Nesse momento eu assisto a Bulls x Celtics, ao vivo (livestreaming), em meu computador, não na tv. Em meu celular - e não no computador - eu acompanho as estatísticas da partida, em tempo real, na espn.com.
Isso me faz rir dos tempos de parabólica na casa do Dênis, no Alto da Boavista, idos dos anos oitenta.
Abrimos dez - 21 a 11. Hoje em dia, pra achar transmissões via livestreaming de eventos esportivos, basta dar uma googlada básica. Assim achei meu Celtics x Bulls.
Passei pela sala, olhei para a tv e, por um momento, achei-a um aparelho quase obsoleto.
Uau! Numa volta pra defesa, Rajon Rondo, armador do Boston que tem sido o melhor jogador de toda a série, se enroscou com Kirk Hinrich e jogou o armador dos Bulls, pelo braço, contra a mesa! Hinrich partiu furioso pra cima de Rondo, mesmo com um juíz bem no meio do caminho entre eles! Apartada a quase briga, os três árbitros se reuniram, viram todos os replays ali mesmo na quadra, chamaram os dois técnicos e comunicaram a falta dupla - no caso de Rondo, flagrante. Os dois técnicos se olharam por um instante e concordaram. O basquete também - o jogo perderia a graça sem os dois.
Fim de primeiro quarto, Bulls 37 a 26. John Salmons tem 16 (!), Rose tem 8 e o time jogou com a atitude de quem sabe que joga em casa, tem que vencer e vai vencer. Hmmm. Vamos ver.
A vantagem é de 48 a 38 no meio do segundo quarto. Rose já tem 14, os quatro últimos em dois arremessos de meia distância - algo que ele ainda não tem como arma segura de seu arsenal, mas terá com o tempo. Rose acertou cinco de sete arremessos até aqui. Os dois primeiros, verdadeiros tijolos, sem arco, sem direção. Nada como ganhar confiança ao longo de um jogo.
Nove e vinte da noite, fim do primeiro tempo e o placar marca 59 a 55. Rose parece ter caido de amores por seu arremesso hoje, acertando jumper atrás de jumper. Já tem 20 pontos. O time faz uma marcação perfeita sobre Rondo, que não pontuou até agora (mas deu 6 assists). Pra compensar, Ray Allen tem 29... Se Vinnie tirar Hinrich de Rondo pra marcá-lo, o prejuízo pode ser pior.
Intervalo e eu começo a rir com um daqueles spots "essa é uma transmissão original da TNT, que não pode se reproduzida blá, blá, blá, blá, blá...".
O segundo tempo começou bem. Depois do tapa na cara de Rondo em Brad Miller no último lance do jogo anterior, desta vez Tyrus Thomas acertou o nariz de Paul Pierce. Mais sangue deixado em quadra, nessa séria que é a primeira da história dos playoffs da NBA a ter três jogos decididos na prorrogação. Quatro? Será? 62 a 61...
O relógio marca 5:58 quando Rondo faz seus primeiros dois pontos - Bulls 70 a 71. Vinnie botou Hinrich em cima de Allen. Ben Gordon estava sendo surrado pelo camisa 20 dos Celtics, um dos arremessadores mais certeiros que vi jogar.
Deu certo. Allen fez só quatro pontos nesse quarto, que termina com os Bulls na frente por 83 a 76. Rose tem 22 pontos, 7 assistências e 5 rebotes. Mas Paul Pierce ainda não apareceu pra jogar. Coisa que, todos sabem, vai acontecer nos doze minutos finais.
Os Celtics vêm para o último quarto com Rondo e Allen no banco. Mas eles ficam lá por pouco tempo. Os Bulls abrem 88 x 76 com 10:13 no relógio. O United Center explode numa cravada de Tyrus Thomas em assistência de Hinrich. Tempo Boston.
O arremesso de Rose esfriou, dois bicos seguidos. O de Allen voltou a esquentar e o cestinha do jogo já tem 38, quando faltam 7:53 e o Chicago vence por 91 a 86. Vinnie pede tempo pra esfriar a reação dos homens de verde.
Outra bola de três de Allen, tudo empatado em 91. Mas o pior foi a cara de pânico de Vinnie Del Negro flagrada pela câmera. Enquanto escrevo, Perkins faz mais dois e o Boston passa à frente. De um instante para o outro, tudo desandou - quatro ataques sem cesta seguidos. Cinco.
Três minutos e meio pro fim, Boston 99 a 91, com uma parcial de 17 a 0. Dizer o quê? Paul Pierce cravou a adaga da linha dos três. A série acabou, eu penso. Como pode um time se desconcentrar dessa forma?
Cesta de Rose! Cesta de Salmons, mais a falta! Vivos! Viva o basquete!
Ray Allen faz mais dois, chega a 44 - Boston 101 a 96. Mas Brad Miller, livre dos 3, diminui a vantagem para dois. Ele mesmo empata numa bandeja, se redimindo dos lances livres do jogo passado - 101 a 101, 29 segundos no relógio, bola do Boston! Mais um jogo decidido na última bola!!!
E com quinze segundos restando a bola vai para as mãos de Paul Pierce. Troca de marcação, Salmons fica no bloqueio, entra Hinrich. Sem dobra. O mesmo erro da partida passada. Mas desta vez ele erra. Rebote de Rose, tempo Chicago. Quatro segundos.
Mas depois do pedido de tempo, o máximo que Vinnie consegue planejar é deixar a bola com Ben Gordon para um arremesso totalmente desequilibrado. Prorrogação. A quarta em seis jogos. Impressionante.
Dois de Salmons, dois de Hinrich, dois de Miller. Os Bulls abrem 107 a 103, faltando 2:12. Tempo Boston.
Sexta falta de Ben Gordon, fora. Dois lances livres pra Pierce. Ele tem errado nessas horas... mas faz os dois.
Tyrus Thomas erra quando nem deveria ter tentado. Salmons faz a falta em Pierce. Mais dois lances livres, tudo empatado em 107, 1:22 pro fim.
Rondo bate a carteira de Rose... ai... o Chicago faz a falta quando faltam apenas três segundos de posse ao Boston. Doc Rivers pede tempo, faltam 42 segundos. A defesa do Chicago pressiona a reposição de bola e faz o técnico dos Celtics queimar seu último tempo. Um imenso detalhe num fim de jogo assim. Glen Davis, o substituto de Garnett, acerta um fadeaway lindo. Algo como o Jaílton fazer um golaço de falta. Boston 109 a 107. Tempo Chicago.
Salmons, em isolamento na cabeça do garrafão, infiltra e empata. Pierce tem a última bola. Erra. Segunda prorrogação. De novo.
Outra cesta de Davis. Quinta falta de Pierce, dois lances livres de Salmons. Porra, mais uma de Davis! Bola de três de Salmons!!! 114 a 113! Perkins é eliminado com seis faltas. Liiinda infiltração de John Salmons, que chega a 35 pontos - Bulls 116 a 113, dois minutos cravados pro fim!
Estouro de posse dos Bulls... Allen dos 3... bico. Rondo dos 3... bico. Posse dos Bulls, 44 segundos pro fim, 16 de posse de bola, Vinnie pede tempo. Que gênio...
Quase quebro o notebook... mais um pedido de tempo gasto para NADA. A bola foi pra John Salmons, que deixou o relógio correr até tentar uma bola looonga de três. Nenhuma jogada, nada. Claro que deu bico. Tempo Boston, 29 segundos pro fim. A câmera foca Ray Allen na volta do tempo.
Meu Deus - ele faz uma cesta quase sem ângulo, saindo pela linha de fundo pela zona morta... graças a Zico pisou na linha. Bulls ainda na frente 116 a 115, posse e vinte segundos no relógio. Como eu queria o Phil Jackson nesse momento dizendo ao Rose o que fazer...
A transmissão da TNT questiona se a bola foi de dois ou três. Não importa, porque no tempo regulamentar Paul Pierce fez uma de três pisando na linha nitidamente. Os juízes confirmam a bola de dois pra Allen. Justiça. E parece que pisou mesmo.
A bola é reposta para Brad Miller. Falta. Mais uma vez pra ele. Nova falta. Ironicamente, lá está o pivô novamente na linha de lances livres para decidir a partida. Ele converte ambos. Chicago 118 a 115, 16.9 segundos no relógio, tempo Boston. Que jogo.
Ray Allen faz de três, a 7.6 do fim. Inacreditável. Tudo igual, 118 a 118. Tempo Chicago. Já são três horas e trinta e seis minutos de basquete. Os Bulls nem conseguem o arremesso na volta do pedido de tempo. Terceira prorrogação.
Derrick Rose precisa chamar o jogo para si, penso com meus botões. Ele mete a primeira bola, um jumper longo. Mas erra o passe no ataque seguinte. Glen Davis consegue a cesta e mais a falta. Boston 121 a 120. Rose, com um rebote ofensivo seguido de um mini-gancho, vira de novo. Numa bola roubada que deu origem ao contra-ataque, Allen faz falta em Hinrich, que converte só o primeiro. Bulls 123 a 121. Toco de Joaquim Noah em Rondo! Bico de Rose... Cesta de Allen... 51 pontos em 56 minutos pra ele. Tudo igual, 123 a 123. Outro arremesso errado de Rose. Mas Davis anda no ataque. Tempo Chicago, 1:15 pro fim.
A torcida canta "Let's go Bulls!" já meio sem forças quando Rose erra uma bandeja acrobática. Mas aí, quem diria... Noah intercepta um passe de Pierce, cruza a quadra em alta velocidade e enterra com raiva, recebendo a sexta falta do craque do Boston. O United Center explode de novo em vermelho e preto. Noah ainda converte o lance livre. Bulls 126 a 123. De matar. Tempo Boston, com 35.5 segundos.
Eddie House, que entrou no lugar de PP, faz dois da zona morta e diminui a vantagem para apenas um ponto, com 28.8 por jogar. Na reposição, Davis faz a falte em Miller e também é excluído com seis. O pivô dos Bulls converte os dois lances livres e a diferença volta para três, com 28.6. São cinco para meia-noite, quando o jogo terá chegado a incríveis quatro horas de duração.
Rondo infiltra rápido e, no tapinha do próprio rebote, faz a cesta, abusando de Rose na defesa. Tempo curto dos Bulls, um ponto na frente no placar, com 23.7. Rose acha Hinrich LIVRE dabaixo da cesta mas ele ERRA a bandeja. O Boston tem 16.7 segundos para ganhar ou perder esse jogo.
Rose faz a falta rápida em Rondo. Um erro, porque o relógio mal andou. Rondo tenta então a penetração, pára, gira, arma o fadeaway... e TOMA O TOCO DE ROSE! Ele parte no contra-ataque que seria livre, mas sofre a falta. ERRA o primeiro lance livre! ERRA o segundo, a 3.2 segundos! Rebote dos Celtics, bola pra Rondo que tenta o chute desesperado do meio da quadra e... BICO! VITÓRIA DOS BULLS POR 128 A 127!!!
O repórter da TNT pergunta a Rose sobre o toco. A resposta: "era o mínimo que eu podia ter feito, pois errei aqueles lances livres".
O site começa a transmitir Portland x Houston. Hmmm...
quinta-feira, 30 de abril de 2009
terça-feira, 28 de abril de 2009
Retranca é retranca em qualquer canto (ou: O Medo que o Barça causa)
Deus queira que Ney Franco não tenha assistido a Barcelona x Chelsea - e nem veja o teipe até o jogo de domingo (pro bem dele próprio, não deveria vê-lo nunca).
A primeira semifinal da Champions League terminou empatada sem gols. Foi apenas a quarta partida na temporada, em 54, que termina sem gol do time catalão. Em campo, coisas que nunca vi.
Nem um time húngaro, se tivesse chegado nesse ponto do torneio, teria se comportado como o Chelsea fez no Camp Nou. Pasmem, a equipe de Hiddink foi a Barcelona para não jogar, além de não deixar jogar (afinal, como deve pensar cada técnico europeu que não se chame Guardiola, "todo cuidado é pouco, vocês viram o que aconteceu com Lyon e Bayern...").
O time inglês não saiu jogando de seu campo nenhuma vez na partida. Em todos os tiros-de-meta, Cech chutou pro campo alheio, onde o 4-5-1 de Hiddink, bem avançado, brigava para manter a bola viva. Quando a perdia, voltava todo. Se, por acaso, o adversário não saía imediatamente, avançava sua linha de cinco do meio-campo, para pressionar a defesa adversária - e foi num erro de Rafa Márquez que Drogba roubou a bola e teve a única chance inglesa. Lampard e Ballack corriam de um lado para o outro, quase sem ver a cor. E Cech, com pelo menos quatro defesas monstruosas, foi o melhor do jogo.
Diante de um Chelsea tão fechado, o Barcelona tentou, tentou, tentou... mas nada. Teve algumas boas chances mas não teve o que mais gosta, o contra-ataque, o espaço. Basta dizer que nos únicos três contra-ataques catalães houve verdadeiro frisson no Camp Nou.
