Por isso eu não gosto delas. "Os 10 mais do não-sei-o-quê". Pra quem? Que me interessa?
Mas a Four Four Two Brasil, que chega a seu número quatro, assim como a original inglesa reserva sua última página à uma "lista" irresistível. O time dos sonhos de alguém. Por essa página já passaram craques, árbitros e jornalistas, sempre apontando os melhores que viram ou com quem jogaram em cada posição. Com direito a banco.
E é aí que podemos ver, com clareza, como o futebol é uma paixão tão particular. Não existe espaço para melhor ou pior, apenas o preferido. Há quem prefira Luís Pereira, há quem prefira Franco Baresi. A única regra que cada entrevistado precisa obedecer é só escolher jogadores de seu tempo. Dá sempre um orgulho quando um Zola bota um Zico em seu time. Quando vários brasileiros aparecem no de um italiano ou de um espanhol. O onze perfeito do romeno Gheorghe Hagi, nesta edição, tem Taffarel, Jorginho, Baresi, Hierro e Maldini; Guardiola, Zidane, Figo e Maradona; Gullit e Van Basten. Romário no banco. Um belo time, sem dúvida.
Eu não gosto de listas. Mas meu onze perfeito, como o do Hagi, não é lista de melhores - é o meu escrete dos sonhos. Passatempo perfeito para uma troca de pneus com alinhamento e balanceamento.
Pfaff - o belga tinha um jeitão de Raul, usava roupas berrantes amarelas ou laranjas e pegava muito, muito. Foi eleito o melhor da posição na Copa do México, em 86. Um mundial que ficou marcado em minha memória, claro, por conta de Maradona. Mas também por conta de Pfaff, que foi o titular da seleção belga por mais de uma década e brilhou intensamente também no Bayern de Munique.
Jorginho - eu vi Leandro jogar muito mais pela zaga, já com os joelhos comprometidos, do que na lateral, infelizmente. Por isso meu time tem Jorginho, que tinha tudo que um lateral deve ter - velocidade, fôlego, boa marcação, drible e, acima de tudo, um dos cruzamentos mais perfeitos do futebol.
Baresi - nos anos 80, a diversão aos domingos era ver na Bandeirantes ou o Nápoli de Maradona ou a Juventus de Platini ou o Milan de Baresi. Sim, porque Gullit e Van Basten apenas jogavam no time de Franco Baresi. Quando comecei a vê-lo, já era um veterano. Ainda foi capaz de jogar vários anos mais em altíssimo nível.
Trésor - pra quem hoje acha que o Touré é bola, que o Cannavaro é bola, fico imaginando se vissem o negão francês jogar...
Rijkaard - no Milan de Baresi também jogava outro holandês além de Gullit e Van Basten. Alto como os outros dois. De futebol ainda mais elegante que os dois. Craque.
Júnior - Eu vi o Júnior lateral e vi mais ainda o Júnior que carregou um time ruim do Flamengo ao título nacional de 92. Até aí nada. O incrível é a forma como o Capacete, naquela idade, jogou naqueles anos. Poucos foram tão inteligentes dentro de campo quando o Leo de cabelos brancos.
Zico e Maradona - não é necessário explicar nem um, nem outro.
Platini - como Zico, não conquistou uma Copa, coisa que Zidane fez. Torço pela Juventus (único clube por que torço mesmo, além do meu), por causa dele. A corrida pela artilharia do italiano de 84, com Zico, é inesquecível. Deu uma Eurocopa à Franca no mesmo ano, num timaço que tinha Trésor, Giresse e Tigana.
Gullit - um demônio gigante, veloz e inteligente. Craque.
Del Piero - dos primeiros gols na Juve, seu único clube, aos cabelos grisalhos de agora, a única coisa que não mudou foi a categoria pra bater na bola. Alessandro, no auge, era muito, muito veloz. Além de jogar na Juve, tem Zico como ídolo (por que será que bate faltas tão bem?).
Reservas:
Júlio Cesar - um fenômeno.
Redondo - pena que as lesões o impediram de ser meu titular.
Zidane - craque com carimbo de craque.
Van Basten - o atacante mais técnico que vi jogar, um monstro.
Renato - pra mim não tem polêmica - de 83 a 88, ele foi um dos melhores atacantes do mundo e ainda amava o drible.
Que sorte eu tive de ver esses craques todos.
sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009
quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009
Feliz 2009.
O ano começou ontem com um bom jogo de futebol no Maracanã, entre Fluminense e Botafogo, valendo vaga para a final da Taça Guanabara, contra o Resende (e não a própria taça, como acham alguns).
Bom jogo, digo, mais por conta das muitas chances para os dois lados. Porque tecnicamente falando... meu Deus. Seguem minhas anotações ao longo da partida.
- Nos 22 primeiros minutos de jogo, 32 passes errados. Sério. Um passe errado a cada 41 segundos! Aos 33 minutos, já eram 50! Um a cada 39 segundos. De todo jeito - dos lançamentos imprecisos de Conca e Thiago Neves a passes de três metros de Maicossuel. É uma pena que a transmissão da tv não dê sequência à nenhuma linha de pensamento, pois depois ninguém revelou quantos foram os passes errados nos 90 minutos. Mas, se fizermos a média de um a cada 40 segundos, tivemos então cerca de 135 no jogo todo. Seria um recorde mundial?
- Reinaldo não mudou nada desde que trocou o Flamengo pela Europa. No lance da falha grotesca de Mariano, ele perdeu o gol mais feito da partida, cara-a-cara com FH. Nem foi uma grande defesa a do goleiro do Flu. Foi sim uma péssima finalização.
- Logo no lance seguinte, gol do Botafogo, numa manjadíssima cobrança de escanteio no primeiro pau. Até times de mulheres com apenas dois neurônios conhecem essa, Flanders e Horcades!
- Fim do primeiro tempo, Botafogo na frente e surge aquela pergunta de sempre: será que agora o time vai recuar, se fechar e abdicar de atacar?
- Sim! Com quinze minutos, o Botafogo já tinha desperdiçado três ótimos contra-ataques, adivinhem o motivo... passes errados, claro. Nesses mesmos quinze minutos, o time não tocou mais a bola no campo do adversário, se limitando a defender e contra-atacar.
- Aliás, será que algum técnico no Brasil treina situações de contra-ataque? Botar em campo três ou quatro meias e atacantes pra partir pra cima de três ou quatro defensores? Instruir esses atacantes a como se movimentar, dar opções a quem está com a bola? Ok, ok... esqueci que é futebol, estou pensando com cabeça de basqueteiro de novo...
- Mas, peraí - ontem o pessoal de Liverpool e Juventus parecia saber exatamente pra onde ir em cada contra-ataque...
- Quando Diguinho foi substituído no Flu, a torcida do Bota cantou um antigo samba sobre traição...
- Já fechadinho na defesa, o Bota de Ney Franco trocou Léo Silva (que realmente não jogava bem) por Batista, volante de marcação. Ok, previsível. Mas a torcida concordar que essa era a melhor substituição em enquete na internet?...
- Perdendo, Flanders, que tinha substituído Diguinho por Tartá, resolveu tirar Conca e botar Leandro Bonfim. Conca não jogava bem, é verdade. Mas é homem de criação. E Fabinho, o que ficou fazendo em campo? Ajudando Mariano, Luiz Alberto, Edcarlos e Leandro a marcar Reinaldo, solitário no ataque alvi-negro? Realmente não dá pra entender.
O Botafogo que não pense que a fatura está liquidada contra o Resende antes mesmo de a bola rolar.
