segunda-feira, 30 de março de 2009

Vergonhoso.

Nunca, em toda minha vida, eu vi algo parecido com o que aconteceu ontem.

A seleção brasileira, pentacampeã do mundo, admirada em todo o planeta bola, jogando como um time pequeno, com um único objetivo - não perder do Equador.

Assim foram os noventa e poucos minutos de jogo. Os donos da casa em cima, pressionando, buscando sempre o gol, jogando como um time grande; o Brasil acuado, encurralado em sua defesa, pressionado, atuando como um time pequeno. E tomando um baile.

E, por favor, não me venham com esse papo de altitude. Dos onze titulares do Equador ontem, oito jogam na Europa, logo, sofreram os efeitos tanto quanto os brasileiros, pois perderam a adaptação às condições de Quito. E dos três que atuam no país, um ainda joga em Guayaquil, que é quase ao nível do mar. Ou seja, esse também sofreu.

Mas nosso treinador, claro, usou a altitude como uma das desculpas: "o Equador sabe como ninguém se aproveitar das condições da cidade". O mais surpreendente, no entanto, é que essa foi uma das poucas desculpas. Porque com Dunga, além de tudo, temos que aguentar esse discurso medíocre de que "o empate foi bom resultado". Disse mais, disse que foi "uma boa partida". Sério, ele disse isso. Aliás, se formos analisar tudo que Dunga falou após o massacre de ontem, fica fácil descobrir porque cada vez menos gente se interessa pela seleção brasileira.

"O Ronaldinho vem de um tempo sem jogar, se recuperando de lesão e isso atrapalha. Ele é do tipo de jogador que precisa estar atuando. A alegria dele é estar em campo, mas ele não vem jogando muito no Milan."


Ok, e aí você o escala como titular da seleção assim mesmo, Dunga? Ronaldinho não tem jogado porque está barrado, é banco no Milan... E mais, você usa exatamente a desculpa da falta de ritmo para não escalar Thiago Silva em vez de Luisão, um desastre ontem, lento e violento em excesso.

"Mostramos que temos uma defesa sólida, que suportou a pressão jogando na altitude, o que não é nada simples".

A defesa brasileira bateu cabeça o tempo todo. Lúcio foi quase tão ruim quanto Luisão. Daniel Alves deveria ter sido expulso. E Marcelo sofreu com o volume de jogo equatoriano por seu lado do campo, coisa que Dunga em momento algum enxergou para corrigir. E que defesa sólida é essa, capaz de permitir que o Equador passe quase o tempo todo no campo brasileiro, mesmo com dois volantes à frente?

Meu Deus, que jogo foi esse que Dunga viu?

O Equador teve 39 finalizações, sendo doze certas e 27 erradas. Se tivessem um pouquinho mais de qualidade, além da vontade, teríamos sido goleados de forma vexatória ontem. O Brasil, por sua vez, arrematou só onze vezes pra gol.

Os donos da casa cometeram apenas onze faltas no jogo. O Brasil, no papel de time que se defendeu o tempo todo, fez dezenove.

E o que dizer de Felipe Mello, a mais nova invenção do técnico? Foi ele quem passou lotado como um trem no drible de Méndez, no gol de empate equatoriano. Aquilo é Felipe Mello.

A verdade é que estamos pondo tudo a perder agora, pouco mais de um ano antes da Copa. Tá TUDO errado.

Não há planejamento. O planejamento de Dunga é não perder pro Equador pra não cair. Pato não joga. Thiago Silva não joga. Diego, depois das olimpíadas, foi posto de lado. Medalhões que não jogam nada há tempos, como Gilberto Silva, Ronaldinho e Adriano, seguem sendo convocados. Talentos indiscutíveis como Nilmar, Keirrisson, Hernanes e Ramires, seguem de fora. Enquanto isso, os que jogam na Europa, continuam jogando sem urgência alguma, acomodados que estão por saberem que os que aqui se destacam não os ameaçam. Somos a seleção que mais empatou nas eliminatórias, em que estamos atrás do Chile. É o caos completo. Mas Dunga segue no comando. E tudo isso segue como se fosse a coisa mais natural do mundo.

Eu, por vezes, penso se vejo a situação com olhos críticos demais. Mas, não. Me convenci disso ontem, ao ouvir José Trajano admitir que gritou "gol!" quando os equatorianos empataram - como eu e todos que assistiam ao jogo comigo. Me convenci ao ouvir o Juca Kfouri dizer, brilhantemente: "Graças a Deus o Equador empatou! Já pensaram o que teríamos que ouvir da boca do Dunga caso o Brasil tivesse ganho?"

sábado, 28 de março de 2009

Critérios (ou a falta deles)

Não há, não houve mistério. O time de Dunga, para amanhã, vai com Júlio, Maicon, Lúcio, Luisão e Marcelo; Gilberto Silva, Felipe Mello, Elano e Ronaldinho; Robinho e Luis Fabiano.

Sem os titulares Juan e Kaká, eu não tinha a menor dúvida de que o treinador da seleção faria as escolhas erradas.

Qual o critério para escalar Luisão em vez de Thiago Silva? Ou Miranda? Tempo de serviços prestados à tropa do comandante Dunga?

Bem, esse não pode ser. Afinal, ele manteve no time Felipe Mello! Convocado anteriormente apenas pro amistoso contra a Itália, ele virou titular! Ele mesmo, que desde que saiu do Brasil, em 2004, já passou por quatro times - Mallorca, Racing, Almeria e, agora, Fiorentina! Onde, nem de longe, é um dos destaques do time!

Meu Deus! Ninguém faz nada?!?

Enquanto isso, por aqui, Hernanes e Ramires me parecem até sofrer uma queda de rendimento, talvez fruto da desmotivação por nunca serem convocados - será preciso carimbo no passaporte agora pra ser convocado?

Bem, não pode ser esse o critério. Nilmar tem carimbo, já jogou fora. Fez um gol antológico hoje, gol com carimbo de craque. Mas não é convocado. Dunga prefere Adriano.