Eu sempre achei Guus Hiddink um baita técnico - e continuo achando, apesar do absurdo de hoje. Jogou pelo resultado, pelo 0x0, sem a mínima vergonha. Abdicou mesmo do básico, que é jogar bola.
É o medo que este Barcelona causa.
* * *
Tarde de futebol, noite do melhor basquete. O jogo cinco entre Boston Celtics e Chicago Bulls foi o terceiro entre os dois times a ser decidido na prorrogação, depois de quinze empates e treze viradas no placar. Muito parecido com o jogo quatro, que me obrigou a fazer algo que nunca imaginei, domingo passado, durante Flamengo x Botafogo - ficar olhando o telefone de cinco em cinco minutos pra acompanhar o tempo real do jogo na ESPN. Ok, de dois em dois minutos... Naquele, foram duas prorrogações, três horas e trinta e três minutos de basquete.
Ontem, três horas e cinco minutos de suspense até que, nas últimas quatro posses de bola dos Celtics, que jogavam em casa, a mesma jogada se repetiu - bola nas mãos de Paul Pierce para, sempre sob marcação individual, o arremesso da cabeça do garrafão. Vitória do Boston por 106 x 104, com um requinte de crueldade - dois lances livre para os Bulls com dois segundos no relógio. Mas a chance do empate foi jogada fora por Brad Miller, que errou ambos.
Campeão da temporada passada, o Boston teve vários jogos transmitidos pela tv. Vi todos, acho. Mas Vinnie Del Negro, técnico novato dos Bulls (como Dunga, nunca havia sido treinador antes), não deve ter assistido a nenhum deles. Afinal, só ele não sabia que, na hora H, Paul Pierce recorreria sempre à sua jogada predileta.
Quatro vezes seguidas. Nenhuma dobra de marcação, em nenhuma delas.
Técnico ruim é igual em qualquer canto, qualquer esporte.
A primeira semifinal da Champions League terminou empatada sem gols. Foi apenas a quarta partida na temporada, em 54, que termina sem gol do time catalão. Em campo, coisas que nunca vi.
Nem um time húngaro, se tivesse chegado nesse ponto do torneio, teria se comportado como o Chelsea fez no Camp Nou. Pasmem, a equipe de Hiddink foi a Barcelona para não jogar, além de não deixar jogar (afinal, como deve pensar cada técnico europeu que não se chame Guardiola, "todo cuidado é pouco, vocês viram o que aconteceu com Lyon e Bayern...").
O time inglês não saiu jogando de seu campo nenhuma vez na partida. Em todos os tiros-de-meta, Cech chutou pro campo alheio, onde o 4-5-1 de Hiddink, bem avançado, brigava para manter a bola viva. Quando a perdia, voltava todo. Se, por acaso, o adversário não saía imediatamente, avançava sua linha de cinco do meio-campo, para pressionar a defesa adversária - e foi num erro de Rafa Márquez que Drogba roubou a bola e teve a única chance inglesa. Lampard e Ballack corriam de um lado para o outro, quase sem ver a cor. E Cech, com pelo menos quatro defesas monstruosas, foi o melhor do jogo.
Diante de um Chelsea tão fechado, o Barcelona tentou, tentou, tentou... mas nada. Teve algumas boas chances mas não teve o que mais gosta, o contra-ataque, o espaço. Basta dizer que nos únicos três contra-ataques catalães houve verdadeiro frisson no Camp Nou.
Eu sempre achei Guus Hiddink um baita técnico - e continuo achando, apesar do absurdo de hoje. Jogou pelo resultado, pelo 0x0, sem a mínima vergonha. Abdicou mesmo do básico, que é jogar bola.
É o medo que este Barcelona causa.
* * *
Tarde de futebol, noite do melhor basquete. O jogo cinco entre Boston Celtics e Chicago Bulls foi o terceiro entre os dois times a ser decidido na prorrogação, depois de quinze empates e treze viradas no placar. Muito parecido com o jogo quatro, que me obrigou a fazer algo que nunca imaginei, domingo passado, durante Flamengo x Botafogo - ficar olhando o telefone de cinco em cinco minutos pra acompanhar o tempo real do jogo na ESPN. Ok, de dois em dois minutos... Naquele, foram duas prorrogações, três horas e trinta e três minutos de basquete.
Ontem, três horas e cinco minutos de suspense até que, nas últimas quatro posses de bola dos Celtics, que jogavam em casa, a mesma jogada se repetiu - bola nas mãos de Paul Pierce para, sempre sob marcação individual, o arremesso da cabeça do garrafão. Vitória do Boston por 106 x 104, com um requinte de crueldade - dois lances livre para os Bulls com dois segundos no relógio. Mas a chance do empate foi jogada fora por Brad Miller, que errou ambos.
Campeão da temporada passada, o Boston teve vários jogos transmitidos pela tv. Vi todos, acho. Mas Vinnie Del Negro, técnico novato dos Bulls (como Dunga, nunca havia sido treinador antes), não deve ter assistido a nenhum deles. Afinal, só ele não sabia que, na hora H, Paul Pierce recorreria sempre à sua jogada predileta.
Quatro vezes seguidas. Nenhuma dobra de marcação, em nenhuma delas.
Técnico ruim é igual em qualquer canto, qualquer esporte.
segunda-feira, 27 de abril de 2009
Pai Mei.
Chegou a hora de Ronaldo provar que estive sempre errado sobre ele.
Não me refiro ao seu retorno, cada vez mais sólido, ao futebol. Já são oito gols em dez jogos, muitos deles, decisivos (gols e jogos), calando a boca de quem duvidou de que ele seria capaz (me incluo no time). O que Ronaldo tem a me provar, então?
Que é craque.
Desse time eu nunca fiz parte. Nunca considerei-o craque, apesar dos títulos, dos gols decisivos, das voltas por cima e tudo o mais. Ronaldo, pra mim, foi um fenômeno, sim, por sua incrível habilidade como goleador e suas arrancadas que aliavam força e domínio de bola como poucas vezes vi. Mas craque? Não, não, craque, pra mim, é outra coisa.
Craque tem que ser completo. Ronaldo faz gols, ok. Mas nunca soube cabecear. Aí alguém pode dizer que Gérson era craque mas também não sabia... Só que Ronaldo não passa a bola como o canhotinha passava... Nem nunca bateu faltas como ele. Ah, mas Romário era craque e também não batia faltas... Bem, Rivelino era craque e não cobrava pênaltis...
Em resumo, Ronaldo - volto a dizer, para mim - sempre foi um baita jogador, mas não um craque.
Eis que justo agora, aos 32 anos de idade, depois de duas cirurgias nos joelhos, ainda sofrendo de visível sobrepeso, Ronaldo parece querer me provar que é craque.
O lançamento pra Jorge Henrique, na semana passada.
O gol por cobertura sobre Fábio Costa, ontem.
E a matada. Ah, aquela matada no lance do primeiro gol dele contra o Santos foi de craque, sem dúvida.
Ronaldo não é mais o mesmo? Claro que não. Ronaldo está se reinventado? Pode ser.
Vi isso com Zico, de 85 a 89, no Flamendo. Vi isso com Júnior, no início dos anos noventa, também no Fla. Vi acontecer com muitos outros, como Leandro, Baggio, Baresi, Gullit, Del Piero, o próprio Romário, só pra citar alguns. Todos craques que, quando a idade começou a pesar, mudaram seu estilo de jogo para compensar o declínio do corpo com a técnica. Mudaram então a posição em campo, a quantidade de cabelos... mas nunca a classe, o toque que fazia deles craques da bola.
E agora lá vem Ronaldo, que eu nunca considerei craque, fazendo o mesmo, usando a inteligência para encurtar caminho rumo ao gol, sempre em poucos toques na bola. Como um mestre.
Botafogo e Flamengo fizeram ontem um jogo ruim mas emocionante na primeira parte da decisão do campeonato carioca.
Do lado de fora do Maracanã, cambistas ofereciam arquibancadas a quinze reais - o preço para as finais é quarenta, mas todos sabem que cambistas pagam meia, como estudantes. Do lado de dentro, milhares e milhares de lugares vazios, sobretudo na torcida alvi-negra, obrigada a ouvir corinho de "cadê você". Uma pena, porque qualquer festa, com pouca gente, tem menos brilho.
O Flamengo saiu na frente num pênalti tolo, sofreu o empate numa falta não menos, em que a barreira abriu (Ibson, infantilmente, pulou) e, pouco depois, tomou o segundo em outra falha defensiva (de novo Ibson, que deixou Reinaldo subir sozinho).
A partir daí, o que se viu foi um show de bolas levantadas na área de forma equivocada por Juan, Léo Moura sendo substituído por critérios técnicos e os jogadores do Botafogo promovendo um cai-cai que não condiz com a história do clube (ok, talvez com a história recente). Crime e castigo - na base da raça, Willians empatou num daqueles lances que só acontecem com o Botafogo (dois gols contra seguidos do mesmo jogador contra o mesmo adversário? Nunca vi).
Na minha memória, lembrarei desse jogo por conta desse lance e de outros dois:
A substituição de Eduardo, que foi onde o Flamengo empatou o jogo. Ney Franco, preocupado com a possível expulsão do jogador após o cartão amarelo pela falta sobre Kléberson, sacou o mais improvável destaque do time para botar o garoto Gabriel. Que não só falhou no lance do segundo gol rubro-negro, como poderia ter decidido o jogo (e quem sabe o título) se tivesse passado a bola para Victor Simões, livre, em vez de ter chutado nas mãos de Bruno, num contra-ataque mortal do Botafogo quando este vencia por dois a um.
A falta e a não-expulsão de Juan no lance com Maicosuel. Um verdadeiro absurdo - pela falta, pelo esporro no adversário, ainda no chão, pela reação dos jogadores alvi-negros e, principalmente, pela falta de moral do juíz, que deveria ter expulsado o lateral rubro-negro. Sei não, mas a fama de Juan, depois dessa e do lance com Viola, não deve andar muito boa no meio boleiro.
* * *
Alguém viu a coletiva do Leão após o massacre? Perdi, uma pena...
Não me refiro ao seu retorno, cada vez mais sólido, ao futebol. Já são oito gols em dez jogos, muitos deles, decisivos (gols e jogos), calando a boca de quem duvidou de que ele seria capaz (me incluo no time). O que Ronaldo tem a me provar, então?
Que é craque.
Desse time eu nunca fiz parte. Nunca considerei-o craque, apesar dos títulos, dos gols decisivos, das voltas por cima e tudo o mais. Ronaldo, pra mim, foi um fenômeno, sim, por sua incrível habilidade como goleador e suas arrancadas que aliavam força e domínio de bola como poucas vezes vi. Mas craque? Não, não, craque, pra mim, é outra coisa.
Craque tem que ser completo. Ronaldo faz gols, ok. Mas nunca soube cabecear. Aí alguém pode dizer que Gérson era craque mas também não sabia... Só que Ronaldo não passa a bola como o canhotinha passava... Nem nunca bateu faltas como ele. Ah, mas Romário era craque e também não batia faltas... Bem, Rivelino era craque e não cobrava pênaltis...
Em resumo, Ronaldo - volto a dizer, para mim - sempre foi um baita jogador, mas não um craque.
Eis que justo agora, aos 32 anos de idade, depois de duas cirurgias nos joelhos, ainda sofrendo de visível sobrepeso, Ronaldo parece querer me provar que é craque.
O lançamento pra Jorge Henrique, na semana passada.
O gol por cobertura sobre Fábio Costa, ontem.
E a matada. Ah, aquela matada no lance do primeiro gol dele contra o Santos foi de craque, sem dúvida.
Ronaldo não é mais o mesmo? Claro que não. Ronaldo está se reinventado? Pode ser.
Vi isso com Zico, de 85 a 89, no Flamendo. Vi isso com Júnior, no início dos anos noventa, também no Fla. Vi acontecer com muitos outros, como Leandro, Baggio, Baresi, Gullit, Del Piero, o próprio Romário, só pra citar alguns. Todos craques que, quando a idade começou a pesar, mudaram seu estilo de jogo para compensar o declínio do corpo com a técnica. Mudaram então a posição em campo, a quantidade de cabelos... mas nunca a classe, o toque que fazia deles craques da bola.
E agora lá vem Ronaldo, que eu nunca considerei craque, fazendo o mesmo, usando a inteligência para encurtar caminho rumo ao gol, sempre em poucos toques na bola. Como um mestre.
Botafogo e Flamengo fizeram ontem um jogo ruim mas emocionante na primeira parte da decisão do campeonato carioca.
Do lado de fora do Maracanã, cambistas ofereciam arquibancadas a quinze reais - o preço para as finais é quarenta, mas todos sabem que cambistas pagam meia, como estudantes. Do lado de dentro, milhares e milhares de lugares vazios, sobretudo na torcida alvi-negra, obrigada a ouvir corinho de "cadê você". Uma pena, porque qualquer festa, com pouca gente, tem menos brilho.
