terça-feira, 24 de março de 2009

Eu Quero O Meu.

Eles são seis. Palmeiras, Santos, Cruzeiro, Botafogo, Fluminense e Bahia. Juntos, somam dez títulos brasileiros, do jeito que os conhecemos, desde 1971.

Preciso abrir um parênteses - eu lembro que, quando pequeno, já adorava estatísticas esportivas. Olhava fascinado aquelas listas de campeões ingleses e italianos, imaginando conquistas do século passado, agora retrasado... Até que, num belo dia, a Placar veio com um Guia dos Campeonatos Brasileiros, lá pelos idos dos anos 80. E eu, moleque, sempre pensava, entre uma história e outra: "mas e antes de 71?"

Pois é isso que esses seis clubes, reunidos, pleiteiam. Juntos, conquistaram quatorze títulos nacionais, se considerarmos assim as antigas Taça Brasil (59 a 68) e Taça de Prata (67 a 70). Mesmo assim, soa estranho pensar em futebol brasileiro organizado apenas a partir de 1959 - quando a maioria de nossos estaduais têm histórias centenárias. Mas já é um avanço, um resgate de uma história que não pode ser menosprezada.

Os maiores interessados no reconhecimento destas conquistas são Santos (6) e Palmeiras (4). Ambos deixariam para trás o hexa da era moderna São Paulo e passariam a somar, cada, oito títulos nacionais. Os demais requisitantes adicionariam uma conquista cada a seus currículos.

Mas...

Você sabia que a Taça Brasil era disputada em sistema de mata-mata? O Palmeiras campeão de 1960, por exemplo, fez apenas quatro jogos. O Santos, campeão nos cinco anos seguintes, na época de ouro do clube, jogou, respectivamente, cinco, cinco, quatro, quatro e quatro jogos em cada uma dessas conquistas. Apenas numa edição da Taça Brasil, a primeira, o campeão, o Bahia, jogou mais de dez partidas - foram 14.

Vale dizer, também, que pela forma de disputa, ficavam de fora da Taça Brasil alguns dos principais clubes do país, já que na maioria das edições apenas os campeões regionais tinham direito à vaga (mais tarde, alguns vices participariam).

Com a criação da Taça de Prata, o famoso Robertão - em homenagem a Roberto Gomes Pedrosa, goleiro do São Paulo e da seleção brasileira - o campeão passou a ser um pouco mais exigido. O Palmeiras disputou 20 jogos em 67 e 19 em 69. O Santos, 19 partidas em 1968. E e o Fluminense, último campeão antes do nascimento do Brasileirão, 19 no ano do tri.

Seria justo, então, comparar títulos da Taça Brasil, da Taça de Prata e do Campeonato Brasileiro? Campanhas de quatro jogos com campanhas de 38?

Seria justo, também, ignorar que esses eram, apesar dos pesares, os campeonatos ditos nacionais que a cartolagem conseguia organizar na época, já demonstrando todal inaptidão para tal?

* * *

Depois do absurdo dos ingressos no clássico de domingo, no Maracanã, hoje foi a vez de centenas de torcedores do Fluminense serem impedidos pela Polícia Militar de entrar no estádio Eduardo Guinle, em Friburgo, mesmo com o ingresso na mão.

Motivo: a parte das arquibancadas destinada a eles já estava completamente lotada.

Passam décadas e os cartolas parecem os mesmos da época da Taça Brasil... ou piores.

* * *

Pouco vento, pouca comida, pouco progresso no trigésimo-nono dia da perna Quingdao-Rio da Volvo Ocean Race. Ericsson 3, líder da etapa, e Ericsson 4, de Torben, devem pintar no horizonte da cidade na tarde desta quarta.

Bem, isso eu escrevi ontem, com base nas previsões de ontem... agora, a nova estimativa de chegada do Ericsson 4 é para as 3 da manhã desta quinta...

O Tudo Bola, que não navega à noite, manda o barco pro mar amanhã, pra fazer as primeiras fotos do Volvo 70 do Torben em mares cariocas.

8 comentários:

Anônimo disse...

essa discussão sobre títulos antigos é boa. o assaf sempre disse que o robertão era campeonato brasileiro, os outros não. os campeonatos de 67, 68, 69 e 70 eram exatamente como o que, em 71, apenas mudou de nome (em 87 e em 2000 o nome também era outro). mas essa divisão tira a força do movimento. ou vão passar todos, desde 59, ou nenhum.

Edu Mendonça disse...

Mas não deixa de ser engraçada essa coisa de querer transformar títulos do passado em equivalentes do presente... o Santos, por exemplo, deixaria de per bi brasileiro, penta da Taça Brasil e campeão da Taça de Prata para ser apenas octa brasileiro. Sem graça.

Tá comprando a Four Four Two brasileira, camarada?

Anônimo disse...

não, é boa?

Edu Mendonça disse...

Muito. Do que há por aqui, melhor. É uma Trivela com mais efeito, digamos.

Anônimo disse...

boa! vou comprar. sobre a idéia de que igualar os campeonatos tira a graça, concordo. é como jogar uma mão de tinta em cima de um quadro. a única vantagem de o campeonato de 70 virar brasileirão é a piada pronta: com os títulos de 70, 84 e 99, falta um para alcançarmos o flamengo... hehe.

Edu Mendonça disse...

Dois...

Anônimo disse...

mas, sério, caguei pra taças e títulos. se a gente fosse dar valor a isso, viveria deprimido. esse negócio é para os grandes, como o seu. o meu é um west ham, e assim gosto que seja. essa "alma tricolor" poderia ter mudado com a libertadores. não mudou. então seguimos assim.

Edu Mendonça disse...

Disso tudo, o que mais me impressiona é pensar no tempo absurdo que nossos cartolas demoraram para organizar um campeonato nacional (e olha que a maioria deles nem mesmo organizada foi).