Nem Nilmar, nem Keirrison. Fora Diego, também inexplicavelmente longe do grupo. Na Alemanha, pra Dunga, quem joga bola é o Josué.

Eu fico me perguntando se Felipe Mello, por acaso, é atleta de Cristo.

Deve ser. Luisão também.

* * *

Cuca manteve Erick Flores como titular para a partida contra o Resende, depois da boa atuação do garoto diante do Madureira - a melhor dele no time principal. Fez muito bem, não teria sentido tirá-lo da equipe. A goleada me pareceu suspeita, muito pela vantagem de um homem desde o primeiro tempo, por conta de uma expulsão injusta.

* * *

Agora eu vou ver a primeira partida de Messi com a 10 argentina. História.

quinta-feira, 26 de março de 2009

No século passado, Einstein provou que o tempo é relativo.

Depois de dias da mais absoluta calmaria, o Ericsson 3 cruzou o portal diante da Marina da Glória às 7:37, vencendo a quinta etapa da Volvo Ocean Race. Mais de doze horas depois, às 19:57, cruzou o Ericsson 4, do nosso Torben.

Ao meio-dia, o primeiro já estava sem o mastro, que, como o casco, era cuidadosamente checado e reparado. Desmontar, lavar, testar, consertar. Tudo em ritmo acelerado.

Rápido. Devagar. Relativos.

Só para se ter uma idéia do fim desta perna, os dois barcos navegaram a maior parte do dia de hoje à velocidade de dois nós. Isso dá 3,6 quilômetros por hora.

Para os velejadores, um desafio psicológico tão grande quanto o teste físico de atravessar o Cabo Horn. A falta de vento pode ser tão implacável quanto o mar revolto.

Aí eu fico pensando no seguinte - cada um desses 55 homens que passaram pelo extremo sul das Américas teve uma experiência própria, uma percepção pessoal do que foram aquelas horas de tormenta no Horn.

Será que essa percepção, de alguma forma, mudou depois desses intermináveis dias de calmaria?



"É preciso dar tempo ao tempo". Foi o que (quase) todos disseram, com razão.

A frase pode tratar de Ronaldo. Mas também de Neymar.

Um quase no fim, tentando dar um come no tempo. O outro, bem no início.

Quem diria que o primeiro já teria marcado quatro gols à essa altura?

Quem diria que o outro teria se saído desta forma em seus primeiros passos?

Estão ambos provando, em campo, que Einstein tinha razão.

* * *

E Cuca? O que o tempo reserva pra ele?

Importante seria que o Flamengo soubesse que o relativo, neste caso, pode acabar sendo o futuro do time na temporada.

terça-feira, 24 de março de 2009

Eu Quero O Meu.

Eles são seis. Palmeiras, Santos, Cruzeiro, Botafogo, Fluminense e Bahia. Juntos, somam dez títulos brasileiros, do jeito que os conhecemos, desde 1971.

Preciso abrir um parênteses - eu lembro que, quando pequeno, já adorava estatísticas esportivas. Olhava fascinado aquelas listas de campeões ingleses e italianos, imaginando conquistas do século passado, agora retrasado... Até que, num belo dia, a Placar veio com um Guia dos Campeonatos Brasileiros, lá pelos idos dos anos 80. E eu, moleque, sempre pensava, entre uma história e outra: "mas e antes de 71?"

Pois é isso que esses seis clubes, reunidos, pleiteiam. Juntos, conquistaram quatorze títulos nacionais, se considerarmos assim as antigas Taça Brasil (59 a 68) e Taça de Prata (67 a 70). Mesmo assim, soa estranho pensar em futebol brasileiro organizado apenas a partir de 1959 - quando a maioria de nossos estaduais têm histórias centenárias. Mas já é um avanço, um resgate de uma história que não pode ser menosprezada.

Os maiores interessados no reconhecimento destas conquistas são Santos (6) e Palmeiras (4). Ambos deixariam para trás o hexa da era moderna São Paulo e passariam a somar, cada, oito títulos nacionais. Os demais requisitantes adicionariam uma conquista cada a seus currículos.

Mas...

Você sabia que a Taça Brasil era disputada em sistema de mata-mata? O Palmeiras campeão de 1960, por exemplo, fez apenas quatro jogos. O Santos, campeão nos cinco anos seguintes, na época de ouro do clube, jogou, respectivamente, cinco, cinco, quatro, quatro e quatro jogos em cada uma dessas conquistas. Apenas numa edição da Taça Brasil, a primeira, o campeão, o Bahia, jogou mais de dez partidas - foram 14.

Vale dizer, também, que pela forma de disputa, ficavam de fora da Taça Brasil alguns dos principais clubes do país, já que na maioria das edições apenas os campeões regionais tinham direito à vaga (mais tarde, alguns vices participariam).

Com a criação da Taça de Prata, o famoso Robertão - em homenagem a Roberto Gomes Pedrosa, goleiro do São Paulo e da seleção brasileira - o campeão passou a ser um pouco mais exigido. O Palmeiras disputou 20 jogos em 67 e 19 em 69. O Santos, 19 partidas em 1968. E e o Fluminense, último campeão antes do nascimento do Brasileirão, 19 no ano do tri.

Seria justo, então, comparar títulos da Taça Brasil, da Taça de Prata e do Campeonato Brasileiro? Campanhas de quatro jogos com campanhas de 38?

Seria justo, também, ignorar que esses eram, apesar dos pesares, os campeonatos ditos nacionais que a cartolagem conseguia organizar na época, já demonstrando todal inaptidão para tal?

* * *

Depois do absurdo dos ingressos no clássico de domingo, no Maracanã, hoje foi a vez de centenas de torcedores do Fluminense serem impedidos pela Polícia Militar de entrar no estádio Eduardo Guinle, em Friburgo, mesmo com o ingresso na mão.

Motivo: a parte das arquibancadas destinada a eles já estava completamente lotada.

Passam décadas e os cartolas parecem os mesmos da época da Taça Brasil... ou piores.