O Flamengo saiu na frente num pênalti tolo, sofreu o empate numa falta não menos, em que a barreira abriu (Ibson, infantilmente, pulou) e, pouco depois, tomou o segundo em outra falha defensiva (de novo Ibson, que deixou Reinaldo subir sozinho).
A partir daí, o que se viu foi um show de bolas levantadas na área de forma equivocada por Juan, Léo Moura sendo substituído por critérios técnicos e os jogadores do Botafogo promovendo um cai-cai que não condiz com a história do clube (ok, talvez com a história recente). Crime e castigo - na base da raça, Willians empatou num daqueles lances que só acontecem com o Botafogo (dois gols contra seguidos do mesmo jogador contra o mesmo adversário? Nunca vi).
Na minha memória, lembrarei desse jogo por conta desse lance e de outros dois:
A substituição de Eduardo, que foi onde o Flamengo empatou o jogo. Ney Franco, preocupado com a possível expulsão do jogador após o cartão amarelo pela falta sobre Kléberson, sacou o mais improvável destaque do time para botar o garoto Gabriel. Que não só falhou no lance do segundo gol rubro-negro, como poderia ter decidido o jogo (e quem sabe o título) se tivesse passado a bola para Victor Simões, livre, em vez de ter chutado nas mãos de Bruno, num contra-ataque mortal do Botafogo quando este vencia por dois a um.
A falta e a não-expulsão de Juan no lance com Maicosuel. Um verdadeiro absurdo - pela falta, pelo esporro no adversário, ainda no chão, pela reação dos jogadores alvi-negros e, principalmente, pela falta de moral do juíz, que deveria ter expulsado o lateral rubro-negro. Sei não, mas a fama de Juan, depois dessa e do lance com Viola, não deve andar muito boa no meio boleiro.
* * *
Alguém viu a coletiva do Leão após o massacre? Perdi, uma pena...
segunda-feira, 20 de abril de 2009
Segunda!
Uau, que fim de semana. Nem sei por onde começar. Então farei-o pelo sábado.
Um dia depois do que escrevi aqui sobre o Leonardo, dirigente do Milan, a coluna Panorama Esportivo, dos craques Antonio Maria Filho e Jorge Luiz Rodrigues, revelou mais um escândalo envolvendo a saída de um jovem talento daqui para o futebol europeu.
Por conta de uma ação trabalhista movida pelo lateral Júlio César contra o Fluminense (que defendeu por seis meses, em 1998, sem receber um único centavo), o clube estava, em dezembro passado, impedido pela justiça brasileira de transferir Thiago Silva para o Milan ou qualquer outra equipe. A decisão do juiz do caso, o magistrado Gustavo Farah Corrêa, foi comunicada ao Fluminense e à CBF em 15 de dezembro, logo depois dele ter negado o pedido de embargo à execução da penhora - a dívida chega a algo em torno de 300 mil reais.
Pois bem, o zagueiro, que tinha contrato com o clube até o último dia de 2008, foi registrado às pressas, no último dia 12 de janeiro, no Tombense, do agente Eduardo Uram. Como se sabe, Thiago jamais vestiu a camisa do desconhecido clube, nem sequer pisou em Tombos, MG.
Consultor de mercado do Milan e responsável pela negociação, Leonardo reconheceu que o clube italiano fez negócio com o Tombense, e não com o Fluminense, como se isso fosse a coisa mais normal do mundo - principalmente depois do próprio Milan ter anunciado em seu site, em 10 de dezembro, a contratação do zagueiro por 10 milhões de euros ao clube carioca. Thiago só assinaria com o Tombense no dia 2 de janeiro deste ano. Leonardo, apoiado na cláusula de confidencialidade que a FIFA pretende abolir em 2010, se negou a revelar valores e comissões pagas na negociação.
Se Thiago estava, na virada do ano, sem contrato, porque simplesmente não assinou com o Milan, precisando ser registrado num clube de fachada? Simples - para que o Fluminense, impedido pela justiça trabalhista brasileira de negociá-lo, não aparecesse no negócio, anunciado quase um mês antes (o que caracteriza o contrário).
Com isso, o clube carioca deixou de receber quase dois milhões e meio de reais. Mas será mesmo? Afinal, quanto o Milan gastou? Quanto o Tombense levou?
E a transferência de um zagueiro de seleção brasileira foi feita assim, por debaixo dos panos, com a chancela de Leonardo e do Milan. O mesmo Leonardo que, de passagem pelo Brasil, defendeu a venda do Flamengo e chamou seus dirigentes, indiretamente, de ladrões.
E o que teve de coleguinha da imprensa defendendo o moço não está no gibi...
* * *
Será que alguém vai defender Diego Souza? Além de Luxemburgo, eu quero dizer. Porque o técnico do Palmeiras, após tentar justificar a atitude do seu jogador, ainda chamou o árbitro Salvio Spinola de frouxo (vai ter gancho pro Luxa?). O que se viu no sábado, na classificação do Santos, foi um jogo ruim, excessivamente violento e com lances vergonhosos para o futebol, como as atitudes ridícula de Domingos e descontrolada de Diego, que no melhor momento de sua carreira (!) deve agora pegar uma enorme suspensão. Aliás, para um campeonato que se vende como o melhor estadual do país, o paulista teve semifinais ruins (tirando o primeiro confronto entre Santos e Palmeiras), marcadas por pouco público, brigas entre dirigentes, violência em campo, troca de acusações entre técnicos e até uma frase de Ronaldo que mostra como o ex-fenômeno acha mesmo que pode tudo pelas bandas daqui - chamou o vice de futebol do São Paulo de "babaca", depois de dizer que ele só fala "merda", ao sair de campo ontem.
Vai ter gancho pro Ronaldo?
* * *
É preciso mesmo repensar os estaduais. No ano passado, o Inter foi campeão gaúcho goleando o Juventude por 8x1 na final. Neste ano, nova goleada por 8x1 na decisão, desta vez contra o Caxias. Qual a graça?
* * *
Aqui no Rio, fiquei surpreso com a postura do Botafogo na final da Taça Rio, contra o Flamengo. Postura que reforçou meu desgosto pelo técnico Ney Franco.
Veja só: se você é técnico do time que apresentou o melhor futebol durante o campeonato e enfrenta seu maior rival na final do segundo turno, precisando de uma simples vitória para fechar a conta do título - e sabendo que a derrota significa não a perda dele, mas apenas a realização de mais dois jogos - o que você faz?
PARTE PRA CIMA, CLARO!!!
Afinal, você é quem pode assumir a postura de franco-atirador, pois ainda tem cartas na manga caso perca.
Pois o Botafogo, ontem, jogou como time pequeno, recuado em seu campo, tomando pressão o tempo todo, para só sair nos contra-ataques. Perdeu pelo placar mínimo e com um gol contra. Castigo merecido para a covardia do técnico alvi-negro, que ainda não se comporta, nessas horas, como treinador de time grande.
* * *
E pra completar esse fim de semana digno de nota, no sábado Derrick Rose se comportou como tudo, menos um novato que disputava seu primeiro jogo de playoff. Contra os Celtics, atuais campeões - e em Boston - Rose explodiu para 36 pontos, 11 assistências, 12 de 19 arremessos de quadra e 12 de 12 lances livres. Uma atuação monstruosa, decisiva para a vitória dos Bulls por 105 a 103, que tira do Boston a vantagem do mando de quadra.
Temos uma série que promete ir ao sétimo jogo...
Um dia depois do que escrevi aqui sobre o Leonardo, dirigente do Milan, a coluna Panorama Esportivo, dos craques Antonio Maria Filho e Jorge Luiz Rodrigues, revelou mais um escândalo envolvendo a saída de um jovem talento daqui para o futebol europeu.
Por conta de uma ação trabalhista movida pelo lateral Júlio César contra o Fluminense (que defendeu por seis meses, em 1998, sem receber um único centavo), o clube estava, em dezembro passado, impedido pela justiça brasileira de transferir Thiago Silva para o Milan ou qualquer outra equipe. A decisão do juiz do caso, o magistrado Gustavo Farah Corrêa, foi comunicada ao Fluminense e à CBF em 15 de dezembro, logo depois dele ter negado o pedido de embargo à execução da penhora - a dívida chega a algo em torno de 300 mil reais.
Pois bem, o zagueiro, que tinha contrato com o clube até o último dia de 2008, foi registrado às pressas, no último dia 12 de janeiro, no Tombense, do agente Eduardo Uram. Como se sabe, Thiago jamais vestiu a camisa do desconhecido clube, nem sequer pisou em Tombos, MG.
Consultor de mercado do Milan e responsável pela negociação, Leonardo reconheceu que o clube italiano fez negócio com o Tombense, e não com o Fluminense, como se isso fosse a coisa mais normal do mundo - principalmente depois do próprio Milan ter anunciado em seu site, em 10 de dezembro, a contratação do zagueiro por 10 milhões de euros ao clube carioca. Thiago só assinaria com o Tombense no dia 2 de janeiro deste ano. Leonardo, apoiado na cláusula de confidencialidade que a FIFA pretende abolir em 2010, se negou a revelar valores e comissões pagas na negociação.
Se Thiago estava, na virada do ano, sem contrato, porque simplesmente não assinou com o Milan, precisando ser registrado num clube de fachada? Simples - para que o Fluminense, impedido pela justiça trabalhista brasileira de negociá-lo, não aparecesse no negócio, anunciado quase um mês antes (o que caracteriza o contrário).
Com isso, o clube carioca deixou de receber quase dois milhões e meio de reais. Mas será mesmo? Afinal, quanto o Milan gastou? Quanto o Tombense levou?
E a transferência de um zagueiro de seleção brasileira foi feita assim, por debaixo dos panos, com a chancela de Leonardo e do Milan. O mesmo Leonardo que, de passagem pelo Brasil, defendeu a venda do Flamengo e chamou seus dirigentes, indiretamente, de ladrões.
E o que teve de coleguinha da imprensa defendendo o moço não está no gibi...
* * *
Será que alguém vai defender Diego Souza? Além de Luxemburgo, eu quero dizer. Porque o técnico do Palmeiras, após tentar justificar a atitude do seu jogador, ainda chamou o árbitro Salvio Spinola de frouxo (vai ter gancho pro Luxa?). O que se viu no sábado, na classificação do Santos, foi um jogo ruim, excessivamente violento e com lances vergonhosos para o futebol, como as atitudes ridícula de Domingos e descontrolada de Diego, que no melhor momento de sua carreira (!) deve agora pegar uma enorme suspensão. Aliás, para um campeonato que se vende como o melhor estadual do país, o paulista teve semifinais ruins (tirando o primeiro confronto entre Santos e Palmeiras), marcadas por pouco público, brigas entre dirigentes, violência em campo, troca de acusações entre técnicos e até uma frase de Ronaldo que mostra como o ex-fenômeno acha mesmo que pode tudo pelas bandas daqui - chamou o vice de futebol do São Paulo de "babaca", depois de dizer que ele só fala "merda", ao sair de campo ontem.
Vai ter gancho pro Ronaldo?
* * *
É preciso mesmo repensar os estaduais. No ano passado, o Inter foi campeão gaúcho goleando o Juventude por 8x1 na final. Neste ano, nova goleada por 8x1 na decisão, desta vez contra o Caxias. Qual a graça?
* * *
Aqui no Rio, fiquei surpreso com a postura do Botafogo na final da Taça Rio, contra o Flamengo. Postura que reforçou meu desgosto pelo técnico Ney Franco.
Veja só: se você é técnico do time que apresentou o melhor futebol durante o campeonato e enfrenta seu maior rival na final do segundo turno, precisando de uma simples vitória para fechar a conta do título - e sabendo que a derrota significa não a perda dele, mas apenas a realização de mais dois jogos - o que você faz?
PARTE PRA CIMA, CLARO!!!
Afinal, você é quem pode assumir a postura de franco-atirador, pois ainda tem cartas na manga caso perca.
Pois o Botafogo, ontem, jogou como time pequeno, recuado em seu campo, tomando pressão o tempo todo, para só sair nos contra-ataques. Perdeu pelo placar mínimo e com um gol contra. Castigo merecido para a covardia do técnico alvi-negro, que ainda não se comporta, nessas horas, como treinador de time grande.
* * *
E pra completar esse fim de semana digno de nota, no sábado Derrick Rose se comportou como tudo, menos um novato que disputava seu primeiro jogo de playoff. Contra os Celtics, atuais campeões - e em Boston - Rose explodiu para 36 pontos, 11 assistências, 12 de 19 arremessos de quadra e 12 de 12 lances livres. Uma atuação monstruosa, decisiva para a vitória dos Bulls por 105 a 103, que tira do Boston a vantagem do mando de quadra.
Temos uma série que promete ir ao sétimo jogo...
sexta-feira, 17 de abril de 2009
Rá-Tá-Tá-Tá-Tá!!!
