, Felipão explicava qual sua linha de pensamento para lidar com as "estrelas" Drogba e Ballack no Chelsea. Logo depois, Rivaldo deixava claro o que o ex-técnico do clube inglês não podia - que os dois haviam feito a cama de Felipe para sua saída. Entre o treinador campeão mundial e três de seus principais jogadores - Cech também fazia parte do grupo que o minava - o russo milionário preferiu, claro, quem vende ingressos e camisas. Pode-se dizer que os resultados sob o comando de Felipão eram questionáveis, mas a saída prematura dele deixou claro que não se tratou de uma demissão normal para os padrões do futebol europeu.
Hoje, na tv, vejo gente questionando as vaias da torcida do Flamengo a Juan. Em primeiro lugar, acho a vaia um direito inquestionável do torcedor. Ele gasta o dinheiro que não tem pra comprar ingresso, ele se arrisca indo aos estádios, onde vez por outra ocorrem casos absurdos de violência, então ele tem sim o direito sagrado de demonstrar sua insatisfação com o time ou determinado jogador. A vaia é tão antiga quanto o aplauso. Além de característica peculiar do carioca, diga-se.
No Flamengo, a primeira lição que todo jogador - criado no clube ou não - deve aprender é que a falta de garra é o maior pecado que se pode cometer. A torcida do Flamengo tem especial marcação sobre aqueles que não vão em toda bola, toda dividida, toda jogada. Juan foi vaiado, sábado, porque demonstrou do início ao fim um total desinteresse pelo jogo, pelo Flamengo e pelos companheiros. Como em outras partidas, seguiu se escondendo pela faixa intermediária esquerda do campo. Passes pro lado, prendendo demais a bola. Nenhuma jogada de linha de fundo ou drible. Na verdade, tirando o chute do gol, Juan errou tudo no primeiro tempo. Tanto que voltou a ser vaiado, antes do intervalo, justamente por não ter corrido numa bola. O tal pecado mortal.
Aí, no segundo tempo, o Vitória empata num cruzamento que veio, claro, da direita, onde Juan apenas acompanhou o lance de longe e em nenhum momento realmente chegou para tentar impedir o centro para a área.
E o torcedor não tem o direito de vaiar o Juan?
Faça-me um favor.
Mas nem é essa a questão, eu apenas não resisti a escrever sobre a vaia. A real questão é a substituição que Cuca fez logo depois. Porque mesmo que o técnico diga que tomou a decisão para preservar o jogador - até pra ficar bem com o próprio - na verdade ele o fez porque precisava ganhar o jogo. E com Juan em campo ficou claro que isso não aconteceria.
Felipão caiu porque barrou Drogba e Ballack quando estes não estavam bem. Porque proibiu que Cech tivesse um treinador de goleiros exclusivo para ele.
Alguma possibilidade de Cuca barrar Juan, que não está bem há tempos? Nenhuma.
Logo depois do título dos Lakers na NBA eu li um artigo muito interessante do Bill Simmons, um dos melhores, sobre Phil Jackson, que tinha acabado de superar o lendário Red Auerbach, técnico nove vezes campeão com os Celtics. Mestre Bill argumentava, com a razão de quem viu ambos os tempos, que o feito de Jackson era muito mais impressionante, pois na época de Red os treinadores tinham o poder de Deus sobre os atletas. Quem não se enquadrasse, fosse quem fosse, estava fora. Phil, entre outras coisas, teve que ensinar Michael Jordan a ser solidário, além de lidar com a guerra de egos entre Shaq e Kobe nos Lakers. Mas não tenham dúvida - se Mike tivesse algum dia batido de frente com ele, em vez de virar seu fã, seria o técnico a rodar. Idem com Kobe.
Treinador, hoje, tem que ter mais e diferenciadas habilidades.
Duvido que Saldanha teria saco pra jogador.
Porque é muito complicado, em qualquer tipo de organização, ter autoridade sobre comandados que ganham dez vezes mais que você. E, via de regra, pensam muito menos.
Assim como agora somos todos jornalistas.
E é isso mesmo. São duas profissões em que não é absolutamente necessária uma formação técnica. Se bem que, pra ser técnico, até onde eu sei, tem que fazer um cursinho. O Dunga fez esse cursinho? Não sei. De repente nem precisa mais do cursinho também.