* * *

Pouco vento, pouca comida, pouco progresso no trigésimo-nono dia da perna Quingdao-Rio da Volvo Ocean Race. Ericsson 3, líder da etapa, e Ericsson 4, de Torben, devem pintar no horizonte da cidade na tarde desta quarta.

Bem, isso eu escrevi ontem, com base nas previsões de ontem... agora, a nova estimativa de chegada do Ericsson 4 é para as 3 da manhã desta quinta...

O Tudo Bola, que não navega à noite, manda o barco pro mar amanhã, pra fazer as primeiras fotos do Volvo 70 do Torben em mares cariocas.

segunda-feira, 23 de março de 2009

SEGUNDA.

Quem fim de semana.

Se em São Paulo faltaram gol de Ronaldo e o primeiro grande solo de Neymar, no Rio sobraram incompetência do poder público, mais uma vez, e cartões, muitos cartões, obra e graça do senhor Luis Antonio Silva Santos.

Admirável é ver, no dia 22 do mês e com o tempo chuvoso, 70 mil pessoas no Maracanã. Que, infelizmente, continua sendo cenário da bandalha generalizada, bem debaixo das barbas da Polícia Militar, da Guarda Municipal e de todo o aparato do choque de ordem do novo prefeito.

Às quatro da tarde, duas horas antes do clássico, todas as bilheterias do estádio informavam que não havia mais arquibancadas. Não me recordo, em quase 30 anos de Maracanã - salvo decisões, quando praticamente todos os ingressos são vendidos antecipadamente - de fato parecido. Muito estranho, pensei. Antes de optar pela cadeira azul, única opção nas bilheterias, fui abordado por um cambista oferecendo arquibancadas a 40 reais (custavam 30). Uma hora mais tarde, o preço já alcançava 60 reais - naquele momento, as filas nas bilheterias eram imensas e muitos ainda as enfrentavam achando que havia estes ingressos.

Mesmo assim, a meia hora do jogo, na reta em frente ao Maracanãzinho, os cerca de dez cambistas que marcavam ponto ali só tinham mesmo ingressos de cadeira. Apenas um, que também abordei, me pediu para esperar dez minutos pois receberia 60 arquibancadas. Em frente à cena, passando algumas vezes por ali, o comandante da PM. Que, como todos de farda no entorno do estádio, continuam fazendo vista grossa para a atuação dos cambistas.

Quando a bola rola, milhares de lugares vagos no setor das arquibancadas brancas e também nas amarelas, de ambos os lados.



Bem, se a carga anunciada para o jogo foi de 68 mil e poucos ingressos, o público pagante anunciado foi de 69.648 e ainda assim havia ingressos e mais ingressos com os cambistas, onde raios caiu o tal choque de ordem no Maracanã? Ordem em quê? Em proibir ambulantes?

* * *

Sobre o jogo, basta dizer que o juíz, de apelido "Índio" conseguiu seu objetivo, distribuindo 17 cartões, 11 amarelos e seis vermelhos, incluindo o do sempre destemperado Cuca, que agora pode acabar suspenso. Apareceu mais que qualquer jogador ou lance da partida, que ficará marcada como aquela da enxurrada de cartões.

O Vasco correu mais que o Flamengo e esteve mais organizado, embora tenha um time fraco demais, sobretudo sem Carlos Alberto em campo. Mereceu vencer porque marcou nas chances que teve, enquanto o Flamengo criou mais e finalizou tão pouco quanto (e pior, claro).

E eu continuo incrédulo de saber que o Josiel ganha 150 mil enquanto o Riquelme, 80.

* * *

Pelé, sempre Pelé. Desta vez o rei insinuou - ok, disse - que Robinho e Ronaldo teriam enfrentado problemas com drogas.

* * *

Essa é mais que inédita - um jogador abrir mão de dinheiro para o clube. Mas Léo, além de santista, sempre teve fama de profissional.

* * *

Ventos fracos , só hoje passando dos 12 nós, dão previsão de que a chegada dos barcos da Volvo seja mesmo ao longo da quarta-feira. Já paralelos à costa brasileira, agora na altura do Rio Grande do Sul, serão recepcionados pela mais atraente estrutura já montada para um evento na Marina da Glória. É uma pena que, por enquanto, a presença do público ainda seja pequena, o que deve aumentar após a chegada dos barcos. Mas uma visita ao espaço, aberto a todos, é obrigatória.

Neste vídeo, um depoimento muito bom de Magnus Olsson, skipper do Ericsson 3, sobre como os membros da equipe - inclusive ele - lidam com o tédio em longos trechos de calmaria, como esse. O barco de Olsson segue na liderança, neste momento 71 milhas náuticas à frente do Ericsson 4, de Torben.

quinta-feira, 19 de março de 2009

A Volta, de volta

A foto abaixo representa um momento histórico para nossa vela, tão importante quanto qualquer medalha de Torben ou Robert. Pela primeira vez, um barco brasileiro disputava a mais desafiadora prova dos mares. E a foto, como qualquer pessoa do mundo pode perceber, foi tirada aqui, na Baía de Guanabara, meu quintal.

A Volvo, que nasceu Whitbread, em 1972, tem como maior apelo ser a resposta a um antigo anseio de todo aventureiro - uma regata ao redor do mundo.

Não tem a história da America's Cup, é inegável. Mas isso ninguém tem (nem mesmo os jogos olímpicos modernos, visto que a primeira edição foi disputada em 1851).

Só que a fórmula de disputa da Round the World, muito mais interessante que o sistema de mach race da America's, e os investimentos feitos em tecnologia (pelas equipes) e marketing (pela Volvo, que a patrocina desde 2001), fizeram da caçula a menina dos olhos de qualquer velejador.

Das 27 mil milhas náuticas da primeira edição às 37 mil da atual (66 mil quilômetros, 26 mil a mais que a circunferência da Terra), muito mudou. Menos o espírito de desafio e aventura que ela representa. O lugar-comum que se houve e lê, de que a regata é a versão molhada do Rally Dakar, chega a soar ridículo. Nada no mundo é mais desafiador que a Volvo Ocean Race. Nada sequer chega perto.

