segunda-feira, 6 de abril de 2009

Money.

Michael Jordan foi a coisa mais próxima de um herói que tive em minha vida. Piegas ou tolo, é a realidade.

Não somente por eu ter jogado basquete desde pequeno, mas também por ter tido a sorte de acompanhar toda sua carreira. Infelizmente, era jovem demais quando Zico dava seus primeiros passos.

Hoje, MJ foi eleito para o Hall da Fama do basquete, o máximo que qualquer um que já tenha arremessado uma bola, seja no Brooklyn, em Sarajevo ou no Aterro, possa querer.

Com doze anos, eu tinha um amigo de família rica, que possuía uma antena parabólica (eu digo possuía porque o pai tinha a dele, na mesma casa). Era um saco ficar girando aqueles botões pra achar a transmissão americana, mas, geralmente, a gente achava. E vía muito, muito jogo da NBA. Que tinha acabado de receber um moleque magrinho vindo da Universidade de North Carolina, onde havia sido campeão.

Pra mim, eram as primeiras transmissões daquele outro mundo chamado basquete americano. Tudo era novo, muito maior que o pouco que a Bandeirantes mostrava na época, que eram as finais. E assim como o Galinho me fez torcer pelo Flamengo, Money me fez torcer pelo Chicago Bulls.

Começava ali uma história que seguiria paralela à minha própria.

Eu lembro onde vi cada um dos jogos decisivos dos seis títulos. Onde estava na final olímpica de Barcelona. Lembro dos momentos marcantes. O último arremesso contra os Jazz. O jogo com febre, em que marcou 38 pontos, também contra o Utah, também uma final de campeonato. O anúncio da primeira aposentadoria. O do segundo retorno... Lembro do torneio de enterradas de 88, visto na parabólica do Dênis. E lembro do que senti quando, depois de largar tudo no auge para jogar beisebol e realizar um sonho seu de criança e também de seu pai, assassinado meses antes, ele voltou. Era um domingo, eu trabalhei e tive o prazer de ajudar a deixar para a história aquele momento.

Michael Jordan mudou o basquete, mudou o esporte, mudou a moda, mudou a Nike, mudou o conceito de ícone, de marketing esportivo, de genialidade.

Mas eu nem dou tanta importância a isso. Não a mesma que dou ao fato dele ter jogado cada jogo de sua carreira da mesma maneira que lutou pelo ouro olímpico ou pelo anel de campeão da NBA. MJ não tolerava perder. E, depois que aprendeu a vencer, ficou ainda mais intolerante com a derrota. Nunca ouve, em esporte algum, alguém tão competitivo como ele.

8 comentários:

renato disse...

cumequié aquela história que ele, antes do jogo, passava pelo banco do adversário e dizia, como quem fala sozinho, "hoje eu tô me sentindo bem, acho que vou fazer uns 50 pontos"?

Edu Mendonça disse...

Hehehe, era mais ou menos assim.

Mas tem uma melhor, do banco pra ele... nas finais de 96, contra o Seattle Supersonics, teve um jogo em que MJ ficou "só" nos 23 pontos, numa rara atuação "humana" em momentos decisivos. Pois bem, no fim, os Sonics ganharam a partida. Mas os reservas do Seattle, com a vitória já garantida, torciam pro Jordar ACERTAR seus arremessos. Tudo pelo medo de que, no jogo seguinte, ele viesse mordido e fizesse uns 50 neles...

Camilo disse...

Só fui torcer pro Jordan quando ele já era o bom vetera dos Wizards. Torci pra Payton-Kemp, Stockton-Malone e nada... Podem falar que isso é coisa de Botafoguense perdedor, mas não passava pela minha cabeça ficar ao lado de alguém que não erra. Jump... Cesta. Infiltraçao... cesta. Deu mole, Karl? Tapa, transição, drible, jump, cesta.

Era isso mesmo, sempre 100%, no limite.
E nào me lembro de chegar na escola no dia seguinte a algum jogo e comentar com os amigos basqueteiros: "é, ontem o cara tava mal..."

Vc lembra, Edu?

Edu Mendonça disse...

O "mal" dele era o bom para os outros. "MJ JOGA MAL, FAZ 18 PTS, 7 REBS e 5 AST!". Mas jogos assim eram raros. Basta ver que, mesmo contando com aqueles dois anos com os Wizards (quando parou, tinha 40), as médias da carreira dele são 30.1 pts, 6.2 rebas e 5.3 ast. E nunca tremia. Nunca. Dominava muitos caras só na intimidação. Money.

Net Esportes disse...

Infelizmente vi pouco, que me lembro mesmo só a decisão contra o Jazz de 1998, não sei porque eu torcia pelo Utah, aquela velha história de sempre preferir o mais fraco, mas me rendi ao talento mágico de Jordan..... ele é sem dúvida um dos maiores ícones de toda a história do esporte mundial.... a despedida definitiva pelo Wizards eu também acompanhei, emocionante.....

Edu Mendonça disse...

Os dois anos em Washington, apesar de eu não condená-lo pela decisão de voltar (quem seria eu pra isso, se ele queria jogar mais, pelo prazer)... foram um fracasso, do ponto de vista objetivo. Os Wizards de MJ não foram aos playoffs. Com 39/40 anos, ele quebrou mais alguns recordes e mostrou, só na categoria, porque os músculos já não eram os mesmos, que era melhor que 70% do restante da liga. Mas aquilo era só uma sombra do que ele foi, acredite. O Michael Jordan de 84 a 98 era um Mustang com todas as válvulas sempre trabalhando na pressão máxima. É essa característica que eu nunca vi igual em qualquer outro atleta.

Bolinho disse...

"a coisa mais próxima de heroi que eu tive"... E DEUS???????
Herege!

Edu Mendonça disse...

MJ nunca deixou o Chicago na mão pra jogar na Itália...