Bom jogo, digo, mais por conta das muitas chances para os dois lados. Porque tecnicamente falando... meu Deus. Seguem minhas anotações ao longo da partida.
- Nos 22 primeiros minutos de jogo, 32 passes errados. Sério. Um passe errado a cada 41 segundos! Aos 33 minutos, já eram 50! Um a cada 39 segundos. De todo jeito - dos lançamentos imprecisos de Conca e Thiago Neves a passes de três metros de Maicossuel. É uma pena que a transmissão da tv não dê sequência à nenhuma linha de pensamento, pois depois ninguém revelou quantos foram os passes errados nos 90 minutos. Mas, se fizermos a média de um a cada 40 segundos, tivemos então cerca de 135 no jogo todo. Seria um recorde mundial?
- Reinaldo não mudou nada desde que trocou o Flamengo pela Europa. No lance da falha grotesca de Mariano, ele perdeu o gol mais feito da partida, cara-a-cara com FH. Nem foi uma grande defesa a do goleiro do Flu. Foi sim uma péssima finalização.
- Logo no lance seguinte, gol do Botafogo, numa manjadíssima cobrança de escanteio no primeiro pau. Até times de mulheres com apenas dois neurônios conhecem essa, Flanders e Horcades!
- Fim do primeiro tempo, Botafogo na frente e surge aquela pergunta de sempre: será que agora o time vai recuar, se fechar e abdicar de atacar?
- Sim! Com quinze minutos, o Botafogo já tinha desperdiçado três ótimos contra-ataques, adivinhem o motivo... passes errados, claro. Nesses mesmos quinze minutos, o time não tocou mais a bola no campo do adversário, se limitando a defender e contra-atacar.
- Aliás, será que algum técnico no Brasil treina situações de contra-ataque? Botar em campo três ou quatro meias e atacantes pra partir pra cima de três ou quatro defensores? Instruir esses atacantes a como se movimentar, dar opções a quem está com a bola? Ok, ok... esqueci que é futebol, estou pensando com cabeça de basqueteiro de novo...
- Mas, peraí - ontem o pessoal de Liverpool e Juventus parecia saber exatamente pra onde ir em cada contra-ataque...
- Quando Diguinho foi substituído no Flu, a torcida do Bota cantou um antigo samba sobre traição...
- Já fechadinho na defesa, o Bota de Ney Franco trocou Léo Silva (que realmente não jogava bem) por Batista, volante de marcação. Ok, previsível. Mas a torcida concordar que essa era a melhor substituição em enquete na internet?...
- Perdendo, Flanders, que tinha substituído Diguinho por Tartá, resolveu tirar Conca e botar Leandro Bonfim. Conca não jogava bem, é verdade. Mas é homem de criação. E Fabinho, o que ficou fazendo em campo? Ajudando Mariano, Luiz Alberto, Edcarlos e Leandro a marcar Reinaldo, solitário no ataque alvi-negro? Realmente não dá pra entender.
O Botafogo que não pense que a fatura está liquidada contra o Resende antes mesmo de a bola rolar.
segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009
O Pequeno Príncipe
Nem adianta entrar no mérito da derrota. Falar de como Léo e Juan insistem em afunilar em vez de abrir, de como Cuca segue não sabendo mexer, principalmente sob pressão - tirar Zé, que se mexe, em vez do Obina, foi erro crasso - ou mesmo de como Fábio Luciano, apesar de toda fama, voltou a ser expulso por reclamação seguida de xingamento - e capitão do time nunca deve ser expulso por reclamação ou xingamento.
Basta falar, em vez disso, sobre como foi essa segunda-feira na Gávea para entendermos como o Flamengo perdeu feio para o Resende no sábado.
Primeiro, o dirigente que cuida do futebol do clube reúne a todos, jogadores e comissão técnica, no meio do campo, na frente da imprensa, para cobrar empenho e resultados - dos jogadores a quem ele faz promessas de pagamento de salários atrasados dia após dia.
Não é preciso viver dentro do mundo do futebol para imaginar como esses jogadores reagiram à cobrança de Kléber Leite. Imagine-se recebendo um esporro público de seu patrão - só que ele não te paga salário em dia jamais e te deve dois meses, entre outros valores.
Aí depois disso, treino - afinal, o time jogou sábado. Hoje, dois dias depois, natural que se treine. Mas sabe como é, né? Carvanal, jogador de futebol... eis que, depois da ordem do preparador físico Riva Carli para uma corridinha de quarenta minutos (coisa normal até pra mim, que não sou atleta profissional), o Juan sai-se com essa:
"- Quarenta minutos? Está de brincadeira. Não fode."
É sério. O vídeo, furo muito bom de Clícia Oliveira para o globoesporte.com, está aqui.
O preparador físico não faz nada, mesmo tendo ouvido Juan em alto e bom som. O técnico Cuca, por sua vez, muito menos:
"- O Juan disse que, para quem jogou, 40 minutos seria um pouco demais, o Jônatas também. Mas tem que trabalhar, não é hora de questionar nada. Essa é a única solução em um momento adverso. Trabalhamos bem e tem que ser assim toda a semana."
Ah, sim, já ía esquecendo - depois de vinte minutos de corrida, Juan saiu do treino, em dar explicações. Multa? Ninguém tocou no assunto.
Basta falar, em vez disso, sobre como foi essa segunda-feira na Gávea para entendermos como o Flamengo perdeu feio para o Resende no sábado.
Primeiro, o dirigente que cuida do futebol do clube reúne a todos, jogadores e comissão técnica, no meio do campo, na frente da imprensa, para cobrar empenho e resultados - dos jogadores a quem ele faz promessas de pagamento de salários atrasados dia após dia.
Não é preciso viver dentro do mundo do futebol para imaginar como esses jogadores reagiram à cobrança de Kléber Leite. Imagine-se recebendo um esporro público de seu patrão - só que ele não te paga salário em dia jamais e te deve dois meses, entre outros valores.
Aí depois disso, treino - afinal, o time jogou sábado. Hoje, dois dias depois, natural que se treine. Mas sabe como é, né? Carvanal, jogador de futebol... eis que, depois da ordem do preparador físico Riva Carli para uma corridinha de quarenta minutos (coisa normal até pra mim, que não sou atleta profissional), o Juan sai-se com essa:
"- Quarenta minutos? Está de brincadeira. Não fode."
É sério. O vídeo, furo muito bom de Clícia Oliveira para o globoesporte.com, está aqui.
O preparador físico não faz nada, mesmo tendo ouvido Juan em alto e bom som. O técnico Cuca, por sua vez, muito menos:
"- O Juan disse que, para quem jogou, 40 minutos seria um pouco demais, o Jônatas também. Mas tem que trabalhar, não é hora de questionar nada. Essa é a única solução em um momento adverso. Trabalhamos bem e tem que ser assim toda a semana."
Ah, sim, já ía esquecendo - depois de vinte minutos de corrida, Juan saiu do treino, em dar explicações. Multa? Ninguém tocou no assunto.
quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009
O Grande Crack Está Próximo
Duas notícias - tanto pelas cifras quanto pelos personagens envolvidos - deixaram claro, nessa última semana, que o esporte já se direciona para novos rumos por conta da crise mundial.
O Chelsea, time de futebol que mais gastou em contratações nos últimos anos, anunciou um prejuízo de 214 milhões de reais - quase 66 milhões de libras - no seu último balanço. E olhe que, nessa conta, não estão os 8 milhões de libras que Scolari ainda vai receber dos blues. Os bolsos de Abramovic parecem mesmo não ter fundos. Desde 2003, quando comprou o clube, o russo já acumula um prejuízo de um bilhão e meio de reais.