Com o aumento assombroso de interesse, investimentos e atenção, a cartada de mestre veio na última edição, vencida pelo barco holandês ABN Amro One. Além das tradicionais pernas entre os portos, com portais de pontuação nas mais longas, foram acrescentadas as in port races, regatas tradicionais realizadas nas cidades de parada. Regatas tradicionais com super-veleiros de 70 pés.

Era o que faltava. A partir dali, a participação, em todas as paradas, passou a ser absurda, sempre com milhares de pessoas e centenas de barcos. A Volvo se mostrava ao público de perto, não apenas pelas imagens aéreas de tv.

Aqui no Rio, naquele 25 de março de 2006, o tempo era nublado. As muretas do Pão-de-Açúcar estavam lotadas. Era a melhor perspectiva para se acompanhar o início da regata, com uma boa tele do lado. Mas navegar é preciso num dia como esse e lá estavam mais de 200 barcos na minha frente, de cara para um pega que, pela falta de vento, nem foi tão emocionante. Mas marcou todos aqueles que, como eu, escoltaram orgulhosos o Brasil 1 de volta à Marina. Nosso barco terminaria num honroso terceiro lugar.

Desta vez, não tem barco brasileiro. Mas tem Torben no comando do Ericsson 4, que lidera a regata com 56,5 pontos (o Puma é o segundo, com 47, e o Telefonica Blue o terceiro, com 46,5 - os demais estão praticamente fora da briga). Para avaliar a importância de um título como o da Volvo no currículo de um velejador como Torben, basta dizer que, pela regata, ele abriu mão dos Jogos de Pequim.

Mesmo que não seja o primeiro a chegar à cidade, Torben, que nesse momento se encontra em segundo, atrás do Ericsson 3, já larga como favorito para a regata do porto, dia 4, que vale metade dos pontos de uma perna, assim os portais. Só que, desta vez, mais locais vão estar na raia. Bruno Prada será consultor do barco Puma, onde vai estar, como tripulante, Reinaldo Conrad, primeiro velejador brasileiro a conquistar uma medalha olímpica, o bronze de 68, no México, na Flying Dutchman. Marcelo Ferreira e André Fonseca, tripulantes do Brasil 1, estarão no time do Delta Lloyd, que não disputa esta perna e já está na Marina da Glória, em ritmo acelerado de reparos depois da quebra na etapa entre Cingapura e Qingdao.

A previsão é de que os barcos cheguem ao Rio entre os dias 23 e 24.

E como o Brasil é o país da vela, a Volvo vai dividir espaço com estaduais, Libertadores e Champions League aqui no Tudo Bola por esses dias. Afinal, o mundo não é redondo à toa.

* * *

Eu não poderia deixar de compartilhar duas imagens marcantes desta quinta.

A primeira, obra e graça do técnico Roberto Fernandes, do Figueirense, aquele mesmo que em um "curso" para "treinadores" ensinava a arte da falta para parar o jogo. Fazer um profissional se vestir de mulher, no exercício de seu trabalho, só se for no circo - ou no futebol brasileiro.

A segunda vem do basquete universitário americano, que entra agora em sua fase decisiva. Enterrada assim, nunca vi.

sábado, 14 de março de 2009

Até Quando?

Sério, até quando vamos ter que ver os nomes de Doni, Luisão, Gilberto Silva, Josué, Felipe Mello e Adriano na lista de Dunga? Por que somos obrigados a sofrer por conta de seus conceitos quase militarmente burros de hierarquia, lealdade e sei lá mais quais valores interessam mais ao técnico da seleção que o talento.

Doni NÃO É o reserva ideal para Júlio. Dá pra imaginar o goleiro da Inter se lesionando num jogo de estréia da Copa e o reserva assumindo o posto pelo restante do torneio? Doni não passa segurança. Dunga poderia apostar na experiência de Rogério Ceni, pra mim um reserva perfeito pois saberia perfeitamente da sua condição de reserva sem, no entanto, ser um centímetro menos profissional por isso.

Mas não.

E Luisão? Luisão faz sucesso onde? Em Portugal. Bem, Luisão é titular do Benfica. Ah, tá. Tendo Lúcio e Juan como seus homens de confiança e Thiago Silva se imposto opção imediata, por que Dunga não prepara logo a zaga para o futuro, dando jogo não só a Miranda, agora convocado, como também a Breno, Alex Silva ou André Dias? É a mesma situação - dá pra ficar tranquilo com a possibilidade de Luisão jogar uma Copa como titular? E com Lúcio e Juan, a possibilidade de uma lesão é muito maior que no caso de Júlio César.

Gilberto Silva, Josué e Felipe Mello são três erros, cada um por motivo diferente. Gilberto já foi bola - e não foi pouca - mas hoje lhe faltam o vigor e a velocidade que fizeram dele titular de um dos maiores times da história do Arsenal. Gilberto joga na Grécia. E lá, mesmo lá, está longe, muito longe de estar comendo a bola. Mas pra Dunga, antiguidade é posto, nome é posto, história é posto... assim como no caso de Josué, que não tem antiguidade nem nome nem história como Gilberto, lealdade é posto. Lealdade ao técnico que lhe deu chances. Porque ninguém nem ouve falar de Josué na Alemanha. E olha que Josué joga no Wolfsburg, que neste momento é o terceiro colocado na Bundesliga. Felipe Mello é um caso mais fácil de explicar. Felipe Mello é o novo Josué. Titular da Fiorentina. Uau...

Enquanto isso, ficam a ver navios Hernanes, Alex e Ramires.

Assim como ficam fora Denílson, do Arsenal, e Fábio Aurélio, do Liverpool, que Dunga insiste em não experimentar. Prefere dar chance ao Felipe Mello. E parece ter desistido, erradamente, de Diego. Inexplicável.