O que será que os homens que comandam o futebol do Fluminense pensaram quando trouxeram Thiago Neves de volta para as Laranjeiras?
***
E o que será que Maicossuel pensou na hora de cobrar o primeiro pênalti ontem, contra o Americano, daquela forma?
***
Aliás, quando será que os goleiros chegarão à conclusão de que tentar adivinhar o canto, hoje em dia, não é mais a maneira mais provável de se defender um pênalti?
***
Ontem Diego marcou duas vezes e foi a grande diferença na classificação do Werder Bremen contra a Udinese, na Copa da Uefa. Enquanto isso, Robinho esteve, mais uma vez, completamente apagado na eliminação do Manchester City. E aí, Dunga?
Vale dizer que torcida e imprensa inglesas já perderam a paciência com o brasileiro.
Rá-Tá-Tá, mesmo, causaram as declarações de Leonardo ao O Globo, defendendo a venda do Flamengo. Eu não admiro o Leonardo, admito. Teve a sorte de estar no time campeão brasileiro de 87, ao lado de monstros como Zico e Leandro. Logo se mandou para o São Paulo e, dali, para o Milan. Bem articulado, jeito de bom moço - apesar de ter cometido uma das maiores covardias que vi no futebol, e bem numa Copa do Mundo -, Leonardo virou dirigente do clube italiano depois de aposentar as chuteiras, prematuramente.
Aí eu pergunto: Leonardo fez ou faz o quê pelo futebol brasileiro?
E respondo: NADA.
Leonardo representa interesses de um clube europeu. E todo clube de lá trata o futebol daqui como fornecedor subdesenvolvido de jovens craques, muitas vezes comprados antes mesmo da maioridade e, além de tudo, a preço de banana.
Leonardo trabalha num clube que soma dívidas superiores às do Flamengo. A diferença é que o Milan tem o respaldo da família Berlusconi, a mais rica da Itália e que, aliás, comanda o país. Mesmo assim, o patriarca Silvio e a filha, que é quem manda no Milan, quase choraram quando Kaká recusou a proposta do City, que traria um alento financeiro ao clube.
Leonardo não é exemplo, nem solução. Aliás, nem sei se ele realmente é rubro-negro. Talvez seja só rossonero.
Fato é que nada do que ele disse é novidade. A idéia original é do próprio Márcio Braga. Clubes brasileiros são associações esportivas regidas por estatuto. E como movimentam muito dinheiro, há sempre variados interesses envolvidos quando se fala em mudar um estaturo para, por exemplo, vender o futebol do Flamengo - mesmo que seja apenas ele. Não é fácil, como Márcio bem sabe.
Como diziam nossos bisavós, falar é fácil. Abdicar do próprio para servir ao outro, bem, aí são outros quinhentos.
***
E o que será que Maicossuel pensou na hora de cobrar o primeiro pênalti ontem, contra o Americano, daquela forma?
***
Aliás, quando será que os goleiros chegarão à conclusão de que tentar adivinhar o canto, hoje em dia, não é mais a maneira mais provável de se defender um pênalti?
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Ontem Diego marcou duas vezes e foi a grande diferença na classificação do Werder Bremen contra a Udinese, na Copa da Uefa. Enquanto isso, Robinho esteve, mais uma vez, completamente apagado na eliminação do Manchester City. E aí, Dunga?
Vale dizer que torcida e imprensa inglesas já perderam a paciência com o brasileiro.
Rá-Tá-Tá, mesmo, causaram as declarações de Leonardo ao O Globo, defendendo a venda do Flamengo. Eu não admiro o Leonardo, admito. Teve a sorte de estar no time campeão brasileiro de 87, ao lado de monstros como Zico e Leandro. Logo se mandou para o São Paulo e, dali, para o Milan. Bem articulado, jeito de bom moço - apesar de ter cometido uma das maiores covardias que vi no futebol, e bem numa Copa do Mundo -, Leonardo virou dirigente do clube italiano depois de aposentar as chuteiras, prematuramente.
Aí eu pergunto: Leonardo fez ou faz o quê pelo futebol brasileiro?
E respondo: NADA.
Leonardo representa interesses de um clube europeu. E todo clube de lá trata o futebol daqui como fornecedor subdesenvolvido de jovens craques, muitas vezes comprados antes mesmo da maioridade e, além de tudo, a preço de banana.
Leonardo trabalha num clube que soma dívidas superiores às do Flamengo. A diferença é que o Milan tem o respaldo da família Berlusconi, a mais rica da Itália e que, aliás, comanda o país. Mesmo assim, o patriarca Silvio e a filha, que é quem manda no Milan, quase choraram quando Kaká recusou a proposta do City, que traria um alento financeiro ao clube.
Leonardo não é exemplo, nem solução. Aliás, nem sei se ele realmente é rubro-negro. Talvez seja só rossonero.
Fato é que nada do que ele disse é novidade. A idéia original é do próprio Márcio Braga. Clubes brasileiros são associações esportivas regidas por estatuto. E como movimentam muito dinheiro, há sempre variados interesses envolvidos quando se fala em mudar um estaturo para, por exemplo, vender o futebol do Flamengo - mesmo que seja apenas ele. Não é fácil, como Márcio bem sabe.
Como diziam nossos bisavós, falar é fácil. Abdicar do próprio para servir ao outro, bem, aí são outros quinhentos.
quarta-feira, 15 de abril de 2009
Escândalos
Foi-se o tempo em que ler um jornal ou assistir a um telejornal qualquer era sinônimo de exclusividade para escândalo atrás de escândalo envolvendo nossos políticos.
Ultimamente, ler a seção de esportes de um jornal ou assistir a um telejornal esportivo está virando sinônimo de escândalo atrás de escândalo envolvendo atletas, dirigentes, empresários... e políticos, claro.
No fim de semana que passou, César Castro, atleta olímpico do Brasil, conseguiu a classificação para o Grand Prix da FINA no trampolim de três metros. César, que malha na mesma academia que eu, conseguiu o feito diante de uma platéia que não chegava a duas dezenas de pessoas, no Troféu Brasil de Saltos Ornamentais, no parque aquático Júlio Delamare. Uma pérola da natação deste país, principalmente depois das reformas que o deixaram a contento para o Pan de 2007 (que parece ter sido há, pelo menos, uns cinco anos).
O PARQUE AQUÁTICO JÚLIO DELAMARE, REFORMADO HÁ APENAS DOIS ANOS, AO CUSTO DE DEZ MILHÕES DE REAIS, VAI SER DEMOLIDO PARA QUE ALI SEJA FEITO UM ESTACIONAMENTO PARA A COPA DE 2014. PIOR - O DESTINO DO ESTÁDIO CÉLIO DE BARROS DEVE SER O MESMO.
Os nomes dos responsáveis pela decisão: Sérgio Cabral, Carlos Arthur Nuzman e Ricardo Teixeira. A promessa dos três é que tanto um quanto outro serão reerguidos em "locais apropriados". Um caso escandaloso de desperdício do dinheiro público. Um caso de polícia, sem dúvida.
* * *
A Playboy deste mês, além da Scheila Carvalho (que não é a Mello, mas também é Scheila), traz uma excelente reportagem de Felipe Zylbersztajn sobre Ronaldo, com detalhes dos dias que antecederam a partida contra o Palmeiras, em Presidente Prudente, em que o ex-fenômeno marcou o gol do empate corintiano no último minuto, de cabeça.
Pra quem não se lembra, dez dias antes, Ronaldo, que deveria voltar ao hotel em que o time estava concentrado até onze horas da noite, só apareceu às cinco da manhã. Naquele mesmo dia, o então diretor-técnico Antonio Carlos Zago havia promovido um churrasco para jogadores e dirigentes, em sua casa. Ronaldo e dois desses dirigentes, porém, resolveram dar uma esticadinha na boate Pop's Drinks.
Agora pare e imagine como deve ser uma boate chamada Pop's Drinks, em Presidente Prudente.
A reportagem dá detalhes da casa, uma chácara a quinze minutos do centro da cidade, em que suítes são alugadas por 30 reais a hora. E detalha também tudo que aconteceu naquela noite. Pelas informações, fica claro que, depois de baixada a poeira do episódio - que custou o emprego de Antonio Carlos - Felipe entrevistou atendentes, seguranças e funcionários da Pop's Drinks e do hotel em que o Corinthians estava hospedado. Além de "funcionárias" chamadas Nina Viccto, Grazi, Marcela, Ariele...
Ronaldo, claro, foi procurado pela Playboy para dar sua versão, mas preferiu calar-se. Eu, que estou longe de ser um puritano, sequer estaria escrevendo sobre isso se não houvesse um detalhe quase inacreditável no episódio - quem levou Ronaldo para a farra - e participou ativamente dela - foram dois dirigentes do Corinthians. Os mesmos que carregaram o jogador, completamente embriagado, de volta ao hotel.
Alguém acredita mesmo que Ronaldo teria sido punido em 10% do seu salário por conta de mais essa? Aliás, alguém ainda acredita que o mundinho do futebol é sério?
Ultimamente, ler a seção de esportes de um jornal ou assistir a um telejornal esportivo está virando sinônimo de escândalo atrás de escândalo envolvendo atletas, dirigentes, empresários... e políticos, claro.
No fim de semana que passou, César Castro, atleta olímpico do Brasil, conseguiu a classificação para o Grand Prix da FINA no trampolim de três metros. César, que malha na mesma academia que eu, conseguiu o feito diante de uma platéia que não chegava a duas dezenas de pessoas, no Troféu Brasil de Saltos Ornamentais, no parque aquático Júlio Delamare. Uma pérola da natação deste país, principalmente depois das reformas que o deixaram a contento para o Pan de 2007 (que parece ter sido há, pelo menos, uns cinco anos).
O PARQUE AQUÁTICO JÚLIO DELAMARE, REFORMADO HÁ APENAS DOIS ANOS, AO CUSTO DE DEZ MILHÕES DE REAIS, VAI SER DEMOLIDO PARA QUE ALI SEJA FEITO UM ESTACIONAMENTO PARA A COPA DE 2014. PIOR - O DESTINO DO ESTÁDIO CÉLIO DE BARROS DEVE SER O MESMO.
Os nomes dos responsáveis pela decisão: Sérgio Cabral, Carlos Arthur Nuzman e Ricardo Teixeira. A promessa dos três é que tanto um quanto outro serão reerguidos em "locais apropriados". Um caso escandaloso de desperdício do dinheiro público. Um caso de polícia, sem dúvida.
* * *
A Playboy deste mês, além da Scheila Carvalho (que não é a Mello, mas também é Scheila), traz uma excelente reportagem de Felipe Zylbersztajn sobre Ronaldo, com detalhes dos dias que antecederam a partida contra o Palmeiras, em Presidente Prudente, em que o ex-fenômeno marcou o gol do empate corintiano no último minuto, de cabeça.
Pra quem não se lembra, dez dias antes, Ronaldo, que deveria voltar ao hotel em que o time estava concentrado até onze horas da noite, só apareceu às cinco da manhã. Naquele mesmo dia, o então diretor-técnico Antonio Carlos Zago havia promovido um churrasco para jogadores e dirigentes, em sua casa. Ronaldo e dois desses dirigentes, porém, resolveram dar uma esticadinha na boate Pop's Drinks.
Agora pare e imagine como deve ser uma boate chamada Pop's Drinks, em Presidente Prudente.
A reportagem dá detalhes da casa, uma chácara a quinze minutos do centro da cidade, em que suítes são alugadas por 30 reais a hora. E detalha também tudo que aconteceu naquela noite. Pelas informações, fica claro que, depois de baixada a poeira do episódio - que custou o emprego de Antonio Carlos - Felipe entrevistou atendentes, seguranças e funcionários da Pop's Drinks e do hotel em que o Corinthians estava hospedado. Além de "funcionárias" chamadas Nina Viccto, Grazi, Marcela, Ariele...
Ronaldo, claro, foi procurado pela Playboy para dar sua versão, mas preferiu calar-se. Eu, que estou longe de ser um puritano, sequer estaria escrevendo sobre isso se não houvesse um detalhe quase inacreditável no episódio - quem levou Ronaldo para a farra - e participou ativamente dela - foram dois dirigentes do Corinthians. Os mesmos que carregaram o jogador, completamente embriagado, de volta ao hotel.
Alguém acredita mesmo que Ronaldo teria sido punido em 10% do seu salário por conta de mais essa? Aliás, alguém ainda acredita que o mundinho do futebol é sério?
terça-feira, 14 de abril de 2009
Guns 'N' Rose
Já se vão dez anos desde que meu Chicago Bulls passou a ser algo absolutamente irrelevante. Confesso que nunca me preparei adequadamente para isso. Passada a era de ouro de Jordan, de glórias, títulos e dominação absoluta, principalmente nos anos 90, vieram então as trevas.