Nos Estados Unidos, por sua vez, a toda poderosa NBA anunciou que vai emprestar aos clubes 175 milhões de dólares. Das 30 franquias consultadas, 15 responderam sim à oferta e vão receber, cada, 11,6 milhões. Essse dinheiro suplementará um fundo de 1,7 bilhão de dólares que já garante empréstimos aos clubes usando os contratos de transmissão da liga como garantia.
Alex Martins, chefe de operações do Orlando Magic, um dos times que farão o empréstimo, revelou que o clube da Flórida tem operado com perdas anuais entre 15 e 20 milhões de dólares nos últimos seis anos.
É na NBA que estão os atletas mais bem pagos do esporte.
Nesta temporada, os salários dos mais de 460 homens que jogam/jogaram na liga somam mais de dois bilhões de dólares. Pra ser exato, US$ $2.048.860.079,00. Essa quantia é superior ao PIB de quarenta e duas nações, segundo os números da ONU.
Basta dizer que, numa comparação com o jogador de futebol mais bem pago do planeta, o sueco Ibraimovic, da Inter de Milão, há nada menos que 17 jogadores da NBA que ganham mais.
E poderia ser bem pior. Como todas as ligas profissionais americanas, a NBA adota um teto salarial, que tem como objetivo primário, acreditem, manter a paridade técnica entre as equipes. Sem esse limite, times com maior poderio econômico poderiam simplesmente esmagar os menos favorecidos, contratando a maioria dos melhores (e mais caros) jogadores. E isso não acontece. O teto para a temporada vigente é de 58,6 milhões de dólares, número que vale até a temporada 2010-2011, conforme acordo entre a liga e a associação dos jogadores estabelecido em 2005.
Entre os que apostam que um dia o teto salarial chegará ao mundo do futebol, se engana quem pensa que se trata de uma "novidade". Desde sua estreia, em 1946, a NBA adota o sistema. Naquela temporada, o teto era de 55 mil dólares, com a maioria dos jogadores recebendo entre 4 e 5 mil dólares por ano. Tempos em que uma estrela como Joe Fulks ganhava 8 mil e Tom King acumulava as funções de jogador, diretor de publicidade e manager do Detroit Falcons para receber o maior salário anual da liga - 16 mil e quinhentos dólares.
No ano em que Michael Jordan entrou para a NBA, 1984, quando a liga adotou o modelo atual de cálculos, o teto batia na casa dos 3,6 milhões de dólares. Até 1994, subiu gradualmente entre 1 ou 2 milhões por temporada. Mas naquele ano a liga renovou o contrato de transmissão com a NBC por cifras astronômicas e o teto pulou de 15 para 23 milhões. Por conta de divergências entre jogadores e donos dos clubes em torno do valor do teto, a liga enfrentaria sua primeira greve cinco anos mais tarde.
Apesar do teto salarial, há, claro, situações de exceção. Dezenas, na verdade. Tais brechas permitem, por exemplo, que a folha de pagamento do New York Knicks seja de 97 milhões de dólares/ano (bem superior aos 59,6 que já vimoa ser o teto atual). Como?
Simples. Taxas. Nesse caso, uma de nome bem sugestivo: luxury tax. Que é bem simples: através de complicadas contas de faturamento, a liga estabelece um valor - neste ano, 71,1 milhões de dólares. E para cada dólar gasto acima desse valor, o clube paga outro à NBA. O mais genial: a maior parte desse "caixinha" é divida entre os clubes que não ultrapassam o valor da taxa!
Logo, a regra funciona. Na temporada passada, Apenas oito times a ultrapassaram - e pagaram por isso: Knicks (19,7 milhões de dólares), Dallas Mavericks (19,6), Cleveland Cavaliers (14), Denver Nuggets (13,6), Miami Heat (8,3), Boston Celtics (8,2), Los Angeles Lakers (5,1) e Phoenix Suns (3,9 milhões).
Via de regra, todo general manager recebe orientação direta do dono do clube para não extrapolar e pagar a taxa.
Exceção notória, além dos Knicks (parte de um holding onde dinheiro nunca é problema), é o Dallas Mavericks (do bilionário Mark Cuban), com folha em torno dos 92 milhões/ano.
Mas, na nova economia mundial, não chega a ser surpresa ver que Mr. Paul Allen, indubitavelmente o dono mais poderoso da liga - e um dos homens mais ricos do planeta - tem mantido seu Portland Trail Blazers abaixo da taxa de luxo...
O Chelsea, time de futebol que mais gastou em contratações nos últimos anos, anunciou um prejuízo de 214 milhões de reais - quase 66 milhões de libras - no seu último balanço. E olhe que, nessa conta, não estão os 8 milhões de libras que Scolari ainda vai receber dos blues. Os bolsos de Abramovic parecem mesmo não ter fundos. Desde 2003, quando comprou o clube, o russo já acumula um prejuízo de um bilhão e meio de reais.
Nos Estados Unidos, por sua vez, a toda poderosa NBA anunciou que vai emprestar aos clubes 175 milhões de dólares. Das 30 franquias consultadas, 15 responderam sim à oferta e vão receber, cada, 11,6 milhões. Essse dinheiro suplementará um fundo de 1,7 bilhão de dólares que já garante empréstimos aos clubes usando os contratos de transmissão da liga como garantia.
Alex Martins, chefe de operações do Orlando Magic, um dos times que farão o empréstimo, revelou que o clube da Flórida tem operado com perdas anuais entre 15 e 20 milhões de dólares nos últimos seis anos.
É na NBA que estão os atletas mais bem pagos do esporte.
Nesta temporada, os salários dos mais de 460 homens que jogam/jogaram na liga somam mais de dois bilhões de dólares. Pra ser exato, US$ $2.048.860.079,00. Essa quantia é superior ao PIB de quarenta e duas nações, segundo os números da ONU.
Basta dizer que, numa comparação com o jogador de futebol mais bem pago do planeta, o sueco Ibraimovic, da Inter de Milão, há nada menos que 17 jogadores da NBA que ganham mais.
E poderia ser bem pior. Como todas as ligas profissionais americanas, a NBA adota um teto salarial, que tem como objetivo primário, acreditem, manter a paridade técnica entre as equipes. Sem esse limite, times com maior poderio econômico poderiam simplesmente esmagar os menos favorecidos, contratando a maioria dos melhores (e mais caros) jogadores. E isso não acontece. O teto para a temporada vigente é de 58,6 milhões de dólares, número que vale até a temporada 2010-2011, conforme acordo entre a liga e a associação dos jogadores estabelecido em 2005.
Entre os que apostam que um dia o teto salarial chegará ao mundo do futebol, se engana quem pensa que se trata de uma "novidade". Desde sua estreia, em 1946, a NBA adota o sistema. Naquela temporada, o teto era de 55 mil dólares, com a maioria dos jogadores recebendo entre 4 e 5 mil dólares por ano. Tempos em que uma estrela como Joe Fulks ganhava 8 mil e Tom King acumulava as funções de jogador, diretor de publicidade e manager do Detroit Falcons para receber o maior salário anual da liga - 16 mil e quinhentos dólares.