Tanto quanto insistir em Adriano nesse momento. Enquanto Keirrisson e Nilmar seguem de fora.

E não vou nem falar de Ronaldinho Gaúcho, que há tempos não merece ser convocado. Mas a política do técnico, para o caso, foi um pequeno puxão de orelhas, apenas. Pois depois do breve castigo, voltou a chamá-lo quando ele ainda não jogava bem.

Pra mim, para reencontrar a bola, o dentuço tinha que perder a vaga na seleção. Talvez, tendo o retorno como objetivo, deixasse de ser alvo das reclamações de Ancelotti. Reclamações por falta de empenho, diga-se.

* * *

Será que um técnico como Muricy bancaria essa lista pra uma Copa?

GOLEIROS - Júlio, Ceni e Victor.
LATERAIS - Diego Alves, Rafael, Marcelo e Fábio Aurélio
ZAGUEIROS - Juan, Thiago Silva, Breno e Alex Dias
MEIAS - Lucas, Anderson, Ramires, Hernanes, Elano, Kaká e Diego
ATACANTES - Robinho, Luis Fabiano, Pato, Nilmar e Keirrison.

Se os Ronaldinhos voltarem a jogar, arrumo vaga pra eles nesse grupo.

Mas duvido.

* * *

Enquanto isso, por aqui pelo nosso quintal, Flamengo e Tigres do Brasil empataram por um a um no Maracanã. Isso num jogo em que o rubro-negro perdeu uma dezena de gols e o adversário marcou numa (mais uma) falha de Bruno.

Aí Cuca manda essa na coletiva:

"Olha, nós fizemos de tudo. Primeiro tentamos com Zé e Josiel, depois com Josiel e Obina, depois Maxi e Obina, com Zé mais atrás. Tentamos o Léo pelo meio, depois ele caindo mais pela direita. Tentamos de tudo, todas as variações possívels. O problema hoje foi o nosso baixo nível técnico."


Não é o tipo de declaração que faz jogadores de futebol gostarem de seu técnico.

Ou se empenharem por ele.

quinta-feira, 12 de março de 2009

Zorra Total.

Ainda bem que teve rodada da Champions League pra se falar um pouco de futebol nessa semana. E que semana na Europa! Ontem, mais duas vitórias indiscutíveis de favoritos ao título. O Manchester, em casa, bateu a Internazionale por dois a zero, com alguma tranquilidade. É verdade que os gols no início de cada tempo ajudaram a mudar a cara da partida, pois antes dos cinco minutos de jogo o time de Mourinho já estava em desvantagem. E, assim que voltou do intervalo, tomou outro. De novo a Inter sobra em casa, onde ruma a mais um scudetto, e afunda fora.

Mas eu fui forçado a ver outro jogo. E que jogo! Os primeiros quarenta e cinco minutos do Barcelona, diante do Lyon, foram de antologia. Um verdadeiro passeio, sob um comando genial de Messi e com atuações soberbas de Henry, que fez dois, Eto, Iniesta e Xavi. Quatro a zero no primeiro tempo. Pra quem não viu o gol de Messi, vale à pena ver aqui.

Como o Arsenal despachou a Roma nos pênaltis, teremos os quatro grandes da Premier League nas quartas-de-final mais uma vez. Prova indiscutível da força do principal campeonato da Europa. Mas eu apostaria meu dinheiro no Barcelona. Aliás, imaginem só uma final entre Barça e United...

* * *

Por aqui, notícias que mais parecem saídas de um episódio de Acredite, Se Quiser:

- Bruno e Andrade discutem num rachão, o goleiro esculhamba o craque e tudo fica por isso mesmo, afinal, o Flamengo não paga ninguém, então não pode cobrar...

- A torcida em Volta Redonda, antes do jogo contra o Duque de Caxias, grita "Andrade" para Bruno. O capitão Fabio Luciano pede que os torcedores parem - e eles obedecem!

- Léo Moura está praticamente arrumando as malas, vai pro CSKA. Onde será que Zico vai escalá-lo?

- Ronaldo marca mais um - e mais um decisivo, dando a vitória ao Corinthians sobre o São Caetano. Jogou 78 minutos desta vez. Jogou quarta, domingo e novamente quarta. É inacreditável ver um atleta que volta de uma lesão como a dele retornando aos campos nesse ritmo. E os jornais europeus seguem dando destaque.

- Dunga anuncia que está de olho no atacante Hulk, do Porto. Vou escrever de novo - Dunga anuncia que está de olho no atacante Hulk, do Porto.

terça-feira, 10 de março de 2009

Juventus x Chelsea - Notas

- Meu primeiro pensamento, quando vi a escalação da Juve, foi "Iaquinta e Trezeguet no ataque e Amauri no banco???". Pois numa tabela fantástica do italiano com o francês me sai um gol espetacular. Assim, com dois adjetivos na mesma jogada. O futebol é mesmo o reino do imponderável.

- Nedved, a poucos jogos do fim da carreira, deixa o campo machucado logo aos doze minutos, antes do gol. Foi um baita jogador, mas nunca o considerei um craque. A (falta de) velocidade e o corpo gritam pelo fim.

- A Juve bota pressão até a metade do primeiro tempo, quando diminui o ritmo. Em campo, do futuro do time de Turim, apenas Marchisio. Giovinco entraria no segundo tempo e mudaria o jogo. Eles, De Ceglie, Cassano - que parece estar fechado para o ano que vem - e Diego - quem sabe? - seriam a base para um novo time.

- Ah, se o Cláudio Ranieri jogasse sempre assim, com dois atacantes, Del Piero chegando do meio, apenas um volante e duas duplas subindo pelas laterais, Grygera e Salihamidzic pela direita, Marchisio e Molinaro pela esquerda... mas isso, claro, seria o anti-calcio.

- Aos 45, cobrança de falta de Drogba na entrada da área. Até agora persiste a dúvida, se a bola entrou ou não. Pouco importou, porque um minuto depois, num chute de Lampard que desviou na zaga e bateu no travessão, encobrindo o goleiro italiano, Essien empatou. Ducha-de-água-fria é pouco. Foi mais um daqueles banhos de Gatorade em comemoração de Superbowl.