Kornel David. Chris Carr. Marcus Fizer. Khalid El-Amin. Dragan Tarlac. Eddie Robinson. Eddy Curry. São apenas alguns nomes que preferia nem lembrar. Homens que, no tempo de MJ, não teriam sobrevivido a meia dúzia de treinos com Money, Pip, Harp e companhia.
As coisas só começaram a clarear em 2004, ano em que três talentosos novatos chamados Ben Gordon, Luol Deng e Andres Nocioni se juntaram a Kirk Hinrich, que já tinha um ano de casa, para formar o núcleo do atual time. Nocioni já se foi, outros bons jogadores chegaram mas, até esse ano, faltava sempre aquele cara especial, capaz de botar a bola debaixo do braço e dizer "deixa comigo" nas horas em que isso é necessário. O craque. O dono do time. A estrela que não tínhamos desde a saída de Jordan.
Aí a sorte fez sua parte e, mesmo com apenas 1,7% de chance de que isso acontecesse, o Chicago acabou recebendo o direito de escolher primeiro no draft do ano passado. E, sem titubear - ao contrário do que muitos dizem - escolheu o armador Derrick Rose, da univerdidade de Memphis, 21 anos completados na semana passada.
Aqui mesmo no TB eu já escrevi algumas vezes sobre o impacto de Rose no time e o que o futuro lhe reserva. Mas hoje é preciso falar do presente. Necessário.
Nesta terça jogaram Pistons e Bulls, em Detroit. Ambos já classificados para os playoffs, que começam no próximo fim de semana. Mas precisando desesperadamente vencer para evitar um confronto com o poderoso Cleveland de Lebron James logo na primeira rodada - o equivalente à uma eliminação certa, muito provavelmente por quatro a zero.
O Detroit pode não ser mais o mesmo de outrora, mas ainda tem veteranos experientes (e campeões) como Rasheed Wallace (Sheed!), Rip Hamilton, Tayshaun Prince, Antonio McDyess... e ainda jogava em casa, diante de sua fanática torcida que, by the way, odeia historicamente os Bulls.
Foi sob esse panorama que o Chicago começou o último quarto do jogo de ontem perdendo por 69x75. Foi nesses últimos doze minutos que Derrick Rose pegou a bola, botou-a debaixo do braço e disse: "-deixa comigo."
10:52 - Rose entra no lugar de Ben Gordon
10:29 - Rose pega rebote na defesa
10:22 - Rose converte um de dois lances livres (70x75)
09:48 - Rose dá assistência para cesta de Tyrus Thomas (72x76)
09:22 - Rose dá assistência para cesta de Brad Miller (74x78)
08:15 - Rose dá assistência para cesta de Brad Miller (76x78)
06:33 - Rose dá assistência para cesta de Brad Miller (79x82)
05:18 - Rose faz dois pontos, numa infiltração (81x85)
04:50 - Rose faz mais dois pontos, numa bandeja (83x85)
04:07 - Rose converte dois lances livres (85x87)
00:42 - Rose faz dois pontos e ainda sofre a falta (87x88)
00:42 - Rose converte o lance livre (88x88)
00:02 - Rose pega rebote defensivo e sofre falta
00:02 - Rose converte o lance livre e garante a vitória (91x88)
Trocando em miúdos, dos 22 pontos do Chicago no último quarto, Rose só não teve participação em dois - a bandeja de Ben Gordon que botou o time na frente por 90x88. Dos outros vinte, ele fez doze e deu a assistência para a cesta nos outros oito. Isso tudo, valer dizer, sendo o foco da defesa dos Pistons o tempo todo. Apesar do Detroit não ser mais o mesmo, sua defesa ainda está entre as cinco melhores da NBA.
Com a vitória, os Bulls evitam Lebron e ainda têm a chance de terminar em sexto no Leste, o que valeria um confronto com o Orlando Magic na primeira rodada, em vez do campeão Boston Celtics.
Ninguém, nem mesmo eu, espera passar dessa primeira rodada. Mas, quanto mais longa ela for, mais experiência para Rose.
A história se repete?
Oxalá.
Kornel David. Chris Carr. Marcus Fizer. Khalid El-Amin. Dragan Tarlac. Eddie Robinson. Eddy Curry. São apenas alguns nomes que preferia nem lembrar. Homens que, no tempo de MJ, não teriam sobrevivido a meia dúzia de treinos com Money, Pip, Harp e companhia.
As coisas só começaram a clarear em 2004, ano em que três talentosos novatos chamados Ben Gordon, Luol Deng e Andres Nocioni se juntaram a Kirk Hinrich, que já tinha um ano de casa, para formar o núcleo do atual time. Nocioni já se foi, outros bons jogadores chegaram mas, até esse ano, faltava sempre aquele cara especial, capaz de botar a bola debaixo do braço e dizer "deixa comigo" nas horas em que isso é necessário. O craque. O dono do time. A estrela que não tínhamos desde a saída de Jordan.
Aí a sorte fez sua parte e, mesmo com apenas 1,7% de chance de que isso acontecesse, o Chicago acabou recebendo o direito de escolher primeiro no draft do ano passado. E, sem titubear - ao contrário do que muitos dizem - escolheu o armador Derrick Rose, da univerdidade de Memphis, 21 anos completados na semana passada.
Aqui mesmo no TB eu já escrevi algumas vezes sobre o impacto de Rose no time e o que o futuro lhe reserva. Mas hoje é preciso falar do presente. Necessário.
Nesta terça jogaram Pistons e Bulls, em Detroit. Ambos já classificados para os playoffs, que começam no próximo fim de semana. Mas precisando desesperadamente vencer para evitar um confronto com o poderoso Cleveland de Lebron James logo na primeira rodada - o equivalente à uma eliminação certa, muito provavelmente por quatro a zero.
O Detroit pode não ser mais o mesmo de outrora, mas ainda tem veteranos experientes (e campeões) como Rasheed Wallace (Sheed!), Rip Hamilton, Tayshaun Prince, Antonio McDyess... e ainda jogava em casa, diante de sua fanática torcida que, by the way, odeia historicamente os Bulls.
Foi sob esse panorama que o Chicago começou o último quarto do jogo de ontem perdendo por 69x75. Foi nesses últimos doze minutos que Derrick Rose pegou a bola, botou-a debaixo do braço e disse: "-deixa comigo."
10:52 - Rose entra no lugar de Ben Gordon
10:29 - Rose pega rebote na defesa
10:22 - Rose converte um de dois lances livres (70x75)
09:48 - Rose dá assistência para cesta de Tyrus Thomas (72x76)
09:22 - Rose dá assistência para cesta de Brad Miller (74x78)
08:15 - Rose dá assistência para cesta de Brad Miller (76x78)
06:33 - Rose dá assistência para cesta de Brad Miller (79x82)
05:18 - Rose faz dois pontos, numa infiltração (81x85)
04:50 - Rose faz mais dois pontos, numa bandeja (83x85)
04:07 - Rose converte dois lances livres (85x87)
00:42 - Rose faz dois pontos e ainda sofre a falta (87x88)
00:42 - Rose converte o lance livre (88x88)
00:02 - Rose pega rebote defensivo e sofre falta
00:02 - Rose converte o lance livre e garante a vitória (91x88)
Trocando em miúdos, dos 22 pontos do Chicago no último quarto, Rose só não teve participação em dois - a bandeja de Ben Gordon que botou o time na frente por 90x88. Dos outros vinte, ele fez doze e deu a assistência para a cesta nos outros oito. Isso tudo, valer dizer, sendo o foco da defesa dos Pistons o tempo todo. Apesar do Detroit não ser mais o mesmo, sua defesa ainda está entre as cinco melhores da NBA.
Com a vitória, os Bulls evitam Lebron e ainda têm a chance de terminar em sexto no Leste, o que valeria um confronto com o Orlando Magic na primeira rodada, em vez do campeão Boston Celtics.
Ninguém, nem mesmo eu, espera passar dessa primeira rodada. Mas, quanto mais longa ela for, mais experiência para Rose.
A história se repete?
Oxalá.
segunda-feira, 13 de abril de 2009
Foi dada a largada.
Começaram neste fim de semana os campeonatos estaduais.
No Rio e em São Paulo, quatro clássicos, oito grandes na disputa pelo título.
Assisti a três deles. Curiosamente, o único que não vi foi o que se mostrou totalmente diferente dos demais. Tiradas de Páscoa à parte, o chocolate do Botafogo sobre o Vasco mostrou muita coisa. Primeiro, que o alvi-negro parece querer logo o título, ao contrário do que defenderão os adeptos das teorias da conspiração, apoiados na possibilidade de dois jogos finais com Maracanã cheio. Eu não acredito. Acredito, sim, que o Botafogo vá partir para cima do Flamengo no domingo que vem, para evitar danos maiores no futuro. O Botafogo precisa desse título, não de um tri-vice para o maior rival.
A goleada mostrou também que, por melhor que seja o trabalho de Dorival, o Vasco ainda não tem um time forte. Uma coisa é vencer Tigres, Resende, Madureira... outra é ter como destaques Nilton, Jeferson, Pimpão... Podem até ser bons jogadores, mas não para um clube com a tradição cruz-maltina. Basta dizer que, dos quatro clássicos do fim de semana, só terminou em goleada aquele que envolveu um clube da primeira e outro da segunda divisões. O Vasco precisa abrir o olho para a série B.
Também no sábado, na Vila Belmiro, Santos e Palmeiras fizeram um jogão - corrido, movimentado, disputado quase sempre na bola. Sem exagero, um jogo que em nada ficou devendo aos super-badalados confrontos da Champions League do meio de semana (fora o show do Barça, claro). No fim, vitória santista graças ao terceiro gol da carreira de Neymar, o primeiro dele em clássicos. Um gol que deveria servir de bússula para seu futuro, pela simplicidade e objetividade. Que o garoto não sucumba às firulas, como Robinho, Ronaldinho...
Na outra semi paulista, um jogo menos gostoso de se ver, mas também com todos os ingredientes de decisão. Ronaldo não marcou, Rogério Ceni voltou a jogar mal e o Corinthians acabou vencendo no último minuto, graças a uma bola tolamente perdida próximo à defesa por Jorge Wagner e à falha de Ceni no chute de Cristian.
As duas semis em São Paulo reuniram 48.611 torcedores na Vila (17 mil) e no Pacaembu (30 mil).
Por aqui, quase 140 mil pessoas em dois dias de Maracanã cheio (66.255 no sábado e 68.613 no domingo). Cheio em termos, porque mesmo com a venda quase total da carga de ingressos, nos dois jogos o que se viu foram clarões e mais clarões vazios na arquibancada, principalmente.
Quais dirigentes são mais incompetentes, os paulistas, que se perdem entre picuínhas, ou os cariocas, que não conseguem (ou não querem) controlar a farra dos cambistas?
Eu fico com o Horcades. Ah, esse sim, um exemplo de dirigente! Provocou da forma mais absurda possível... e saiu derrotado no fim.
O Fla-Flu de ontem, que teve um Fla mais defensivo que de hábito e um Flu mais previsível que nunca, poderia até ter teminado com placar bem diferente. Um a um, quem sabe. Ou quatro a zero, poderia também. Fica marcado pela falha de Fernando Henrique (um dos goleiros menos confiáveis que vi jogar), pela expulsão de Parreira (que armou um time que só sabe levantar bolas na área), pelo inacreditável gol perdido por Josiel (que não pode ser titular do Flamengo) e, sobretudo, pelo que representou para o campeonato - a possibilidade de três decisões seguidas entre Fla e Bota.
Corram, antes que os cambistas comprem tudo.
No Rio e em São Paulo, quatro clássicos, oito grandes na disputa pelo título.
Assisti a três deles. Curiosamente, o único que não vi foi o que se mostrou totalmente diferente dos demais. Tiradas de Páscoa à parte, o chocolate do Botafogo sobre o Vasco mostrou muita coisa. Primeiro, que o alvi-negro parece querer logo o título, ao contrário do que defenderão os adeptos das teorias da conspiração, apoiados na possibilidade de dois jogos finais com Maracanã cheio. Eu não acredito. Acredito, sim, que o Botafogo vá partir para cima do Flamengo no domingo que vem, para evitar danos maiores no futuro. O Botafogo precisa desse título, não de um tri-vice para o maior rival.
A goleada mostrou também que, por melhor que seja o trabalho de Dorival, o Vasco ainda não tem um time forte. Uma coisa é vencer Tigres, Resende, Madureira... outra é ter como destaques Nilton, Jeferson, Pimpão... Podem até ser bons jogadores, mas não para um clube com a tradição cruz-maltina. Basta dizer que, dos quatro clássicos do fim de semana, só terminou em goleada aquele que envolveu um clube da primeira e outro da segunda divisões. O Vasco precisa abrir o olho para a série B.