No ano em que Michael Jordan entrou para a NBA, 1984, quando a liga adotou o modelo atual de cálculos, o teto batia na casa dos 3,6 milhões de dólares. Até 1994, subiu gradualmente entre 1 ou 2 milhões por temporada. Mas naquele ano a liga renovou o contrato de transmissão com a NBC por cifras astronômicas e o teto pulou de 15 para 23 milhões. Por conta de divergências entre jogadores e donos dos clubes em torno do valor do teto, a liga enfrentaria sua primeira greve cinco anos mais tarde.
Apesar do teto salarial, há, claro, situações de exceção. Dezenas, na verdade. Tais brechas permitem, por exemplo, que a folha de pagamento do New York Knicks seja de 97 milhões de dólares/ano (bem superior aos 59,6 que já vimoa ser o teto atual). Como?
Simples. Taxas. Nesse caso, uma de nome bem sugestivo: luxury tax. Que é bem simples: através de complicadas contas de faturamento, a liga estabelece um valor - neste ano, 71,1 milhões de dólares. E para cada dólar gasto acima desse valor, o clube paga outro à NBA. O mais genial: a maior parte desse "caixinha" é divida entre os clubes que não ultrapassam o valor da taxa!
Logo, a regra funciona. Na temporada passada, Apenas oito times a ultrapassaram - e pagaram por isso: Knicks (19,7 milhões de dólares), Dallas Mavericks (19,6), Cleveland Cavaliers (14), Denver Nuggets (13,6), Miami Heat (8,3), Boston Celtics (8,2), Los Angeles Lakers (5,1) e Phoenix Suns (3,9 milhões).
Via de regra, todo general manager recebe orientação direta do dono do clube para não extrapolar e pagar a taxa.
Exceção notória, além dos Knicks (parte de um holding onde dinheiro nunca é problema), é o Dallas Mavericks (do bilionário Mark Cuban), com folha em torno dos 92 milhões/ano.
Mas, na nova economia mundial, não chega a ser surpresa ver que Mr. Paul Allen, indubitavelmente o dono mais poderoso da liga - e um dos homens mais ricos do planeta - tem mantido seu Portland Trail Blazers abaixo da taxa de luxo...
segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009
Fim-de-semana no parque.
All Star Weekend sexta, sábado e domingo... dia também de Flamengo x Botafogo... Inter x Milan... São Paulo x Corint... opa, aí não. Só tenho duas tvs em casa.
Mesmo assim, acabei não assistindo ao "clássico" do Maracanã, que para um jogo que pouco valia, até teve bom público, 31 mil pessoas. Só sei que algumas coisas não mudam. Como o Botafogo abrir vantagem e recuar como um time pequeno. Seja com Cuca, seja com Ney, sempre faz isso. Chamem a Suzy Fleury. E Obina voltar a bater um pênalti? E quando o Flamengo perdia o jogo! No fim, como tem sido desde que Cuca chegou, o gol salvador de Josiel garantiu o empate, o corinho na arquibancada e a primeira posição do grupo. Que, claro, de nada vale, pois é um julgamento, amanhã, que vai decidir os cruzamentos das semifinais da Taça Guanabara. Mais brochante, impossível.
Em São Paulo, um empate marcado pela violência esperada. Ou alguém acha mesmo que depois do clima que se instaurou durante a semana esse jogo seria calmo? E de nada adianta falar das organizadas ou da PM se a justiça não mudar e passar a atuar com mais rigor nesses casos. Ontem, mais um jovem foi assassinado, desta vez em BH. E ninguém vai pagar por isso.
Em Milão, onde a rivalidade não é menor que no Rio, SP ou BH mas as pessoas não se matam, Inter e Milan fizeram um jogão, principalmente na meia hora final do segundo tempo. Deu Inter, com direito a gol com o braço do péssimo Adriano, que perdeu outros dois feitos. Mas podia ter sido empate, pois o Milan pressionou durante toda a segunda etapa. Pra nós, o que interessa saber é que Júlio Cesar parece mesmo ser o melhor do mundo na posição no momento, Pato jamais poderia ser banco na seleção brasileira e Ronaldinho pode ainda não ter recuperado aquela velocidade, aquele arranque, mas tem jogado bem quando entra no Milan, sempre com passes precisos e objetivos. Maicon? No dia em que ele aprender a cruzar eu falo dele.
Fechando esse fim-de-semana no parque, em que deixei o molde de minha bunda no sofá diante da tv, o All Star Game mais sem graça de todos os tempos. A NBA precisa repensar sua festa, que teve um torneio de três pontos de baixíssimo nível (acho que dava pra mim nesse ano) e um de enterradas repleto de palhaçadas extra-quadra (muito boas, aliás) mas vazio na essência - que são as enterradas. Alô NBA: imagem não é nada, sede é tudo...
Vestido de verde (uma resposta kryptonita à capa de Super-Homen de Dwight Howard), Nate Robinson venceu o torneio de enterradas saltando sobre o concorrente. Mas o braço esquerdo do baixinho dos Knicks (1,75m), que não aparece na foto, ajuda a dar impulso sobre o gigante de 2,11m.
O melhor momento da festa acabou sendo a dança de Shaq na apresentação do jogo de ontem. Pra quem quiser dar umas risadas, o link é http://www.youtube.com/watch?v=6KaEwws7iTQ
Mesmo assim, acabei não assistindo ao "clássico" do Maracanã, que para um jogo que pouco valia, até teve bom público, 31 mil pessoas. Só sei que algumas coisas não mudam. Como o Botafogo abrir vantagem e recuar como um time pequeno. Seja com Cuca, seja com Ney, sempre faz isso. Chamem a Suzy Fleury. E Obina voltar a bater um pênalti? E quando o Flamengo perdia o jogo! No fim, como tem sido desde que Cuca chegou, o gol salvador de Josiel garantiu o empate, o corinho na arquibancada e a primeira posição do grupo. Que, claro, de nada vale, pois é um julgamento, amanhã, que vai decidir os cruzamentos das semifinais da Taça Guanabara. Mais brochante, impossível.
Em São Paulo, um empate marcado pela violência esperada. Ou alguém acha mesmo que depois do clima que se instaurou durante a semana esse jogo seria calmo? E de nada adianta falar das organizadas ou da PM se a justiça não mudar e passar a atuar com mais rigor nesses casos. Ontem, mais um jovem foi assassinado, desta vez em BH. E ninguém vai pagar por isso.
Em Milão, onde a rivalidade não é menor que no Rio, SP ou BH mas as pessoas não se matam, Inter e Milan fizeram um jogão, principalmente na meia hora final do segundo tempo. Deu Inter, com direito a gol com o braço do péssimo Adriano, que perdeu outros dois feitos. Mas podia ter sido empate, pois o Milan pressionou durante toda a segunda etapa. Pra nós, o que interessa saber é que Júlio Cesar parece mesmo ser o melhor do mundo na posição no momento, Pato jamais poderia ser banco na seleção brasileira e Ronaldinho pode ainda não ter recuperado aquela velocidade, aquele arranque, mas tem jogado bem quando entra no Milan, sempre com passes precisos e objetivos. Maicon? No dia em que ele aprender a cruzar eu falo dele.
Fechando esse fim-de-semana no parque, em que deixei o molde de minha bunda no sofá diante da tv, o All Star Game mais sem graça de todos os tempos. A NBA precisa repensar sua festa, que teve um torneio de três pontos de baixíssimo nível (acho que dava pra mim nesse ano) e um de enterradas repleto de palhaçadas extra-quadra (muito boas, aliás) mas vazio na essência - que são as enterradas. Alô NBA: imagem não é nada, sede é tudo...
