Do aeroporto de Viracopos rumamos para o Brinco de Ouro num táxi, ao preço de 55 reais. Como éramos três, achamos bem mais razoável que ficarmos andando de ônibus numa cidade desconhecida e cheia de torcidas organizadas do Corinthians apenas para economizar uns trocados. Nada razoável foi o tempo que levamos para chegar, não mais de quinze minutos... Pelo menos o motorista nos deixou de cara para a entrada reservada à nossa torcida, onde um mar de gente nas cores preta e vermelha e outro de policiais me fez sentir mais seguro. Nunca caí nesse papo de "torcidas co-irmãs". Apesar disso, ali pelas cercanias do estádio, o clima era pacífico, com rubro-negros e corintianos para todos os lados. À entrada, a polícia militar organizava as filas e fazia a revista. Foi nossa primeira surpresa:
- Não pode entrar de mochila.
- Hã? Mas eu abro, tiro tudo, pode revistar a mochila...
- Não pode entrar de mochila.
- Mas nós viemos do Rio, não estamos de carro, onde vou deixar a mochila?
- Não sei.
Não faz o mínimo sentido. Ainda tentei imaginar um motivo, como a possibilidade de tirar a alça da mochila para enforcar alguém, sei lá. Mas aí pensei que não pode ser esse, pois se eu quisesse enforcar alguém, poderia usar o cadarço, o cinto, a camisa... Pra nossa sorte, um estacionamento de restaurante ao lado aproveitou a situação para improvisar um guarda-volumes. Mais dez reais e pudemos finalmente entrar.
O estádio do Guarani é feio, sujo, desconfortável e perigoso. Logo na entrada do chamado tobogã, onde fica a torcida adversária, um túnel escuro, de teto baixo e não tão largo, dá acesso. Em caso de tumulto com casa cheia, um convite à tragédia. E trata-se da única entrada para aquele setor. Arquibancadas à antiga, sem assentos. Não há grades. Durante o jogo, dezenas se amontoavam nas quatro escadas de acesso, em outro convite a acidentes. Banheiros impraticáveis, alagados até o joelho. Polícia, quase nenhuma - basta dizer que, durante o jogo, um grupo atrás de nós fumou um cigarro de maconha como se estivesse no posto 9, em Ipanema. De longe deu pra perceber que cabines de rádio e tv continuam no século passado. Mas o que mais chamou minha atenção foi a estrutura montada sobre o teto do único setor coberto para as câmeras de transmissão. Dá pra imaginar que, com chuva e vento fortes, nada continue de pé ali. E que, como Campinas não terá jogos da Copa, a CBF vá deixar tudo correr assim até o século que vem.
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