quinta-feira, 19 de março de 2009

A Volta, de volta

A foto abaixo representa um momento histórico para nossa vela, tão importante quanto qualquer medalha de Torben ou Robert. Pela primeira vez, um barco brasileiro disputava a mais desafiadora prova dos mares. E a foto, como qualquer pessoa do mundo pode perceber, foi tirada aqui, na Baía de Guanabara, meu quintal.

A Volvo, que nasceu Whitbread, em 1972, tem como maior apelo ser a resposta a um antigo anseio de todo aventureiro - uma regata ao redor do mundo.

Não tem a história da America's Cup, é inegável. Mas isso ninguém tem (nem mesmo os jogos olímpicos modernos, visto que a primeira edição foi disputada em 1851).

Só que a fórmula de disputa da Round the World, muito mais interessante que o sistema de mach race da America's, e os investimentos feitos em tecnologia (pelas equipes) e marketing (pela Volvo, que a patrocina desde 2001), fizeram da caçula a menina dos olhos de qualquer velejador.

Das 27 mil milhas náuticas da primeira edição às 37 mil da atual (66 mil quilômetros, 26 mil a mais que a circunferência da Terra), muito mudou. Menos o espírito de desafio e aventura que ela representa. O lugar-comum que se houve e lê, de que a regata é a versão molhada do Rally Dakar, chega a soar ridículo. Nada no mundo é mais desafiador que a Volvo Ocean Race. Nada sequer chega perto.

Com o aumento assombroso de interesse, investimentos e atenção, a cartada de mestre veio na última edição, vencida pelo barco holandês ABN Amro One. Além das tradicionais pernas entre os portos, com portais de pontuação nas mais longas, foram acrescentadas as in port races, regatas tradicionais realizadas nas cidades de parada. Regatas tradicionais com super-veleiros de 70 pés.

Era o que faltava. A partir dali, a participação, em todas as paradas, passou a ser absurda, sempre com milhares de pessoas e centenas de barcos. A Volvo se mostrava ao público de perto, não apenas pelas imagens aéreas de tv.

Aqui no Rio, naquele 25 de março de 2006, o tempo era nublado. As muretas do Pão-de-Açúcar estavam lotadas. Era a melhor perspectiva para se acompanhar o início da regata, com uma boa tele do lado. Mas navegar é preciso num dia como esse e lá estavam mais de 200 barcos na minha frente, de cara para um pega que, pela falta de vento, nem foi tão emocionante. Mas marcou todos aqueles que, como eu, escoltaram orgulhosos o Brasil 1 de volta à Marina. Nosso barco terminaria num honroso terceiro lugar.

Desta vez, não tem barco brasileiro. Mas tem Torben no comando do Ericsson 4, que lidera a regata com 56,5 pontos (o Puma é o segundo, com 47, e o Telefonica Blue o terceiro, com 46,5 - os demais estão praticamente fora da briga). Para avaliar a importância de um título como o da Volvo no currículo de um velejador como Torben, basta dizer que, pela regata, ele abriu mão dos Jogos de Pequim.

Mesmo que não seja o primeiro a chegar à cidade, Torben, que nesse momento se encontra em segundo, atrás do Ericsson 3, já larga como favorito para a regata do porto, dia 4, que vale metade dos pontos de uma perna, assim os portais. Só que, desta vez, mais locais vão estar na raia. Bruno Prada será consultor do barco Puma, onde vai estar, como tripulante, Reinaldo Conrad, primeiro velejador brasileiro a conquistar uma medalha olímpica, o bronze de 68, no México, na Flying Dutchman. Marcelo Ferreira e André Fonseca, tripulantes do Brasil 1, estarão no time do Delta Lloyd, que não disputa esta perna e já está na Marina da Glória, em ritmo acelerado de reparos depois da quebra na etapa entre Cingapura e Qingdao.

A previsão é de que os barcos cheguem ao Rio entre os dias 23 e 24.

E como o Brasil é o país da vela, a Volvo vai dividir espaço com estaduais, Libertadores e Champions League aqui no Tudo Bola por esses dias. Afinal, o mundo não é redondo à toa.

* * *

Eu não poderia deixar de compartilhar duas imagens marcantes desta quinta.

A primeira, obra e graça do técnico Roberto Fernandes, do Figueirense, aquele mesmo que em um "curso" para "treinadores" ensinava a arte da falta para parar o jogo. Fazer um profissional se vestir de mulher, no exercício de seu trabalho, só se for no circo - ou no futebol brasileiro.

A segunda vem do basquete universitário americano, que entra agora em sua fase decisiva. Enterrada assim, nunca vi.

7 comentários:

Luciano disse...

1. Sobre a Volvo, ela me faz despertar um antigo sonho de ser lobo do mar - com cachimbo, gorro e papagaio no ombro - é realmente um desafio pra poucos, encarar oceano aberto, mesmo com toda a tecnologia envolvida.
2. Pelo que se vê o Roberto Fernandes preza pelo profissionalismo nas relações de trabalho...
3. Ainda cabe a questão filosófica suscitada por aquele filme do Wesley Snipes e Woody Harrelson: Homens Brancos não sabem enterrar? ou "White Men Can't Jump", no original?

Edu Mendonça disse...

Cara, por mais clichê que seja, nunca é tarde pra se realizar um sonho - meu velho comprou o primeiro barco depois dos 50. E mudou a rotina de toda a família com isso.

Assim como o "professor" Roberto Fernandes mudou a vida do pobre Jairo, ao obrigá-lo a vestir-se de mulher - as fotos já rodam o mundo na internet, que vergonha...

E homens brancos sempre souberam enterrar! Eu que o diga, lá pelos meus longínquos 17, 18 anos... Mas o filme é ótimo.

Anônimo disse...

o roberto fernandes deve ter sido batizado pelo arcebispo de recife e olinda. e as quartas da liga dos campeões, hein? liverpool x chelsea! barcelona x bayern! arsenal e manchester já estão nas semis?

Bolinho disse...

carai, o tombo do moleque é lindo! o cara quis pular 40 metros antes da cesta pra enterrar...sifu.

Partiu Domingo?

Edu Mendonça disse...

CLARO. Pontinho doendo é o c.

O mais engraçado é a pinta de nerd do garoto, com aquele cabelinho The 70's.

HAHAHA, Renatin! Bem feito pra ele (e nem foi dele a idéia, no fim das contas).

Eu aposto em United x Gunners e Reds x Barça. U-a-u.

Manchester e Liverpool na final, já pensou? E, quem sabe, com os dois brigando ao mesmo tempo pelo título inglês - considerado PRIORIDADE pela diretoria e torcida do Liverpool nessa temporada.

Imagine.

Ou então pode imaginar um Manchester x Barça, com Messi, Eto e Henry substituindo essa rivalidade toda. Também não seria mal.

Anônimo disse...

Reds x Barça é o jogo. lembro que em 2006, antes da copa, passava eu por um simpático boteco na marques de sao vicente e via meu grupo preferido de bebados dissertando sobre Lampard, Joe Cole e etc... sinais dos tempos e sintomas do melhor campeonato do mundo q é essa merda de UCL.

E vou contar um segredo pra vcs: Nao gosto do Messi pelo mesmo motivo q nao gosto do kAKÁ. eles sao mto certinhos. eu quero os Riquelmes de volta! Os errantes e irregulares, os depressivos e sensíveis craques.

voltando, C. Ronaldo x Messi é o que todos querem ver.

Edu Mendonça disse...

Hmmm. Eu prefiro Cristiano x Gerard na final.

Tens visto o Liverpool?