Vestido de verde (uma resposta kryptonita à capa de Super-Homen de Dwight Howard), Nate Robinson venceu o torneio de enterradas saltando sobre o concorrente. Mas o braço esquerdo do baixinho dos Knicks (1,75m), que não aparece na foto, ajuda a dar impulso sobre o gigante de 2,11m.
O melhor momento da festa acabou sendo a dança de Shaq na apresentação do jogo de ontem. Pra quem quiser dar umas risadas, o link é http://www.youtube.com/watch?v=6KaEwws7iTQ
quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009
(Meia) Feijoada x Bife De Chorizo Com Fritas
Inevitável comparar os dois amistosos - a boa apresentação diante da Itália (primeiro tempo, claro), com todo aquele tempero brasileiro, com a eficiente vitória pelo mesmo placar da Argentina sobre a França, empurrada pela torcida de Marselha na primeira etapa e vaiada na segunda.
(Aqui cabe um parênteses para o comentário do Alex Escobar na transmissão do Sportv - torcedor é torcedor, no mundo todo. Os franceses gritaram "olé" para sua própria seleção nos quinze minutos finais, além de pedir em coro a cabeça do técnico. Só o Ricardo Teixeira acha que uma seleção não pode ser vaiada em seu país).
Ao contrário do Brasil, que mandou e desmandou no primeiro tempo em Londres e tomou sufoco no segundo, a Argentina jogou acuada diante da França na primeira etapa e deu um banho de bola na segunda, a partir do momento em que esteve em vantagem no placar. Isso porque entrou em campo com uma escalação típica de quem joga fora, com Mascherano, Gago, Maxi Rodrígues e Jónas Gutiérrez no meio-campo. O meia do Atlético de Madrid não jogou nada. E o do Newcastle, apesar do primeiro gol, também não é jogador para ser titular de criação de uma seleção argentina. Sem a aproximação dos dois, Messi e Aguero ficaram isolados, aparecendo em raros contra-ataques no primeiro tempo. No segundo, em que logo saiu o gol, os dois atacantes foram fundamentais para que o time de Maradona prendesse a bola no ataque. Don Diego, aliás, mostrou enxergar bem o jogo de fora, ao botar Angeleri na lateral direita, avançando Zanetti, quando esse não conseguía mais acompanhar Ribéry, que caiu pela esquerda na segunda etapa. Tévez, que também entrou no segundo tempo, logo na primeira jogada puxou a marcação de três franceses e deixou a bola com Messi, que cuidou de mais dois para fazer um golaço. Aliás, é mesmo impossível marcá-lo no momento. Lionel é um canhoto que não joga como um canhoto, pois dribla para qualquer lado, sempre com a bola presa ao pé. Faz, como canhoto, o que não se espera de um. Messi joga bola como Bob Burnquist anda de skate, de switchstance. Faltou apenas ver Lavezzi em campo.
A França, por sua vez, entrou com uma escalação bem mais ofensiva, com três atacantes - Ribéry aberto pela direita, Henry pela esquerda e Anelka no meio - e mais Gourcuff encostando no ataque. Domenech não teve Evra, contundido. Embora ainda não seja titular absoluto da lateral esquerda, o jogador do Manchester é quase mais um atacante quando está em campo. Sem ele, com Sagna em péssima jornada e Toulalan e Diarra no meio-campo, todo o jogo da França dependeu dos quatro citados no início do parágrafo. E aí... Gourcuff não jogou mal, mas ainda não deve ter convencido os dirigentes do Milan de que pode ser um futuro substituto de Seedorf ou Pirlo. Dizem que ele gasta a bola no Bordeaux. Mas eu, sinceramente, não tenho paciência para assistir aos jogos do campeonato francês, reino do 0x0. Anelka também não jogou bem (normal) e nem Henry (cada vez mais normal esses dias). Mal escalada, a França não teve Nasri, que Domenech manteve no banco, e só viu Benzema em campo por cerca de vinte minutos, quando já perdia por dois. Realmente não dá para entender a cabeça de certos treinadores.
Nasri, Benzema, Lavezzi, Denis... todos no banco. Podia ter sido um jogo bem mais interessante do que foi.
(Aqui cabe um parênteses para o comentário do Alex Escobar na transmissão do Sportv - torcedor é torcedor, no mundo todo. Os franceses gritaram "olé" para sua própria seleção nos quinze minutos finais, além de pedir em coro a cabeça do técnico. Só o Ricardo Teixeira acha que uma seleção não pode ser vaiada em seu país).
Ao contrário do Brasil, que mandou e desmandou no primeiro tempo em Londres e tomou sufoco no segundo, a Argentina jogou acuada diante da França na primeira etapa e deu um banho de bola na segunda, a partir do momento em que esteve em vantagem no placar. Isso porque entrou em campo com uma escalação típica de quem joga fora, com Mascherano, Gago, Maxi Rodrígues e Jónas Gutiérrez no meio-campo. O meia do Atlético de Madrid não jogou nada. E o do Newcastle, apesar do primeiro gol, também não é jogador para ser titular de criação de uma seleção argentina. Sem a aproximação dos dois, Messi e Aguero ficaram isolados, aparecendo em raros contra-ataques no primeiro tempo. No segundo, em que logo saiu o gol, os dois atacantes foram fundamentais para que o time de Maradona prendesse a bola no ataque. Don Diego, aliás, mostrou enxergar bem o jogo de fora, ao botar Angeleri na lateral direita, avançando Zanetti, quando esse não conseguía mais acompanhar Ribéry, que caiu pela esquerda na segunda etapa. Tévez, que também entrou no segundo tempo, logo na primeira jogada puxou a marcação de três franceses e deixou a bola com Messi, que cuidou de mais dois para fazer um golaço. Aliás, é mesmo impossível marcá-lo no momento. Lionel é um canhoto que não joga como um canhoto, pois dribla para qualquer lado, sempre com a bola presa ao pé. Faz, como canhoto, o que não se espera de um. Messi joga bola como Bob Burnquist anda de skate, de switchstance. Faltou apenas ver Lavezzi em campo.
A França, por sua vez, entrou com uma escalação bem mais ofensiva, com três atacantes - Ribéry aberto pela direita, Henry pela esquerda e Anelka no meio - e mais Gourcuff encostando no ataque. Domenech não teve Evra, contundido. Embora ainda não seja titular absoluto da lateral esquerda, o jogador do Manchester é quase mais um atacante quando está em campo. Sem ele, com Sagna em péssima jornada e Toulalan e Diarra no meio-campo, todo o jogo da França dependeu dos quatro citados no início do parágrafo. E aí... Gourcuff não jogou mal, mas ainda não deve ter convencido os dirigentes do Milan de que pode ser um futuro substituto de Seedorf ou Pirlo. Dizem que ele gasta a bola no Bordeaux. Mas eu, sinceramente, não tenho paciência para assistir aos jogos do campeonato francês, reino do 0x0. Anelka também não jogou bem (normal) e nem Henry (cada vez mais normal esses dias). Mal escalada, a França não teve Nasri, que Domenech manteve no banco, e só viu Benzema em campo por cerca de vinte minutos, quando já perdia por dois. Realmente não dá para entender a cabeça de certos treinadores.
Nasri, Benzema, Lavezzi, Denis... todos no banco. Podia ter sido um jogo bem mais interessante do que foi.
terça-feira, 10 de fevereiro de 2009
Fregueses
Claro que não troquei Brasil x Itália pela piscina, apesar das ausências de Kaká e Del Piero e da presença de Felipe Mello e Adriano. Seguem minhas anotações durante o jogo, desprovidas de qualquer compromisso com o politicamente correto, como manda a regra em jogos da seleção brasileira (onde nada nunca parece correto).
