terça-feira, 14 de abril de 2009

Guns 'N' Rose

Já se vão dez anos desde que meu Chicago Bulls passou a ser algo absolutamente irrelevante. Confesso que nunca me preparei adequadamente para isso. Passada a era de ouro de Jordan, de glórias, títulos e dominação absoluta, principalmente nos anos 90, vieram então as trevas.

Kornel David. Chris Carr. Marcus Fizer. Khalid El-Amin. Dragan Tarlac. Eddie Robinson. Eddy Curry. São apenas alguns nomes que preferia nem lembrar. Homens que, no tempo de MJ, não teriam sobrevivido a meia dúzia de treinos com Money, Pip, Harp e companhia.

As coisas só começaram a clarear em 2004, ano em que três talentosos novatos chamados Ben Gordon, Luol Deng e Andres Nocioni se juntaram a Kirk Hinrich, que já tinha um ano de casa, para formar o núcleo do atual time. Nocioni já se foi, outros bons jogadores chegaram mas, até esse ano, faltava sempre aquele cara especial, capaz de botar a bola debaixo do braço e dizer "deixa comigo" nas horas em que isso é necessário. O craque. O dono do time. A estrela que não tínhamos desde a saída de Jordan.

Aí a sorte fez sua parte e, mesmo com apenas 1,7% de chance de que isso acontecesse, o Chicago acabou recebendo o direito de escolher primeiro no draft do ano passado. E, sem titubear - ao contrário do que muitos dizem - escolheu o armador Derrick Rose, da univerdidade de Memphis, 21 anos completados na semana passada.

Aqui mesmo no TB eu já escrevi algumas vezes sobre o impacto de Rose no time e o que o futuro lhe reserva. Mas hoje é preciso falar do presente. Necessário.

Nesta terça jogaram Pistons e Bulls, em Detroit. Ambos já classificados para os playoffs, que começam no próximo fim de semana. Mas precisando desesperadamente vencer para evitar um confronto com o poderoso Cleveland de Lebron James logo na primeira rodada - o equivalente à uma eliminação certa, muito provavelmente por quatro a zero.

O Detroit pode não ser mais o mesmo de outrora, mas ainda tem veteranos experientes (e campeões) como Rasheed Wallace (Sheed!), Rip Hamilton, Tayshaun Prince, Antonio McDyess... e ainda jogava em casa, diante de sua fanática torcida que, by the way, odeia historicamente os Bulls.

Foi sob esse panorama que o Chicago começou o último quarto do jogo de ontem perdendo por 69x75. Foi nesses últimos doze minutos que Derrick Rose pegou a bola, botou-a debaixo do braço e disse: "-deixa comigo."

10:52 - Rose entra no lugar de Ben Gordon
10:29 - Rose pega rebote na defesa
10:22 - Rose converte um de dois lances livres (70x75)
09:48 - Rose dá assistência para cesta de Tyrus Thomas (72x76)
09:22 - Rose dá assistência para cesta de Brad Miller (74x78)
08:15 - Rose dá assistência para cesta de Brad Miller (76x78)
06:33 - Rose dá assistência para cesta de Brad Miller (79x82)
05:18 - Rose faz dois pontos, numa infiltração (81x85)
04:50 - Rose faz mais dois pontos, numa bandeja (83x85)
04:07 - Rose converte dois lances livres (85x87)
00:42 - Rose faz dois pontos e ainda sofre a falta (87x88)
00:42 - Rose converte o lance livre (88x88)
00:02 - Rose pega rebote defensivo e sofre falta
00:02 - Rose converte o lance livre e garante a vitória (91x88)

Trocando em miúdos, dos 22 pontos do Chicago no último quarto, Rose só não teve participação em dois - a bandeja de Ben Gordon que botou o time na frente por 90x88. Dos outros vinte, ele fez doze e deu a assistência para a cesta nos outros oito. Isso tudo, valer dizer, sendo o foco da defesa dos Pistons o tempo todo. Apesar do Detroit não ser mais o mesmo, sua defesa ainda está entre as cinco melhores da NBA.

Com a vitória, os Bulls evitam Lebron e ainda têm a chance de terminar em sexto no Leste, o que valeria um confronto com o Orlando Magic na primeira rodada, em vez do campeão Boston Celtics.

Ninguém, nem mesmo eu, espera passar dessa primeira rodada. Mas, quanto mais longa ela for, mais experiência para Rose.

A história se repete?

Oxalá.

2 comentários:

Camilo disse...

Vi uns dois jogos do Orlando... nao acho impossivel teu Bulls passar por eles. O garoto é bom mesmo. é raro o cara ser tao habilidoso, jovem e ao mesmo tempo sério. sem firulas.

Edu Mendonça disse...

"Impossible is nothing", como diz o comercial da Adidas.

Se bem que nossa pelada voltar me parece algo cada vez mais impossível... infelizmente.