Será mesmo?
Pode ser. Em São Paulo, para alguns. Em Porto Alegre, para outros. Em Belo Horizonte? Não sei, quem sabe 2009 marcará a reação do Galo. Em Recife, o Sport se prepara para a Libertadores.
Mas e o Rio?
O Rio que teve um clube rebaixado para a série B e nenhum classificado para o torneio que é a menina dos olhos do continente.
O que será do futebol carioca em 2009?
A partir de hoje o Tudo Bola faz uma despretensiosa porém sagaz análise dos quatro grandes clubes do outrora glorioso futebol daqui. Começando pelo Flamengo.
O ano passado foi dos mais frustrantes na história recente do clube, que na era dos pontos corridos acostumou sua torcida a torcer contra o rebaixamento. Depois da decepção na Libertadores de 2007, quando acabou eliminado debaixo de palmas de um Maracanã lotado, a diretoria apostava tudo no retorno ao torneio, verdadeira fixação do clube desde a primeira e única conquista, quando Zico, Júnior, Leandro, Adílio e Andrade ainda vestiam a camisa rubro-negra. E 2008 se desenhou, no início, de forma bela, com o bi estadual em cima do Botafogo e um ótimo início de campanha na Libertadores.
Mas veio então o desastre, a tragédia, a página mais triste da folhinha do ano que passou - o vexame do dia sete de maio, com a eliminação para o América do México, no Maracanã. Joel, recém-acertado com a seleção sul-africana, deixava o comando para o jovem e promissor Caio Júnior, que confirmou a boa expectativa em torno de seu nome reerguendo um time que tinha tudo, mas tudo mesmo para começar o campeonato brasileiro de cabeça baixa, envergonhado. Pois esse mesmo time liderou a competição de forma arrasadora em seu início, mostrando bom futebol além dos bons resultados.
Aí veio a janela de transferências, em que saíram Renato Augusto, Marcinho, Souza. Dos vinte e um pontos seguintes, o time conquistou dois. Perdeu a liderança e o embalo. Para minha surpresa, o Homem Flúido ainda conseguiu promover uma campanha de recuperação, que manteve o Fla na briga por uma vaga na Libertadores até a última rodada. Mas Caio Júnior se perdeu nessa reta final. Não soube aproveitar bem os reforços que ele mesmo indicou. Não soube definir um time titular. Cedeu e trouxe Jaílton de volta ao time. Mexeu mal. Não soube administrar as oportunidades aos jogadores. E acabou indo para a Arábia, que havia recusado no meio do campeonato, seduzido então pelo prazer de ter moral com toda uma nação.
Para seu lugar, depois de muita especulação e espera, o clube trouxe de volta Cuca. O mesmo Cuca que não durou quase nada em 2005. O Cuca tão identificado com o rival Botafogo. O Cuca que continua sendo um dos melhores arrumadores de time por essas bandas. O Cuca que continua sem título no currículo.
Além de Cuca, nada. A menos, claro, que você considere o zagueiro Douglas e o volante Willians como reais reforços. Enquanto todo o mercado se mexe para contratar, o Flamengo segue na direção contrária - enxuga o elenco e mantém a base de 2008. Voltam jovens que estavam emprestados, agora mais experientes, como o zagueiro Fabrício e o volante Rômulo. Saem Luizinho, Dininho, Leonardo, Fernando, Fernandão, Vandinho, Sambueza e Jaílton. Destes, só os três últimos tiveram real participação na campanha do ano que passou. Mesmo assim, apenas Jaílton atuou em mais de dez jogos. Cuca pediu um grupo enxuto, de 28 jogadores.
É, sem dúvida, uma aposta rara. Não somente no futebol brasileiro mas, principalmente, no Flamengo. A torcida até se acostumou - Entrava ano e saía ano, Kléber Leite contratava, contratava, contratava. Mas 2009 será diferente. A aposta é no time de 2008. Que era bom. Melhor antes da janela, mas ainda bom depois dela.
Enquanto a concorrência monta equipes novas para a temporada, Cuca terá um grupo entrosado (dentro de campo) e com problemas (fora dele) para trabalhar. Resta saber que cara o treinador dará a esse time.
O Botafogo de Cuca jogava num 3-4-3 ofensivo e bonito de se ver. O Flamengo de Caio, num 3-5-2 apoiado em Léo e Juan, que continuam sendo os melhores homens de criação de que o novo técnico pode dispor. O problema é que nenhum dos dois joga nada há tempos, como toda a torcida do Flamengo sabe. E um - ou mesmo ambos - ainda pode sair para o exterior (coisa que eu duvido).