- Primeira surpresa: Felipe Mello como titular. Sem comentário.
- Segunda surpresa: Adriano, pesadão e lento, sai jogando. Pato, eleito o melhor do mês na Itália, no banco. Dá-lhe Dunga!
- Logo no início, gol da Itália, em lindo lançamento de Pirlo para Grosso. Júlio Cesar parou no lance, pois tinha visto o impedimento (erradamente) marcado pelo bandeirinha inglês. No replay, apesar de ficar claro seu erro, o comentarista de arbitragem da Globo, claro, disse que o lance era difícil pro assistente, que isso, que aquilo outro... Tira-teima: meio metro.
- Se eu fosse o Arsene Wenger, pediria a contratação do Elano hoje mesmo. Vai gostar de fazer gol no Emirates Stadium assim lá na casa do Arsenal!
- Pirlo, Zambrotta, Legrotaglie... Robinho tirou os três pra dançar no segundo gol, principalmente Pirlo, que teve a bola roubada de maneira genial pelo brasileiro. City 2, Itália 0, placar do primeiro tempo.
- Montolivo e Pepe, promessas italianas, foram sacados no intervalo por Marcelo Lippi. Felipe Mello jogou os 92 minutos no time do Dunga. Aqui vale um comentário muito pessoal. A estreia do FM na seleção principal se pareceu muito com qualquer estreia minha numa pelada em que eu não conheça quase ninguém. Cabeça erguida, passes pro lado, nenhum risco e alguma disposição. Mas eu contei - foram cinco passes errados, dois deles que deixaram claro que ele não pode jogar na seleção. Assim como eu não posso impressionar ninguém mais numa segunda pelada.
- Dureza ver o narrador chamando o Camoranesi de CAMARONESI durante todo o segundo tempo! Meu Deus!
- Meu Deus 2! No momento em que a câmera mostra a torcida e, bem no meio dela, o técnico-do-West Ham-maior-ídolo-do-Chelsea Zola, o Galvão vira pro Arnaldo e dispara: "Quem é Arnaldo?". E a resposta é "a Mirla, ou o Newton, ou a...", dando sequencia à conversa que rolava sobre o paredão do Big Brother. Tiro o som e boto o novo do Beck pra tocar.
- O segundo tempo foi só pressão italiana e muita falta dura, muito por conta de algumas firulas desnecessárias de Robinho e Ronaldinho. Tivessem sido mais objetivos, teríamos aplicado uma goleada histórica. Em vez disso, demos apenas um chute a gol em 45 minutos em que brilhou o Júlio Cesar.
- Ainda assim, Dunga só foi mexer aos quase trinta, tirando Elano - coitado - e botando Daniel Alves. Thiago Silva (32'), Pato (35'), Josué (43!) e J.Baptista (43!) entraram também mas, claro, não mostraram nada em tão pouco tempo. Poderiam ter feito o Brasil jogar de igual para igual a segunda etapa, mas nosso técnico não mexe no intervalo nem num amistoso, vencendo por dois gols. E substitui aos 43. Num amistoso. Vencendo por dois.
- Equador, em Quito, março. Nas duas últimas vezes, nos venceram.
* a foto é uma homenagem ao Éder, titular do meu time de botão na infância.
- Primeira surpresa: Felipe Mello como titular. Sem comentário.
- Segunda surpresa: Adriano, pesadão e lento, sai jogando. Pato, eleito o melhor do mês na Itália, no banco. Dá-lhe Dunga!
- Logo no início, gol da Itália, em lindo lançamento de Pirlo para Grosso. Júlio Cesar parou no lance, pois tinha visto o impedimento (erradamente) marcado pelo bandeirinha inglês. No replay, apesar de ficar claro seu erro, o comentarista de arbitragem da Globo, claro, disse que o lance era difícil pro assistente, que isso, que aquilo outro... Tira-teima: meio metro.
- Se eu fosse o Arsene Wenger, pediria a contratação do Elano hoje mesmo. Vai gostar de fazer gol no Emirates Stadium assim lá na casa do Arsenal!
- Pirlo, Zambrotta, Legrotaglie... Robinho tirou os três pra dançar no segundo gol, principalmente Pirlo, que teve a bola roubada de maneira genial pelo brasileiro. City 2, Itália 0, placar do primeiro tempo.
- Montolivo e Pepe, promessas italianas, foram sacados no intervalo por Marcelo Lippi. Felipe Mello jogou os 92 minutos no time do Dunga. Aqui vale um comentário muito pessoal. A estreia do FM na seleção principal se pareceu muito com qualquer estreia minha numa pelada em que eu não conheça quase ninguém. Cabeça erguida, passes pro lado, nenhum risco e alguma disposição. Mas eu contei - foram cinco passes errados, dois deles que deixaram claro que ele não pode jogar na seleção. Assim como eu não posso impressionar ninguém mais numa segunda pelada.
- Dureza ver o narrador chamando o Camoranesi de CAMARONESI durante todo o segundo tempo! Meu Deus!
- Meu Deus 2! No momento em que a câmera mostra a torcida e, bem no meio dela, o técnico-do-West Ham-maior-ídolo-do-Chelsea Zola, o Galvão vira pro Arnaldo e dispara: "Quem é Arnaldo?". E a resposta é "a Mirla, ou o Newton, ou a...", dando sequencia à conversa que rolava sobre o paredão do Big Brother. Tiro o som e boto o novo do Beck pra tocar.
- O segundo tempo foi só pressão italiana e muita falta dura, muito por conta de algumas firulas desnecessárias de Robinho e Ronaldinho. Tivessem sido mais objetivos, teríamos aplicado uma goleada histórica. Em vez disso, demos apenas um chute a gol em 45 minutos em que brilhou o Júlio Cesar.
- Ainda assim, Dunga só foi mexer aos quase trinta, tirando Elano - coitado - e botando Daniel Alves. Thiago Silva (32'), Pato (35'), Josué (43!) e J.Baptista (43!) entraram também mas, claro, não mostraram nada em tão pouco tempo. Poderiam ter feito o Brasil jogar de igual para igual a segunda etapa, mas nosso técnico não mexe no intervalo nem num amistoso, vencendo por dois gols. E substitui aos 43. Num amistoso. Vencendo por dois.
- Equador, em Quito, março. Nas duas últimas vezes, nos venceram.
* a foto é uma homenagem ao Éder, titular do meu time de botão na infância.
segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009
проклято pусско * (ou como Big Phil caiu)
Maldito russo.
Fui eu falar de Abramovic outro dia e eis que ele resolve queimar minha pena horas depois de eu escrever que achava difícil a demissão de Felipão nesse momento.
A parte mais importante do anúncio, no site do clube, é essa:
"Unfortunately the results and performances of the team appeared to be deteriorating at a key time in the season."
O Chelsea, com o empate de sábado, em casa, com o Hull City, ficou a sete pontos do lider Manchester na Premier League. Leia-se: fora da briga pelo título.
As copas inglesas não valem nada para Abramovic. Então resta a Champions, em que o clube de Londres encara a Juventus na primeira rodada do mata-mata. Mesma Juve que volta ao torneio esse ano, depois da punição com rebaixamento; que, envelhecida e dependente dos lampejos geniais de Del Piero e dos gols de Amaury, não tem dinheiro para maiores contratações. É para evitar a catástrofe de ver seu time eliminado por essa Juventus que o russo resolveu agir.
