Mas a Four Four Two Brasil, que chega a seu número quatro, assim como a original inglesa reserva sua última página à uma "lista" irresistível. O time dos sonhos de alguém. Por essa página já passaram craques, árbitros e jornalistas, sempre apontando os melhores que viram ou com quem jogaram em cada posição. Com direito a banco.
E é aí que podemos ver, com clareza, como o futebol é uma paixão tão particular. Não existe espaço para melhor ou pior, apenas o preferido. Há quem prefira Luís Pereira, há quem prefira Franco Baresi. A única regra que cada entrevistado precisa obedecer é só escolher jogadores de seu tempo. Dá sempre um orgulho quando um Zola bota um Zico em seu time. Quando vários brasileiros aparecem no de um italiano ou de um espanhol. O onze perfeito do romeno Gheorghe Hagi, nesta edição, tem Taffarel, Jorginho, Baresi, Hierro e Maldini; Guardiola, Zidane, Figo e Maradona; Gullit e Van Basten. Romário no banco. Um belo time, sem dúvida.
Eu não gosto de listas. Mas meu onze perfeito, como o do Hagi, não é lista de melhores - é o meu escrete dos sonhos. Passatempo perfeito para uma troca de pneus com alinhamento e balanceamento.
Pfaff - o belga tinha um jeitão de Raul, usava roupas berrantes amarelas ou laranjas e pegava muito, muito. Foi eleito o melhor da posição na Copa do México, em 86. Um mundial que ficou marcado em minha memória, claro, por conta de Maradona. Mas também por conta de Pfaff, que foi o titular da seleção belga por mais de uma década e brilhou intensamente também no Bayern de Munique.
Jorginho - eu vi Leandro jogar muito mais pela zaga, já com os joelhos comprometidos, do que na lateral, infelizmente. Por isso meu time tem Jorginho, que tinha tudo que um lateral deve ter - velocidade, fôlego, boa marcação, drible e, acima de tudo, um dos cruzamentos mais perfeitos do futebol.
Baresi - nos anos 80, a diversão aos domingos era ver na Bandeirantes ou o Nápoli de Maradona ou a Juventus de Platini ou o Milan de Baresi. Sim, porque Gullit e Van Basten apenas jogavam no time de Franco Baresi. Quando comecei a vê-lo, já era um veterano. Ainda foi capaz de jogar vários anos mais em altíssimo nível.
Trésor - pra quem hoje acha que o Touré é bola, que o Cannavaro é bola, fico imaginando se vissem o negão francês jogar...
Rijkaard - no Milan de Baresi também jogava outro holandês além de Gullit e Van Basten. Alto como os outros dois. De futebol ainda mais elegante que os dois. Craque.
Júnior - Eu vi o Júnior lateral e vi mais ainda o Júnior que carregou um time ruim do Flamengo ao título nacional de 92. Até aí nada. O incrível é a forma como o Capacete, naquela idade, jogou naqueles anos. Poucos foram tão inteligentes dentro de campo quando o Leo de cabelos brancos.
Zico e Maradona - não é necessário explicar nem um, nem outro.
Platini - como Zico, não conquistou uma Copa, coisa que Zidane fez. Torço pela Juventus (único clube por que torço mesmo, além do meu), por causa dele. A corrida pela artilharia do italiano de 84, com Zico, é inesquecível. Deu uma Eurocopa à Franca no mesmo ano, num timaço que tinha Trésor, Giresse e Tigana.
Gullit - um demônio gigante, veloz e inteligente. Craque.
Del Piero - dos primeiros gols na Juve, seu único clube, aos cabelos grisalhos de agora, a única coisa que não mudou foi a categoria pra bater na bola. Alessandro, no auge, era muito, muito veloz. Além de jogar na Juve, tem Zico como ídolo (por que será que bate faltas tão bem?).
Reservas:
Júlio Cesar - um fenômeno.
Redondo - pena que as lesões o impediram de ser meu titular.
Zidane - craque com carimbo de craque.
Van Basten - o atacante mais técnico que vi jogar, um monstro.
Renato - pra mim não tem polêmica - de 83 a 88, ele foi um dos melhores atacantes do mundo e ainda amava o drible.
Que sorte eu tive de ver esses craques todos.