Também no sábado, na Vila Belmiro, Santos e Palmeiras fizeram um jogão - corrido, movimentado, disputado quase sempre na bola. Sem exagero, um jogo que em nada ficou devendo aos super-badalados confrontos da Champions League do meio de semana (fora o show do Barça, claro). No fim, vitória santista graças ao terceiro gol da carreira de Neymar, o primeiro dele em clássicos. Um gol que deveria servir de bússula para seu futuro, pela simplicidade e objetividade. Que o garoto não sucumba às firulas, como Robinho, Ronaldinho...
Na outra semi paulista, um jogo menos gostoso de se ver, mas também com todos os ingredientes de decisão. Ronaldo não marcou, Rogério Ceni voltou a jogar mal e o Corinthians acabou vencendo no último minuto, graças a uma bola tolamente perdida próximo à defesa por Jorge Wagner e à falha de Ceni no chute de Cristian.
As duas semis em São Paulo reuniram 48.611 torcedores na Vila (17 mil) e no Pacaembu (30 mil).
Por aqui, quase 140 mil pessoas em dois dias de Maracanã cheio (66.255 no sábado e 68.613 no domingo). Cheio em termos, porque mesmo com a venda quase total da carga de ingressos, nos dois jogos o que se viu foram clarões e mais clarões vazios na arquibancada, principalmente.
Quais dirigentes são mais incompetentes, os paulistas, que se perdem entre picuínhas, ou os cariocas, que não conseguem (ou não querem) controlar a farra dos cambistas?
Eu fico com o Horcades. Ah, esse sim, um exemplo de dirigente! Provocou da forma mais absurda possível... e saiu derrotado no fim.
O Fla-Flu de ontem, que teve um Fla mais defensivo que de hábito e um Flu mais previsível que nunca, poderia até ter teminado com placar bem diferente. Um a um, quem sabe. Ou quatro a zero, poderia também. Fica marcado pela falha de Fernando Henrique (um dos goleiros menos confiáveis que vi jogar), pela expulsão de Parreira (que armou um time que só sabe levantar bolas na área), pelo inacreditável gol perdido por Josiel (que não pode ser titular do Flamengo) e, sobretudo, pelo que representou para o campeonato - a possibilidade de três decisões seguidas entre Fla e Bota.
Corram, antes que os cambistas comprem tudo.
sexta-feira, 10 de abril de 2009
'Cause I'm Free To Do What I Want...
Falou-se de tudo. De morte a uma suposta tentativa de suicídio. Do sequestro de um membro da família a uma doença grave. Falou-se, daqui e da Itália, em condição gravíssima, preocupação com o ser humano, apoio nesse momento delicado. A cada dia de sumiço, aumentavam as especulações em torno do que estaria acontecendo com Adriano.
Eis que ontem ele reaparece. Bermudão, chinelos, camiseta de malha barata. Com a mesma simplicidade, anuncia que vai parar de jogar futebol "por um tempo indeterminado". Nega qualquer doença, nega estar sofrendo de depressão ou mesmo triste. Sorri, desmente outra suposição, a de uma desilusão amorosa, e ri quando perguntado se vai se tratar. "- Não preciso ir pra nenhuma clínica, não estou doente."
Parreira, Zagallo, Muricy, Mourinho, Marco Aurélio Cunha. Apenas algumas pessoas que trabalharam com Adriano e acham que ele precisa de tratamento.
A justificativa para a decisão também é simples: "- Perdi a alegria de jogar. Todo mundo tem o direito de ser feliz no trabalho. E eu estava infeliz na Itália. Não sei se vou ficar um, dois ou três meses sem jogar. Vou repensar a carreira. Sou feliz no Brasil ao lado dos meus amigos e dos meus familiares."
Adriano ainda tinha um tempinho de contrato com a Inter, mais treze meses, pra ser exato. Falou ontem em não receber por esse tempo, o que é mais do que óbvio - a Inter não só não pagará por isso como ainda pode vir a tomar medidas legais em relação ao jogador. Principalmente se Adriano mudar de ideia e resolver voltar a jogar em outro clube dentro desse período.
* * *
Havia na NBA um jogador chamado Eddie Robinson. Surgiu em 1999, nos Hornets, e logo chamou atenção pela mão certeira e a absurda capacidade atlética. Eddie era, como os locutores americanos gostam de dizer, capaz de "saltar para fora do ginásio". Sua enterradas, a mais pura demonstração de vigor e explosão.
Dois anos depois, em 2001, Eddie foi para o meu Chicago Bulls, que lhe deu um contrato de 32 milhões de dólares pelos cinco anos seguintes.
Só cumpriu três dos cinco anos de compromisso. Passou a se mostrar um atleta desinteressado, chegando a ficar fora de forma, algo que parecia impossível, dado que seu corpo moldado para o basquete era seu principal talento. Não se importava em ficar mais tempo no banco que na quadra, jamais permanecia no ginásio um minuto sequer após o fim dos treinos. Quando os Bulls finalmente enxergaram que ali não havia alguma paixão pelo jogo, o mandaram embora.
Eddie, no fim das contas, recebeu 30 dos 32 milhões de dólares, num acerto com o time. Nunca mais jogou basquete.
* * *
Adriano nunca foi craque, longe disso. Surgiu no Flamengo como um jovem atacante de puro vigor físico e chute fortíssimo de canhota. Logo se transferiu para a Itália, depois de apenas 45 jogos (e 14 gols) com a camisa rubro-negra. Contratato pela Inter, foi emprestado à Fiorentina e ao Parma, onde finalmente mostrou serviço. Chamado de volta a Milão, ganhou a alcunha de Imperador, subiu ao céu e desceu ao inferno antes de terminar novamente emprestado, desta vez ao São Paulo.
No meio disso tudo, título e artilharia da Copa América de 2004 e da Copa das Confederações de 2005, além de 44 gols pela Inter.
Mas também a atuação apagada na Copa de 2006, gordo e fora de forma. Sem contar os flagras em boates, garupas de motos, atrasos, treinos alcoolizado, barrações, agressões, acidentes de carro, dois filhos e duas eleições como o pior jogador do campeonato italiano, em 2006 e 2007.
* * *
Adriano tem todo o direito de se aposentar, caso queira, mesmo aos 27 anos. Afinal, ganhou dinheiro mais que suficiente para isso.
Qualquer pessoa, em qualquer profissão, tem o direito de largar seu emprego ou parar de trabalhar, desde que, claro, possa arcar com as consequências disso. Como Adriano.
E eu, como apaixonado pelo futebol e dependente do esporte para viver, tenho todo o direito de achar Adriano um dos piores profissionais que vi em minha carreira. O anti-profissional, na verdade. Superou Eddie Robinson.
* * *
E Dunga, técnico da nossa seleção, convocou Adriano para os dois últimos jogos pelas eliminatórias, menos de duas semanas antes dele jogar tudo pro alto e decidir dar um tempo do futebol.
Considerando que Adriano não vinha atuando bem na Itália e que, como fica claro agora, sua cabeça estava tão mal quanto suas pernas, qual terá sido o critério de Dunga para convocá-lo?
Eis que ontem ele reaparece. Bermudão, chinelos, camiseta de malha barata. Com a mesma simplicidade, anuncia que vai parar de jogar futebol "por um tempo indeterminado". Nega qualquer doença, nega estar sofrendo de depressão ou mesmo triste. Sorri, desmente outra suposição, a de uma desilusão amorosa, e ri quando perguntado se vai se tratar. "- Não preciso ir pra nenhuma clínica, não estou doente."
Parreira, Zagallo, Muricy, Mourinho, Marco Aurélio Cunha. Apenas algumas pessoas que trabalharam com Adriano e acham que ele precisa de tratamento.
A justificativa para a decisão também é simples: "- Perdi a alegria de jogar. Todo mundo tem o direito de ser feliz no trabalho. E eu estava infeliz na Itália. Não sei se vou ficar um, dois ou três meses sem jogar. Vou repensar a carreira. Sou feliz no Brasil ao lado dos meus amigos e dos meus familiares."
Adriano ainda tinha um tempinho de contrato com a Inter, mais treze meses, pra ser exato. Falou ontem em não receber por esse tempo, o que é mais do que óbvio - a Inter não só não pagará por isso como ainda pode vir a tomar medidas legais em relação ao jogador. Principalmente se Adriano mudar de ideia e resolver voltar a jogar em outro clube dentro desse período.
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Havia na NBA um jogador chamado Eddie Robinson. Surgiu em 1999, nos Hornets, e logo chamou atenção pela mão certeira e a absurda capacidade atlética. Eddie era, como os locutores americanos gostam de dizer, capaz de "saltar para fora do ginásio". Sua enterradas, a mais pura demonstração de vigor e explosão.
Dois anos depois, em 2001, Eddie foi para o meu Chicago Bulls, que lhe deu um contrato de 32 milhões de dólares pelos cinco anos seguintes.
Só cumpriu três dos cinco anos de compromisso. Passou a se mostrar um atleta desinteressado, chegando a ficar fora de forma, algo que parecia impossível, dado que seu corpo moldado para o basquete era seu principal talento. Não se importava em ficar mais tempo no banco que na quadra, jamais permanecia no ginásio um minuto sequer após o fim dos treinos. Quando os Bulls finalmente enxergaram que ali não havia alguma paixão pelo jogo, o mandaram embora.
Eddie, no fim das contas, recebeu 30 dos 32 milhões de dólares, num acerto com o time. Nunca mais jogou basquete.
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Adriano nunca foi craque, longe disso. Surgiu no Flamengo como um jovem atacante de puro vigor físico e chute fortíssimo de canhota. Logo se transferiu para a Itália, depois de apenas 45 jogos (e 14 gols) com a camisa rubro-negra. Contratato pela Inter, foi emprestado à Fiorentina e ao Parma, onde finalmente mostrou serviço. Chamado de volta a Milão, ganhou a alcunha de Imperador, subiu ao céu e desceu ao inferno antes de terminar novamente emprestado, desta vez ao São Paulo.
No meio disso tudo, título e artilharia da Copa América de 2004 e da Copa das Confederações de 2005, além de 44 gols pela Inter.
Mas também a atuação apagada na Copa de 2006, gordo e fora de forma. Sem contar os flagras em boates, garupas de motos, atrasos, treinos alcoolizado, barrações, agressões, acidentes de carro, dois filhos e duas eleições como o pior jogador do campeonato italiano, em 2006 e 2007.
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Adriano tem todo o direito de se aposentar, caso queira, mesmo aos 27 anos. Afinal, ganhou dinheiro mais que suficiente para isso.
Qualquer pessoa, em qualquer profissão, tem o direito de largar seu emprego ou parar de trabalhar, desde que, claro, possa arcar com as consequências disso. Como Adriano.
E eu, como apaixonado pelo futebol e dependente do esporte para viver, tenho todo o direito de achar Adriano um dos piores profissionais que vi em minha carreira. O anti-profissional, na verdade. Superou Eddie Robinson.
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E Dunga, técnico da nossa seleção, convocou Adriano para os dois últimos jogos pelas eliminatórias, menos de duas semanas antes dele jogar tudo pro alto e decidir dar um tempo do futebol.
Considerando que Adriano não vinha atuando bem na Itália e que, como fica claro agora, sua cabeça estava tão mal quanto suas pernas, qual terá sido o critério de Dunga para convocá-lo?
quarta-feira, 8 de abril de 2009
Páscoa Antecipada na Catalunha: O Show do Barça.
O juiz acaba de apitar o fim do primeiro tempo. Barcelona quatro, Bayern Munique zero. Dois de Messi, um de Eto'o, outro de Henry - os três mosqueteiros do ataque catalão, que fizeram simplesmente setenta por cento dos gols do time, tanto na Champions League, quanto no Campeonato Espanhol.
Claro que a defesa alemã não ajuda... Oddo, Demichelis, Breno e Lell. O único com alguma velocidade para tentar acompanhar o trio do Barça é o último. Todos só não bateram mais cabeça que o técnico deles, Jürgen Klinsmann. Ok, ele não bateu, mas balançou-a de um lado para o outro o tempo todo, em total incredulidade.
O Barcelona do jovem técnico Pepe Guardiola - que tinha em Cruijff sua inspiração quando jogava e também agora, como treinador - não é nenhum time revolucionário, nenhuma coisa do outro mundo, embora pinte, nos dois últimos meses, como favorito para ser o que o Manchester foi na temporada passada.
Joga num 4-3-3 que faria alguns dos "professores" daqui arrancarem os cabelos, preocupados com a "fragilidade do esquema". Na escalação de hoje, com Puyol como lateral esquerdo, Daniel Alves se mandava bastante ao ataque, deixando, nessas horas, uma linha de três lá atrás, com Rafa Marquéz, Piqué e o capitão Puyol, tendo o bom volante Yaya Toure logo à frente, dando o primeiro combate em caso de contra-ataque. Iniesta e Xavi, os meias, jogam de frente para a área adversária, fazendo a bola girar entre a direita, com Messi, e a esquerda, com Henry. Eto'o atua mais enfiado.