Felipão ainda tinha um ano e meio de contrato e vai receber muito bem por isso. Já disse que continua morando em Londres e não quer saber de trabalho, pelo menos, até o meio do ano.
Agora o assunto da vez deve ser "o porquê dos melhores técnicos brasileiros fracassarem na Europa". Eu fico com a clareza do Cuca, que disse hoje depois do treino que, sendo Felipão, acima de tudo, um grande motivador, não deu certo simplesmente porque não domina a língua inglesa. Não acho isso um detalhe, concordo com Cuca veementemente. Por melhores treinadores que sejam, nossos professores já chegam com pinta de despreparados, pois não falam a língua que todos falam, sejam eles de onde forem - como no caso do plural Chelsea.
Mas não é só. A impresa inglesa, há algum tempo, destaca a falta de padrão de jogo do time. O Chelsea de Mourinho jogava sempre da mesma forma, fossem quais fossem as peças. O Chelsea de Felipão não empolgou ninguém, apesar do início arrasador - seis vitórias e dois empates. Não venceu nenhum clássico. E ainda teve casos e mais casos de insatisfação de jogadores, mais notadamente Joe Cole, queridinho da torcida, e Drogba, outrora goleador do time.
Felipão, que tem no currículo uma Copa do Mundo, duas Libertadores e uma Copa do Brasil, agora vai ouvir alguns afirmando que ele não sabe treinar clubes, apenas seleções. Hmmm... Vale mais uma olhada no seu CV, para relembrar sua lista de empregadores:
CSA, Juventude, Brasil de Pelotas, Al-Shabab, Brasil de Pelotas, Juventude, Grêmio, Goiás, Al Qadisiya, Kuwait, Criciúma, Al-Ahli, Al Qadisiya, Grêmio, Júbilo Iwata, Palmeiras, Cruzeiro e Chelsea.
Até o meio do ano, fim do período sabático de Felipão, a seleção brasileira enfrenta o Equador (f) e o Peru (c), em abril, e Uruguai (f) e Paraguai (c), em junho.
* "maldito russo"
Fui eu falar de Abramovic outro dia e eis que ele resolve queimar minha pena horas depois de eu escrever que achava difícil a demissão de Felipão nesse momento.
A parte mais importante do anúncio, no site do clube, é essa:
"Unfortunately the results and performances of the team appeared to be deteriorating at a key time in the season."
O Chelsea, com o empate de sábado, em casa, com o Hull City, ficou a sete pontos do lider Manchester na Premier League. Leia-se: fora da briga pelo título.
As copas inglesas não valem nada para Abramovic. Então resta a Champions, em que o clube de Londres encara a Juventus na primeira rodada do mata-mata. Mesma Juve que volta ao torneio esse ano, depois da punição com rebaixamento; que, envelhecida e dependente dos lampejos geniais de Del Piero e dos gols de Amaury, não tem dinheiro para maiores contratações. É para evitar a catástrofe de ver seu time eliminado por essa Juventus que o russo resolveu agir.
Felipão ainda tinha um ano e meio de contrato e vai receber muito bem por isso. Já disse que continua morando em Londres e não quer saber de trabalho, pelo menos, até o meio do ano.
Agora o assunto da vez deve ser "o porquê dos melhores técnicos brasileiros fracassarem na Europa". Eu fico com a clareza do Cuca, que disse hoje depois do treino que, sendo Felipão, acima de tudo, um grande motivador, não deu certo simplesmente porque não domina a língua inglesa. Não acho isso um detalhe, concordo com Cuca veementemente. Por melhores treinadores que sejam, nossos professores já chegam com pinta de despreparados, pois não falam a língua que todos falam, sejam eles de onde forem - como no caso do plural Chelsea.
Mas não é só. A impresa inglesa, há algum tempo, destaca a falta de padrão de jogo do time. O Chelsea de Mourinho jogava sempre da mesma forma, fossem quais fossem as peças. O Chelsea de Felipão não empolgou ninguém, apesar do início arrasador - seis vitórias e dois empates. Não venceu nenhum clássico. E ainda teve casos e mais casos de insatisfação de jogadores, mais notadamente Joe Cole, queridinho da torcida, e Drogba, outrora goleador do time.
Felipão, que tem no currículo uma Copa do Mundo, duas Libertadores e uma Copa do Brasil, agora vai ouvir alguns afirmando que ele não sabe treinar clubes, apenas seleções. Hmmm... Vale mais uma olhada no seu CV, para relembrar sua lista de empregadores:
CSA, Juventude, Brasil de Pelotas, Al-Shabab, Brasil de Pelotas, Juventude, Grêmio, Goiás, Al Qadisiya, Kuwait, Criciúma, Al-Ahli, Al Qadisiya, Grêmio, Júbilo Iwata, Palmeiras, Cruzeiro e Chelsea.
Até o meio do ano, fim do período sabático de Felipão, a seleção brasileira enfrenta o Equador (f) e o Peru (c), em abril, e Uruguai (f) e Paraguai (c), em junho.
* "maldito russo"
Segunda, Dia De Salada.
Flamengo e Botafogo num grupo, no outro Vasco e... e... bem, parece mesmo que não será o Fluminense >>> Aliás, alguém esperava mesmo que o Renê Simões fosse capaz de um trabalho a longo prazo em clube? Renê é a versão treinador do Carlos Alberto, agora no Vasco - o prazo de validade é sempre curto >>> Com isso, o Fla de Cuca deve pegar um "pequeno" nas semifinais da Taça GB. Dá-lhe Horcades! >>> Eu não disse que o Victor Simões seria uma grata surpresa para a torcida alvi-negra? >>> Enquanto isso, em São Paulo - quando a chuva deixa - as duas maiores promessas em atividade no futebol brasileiro dão show. Hernanes fez um golaço e deu passe de mestre para Washington fazer o gol da vitória tricolor. E Keirrison fez mais dois no Santos, clube em que já marcou nove vezes em apenas três jogos (dois no ano passado, pelo Coritiba) >>> Se estivéssemos no futebol de antigamente, onde os clubes detinham o passe e os jogadores ganhavam salários mais próximos da realidade, diria que o Palmeiras fez negócio da China ao trocar Kléber por Keirrison >>> Mas assim como o futebol de antigamente não tinha jovens craques com a letra K iniciando o nome, o de agora não tem mais bom ou mau negócio para os clubes, sempre nas mãos de agentes, empresários, grupos de investimento... >>> Amanhã tem Brasil x Itália em Londres, que seria um ótimo programa para o fim de tarde se a sorte, o Dunga e o Marcelo Lippi deixassem. Enquanto o Brasil não terá Kaká (tornozelo) nem Ramires, Hernanes e Keirrison (Dunga), a Itália, pasmem, não terá Del Piero. Para o ataque, Lippi preferiu chamar Di Natale, Gilardino, Iaquinta, Quagliarella, Rossi e Luca Toni. Vou trocar o jogo pela piscina depois dessa >>> Enquanto isso, na Inglaterra, a torcida começa a pedir a cabeça de Felipão. A multa rescisória é altíssima e duvido que Abramovic mande Big Phil embora antes de consumado mais um (esperado) fracasso na Champions. Mas e quando isso acontecer? Pra onde vai Scolari? Alguém tem alguma idéia?...
terça-feira, 3 de fevereiro de 2009
Sobre Exemplos, Mitos e Hipocrisia Explícita.
A foto ao lado com um fininho, publicada pelo jornal inglês News of the World, rodou o mundo e fez girar um carrossel de opiniões equivocadas e debates sobre "o papel de um ídolo esportivo na formação da juventude".