- A Juve volta sem empolgação e o Chelsea passa a tocar a bola, até que aos vinte e seis, num contra-ataque, Chielini acaba expulso e tudo muda. Cláudio Ranieri não bota outro defensor e arma uma linha de três zagueiros. Bota Giovindo no lugar de Iaquinta. E Beletti, que estava na barreira, bota as duas mãos na bola na cobrança de Del Piero. Sério. Alessandro cobra fraquinho, fraquinho, logo depois de ver que Cech cairía pro outro canto. Dois a um. "- PVC, vamos apertar o cinto de segurança?", dispara Palomino.

- PVC, a outra metade da dupla, manda pouco depois: "- O técnico da Juventus hoje não é o Ranieri...". Hehehehe, muito bom.

- Como futebol não faz o mínimo sentido, aos 38, quando passava o maior sufoco, o Chelsea empata num contra-ataque, gol de Drogba. Passe de quem? Beletti, claro, que ainda perderia um gol feito no fim por não saber o que fazer com a bola, cara-a-cara com Buffon. Beletti tem cara de maluco. Dizem que é.

- Dois a dois, podia ter sido diferente, mas Del Piero não jogou bem, Amauri ficou a maior parte do jogo no banco e o Ranieri ainda não banca o meu time-perfeito pra esse elenco (Buffon, Grygera, Chielini, Mellberg e De Ceglie; Sissoko, Marchisio, Nedved e Del Piero; Giovinco e Amauri). Mas o Chelsea não me convenceu.

- Números, números... Drogba, com Felipão, fez três gols em 22 jogos. Com Hiddink, fez quatro em seis partidas. Felipão dizia que não escalava o atacante porque ele não estava cem por cento. Com o técnico holandês, ele também não joga na plenitude da forma.

- E o Liverpool, hein? QUATRO A ZERO no Real. o Bayern? SETE A UM no Sporting. Nesta quarta tem United x Inter e Barça e Lyon. THE CHAAAAMPIOOOOOONS!!!!!

segunda-feira, 9 de março de 2009

Braço Torcido.

Trinta e um minutos. Quatro a mais do que no retorno, contra o Itumbiara. Entre os dois jogos, nenhum treino realmente sério, apenas descanso.

Mas quanta diferença.

Ronaldo participou, efetivamente, de cinco lances no derby paulista. Não chega a ser pouco para um atacante. Tomou um sarrafo criminoso de Pierre, num lance em que o juiz sequer marcou falta. Deu um drible de efeito num marcador. Mandou uma bola no travessão em uma pancada de fora da área. Fez ainda uma linda jogada pela esquerda, levando a marcação, em que deu o passe para o que quase foi o gol de empate do Corinthians, que perdia por um a zero. Isso, até a cabeçada oportunista, aos 47 do segundo tempo, numa falha do goleiro Bruno e, principalmente, de Marcão (que desde a cobrança de escanteio de Douglas só olha para a bola, deixando Ronaldo livre às suas costas!).

Cada um desses cinco lances foi vital para que o Corinthians conseguisse o empate. Isso porque, num jogo feio de doer, o time parecia completamente sem forças para lutar, depois de o Palmeiras ter perdido pelo menos duas chances claras de selar a vitória. Foi a entrada de Ronaldo que mudou o panorama do jogo. Da falta não marcada que irritou a Fiel ao balaço na trave que a incendiou, Ronaldo foi fenomenal em cada vez que tocou na bola - mesmo ainda gordo, com pouca movimentação e ritmo de jogo.

Eu acabei assistindo ao gol pela Bandeirantes, com a emocionante e emocionada narração do Luciano do Vale. Mas acredito que tenha sido assim para cada narrador, cada repórter, cada torcedor que presenciou aquele momento. Da improvável cabeçada ao susto de vê-lo pendurado no alambrado - que caiu depois que ele já havia descido - tudo teve um quê de mágico, como a própria carreira de Ronaldo.

* * *

Eu, por exemplo, jamais vou esquecer do sentimento daquele 30 de junho de 2002, quando o jovem de cabelo à la Cascão marcou duas vezes para dar ao Brasil o pentacampeonato mundial e a mim, a chance de sair no meio de um carnaval pelos corredores do IBC de Seul, tirando onda com alemães, argentinos, ingleses e quem mais ousasse duvidar da capacidade de recuperação do artilheiro da Copa, que quatro anos mais tarde se tornaria o artilheiro de todas as Copas.

Assim como não esqueço-me, também, do vôo para Mar del Plata, muitos meses antes, rumo a um Sul-Americano de natação. Meus olhos corriam pelas fotos e notícias de O Globo, um dia depois da contusão, ainda jogando pela Inter de Milão. A imagem da dor, na famosa foto em que o joelho de Ronaldo sai de esquadro. Ali, eu duvidei de que fosse possível seu retorno.

Por isso, não duvido mais.

E, apesar de não achá-lo um exemplo de profissional e ter muitas restrições ao próprio homem, não posso deixar de admitir minha felicidade em vê-lo novamente jogando.

* * *

No entanto... fico contente que ele esteja no Corinthians. Aliás, hoje me parece bem claro porque Ronaldo sequer começou a conversar com o Flamengo sobre seu retorno (Basta abrir quaquer jornal ou digitar no Google "Flamengo salários atrasados".

Os dirigentes do time paulista seguem acreditando que foi bom negócio. Claro, fotos e imagens de Ronaldo com a camisa do clube ainda correm o mundo. Mais felizez que os cartolas do Parque São Jorge, só mesmo os executivos dos cartões VISA, para quem os 500 mil pagos pela propaganda na camisa somente para o clássico de ontem, hoje parecem uma verdadeira ninharia, como informa Emerson Gonçalvez no ECE.

Mas eu, agora pensando friamente, sigo com minha opinião.

