quinta-feira, 14 de maio de 2009

Filho Feio.

Não existe. Ou alguém já ouviu pai ou mãe dizendo "olha, ele não é um horrorzinho?".

Assim é esse time do Flamengo, para mim. E como não pretendo fugir à regra, não vou falar aqui de mais uma atuação pífia de um ataque (?) que não marca há séculos. Deixe-me falar do que deu certo ontem - a defesa. Porque futebol não é basquete mas, mesmo assim, pode haver beleza numa atuação defensiva competente. Principalmente se o principal objetivo não era defender-se, claro.

Cuca surpreendeu a todos ao sacar o bom jovem zagueiro Welinton para escalar Toró - o que significou puxar Willians para a posição do primeiro, com Torozinho no meio. O mais engraçado é que, antes da entrada do time em campo, comentei com meu irmão, na arquiba, o seguinte: "-Hoje o Welinton não termina a partida." Meu temor era que, em alguma das arrancadas de Nilmar, Taison ou D'Alessandro, Welinton ficasse para trás e apelasse para uma bordoada daquelas de cartão vermelho. Cuca deve ter pensado igual. Apesar de talentoso, o jovem zagueiro não é exatamente veloz, longe disso. Por isso, Willians, ontem, era muito mais indicado para a tarefa. E Toró, no meio, supriria bem o deslocamento deste, com a mesma disposição para a marcação e velocidade para acompanhar o trio colorado.

Resultado: Nilmar deu dois chutes a gol, Taison e D'Alessandro não jogaram nada e acabaram sendo substituídos. Toró saiu de campo aplaudidíssimo pela torcida. E Willians, mais uma vez, foi um dos destaques do time, pois mesmo na zaga, subiu constantemente pela direita (aliás, como é triste ver que, hoje, ele e Angelim jogam muito mais pelos lados do campo que Léo e Juan, que deveriam ser os homens das ultrapassagens - se ainda corressem...).

Taticamente, o Fla foi perfeito em sua proposta de não tomar gol, graças, também, à não menos competente atuação de Aírton, cada vez mais seguro como zagueiro (ontem, pelo meio, na sobra, na posição que era de Fábio Luciano).

Pena que, lá na frente, nem Emerson, nem Éverton, nem Obina, nem Josiel, nem Erick Flores...

O esquema de Cuca é bom. Mas esbarra na preguiça e má-vontade de seus alas (para quem a torcida tem tido cada vez menos paciência) e na absoluta falta de qualidade de seus atacantes (para quem a tolerância acabou faz tempos).

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Três cariocas nas semis da Copa do Brasil? Possível.

* * *

O São Paulo passou a perna na concorrência e vai acertar nas próximas horas com Marlos, vinte anos, moleque bom de bola do Coritiba. Vai brilhar.

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Como terá sido a noite de Sir Alex Fergusson depois de assistir ao massacre de ontem do Barça sobre o Athletic Bilbao na final da Copa do Rei da Espanha?

6 comentários:

Camilo Pinheiro Machado disse...

O Tite é um covarde, Edu! Infelizmente (é chato falar isso), o Flamengo já merece passar de fase. Torozinho e Kléberson fizeram grande partida, e pra azar de vocês, Lauro também.

Edu Mendonça disse...

A quarta que vem promete fortes emoções.

Quem sabe, jogando no contra-ataque, já que o Inter terá que partir pra cima... se o mestre-cuca escalar dois caras velozes na frente... se a defesa jogar tão bem de novo... se... se... se...

renato disse...

ah, o fluminense... e falavam em repetir 1984. não havia nenhuma possibilidade de repetir 1984. aquele time era bom e estava junto havia um ano. este é ruim e está longe de se entrosar. saímos no lucro, mas é um lucro pequeno. um gol do corinthians no maraca decide a vaga para eles. algumas perguntas entre muitas que o jogo de ontem poderia provocar:

- que o mecenas que manda no clube não conheça futebol, tudo bem. mas na diretoria, na comissão técnica, em algum lugar, não há ninguém que saiba que o jogo se ganha no meio de campo - e que o time não tem meio de campo?
- por que os jogadores do fluminense escorregavam em campo e os do corinthians não? e por que, depois de escorregarem durante todo o primeiro tempo, os jogadores do fluminense continuaram a escorregar no segundo? que amadorismo!
- poupar o time no fim de semana? ah, sim, claro. o fluminense está jogando por música.

Edu Mendonça disse...

Teu filho também não anda muito bonito, camarada... hehehe.

Por isso que em todas as vezes em que ouvi que o Parreira poderia ir pra Gávea, tremi.

renato disse...

olha isso do fabricio carpinejar, ótimo blogueiro e torcedor do inter. lembrei do futebol cisplatino que dá tando gosto ao peninha. um dia hei de ver um grenal.

Guiñazu sulcava o Maracanã. Nunca vi um volante tão dedicado, tão intenso, tão febril. O único defensor que ainda sabe manejar um punhal enquanto os demais usam espadas e floretes. Falo punhal para caracterizar sua marcação próxima, arrodeada, hostil e incessante. Um aço que morde. É capitão pelo exemplo de entrega. Não finge falta, não tem tempo de enrolar, não se desperdiça com encenações (Obina é o contrário: um canastrão de atacante, empurra e engravata quando perde o domínio da bola). Guiñazu é cão de guarda do inferno, um Cérbero ressuscitado, três cabeças vigiando passado, presente e futuro da jogada. Sua onipresença contagiou Sandro, promessa que deixou de vez a adolescência para latir autoridade e partir com elegância ao ataque.

Edu Mendonça disse...

Muito legal o blog dele. Devidamente bookmarcado aqui. Mas eu prefiro o Willians.