Será que era necessário no passado? Teria João Saldanha feito cursinho? Aliás, haveria algum cursinho capaz de ter João Saldanha? Duvido.
Ontem, na tv, Felipão explicava qual sua linha de pensamento para lidar com as "estrelas" Drogba e Ballack no Chelsea. Logo depois, Rivaldo deixava claro o que o ex-técnico do clube inglês não podia - que os dois haviam feito a cama de Felipe para sua saída. Entre o treinador campeão mundial e três de seus principais jogadores - Cech também fazia parte do grupo que o minava - o russo milionário preferiu, claro, quem vende ingressos e camisas. Pode-se dizer que os resultados sob o comando de Felipão eram questionáveis, mas a saída prematura dele deixou claro que não se tratou de uma demissão normal para os padrões do futebol europeu.
Hoje, na tv, vejo gente questionando as vaias da torcida do Flamengo a Juan. Em primeiro lugar, acho a vaia um direito inquestionável do torcedor. Ele gasta o dinheiro que não tem pra comprar ingresso, ele se arrisca indo aos estádios, onde vez por outra ocorrem casos absurdos de violência, então ele tem sim o direito sagrado de demonstrar sua insatisfação com o time ou determinado jogador. A vaia é tão antiga quanto o aplauso. Além de característica peculiar do carioca, diga-se.
No Flamengo, a primeira lição que todo jogador - criado no clube ou não - deve aprender é que a falta de garra é o maior pecado que se pode cometer. A torcida do Flamengo tem especial marcação sobre aqueles que não vão em toda bola, toda dividida, toda jogada. Juan foi vaiado, sábado, porque demonstrou do início ao fim um total desinteresse pelo jogo, pelo Flamengo e pelos companheiros. Como em outras partidas, seguiu se escondendo pela faixa intermediária esquerda do campo. Passes pro lado, prendendo demais a bola. Nenhuma jogada de linha de fundo ou drible. Na verdade, tirando o chute do gol, Juan errou tudo no primeiro tempo. Tanto que voltou a ser vaiado, antes do intervalo, justamente por não ter corrido numa bola. O tal pecado mortal.
Aí, no segundo tempo, o Vitória empata num cruzamento que veio, claro, da direita, onde Juan apenas acompanhou o lance de longe e em nenhum momento realmente chegou para tentar impedir o centro para a área.
E o torcedor não tem o direito de vaiar o Juan?
Faça-me um favor.
Mas nem é essa a questão, eu apenas não resisti a escrever sobre a vaia. A real questão é a substituição que Cuca fez logo depois. Porque mesmo que o técnico diga que tomou a decisão para preservar o jogador - até pra ficar bem com o próprio - na verdade ele o fez porque precisava ganhar o jogo. E com Juan em campo ficou claro que isso não aconteceria.
Felipão caiu porque barrou Drogba e Ballack quando estes não estavam bem. Porque proibiu que Cech tivesse um treinador de goleiros exclusivo para ele.
Alguma possibilidade de Cuca barrar Juan, que não está bem há tempos? Nenhuma.
Logo depois do título dos Lakers na NBA eu li um artigo muito interessante do Bill Simmons, um dos melhores, sobre Phil Jackson, que tinha acabado de superar o lendário Red Auerbach, técnico nove vezes campeão com os Celtics. Mestre Bill argumentava, com a razão de quem viu ambos os tempos, que o feito de Jackson era muito mais impressionante, pois na época de Red os treinadores tinham o poder de Deus sobre os atletas. Quem não se enquadrasse, fosse quem fosse, estava fora. Phil, entre outras coisas, teve que ensinar Michael Jordan a ser solidário, além de lidar com a guerra de egos entre Shaq e Kobe nos Lakers. Mas não tenham dúvida - se Mike tivesse algum dia batido de frente com ele, em vez de virar seu fã, seria o técnico a rodar. Idem com Kobe.
Treinador, hoje, tem que ter mais e diferenciadas habilidades.
Duvido que Saldanha teria saco pra jogador.
Porque é muito complicado, em qualquer tipo de organização, ter autoridade sobre comandados que ganham dez vezes mais que você. E, via de regra, pensam muito menos.
Assinar:
Postagens (Atom)