Falou-se de tudo. De morte a uma suposta tentativa de suicídio. Do sequestro de um membro da família a uma doença grave. Falou-se, daqui e da Itália, em condição gravíssima, preocupação com o ser humano, apoio nesse momento delicado. A cada dia de sumiço, aumentavam as especulações em torno do que estaria acontecendo com Adriano.
Eis que ontem ele reaparece. Bermudão, chinelos, camiseta de malha barata. Com a mesma simplicidade, anuncia que vai parar de jogar futebol "por um tempo indeterminado". Nega qualquer doença, nega estar sofrendo de depressão ou mesmo triste. Sorri, desmente outra suposição, a de uma desilusão amorosa, e ri quando perguntado se vai se tratar. "- Não preciso ir pra nenhuma clínica, não estou doente."
Parreira, Zagallo, Muricy, Mourinho, Marco Aurélio Cunha. Apenas algumas pessoas que trabalharam com Adriano e acham que ele precisa de tratamento.
A justificativa para a decisão também é simples: "- Perdi a alegria de jogar. Todo mundo tem o direito de ser feliz no trabalho. E eu estava infeliz na Itália. Não sei se vou ficar um, dois ou três meses sem jogar. Vou repensar a carreira. Sou feliz no Brasil ao lado dos meus amigos e dos meus familiares."
Adriano ainda tinha um tempinho de contrato com a Inter, mais treze meses, pra ser exato. Falou ontem em não receber por esse tempo, o que é mais do que óbvio - a Inter não só não pagará por isso como ainda pode vir a tomar medidas legais em relação ao jogador. Principalmente se Adriano mudar de ideia e resolver voltar a jogar em outro clube dentro desse período.
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Havia na NBA um jogador chamado Eddie Robinson. Surgiu em 1999, nos Hornets, e logo chamou atenção pela mão certeira e a absurda capacidade atlética. Eddie era, como os locutores americanos gostam de dizer, capaz de "saltar para fora do ginásio". Sua enterradas, a mais pura demonstração de vigor e explosão.
Dois anos depois, em 2001, Eddie foi para o meu Chicago Bulls, que lhe deu um contrato de 32 milhões de dólares pelos cinco anos seguintes.
Só cumpriu três dos cinco anos de compromisso. Passou a se mostrar um atleta desinteressado, chegando a ficar fora de forma, algo que parecia impossível, dado que seu corpo moldado para o basquete era seu principal talento. Não se importava em ficar mais tempo no banco que na quadra, jamais permanecia no ginásio um minuto sequer após o fim dos treinos. Quando os Bulls finalmente enxergaram que ali não havia alguma paixão pelo jogo, o mandaram embora.
Eddie, no fim das contas, recebeu 30 dos 32 milhões de dólares, num acerto com o time. Nunca mais jogou basquete.
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Adriano nunca foi craque, longe disso. Surgiu no Flamengo como um jovem atacante de puro vigor físico e chute fortíssimo de canhota. Logo se transferiu para a Itália, depois de apenas 45 jogos (e 14 gols) com a camisa rubro-negra. Contratato pela Inter, foi emprestado à Fiorentina e ao Parma, onde finalmente mostrou serviço. Chamado de volta a Milão, ganhou a alcunha de Imperador, subiu ao céu e desceu ao inferno antes de terminar novamente emprestado, desta vez ao São Paulo.
No meio disso tudo, título e artilharia da Copa América de 2004 e da Copa das Confederações de 2005, além de 44 gols pela Inter.
Mas também a atuação apagada na Copa de 2006, gordo e fora de forma. Sem contar os flagras em boates, garupas de motos, atrasos, treinos alcoolizado, barrações, agressões, acidentes de carro, dois filhos e duas eleições como o pior jogador do campeonato italiano, em 2006 e 2007.
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Adriano tem todo o direito de se aposentar, caso queira, mesmo aos 27 anos. Afinal, ganhou dinheiro mais que suficiente para isso.
Qualquer pessoa, em qualquer profissão, tem o direito de largar seu emprego ou parar de trabalhar, desde que, claro, possa arcar com as consequências disso. Como Adriano.
E eu, como apaixonado pelo futebol e dependente do esporte para viver, tenho todo o direito de achar Adriano um dos piores profissionais que vi em minha carreira. O anti-profissional, na verdade. Superou Eddie Robinson.
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E Dunga, técnico da nossa seleção, convocou Adriano para os dois últimos jogos pelas eliminatórias, menos de duas semanas antes dele jogar tudo pro alto e decidir dar um tempo do futebol.
Considerando que Adriano não vinha atuando bem na Itália e que, como fica claro agora, sua cabeça estava tão mal quanto suas pernas, qual terá sido o critério de Dunga para convocá-lo?
9 comentários:
he said no, no, no.
Adriano teria mandado muito bem se soubesse fazer outra coisa da vida. Teria mandado muito bem se realmente estivesse limpo da cocaína e do tráfico de drogas. Seria sincero, inédito e até bonito o gesto de um jogador parar de jogar simplesmente pq nao é mais feliz e já nao possui mais ambiçoes financeiras com a bola.
Só que Adriano parou de jogar, pq o futebol é a última coisa da vida dele há uns 3 anos. E é a única coisa que ele sabe fazer bem.
"O que eu quero é ser feliz, andar tranquilamente na favela onde eu nasci..."
mudando de assunto: bolívia. taí um país mais ridículo que o brasil. aqui, que faz pirracinha é um desimportante governador de estado. lá, é o presidente.
Um chefe de estado fazer greve de fome já seria algo nonsense. Num país em que há gente passando fome então...
Deve ser a altitude, que faz o cérebro trabalhar com menos O2. Mas Maradona discorda disso.
Mudando de assunto de novo:
o que aconteceu no Maraca ontem?
A pergunta é: o que você acha que vai acontecer no domingo que vem?
Eu disse que daria Fla x Bota. É melhor vocês tentarem ganhar a Taça Rio a qualquer custo...
foi o que mais ouvi na redaçao: se nao ganharem no domingo, fudeu.
o flamengo tinha q ter goleado hoje tb, mto gol perdido. tal de émerson nao é bobo...
Vocês já conhecem a história...
Caso aconteça, ficará marcado para sempre como o tri em cima do Botafogo, como foi o último, 1-2-3 em cima do Vasco.
Mas domingo que vem, tudo pode acontecer.
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