E nem dá pra dizer, também, que todos se movimentam como um carrossel holandês. Nada disso. Messi, em todo o primeiro tempo, só caiu pela esquerda uma única vez. Henry nem pisou na grama do outro lado do campo. E Eto'o em nenhum momento saiu do meio para cair pelas pontas.
Como explicar então uma goleada de quatro a zero no primeiro tempo? Bem, basta ver os gols... em dois deles, lance idêntico - enfiada de bola por trás da zaga. Primeiro do camaronês pro argentino, depois a retribuição. No terceiro, Henry, aberto pela esquerda, levou Oddo na velocidade e cruzou para Messi marcar - mas podia ter sido Eto'o, que fechava logo atrás. E no quarto, depois de uma verdadeira agressão de van Bommel em Lionel, o juiz deu a vantagem no lance para o francês tocar no canto.
Nem vou falar que o Barça ainda teve um pênalti claríssimo não marcado sobre Messi e que Henry, antes de deixar o seu, perdeu um feito.
Vou falar apenas que, quando jogam dessa forma, Messi, Henry e Eto'o formam um dos melhores trios de ataque que vi jogar - e olha que vi muita gente boa...
* * *
Preferi assistir ao segundo tempo de Liverpool e Chelsea - em Barcelona, acabou 4x0 mesmo.
Os Reds saíram na frente mas, para surpresa geral, acabaram perdendo em Anfield por 3x1. Curiosamente, o Chelsea é treinado por um holandês e jogou, como o Barça, num 4-3-3 genuíno, com Kalu e Malouda abertos nas pontas.
Eu fico imaginando quando teremos um técnico capaz de escalar Pato, Luis Fabiano e Nilmar ou Keirrison ou mesmo Robinho, desta forma, na seleção brasileira.
E quando teremos os times daqui jogando num verdadeiro 4-3-3.
* * *
Palpites: Barça passa pelo Chelsea numa semi, Manchester vence o Arsenal na outra. E aí teremos uma final de parar o mundo da bola.
Claro que a defesa alemã não ajuda... Oddo, Demichelis, Breno e Lell. O único com alguma velocidade para tentar acompanhar o trio do Barça é o último. Todos só não bateram mais cabeça que o técnico deles, Jürgen Klinsmann. Ok, ele não bateu, mas balançou-a de um lado para o outro o tempo todo, em total incredulidade.
O Barcelona do jovem técnico Pepe Guardiola - que tinha em Cruijff sua inspiração quando jogava e também agora, como treinador - não é nenhum time revolucionário, nenhuma coisa do outro mundo, embora pinte, nos dois últimos meses, como favorito para ser o que o Manchester foi na temporada passada.
Joga num 4-3-3 que faria alguns dos "professores" daqui arrancarem os cabelos, preocupados com a "fragilidade do esquema". Na escalação de hoje, com Puyol como lateral esquerdo, Daniel Alves se mandava bastante ao ataque, deixando, nessas horas, uma linha de três lá atrás, com Rafa Marquéz, Piqué e o capitão Puyol, tendo o bom volante Yaya Toure logo à frente, dando o primeiro combate em caso de contra-ataque. Iniesta e Xavi, os meias, jogam de frente para a área adversária, fazendo a bola girar entre a direita, com Messi, e a esquerda, com Henry. Eto'o atua mais enfiado.
E nem dá pra dizer, também, que todos se movimentam como um carrossel holandês. Nada disso. Messi, em todo o primeiro tempo, só caiu pela esquerda uma única vez. Henry nem pisou na grama do outro lado do campo. E Eto'o em nenhum momento saiu do meio para cair pelas pontas.
Como explicar então uma goleada de quatro a zero no primeiro tempo? Bem, basta ver os gols... em dois deles, lance idêntico - enfiada de bola por trás da zaga. Primeiro do camaronês pro argentino, depois a retribuição. No terceiro, Henry, aberto pela esquerda, levou Oddo na velocidade e cruzou para Messi marcar - mas podia ter sido Eto'o, que fechava logo atrás. E no quarto, depois de uma verdadeira agressão de van Bommel em Lionel, o juiz deu a vantagem no lance para o francês tocar no canto.
Nem vou falar que o Barça ainda teve um pênalti claríssimo não marcado sobre Messi e que Henry, antes de deixar o seu, perdeu um feito.
Vou falar apenas que, quando jogam dessa forma, Messi, Henry e Eto'o formam um dos melhores trios de ataque que vi jogar - e olha que vi muita gente boa...
* * *
Preferi assistir ao segundo tempo de Liverpool e Chelsea - em Barcelona, acabou 4x0 mesmo.
Os Reds saíram na frente mas, para surpresa geral, acabaram perdendo em Anfield por 3x1. Curiosamente, o Chelsea é treinado por um holandês e jogou, como o Barça, num 4-3-3 genuíno, com Kalu e Malouda abertos nas pontas.
Eu fico imaginando quando teremos um técnico capaz de escalar Pato, Luis Fabiano e Nilmar ou Keirrison ou mesmo Robinho, desta forma, na seleção brasileira.
E quando teremos os times daqui jogando num verdadeiro 4-3-3.
* * *
Palpites: Barça passa pelo Chelsea numa semi, Manchester vence o Arsenal na outra. E aí teremos uma final de parar o mundo da bola.
segunda-feira, 6 de abril de 2009
Money.
Michael Jordan foi a coisa mais próxima de um herói que tive em minha vida. Piegas ou tolo, é a realidade.
Não somente por eu ter jogado basquete desde pequeno, mas também por ter tido a sorte de acompanhar toda sua carreira. Infelizmente, era jovem demais quando Zico dava seus primeiros passos.
Hoje, MJ foi eleito para o Hall da Fama do basquete, o máximo que qualquer um que já tenha arremessado uma bola, seja no Brooklyn, em Sarajevo ou no Aterro, possa querer.
Com doze anos, eu tinha um amigo de família rica, que possuía uma antena parabólica (eu digo possuía porque o pai tinha a dele, na mesma casa). Era um saco ficar girando aqueles botões pra achar a transmissão americana, mas, geralmente, a gente achava. E vía muito, muito jogo da NBA. Que tinha acabado de receber um moleque magrinho vindo da Universidade de North Carolina, onde havia sido campeão.
Pra mim, eram as primeiras transmissões daquele outro mundo chamado basquete americano. Tudo era novo, muito maior que o pouco que a Bandeirantes mostrava na época, que eram as finais. E assim como o Galinho me fez torcer pelo Flamengo, Money me fez torcer pelo Chicago Bulls.
Começava ali uma história que seguiria paralela à minha própria.
Eu lembro onde vi cada um dos jogos decisivos dos seis títulos. Onde estava na final olímpica de Barcelona. Lembro dos momentos marcantes. O último arremesso contra os Jazz. O jogo com febre, em que marcou 38 pontos, também contra o Utah, também uma final de campeonato. O anúncio da primeira aposentadoria. O do segundo retorno... Lembro do torneio de enterradas de 88, visto na parabólica do Dênis. E lembro do que senti quando, depois de largar tudo no auge para jogar beisebol e realizar um sonho seu de criança e também de seu pai, assassinado meses antes, ele voltou. Era um domingo, eu trabalhei e tive o prazer de ajudar a deixar para a história aquele momento.
Michael Jordan mudou o basquete, mudou o esporte, mudou a moda, mudou a Nike, mudou o conceito de ícone, de marketing esportivo, de genialidade.
Mas eu nem dou tanta importância a isso. Não a mesma que dou ao fato dele ter jogado cada jogo de sua carreira da mesma maneira que lutou pelo ouro olímpico ou pelo anel de campeão da NBA. MJ não tolerava perder. E, depois que aprendeu a vencer, ficou ainda mais intolerante com a derrota. Nunca ouve, em esporte algum, alguém tão competitivo como ele.
Não somente por eu ter jogado basquete desde pequeno, mas também por ter tido a sorte de acompanhar toda sua carreira. Infelizmente, era jovem demais quando Zico dava seus primeiros passos.
Hoje, MJ foi eleito para o Hall da Fama do basquete, o máximo que qualquer um que já tenha arremessado uma bola, seja no Brooklyn, em Sarajevo ou no Aterro, possa querer.
Com doze anos, eu tinha um amigo de família rica, que possuía uma antena parabólica (eu digo possuía porque o pai tinha a dele, na mesma casa). Era um saco ficar girando aqueles botões pra achar a transmissão americana, mas, geralmente, a gente achava. E vía muito, muito jogo da NBA. Que tinha acabado de receber um moleque magrinho vindo da Universidade de North Carolina, onde havia sido campeão.
Pra mim, eram as primeiras transmissões daquele outro mundo chamado basquete americano. Tudo era novo, muito maior que o pouco que a Bandeirantes mostrava na época, que eram as finais. E assim como o Galinho me fez torcer pelo Flamengo, Money me fez torcer pelo Chicago Bulls.
Começava ali uma história que seguiria paralela à minha própria.
Eu lembro onde vi cada um dos jogos decisivos dos seis títulos. Onde estava na final olímpica de Barcelona. Lembro dos momentos marcantes. O último arremesso contra os Jazz. O jogo com febre, em que marcou 38 pontos, também contra o Utah, também uma final de campeonato. O anúncio da primeira aposentadoria. O do segundo retorno... Lembro do torneio de enterradas de 88, visto na parabólica do Dênis. E lembro do que senti quando, depois de largar tudo no auge para jogar beisebol e realizar um sonho seu de criança e também de seu pai, assassinado meses antes, ele voltou. Era um domingo, eu trabalhei e tive o prazer de ajudar a deixar para a história aquele momento.
Michael Jordan mudou o basquete, mudou o esporte, mudou a moda, mudou a Nike, mudou o conceito de ícone, de marketing esportivo, de genialidade.
Mas eu nem dou tanta importância a isso. Não a mesma que dou ao fato dele ter jogado cada jogo de sua carreira da mesma maneira que lutou pelo ouro olímpico ou pelo anel de campeão da NBA. MJ não tolerava perder. E, depois que aprendeu a vencer, ficou ainda mais intolerante com a derrota. Nunca ouve, em esporte algum, alguém tão competitivo como ele.
domingo, 5 de abril de 2009
Até o fim.
Foram centenas de jogos. Três meses do calendário. E, tanto no Rio quanto em São Paulo, a decisão ficará entre os quatro grandes.
Há que se questionar não a existência dos estaduais, mas sim sua fórmula de disputa. Já temos um campeonato nacional nos moldes do restante do mundo, por pontos corridos, dois turnos, muito justo na seleção do seu campeão.
Os estaduais deveriam ser, então, a alternativa para grandes jogos decisivos, finais, semifinais, quartas, que sejam. Menos clubes, menos rodadas, mais importância para cada partida. Nada de Mogi, nada de Tigres. Torneios mais enxutos. Talvez dez times no Rio, doze em São Paulo, vá lá. Mas do jeito que está, no Rio, principalmente, temos jogos e mais jogos que deveriam reunir multidões e acabam menores, como o Fla-Flu de hoje.
Que, aliás, foi decidido aos 48 do segundo tempo.
Como em Campinas, onde o Santos garantiu a vaga aos 43, eliminando a Portuguesa.
Resultados que dão a impressão de que a emoção durou até o fim do que seriam as “fases de classificação” do paulista e do carioca. Pura impressão.
* * *
Faltou vento - como se isso fosse novidade na Baía de Guanabara, palco decadente da regata do porto da Volvo Ocean Race, lamento dizer.
As águas da baía, absolutamente imundas, receberam bem menos da metade dos cerca de duzentos e cinquenta barcos que acompanharam a prova há três anos. Com bem menos gente no mar e uma raia mais estreita que naquela oportunidade, desta foi possível às embarcações acompanhar o pega entre os Volvo 70 de um lado para o outro, acompanhando paralelamente os veleiros, que se arrastaram com ventos fracos, entre seis e doze nós. Ainda assim, foi uma regata emocionante – uma, porque depois de duas horas esperando o vento entrar, a organização cancelou a segunda. O barco espanhol Telefonica Blue, que montou a primeira bóia 27 segundos atrás do primeiro colocado Puma, acabou vencendo com 54 segundos de vantagem sobre o holandês Delta Lloyd, que teve Andre Fonseca, o Bochecha, como tático. O americano Puma terminou em terceiro, o sueco Ericsson 4, de Torben, em quarto – repetindo a posição do Brasil 1 há três anos – e o Ericsson 3, vencedor da perna Quingdao-Rio, em último, por conta de uma penalização.
Ericsson 4 (66 pontos), Puma (56,5) e Telefone Blue (54,5) partem como os três primeiros na classicação geral no próximo sábado, com destino a Boston, para 4900 milhas náuticas e cerca de quinze dias no mar.
Não sei exatamente quais lembranças levarão do Rio.
Se a passagem da Volvo Ocean Race pela cidade foi mais uma vez empolgante, deixou também claras as mazelas do Rio quando o assunto é náutica.
A Marina da Glória, apesar de mais bem dividida dessa vez, continua com a mesma estrutura precária, inapropriada até mesmo para receber um cruzeirista que queira um pouco de conforto depois de um longo tempo no mar. Imaginem para abrigar um circo como a Volvo.