Ronaldo pode até voltar à boa forma, pode até voltar a balançar as redes mais vezes. Aliás, como vinha fazendo no Milan, antes da segunda gravíssima contusão (quinze jogos, nove gols, o que seria nada mal se, no mesmo período, o time italiano não tivesse jogado nada menos que 55 vezes). Assim como no Mian, acredito que ela vá sofrer com as pequenas contusões. E vá voltar a cometer deslizes extra-campo.

Ou não. Afinal, eu sou só um jornalista.

E ele é Ronaldo, o Fenômeno. Que não se cansa de surpreender a mim e a todos.

quinta-feira, 5 de março de 2009

Ivinhema x Flamengo - Notas

- Everton Silva, Fábio Luciano, Wellinton, Aírton e Toró. O time escalado por Cuca - para enfrentar o Ivinhema, que tem folha salarial de 25 mil reais - tinha cinco homens de defesa.

- Demorei pra entender, tamanha a bagunça. O Flamengo jogou com seus tradicionais três zagueiros em linha, quando era atacado - Everton, Fábio e Wellinton, muito bem, aliás, para seus 19 anos. À frente deles, Aírton pela direita e Toró pela esquerda. Quando atacava, porém, Everton deixava a zaga e fazia a função de ala pela direita, muito bem, aliás, também. Aírton fazia sua cobertura e Toró voltava ainda mais, quase formando uma linha de quatro zagueiros. O problema é que enquanto Everton e Léo Moura, pela direita, abusavam da defesa do time recém-nascido, pela esquerda simplesmente não havia jogo. Isso porque o escalado para o lugar de Juan, vetado, fo Kléberson. Acabou sendo o destaque do time, mas em momento algum caiu por ali. E, como no ataque, quem caía pela esquerda era Josiel, com Zé atuando mais pela direita, pode-se dizer que o time venceu por 5x0 jogando por apenas um lado do campo. Ibson, perdido no meio-campo e sem se aproximar do ataque, como poderia e deveria, foi o mais prejudicado pelo novo esquema, tendo atuação apagada. Quando Juan voltar, ficará sozinho pela esquerda e acabará embolando pelo meio, como tem feito. Enfim, Cuca não tem essa cara de professor aloprado à toa. E eu continuo a não gostar de seus conceitos nessa sua segunda passagem pelo Flamengo.

- O primeiro gol foi improvável do primeiro ao último toque. Lançamento de Gérson de Ibson para Josiel, que quase tropeçou nas pernas quando decidiu dar um lindo drible - que conseguiu. Mas o cruzamento, de esquerda, saiu errado. Léo Moura, mesmo sem ângulo, deu um toquinho perfeito com a sola da chuteira para empurrar para dentro. Temo pela saúde do Josiel, caso ele tente aquele drible de novo. Aliás, de faixinha na cabeça e rabo-de-cavalo, Josiel parece tudo, menos um jogador de futebol. Peraí: não apenas por isso...

- O mundo mudou mesmo. Júnior diz que deu os parabéns ao Zico pelo MSN.

- Aos quarenta, Josiel furou uma meia-bicicleta bisonha. A torcida pediu Obina. O pessoal em Campo Grande não deve ter acesso aos jogos do campeonato carioca.

- Zé Roberto, em forma - como parece estar - é o melhor atacante que o time tem há algum tempo. O que não me soa como boa notícia.

- Aos 10 do segundo tempo, depois de perder a bola sozinho na lateral do campo, Fábio Luciano pagou uma geral pro técnico adversário ("- tá de sacanagem?") e deu um tapa na bola quando ela estava sobre a cabeça do jogador do Ivinhema, pronto para cobrar a lateral. Qual o problema do Fábio Luciano? Que capitão é esse? Pela regra, deveria ter recebido o amarelo. O juiz amarelou, pois seria o segundo. E lá iria o capitão do time expulso de novo, se a arbitragem fosse clara...

- Mudo de canal para ver o retorno de Ronaldo. Visualmente, tão acima do peso quanto eu. Na prática, mais - não conseguiu acompanhar os contra-ataques do Corinthians, que vencia por 2x0, nem demonstrar um mínimo de ritmo de jogo (ok, normal). Uma tentativa de jogada de efeito aqui, uma matada na canela ali e lá se vão os 27 primeiros minutos da nova fase do maior artilheiro em Copas. Na saída, uma microfonada no olho e uma camerada na testa, na ânsia dos repórteres por uma entrevista, deixaram todos a ver navios...

- O Itumbiara tem um atacante veloz e driblador chamado Landu. Entrou no segundo tempo e mudou o time. Quem estiver atrás de um bom reforço, pode apostar.

quarta-feira, 4 de março de 2009

Choque De Ordem.

Antes de se tornar prefeito, o novo governante da cidade alardeava, aos quatro ventos, que Chiquinho da Mangueira, seu antecessor na SUDERJ, era ladrão. Sem meias pelavras. Eleito, nesse desastre que foi o último pleito, escolheu quem para o comando da SUDERJ? Chiquinho da Mangueira.

É claro que não pode ser sério o nosso prefeito.

Assim como não poder ser sério o "choque de ordem" promovido pelos quatro cantos da cidade (uma mentira, já que para o novo prefeito a cidade é composta de Zona Sul e Barra apenas).

Mesmo bairros tradicionais, como a Tijuca, seguem sendo terra de ninguém depois que o sol cai. Perguntem ao Marcelo Yuka.

"Dentro" da Tijuca, encontra-se o Maracanã. Único ponto da Zona Norte que o prefeito resolveu "moralizar". A quantidade de aspas, nesse caso, é proporcional ao despreparo do nosso governante. De olho na Copa de 2014, claro, o Maracanã tinha que se tornar novamente "civilizado". Mais aspas.

Primeiro, vieram as proibições de estacionamento. Proibições para inglês ver. Seguindo pela Avenida Maracanã, na altura da praça Vanhagen, o caos continua comendo solto com flanelinhas e carros ocupando a calçada. Isso, a dois minutos de caminhada do estádio.