Resumindo, Michael Phelps, Mister-Citius-Altius-Fortius, foi flagrado por algum muy amigo, numa festa na Flórida, fumando maconha num bong. Segundo um relato publicado pelo jornal, Phelps teria demonstrado intimidade com o instrumento, o que sugere que ele não seja um usuário de primeira viagem.
Logo meio mundo se apressou em crucificar o ganhador de oito ouros em Pequim, afirmando que ele não estava dando exemplo para os jovens que nele se inspiram.
Ora, Phelps não estava fumando nas areias de Miami Beach, na frente de todos. Estava numa festa privada e foi flagrado por algum amigo sacana que fez vazar a foto por dinheiro. Ou seja, teve sua privacidade invadida e exposta para todo o planeta. Disso, claro, ninguém fala.
No entanto, isso, por si só, já levanta uma questão seríssima - o que um atleta-exemplo faz em sua vida privada tem a ver com mais alguém além dele mesmo? Então se Phelps, em vez de estar fumando, tivesse sido flagrado, digamos, dando um beijo em outro homem, ou dando pra outro homem, teria sido condenado por dar mau exemplo aos jovens? Se tivesse sido fotografado completamente embriagado, a reação da opinião pública seria a mesma? E se, em vez do bong, fosse uma carreira de cocaína?
Mas a questão vai muito além disso. Desde primeiro de janeiro de 2006, a WADA, agência mundial antidoping, inclui os canabinóides em sua lista de substâncias proibidas, embora já tenha sido provado que o THC não melhora desempenho, muito pelo contrário - a redução da capacidade psicomotora e da concentração, o aumento da frequência cardíaca e a alteração da pressão arterial só fazem prejudicar o desempenho. Mas, mesmo assim, canabinóides e derivados pagam o pato, pois são incluídos no mesmo saco de esteróides e outros "por serem um mau exemplo para a juventude". É o chamado doping moral.
Falemos então de moral. Phelps, depois da publicação da foto e da repercussão mundial do caso, pediu desculpas ao Comitê Olímpico Internacional. E, surpreendentemente, o COI simplesmente as aceitou. Caso encerrado.
Ora, mas se um atleta pego num exame antidoping por uso de maconha imediatamente pega um gancho mínimo de três meses, até que seja julgado, como pode alguém que teve a foto, no ato do consumo, espalhada para o mundo inteiro, ser perdoado assim?
Nunca vi tamanha hipocrisia.
Ou melhor, vi sim. É a mesma hipocrisia daqueles que saem à noite, bebem o quanto querem e depois brincam de roleta russa, seja com a possibilidade de cruzar com um bafômetro e perder a habilitação, seja com a possibilidade de matar alguém ao volante.
A mesma hipocrisia de quem acha que atletas são diferentes de pessoas comuns, não estando sujeitos a crises de depressão, cobrança por resultados, problemas familiares, brigas com namorada ou namorado... como qualquer indivíduo, nessas horas, eles podem procurar, nas chamadas drogas sociais, alívio para seus problemas.
Eu destaco a opinião do jornalista inglês Michal Hann, colunista do The Guardian:
"Esses atletas certamente não estão trapaceando. São vítimas de uma idéia equivocada de que alguém com um talento para chutar uma bola, correr, pular, nadar ou mergulhar, é de alguma maneira um modelo e tem que viver de acordo com um padrão de comportamento acima da média."
E aí eu lembro de algo que Allen Iverson, mais que polêmico craque da NBA, disse certa vez:
"Eu só devo ser um exemplo para meus filhos. Nunca assinei nada em que me comprometesse a ser exemplo para ninguém além deles. Se alguém quiser me tomar como exemplo para qualquer coisa, lamento, mas não é problema meu."
* * *
Michael Phelps tem 23 anos. Só pra lembrar.
Resumindo, Michael Phelps, Mister-Citius-Altius-Fortius, foi flagrado por algum muy amigo, numa festa na Flórida, fumando maconha num bong. Segundo um relato publicado pelo jornal, Phelps teria demonstrado intimidade com o instrumento, o que sugere que ele não seja um usuário de primeira viagem.
Logo meio mundo se apressou em crucificar o ganhador de oito ouros em Pequim, afirmando que ele não estava dando exemplo para os jovens que nele se inspiram.
Ora, Phelps não estava fumando nas areias de Miami Beach, na frente de todos. Estava numa festa privada e foi flagrado por algum amigo sacana que fez vazar a foto por dinheiro. Ou seja, teve sua privacidade invadida e exposta para todo o planeta. Disso, claro, ninguém fala.
No entanto, isso, por si só, já levanta uma questão seríssima - o que um atleta-exemplo faz em sua vida privada tem a ver com mais alguém além dele mesmo? Então se Phelps, em vez de estar fumando, tivesse sido flagrado, digamos, dando um beijo em outro homem, ou dando pra outro homem, teria sido condenado por dar mau exemplo aos jovens? Se tivesse sido fotografado completamente embriagado, a reação da opinião pública seria a mesma? E se, em vez do bong, fosse uma carreira de cocaína?
Mas a questão vai muito além disso. Desde primeiro de janeiro de 2006, a WADA, agência mundial antidoping, inclui os canabinóides em sua lista de substâncias proibidas, embora já tenha sido provado que o THC não melhora desempenho, muito pelo contrário - a redução da capacidade psicomotora e da concentração, o aumento da frequência cardíaca e a alteração da pressão arterial só fazem prejudicar o desempenho. Mas, mesmo assim, canabinóides e derivados pagam o pato, pois são incluídos no mesmo saco de esteróides e outros "por serem um mau exemplo para a juventude". É o chamado doping moral.
Falemos então de moral. Phelps, depois da publicação da foto e da repercussão mundial do caso, pediu desculpas ao Comitê Olímpico Internacional. E, surpreendentemente, o COI simplesmente as aceitou. Caso encerrado.
Ora, mas se um atleta pego num exame antidoping por uso de maconha imediatamente pega um gancho mínimo de três meses, até que seja julgado, como pode alguém que teve a foto, no ato do consumo, espalhada para o mundo inteiro, ser perdoado assim?
Nunca vi tamanha hipocrisia.
Ou melhor, vi sim. É a mesma hipocrisia daqueles que saem à noite, bebem o quanto querem e depois brincam de roleta russa, seja com a possibilidade de cruzar com um bafômetro e perder a habilitação, seja com a possibilidade de matar alguém ao volante.
A mesma hipocrisia de quem acha que atletas são diferentes de pessoas comuns, não estando sujeitos a crises de depressão, cobrança por resultados, problemas familiares, brigas com namorada ou namorado... como qualquer indivíduo, nessas horas, eles podem procurar, nas chamadas drogas sociais, alívio para seus problemas.
Eu destaco a opinião do jornalista inglês Michal Hann, colunista do The Guardian:
"Esses atletas certamente não estão trapaceando. São vítimas de uma idéia equivocada de que alguém com um talento para chutar uma bola, correr, pular, nadar ou mergulhar, é de alguma maneira um modelo e tem que viver de acordo com um padrão de comportamento acima da média."
E aí eu lembro de algo que Allen Iverson, mais que polêmico craque da NBA, disse certa vez:
"Eu só devo ser um exemplo para meus filhos. Nunca assinei nada em que me comprometesse a ser exemplo para ninguém além deles. Se alguém quiser me tomar como exemplo para qualquer coisa, lamento, mas não é problema meu."
* * *
Michael Phelps tem 23 anos. Só pra lembrar.
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