A Baía de Guanabara continua vítima do descaso dos governantes. Num dia de absoluto calor, não se via um único corajoso suficiente para arriscar um mergulho. À esquerda da raia, pro lado de Niterói, água verde escura de tão suja. À direita, na praia de Botafogo e Urca, panorama não muito diferente, com um agravante – uma quantidade absurda de lixo, principalmente sacos plásticos.
Se fosse uma vistoria do COI em vez da Volvo...
Há que se questionar não a existência dos estaduais, mas sim sua fórmula de disputa. Já temos um campeonato nacional nos moldes do restante do mundo, por pontos corridos, dois turnos, muito justo na seleção do seu campeão.
Os estaduais deveriam ser, então, a alternativa para grandes jogos decisivos, finais, semifinais, quartas, que sejam. Menos clubes, menos rodadas, mais importância para cada partida. Nada de Mogi, nada de Tigres. Torneios mais enxutos. Talvez dez times no Rio, doze em São Paulo, vá lá. Mas do jeito que está, no Rio, principalmente, temos jogos e mais jogos que deveriam reunir multidões e acabam menores, como o Fla-Flu de hoje.
Que, aliás, foi decidido aos 48 do segundo tempo.
Como em Campinas, onde o Santos garantiu a vaga aos 43, eliminando a Portuguesa.
Resultados que dão a impressão de que a emoção durou até o fim do que seriam as “fases de classificação” do paulista e do carioca. Pura impressão.
* * *
Faltou vento - como se isso fosse novidade na Baía de Guanabara, palco decadente da regata do porto da Volvo Ocean Race, lamento dizer.
As águas da baía, absolutamente imundas, receberam bem menos da metade dos cerca de duzentos e cinquenta barcos que acompanharam a prova há três anos. Com bem menos gente no mar e uma raia mais estreita que naquela oportunidade, desta foi possível às embarcações acompanhar o pega entre os Volvo 70 de um lado para o outro, acompanhando paralelamente os veleiros, que se arrastaram com ventos fracos, entre seis e doze nós. Ainda assim, foi uma regata emocionante – uma, porque depois de duas horas esperando o vento entrar, a organização cancelou a segunda. O barco espanhol Telefonica Blue, que montou a primeira bóia 27 segundos atrás do primeiro colocado Puma, acabou vencendo com 54 segundos de vantagem sobre o holandês Delta Lloyd, que teve Andre Fonseca, o Bochecha, como tático. O americano Puma terminou em terceiro, o sueco Ericsson 4, de Torben, em quarto – repetindo a posição do Brasil 1 há três anos – e o Ericsson 3, vencedor da perna Quingdao-Rio, em último, por conta de uma penalização.
Ericsson 4 (66 pontos), Puma (56,5) e Telefone Blue (54,5) partem como os três primeiros na classicação geral no próximo sábado, com destino a Boston, para 4900 milhas náuticas e cerca de quinze dias no mar.
Não sei exatamente quais lembranças levarão do Rio.
Se a passagem da Volvo Ocean Race pela cidade foi mais uma vez empolgante, deixou também claras as mazelas do Rio quando o assunto é náutica.
A Marina da Glória, apesar de mais bem dividida dessa vez, continua com a mesma estrutura precária, inapropriada até mesmo para receber um cruzeirista que queira um pouco de conforto depois de um longo tempo no mar. Imaginem para abrigar um circo como a Volvo.
A Baía de Guanabara continua vítima do descaso dos governantes. Num dia de absoluto calor, não se via um único corajoso suficiente para arriscar um mergulho. À esquerda da raia, pro lado de Niterói, água verde escura de tão suja. À direita, na praia de Botafogo e Urca, panorama não muito diferente, com um agravante – uma quantidade absurda de lixo, principalmente sacos plásticos.
Se fosse uma vistoria do COI em vez da Volvo...
quarta-feira, 1 de abril de 2009
Empobrecimento Global.
O futebol está mudando como o clima nesse início de século. Ninguém parece perceber a gravidade do fato, exatamente como com o aquecimento.
Hoje a Argentina, que já entrou com medo, pois com um atacante a menos que no último jogo, tomou de 6x1 da Bolívia. Piada de primeiro de abril delivery, pronta pra uso.
O English Team saiu vaiado de um Wembley lotado, mesmo vencendo a Ucrânia por 2x1. Vaiado porque não jogou nada.
A França só venceu a Lituânia graça a mais um gol salvador de Ribéry, de novo no fim.
A Itália empatou por 1x1 com a Irlanda, tendo um homem a menos desde os quatro minutos de jogo. Normal. Se não fosse pelo fato de que o melhor em campo foi Buffon e o jogo, na Itália.
O Paraguai, líder por aqui, também empatou com o Equador, que devia ter somado seis pontos nessa rodada, mas acabou castigado desta vez com um gol no último minuto.
Só a Espanha, darling da hora, venceu e convenceu, batendo a Turquia, de virada, por dois a um. Na Turquia. O segundo gol saiu aos 44 do segundo tempo, prova da busca espanhola pela vitória até o fim.
A Fúria de Aragonés jogou com dois volantes que são bola (Marcos Senna e Alonso), dois meias abertos (Silva e Riera), um genuíno ponta-de-lança (Xavi) que caía pelos dois lados, fazendo triangulações com esses meias e os laterais (Sergio Ramos e Capdevila), além de um atacante extra-classe (Fernando Torres).
Nenhuma outra seleção do mundo, entre as chamadas grandes, entrou em campo neste primeiro de abril com formação e objetivo tão ofensivos. Virou, venceu e volta pra casa com o apoio incondicional da torcida, encantada com a campanha de seis vitórias em seis jogos. A Espanha está praticamente na Copa.
O Brasil? Foi de Gilberto Silva, Felipe Mello E Elano, pra se proteger do ataque peruano, o pior da América do Sul, com seis gols em onze jogos.
Eu não disse que Dunga iria com a pior escalação possível? Trocou apenas Ronaldinho por Kaká, numa demonstração absurda de covardia. Saiu vencendo o primeiro tempo com um gol de pênalti e outro ilegal. Com a vantagem, passou a marcar em seu campo, poucas vezes pressionando a fraca defesa peruana na hora de sair pro jogo. Dunga está acostumando a seleção a jogar como time pequeno.
Na volta do intervalo, em entrevista a Tino Marcos, a principal preocupação do técnico era corrigir o posicionamento do Felipe Mello, "para evitar os contra-ataques peruanos".
Jogando em casa e vencendo por dois a zero.
Eu, se técnico da seleção brasileira fosse, teria vergonha de dizer uma coisa dessas.
Pra compensar, um momento impagável - com cinco minutos, o Beira-Rio puxa o coro uníssono de "ei, Galvão, vai tomar no c...!". Mesmo na Globo, a percepção foi nítida. Mudo pra Band. Na mesma hora, cortam pra câmera exclusiva deles que fecha em dois moleques na arquibancada, que gritam o corinho a plenos pulmões. Nem precisa chamar os garotos da leitura labial do Fantástico. O telefone toca. É a namorada querendo saber se havia ouvido mesmo aquilo.
Momentos divertidos, em jogos da seleção, têm sido assim.
Meu Deus, saiu um gol do Felipe Mello. Péssimo. Dunga agora vai desencanar meia dúzia de jornalistas por conta disso. E ele era um dos piores do time, errando passe atrás de passe. Após o gol, Felipe correu para abraçar Jorginho à beira do campo. Não quero dizer nada com isso, apenas um fato.
Aos vinte e cinco, só depois de estar vencendo por 3x0, Dunga finalmente mexe e bota Pato no lugar de Robinho. Mesmo nessa hora, dá pra ver como ele não é treinador, não tem formação de técnico. Havia mandado Pato, Ronaldinho e Júlio Baptista aquecer quinze minutos antes. Detalhe - só tinha mais duas substituições, pois foi forçado a botar Miranda no lugar do contundido Luisão logo no início. Aos trinta e dois, sacou Elano, substituído por Ronaldinho.
Ou seja, fez média com a torcida gaúcha - tardiamente - e deixou no banco, depois de vinte minutos aquecendo, o cara que salvou sua pele em Quito, Júlio Baptista.
Isso é que é ser líder. Um mestre motivador.
Vencemos o Peru com um gol de pênalti, um em impedimento e outro de pelada. Ouviu-se mais vaias que aplausos no segundo tempo de jogo.
O clima segue esquentado. E o futebol, cada vez mais frio.
Hoje a Argentina, que já entrou com medo, pois com um atacante a menos que no último jogo, tomou de 6x1 da Bolívia. Piada de primeiro de abril delivery, pronta pra uso.
O English Team saiu vaiado de um Wembley lotado, mesmo vencendo a Ucrânia por 2x1. Vaiado porque não jogou nada.
A França só venceu a Lituânia graça a mais um gol salvador de Ribéry, de novo no fim.
A Itália empatou por 1x1 com a Irlanda, tendo um homem a menos desde os quatro minutos de jogo. Normal. Se não fosse pelo fato de que o melhor em campo foi Buffon e o jogo, na Itália.
O Paraguai, líder por aqui, também empatou com o Equador, que devia ter somado seis pontos nessa rodada, mas acabou castigado desta vez com um gol no último minuto.
Só a Espanha, darling da hora, venceu e convenceu, batendo a Turquia, de virada, por dois a um. Na Turquia. O segundo gol saiu aos 44 do segundo tempo, prova da busca espanhola pela vitória até o fim.
A Fúria de Aragonés jogou com dois volantes que são bola (Marcos Senna e Alonso), dois meias abertos (Silva e Riera), um genuíno ponta-de-lança (Xavi) que caía pelos dois lados, fazendo triangulações com esses meias e os laterais (Sergio Ramos e Capdevila), além de um atacante extra-classe (Fernando Torres).
Nenhuma outra seleção do mundo, entre as chamadas grandes, entrou em campo neste primeiro de abril com formação e objetivo tão ofensivos. Virou, venceu e volta pra casa com o apoio incondicional da torcida, encantada com a campanha de seis vitórias em seis jogos. A Espanha está praticamente na Copa.
O Brasil? Foi de Gilberto Silva, Felipe Mello E Elano, pra se proteger do ataque peruano, o pior da América do Sul, com seis gols em onze jogos.
Eu não disse que Dunga iria com a pior escalação possível? Trocou apenas Ronaldinho por Kaká, numa demonstração absurda de covardia. Saiu vencendo o primeiro tempo com um gol de pênalti e outro ilegal. Com a vantagem, passou a marcar em seu campo, poucas vezes pressionando a fraca defesa peruana na hora de sair pro jogo. Dunga está acostumando a seleção a jogar como time pequeno.
Na volta do intervalo, em entrevista a Tino Marcos, a principal preocupação do técnico era corrigir o posicionamento do Felipe Mello, "para evitar os contra-ataques peruanos".
Jogando em casa e vencendo por dois a zero.
Eu, se técnico da seleção brasileira fosse, teria vergonha de dizer uma coisa dessas.
Pra compensar, um momento impagável - com cinco minutos, o Beira-Rio puxa o coro uníssono de "ei, Galvão, vai tomar no c...!". Mesmo na Globo, a percepção foi nítida. Mudo pra Band. Na mesma hora, cortam pra câmera exclusiva deles que fecha em dois moleques na arquibancada, que gritam o corinho a plenos pulmões. Nem precisa chamar os garotos da leitura labial do Fantástico. O telefone toca. É a namorada querendo saber se havia ouvido mesmo aquilo.
Momentos divertidos, em jogos da seleção, têm sido assim.
Meu Deus, saiu um gol do Felipe Mello. Péssimo. Dunga agora vai desencanar meia dúzia de jornalistas por conta disso. E ele era um dos piores do time, errando passe atrás de passe. Após o gol, Felipe correu para abraçar Jorginho à beira do campo. Não quero dizer nada com isso, apenas um fato.
Aos vinte e cinco, só depois de estar vencendo por 3x0, Dunga finalmente mexe e bota Pato no lugar de Robinho. Mesmo nessa hora, dá pra ver como ele não é treinador, não tem formação de técnico. Havia mandado Pato, Ronaldinho e Júlio Baptista aquecer quinze minutos antes. Detalhe - só tinha mais duas substituições, pois foi forçado a botar Miranda no lugar do contundido Luisão logo no início. Aos trinta e dois, sacou Elano, substituído por Ronaldinho.
Ou seja, fez média com a torcida gaúcha - tardiamente - e deixou no banco, depois de vinte minutos aquecendo, o cara que salvou sua pele em Quito, Júlio Baptista.
Isso é que é ser líder. Um mestre motivador.
Vencemos o Peru com um gol de pênalti, um em impedimento e outro de pelada. Ouviu-se mais vaias que aplausos no segundo tempo de jogo.
O clima segue esquentado. E o futebol, cada vez mais frio.
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