Depois, a proibição da venda de bebidas alcóolicas no entorno do Maracanã, duas horas antes e duas depois do jogo. Problema dos donos de bares e restaurantes se isso pode levá-los à falência. Problema de quem não tem nada a ver com o jogo e quer tomar sua cervejinha nesses estabelecimentos em dia de futebol.

Agora, o fim dos camelôs no entorno do estádio. Claro, não combinam com a tal "ordem" do choque.

O resultado, como tudo que se faz de forma impensada, é catastrófico. Já na partida entre Flamengo e Resende, com público mediano, os bares do estádio não atenderam à demanda. No intervalo, já não havia água e cachorro-quente. Isso, numa tarde de sol absurdo.

No último domingo, com 75 mil pessoas e outro dia de calor senegalês, praticamente tudo acabou.

Agora imagine a cena - você leva seu filho ao Maracanã, de metrô, pra colaborar com a ordem no trânsito e o meio-ambiente (e com você mesmo, porque ir de carro, muitas vezes, é sinônimo de aborrecimento - fora o risco de assalto). Do metrô até o estádio, não se encontra mais um único camelô para se comprar água ou refrigerante pro moleque. Antes de entrar, ele e você são tratados como gado pela PM, que insiste com aqueles currais laterais que espremem gente, em vez de organizar filas frontais às roletas. Aí, quando conseguem entrar, suados, acabados, sedendos... os bares não têm mais água, nem refrigerantes...

O prefeito, que agora adora frequentar bares tradicionais do Leblon (onde donos e garçons afirmam que nunca o viram antes), também não devia ser muito de ir ao Maracanã.

terça-feira, 3 de março de 2009

Feliz Natal!

Eu vi o Brasil ser campeão do mundo na Coréia. Eu vi o Guga conquistar a Masters Cup em Lisboa. Eu vi as olimpíadas de Atenas, eu vi as maiores estrelas da NBA de perto, eu vi muitos jogos emocionantes no Maraca, eu conheci verdadeiros mitos do esporte ao longo desses quinze anos. Mas costumo dizer que meu maior prazer, minha maior satisfação na carreira foi, num belo dia, estar saindo do banheiro e ver, no corredor ao lado da redação, uma rodinha de umas vinte pessoas O cercando, isso lá pelas oito da manhã... e então, quando me aproximei e o olhar Dele cruzou o meu, veio o cumprimento, o sinal de reconhecimento que fez nada mais no mundo importar naquele momento.

Parabéns, Galinho. E obrigado, obrigado, obrigado, obrigado, obrigado por tanta coisa.

segunda-feira, 2 de março de 2009

Segunda!

Não vou falar do Botafogo, já que todos os alvi-negros com quem conversei durante a semana, incluindo meu avô, me garantiram veementemente que o time seria campeão da Taça Guanabara, sem que houvesse a mais remota chance do Resende aprontar outra zebra. Algo tão previsível deve ser sem graça também... mas não para os mais de 75 mil que ontem trocaram o dia aburdamente lindo de sol e praia pelo calor do Maracanã lotado. A torcida botafoguense deu um show de fazer inveja a todo e qualquer outro campeonato estadual do país.

Mas uma frase que ouvi ontem na tv ficou martelando: "Será que se fosse um clássico entre dois grandes, o público teria sido tão bom?". O argumento do autor, paulista, é que foi muita gente ao estádio por ser um jogo de uma torcida só, o que elimina o componente violência.

Sou forçado a discordar.

Fosse o Flamengo, em vez do Resende, teríamos a mesma casa cheia, por conta da rivalidade entre os dois clubes, a mais inflamada nos últimos anos. Fosse o Vasco, acredito no mesmo, por conta do significado que um título teria nesse momento para a torcida cruz-maltina.

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Dando sequência ao assunto listas, eis que Bebeto vence Careca no desafio promovido pelo programa-matinal-de-domingo-que-já-foi-bom-um-dia. Venceu apertado, com 51% dos votos dos internautas (229.411 contra 218.585). Perdeu na escolha de um júri de notáveis do programa (de goleada) e também na eleição entre jornalistas (lavada maior ainda). Entre os boleiros, o baiano levou a melhor apertado, por um voto.

Esse é meu problema com essas coisas.

Entre os internautas, certamente a maioria absoluta não viu Careca jogar. Entre os boleiros, idem. Votaram em Bebeto moleques como Keirrison, Rafael Moura e Kaká...

Até aí, tudo bem.

Mas como pode alguém que realmente viu os dois jogarem, alguém que acompanhou a carreira dos dois, achar que Bebeto era mais bola que Careca?

O futebol é mesmo apaixonante.

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Depois de algum oba-oba em torno do assunto, os velhinhos da International Board, espécia de Távola Redonda da FIFA, decidiram não aceitar quase nada das mudanças propostas ao jogo.

Quanto ao tal cartão laranja, graças a Deus. Seria um desastre. Imagine as retrancas que veríamos quando um time ficasse com um ou dois jogadores a menos por um determinado período do jogo? Seria como reduzir a marcha de uma partida por dez, quinze minutos... Regra boa pra hóquei, handebol... não para o futebol, com onze de cada lado.

Vetaram também o aumento do intervalo de 15 para 20 minutos e ainda a proposta de uma quarta substituição em caso de prorrogação. Seriam boas, essas. Jogadores e técnicos há muito reclamam que, em 15 minutos, entre saída e volta pro campo, mal dá pra jogar uma água na cabeça ou dar instruções no vestiário. E uma quarta substituição (ou mesmo uma quinta) seria boa medida mesmo sem a tal prorrogação.

Foram aprovadas a permanência dos treinadores na área técnica (o que já acontecia com muitos deles) e a idéia de um auxiliar extra atrás dos gols, para tirar dúvidas como "a bola entrou ou não entrou?". Hmmm... mais conservador, impossível.

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Pra fechar a conta: Léo Moura no meio?

Começou a contagem regressiva para a fritura de Cuca na Gávea.