A base com que Cuca vai trabalhar é:
GOLEIROS - Bruno, Diego, Marcelo Lomba e Paulo Víctor
LATERAIS - Léo Moura, Juan e Egídio
ZAGUEIROS - Fábio Luciano, Ronaldo Angelim, Thiago Salles, Douglas e Fabrício
VOLANTES E MEIAS - Aírton, Rômulo, Toró, Jônatas, Íbson, Kléberson, Willians, Fierro, Éverton e Erick Flores
ATACANTES - Marcelinho Paraíba, Obina, Maxi, Diego Tardelli, Josiel e Paulo Sérgio.
Esse é, basicamente, o grupo que sobe a serra para a pré-temporada na Granja Comary, a partir do dia 9, muitas vezes com treinos em três períodos - o primeiro deles, vejam só, às sete da manhã.
Essa é, de cara, a primeira novidade com Cuca. O novo comandante gosta de treino. Gosta de ver seu time jogando como ele quer. E, pra isso, vai submeter os jogadores rubro-negros à uma preparação que muitos não tiveram ainda na carreira. Não que o Homem Flúido não trabalhasse. Mas Cuca é daqueles que, acertadamente, acreditam que jogador treina pouco.
Afinal, ele jogou. E, como não era craque, teve boa carreira porque se dedicou ao máximo nos treinos. Cuca era um guerreiro, acima de tudo. A torcida não vai ver Juan voltando para a defesa como se estivesse passeando no calçadão da Barra em 2009.
Também não vai ver mexidas mirabolantes no time, pois Cuca me parece aprender com seus erros (e os dos outros, porque observa). Tampouco explosões temperamentais ou choradeira no vestiário.
Mas e no campo? Como será o Flamengo de Cuca?
Isso, só a pré-temporada em Teresópolis vai responder. Mas eu deixo aqui meus humildes conselhos ao "novo" treinador do Flamengo:
Jogue pra frente. Como era o seu Botafogo, Cuca. Como exige a torcida rubro-negra.
Quem sabe um 3-4-1-2. Experimente Aírton ou Rômulo como terceiro zagueiro, na função que era do Jaílton. Eles são altos e muito melhores de bola que ele.
Libere os laterais, mas não pague um preço muito alto por isso, escalando Jaíltons para compensar. Aposte no talento. Íbson e Kléberson são volantes, não meias de criação. Podem e devem jogar à frente dessa zaga. Sabem marcar sem apelar para faltas na frente da área e sabem sair jogando, o que é fundamental para um time que sai bem nos contra-ataques.
Tente marcelinho na função do "1". Na única vez em que jogou nessa posição em 2008, na última rodada, ele fez três gols e foi o destaque do time.
Não escale dois homens pesados na frente. Acho que nem preciso dizer isso, mas é bom reforçar. É preciso um homem de área - pode ser Obina ou Josiel - e outro que se movimente, caindo pelas pontas para jogar com os laterais - pode ser Éverton, Tardelli (...) ou mesmo o Erick, que tem sim futuro.
Um time com Bruno, Fábio Luciano, Angelim e Aírton; Léo Moura, Íbson, Kléberson e Juan; Marcelinho Paraíba; Éverton e Obina.
Um banco com Marcelo Lomba, Thiago Salles, Toró, Jônatas, Fierro, Erick Flores, Tardelli, Josiel e Maxi.
É um bom começo. Com a vantagem de que, na verdade, não é o começo para esse time.
10 comentários:
é um belo time. muito mais moderno que o meu, que insiste em jogar com um anacrônico cabeça-de-área daqueles que tinham função nos anos 80. jandir era ídolo. mas, na boa, se é pra jogar assim, o jailton foi uma excelente contratação. melhor ele que fabinho ou ygor. ele não é jogador pro flamengo. no fluminense, vai trabalhar em paz. aposto nele como "zebra" de 2009.
Camarada, prepare-se para muitos pênaltis imbecis e desnecessários, vários cortes de cabeça burros rebatendo a bola para a frente da área, além de uma infinidade de cartões amarelos e passes errados.
Tirando isso, o Jaílton é bom. Corre muito.
Valeu Kra
Ta La Tb!
Sempre Que Precisa Algo Sobre o Vasco
Tamo Ai
Valeu
Tem Outro Blog Com Que Possa Fazer Contato?
Cm Boto Contador de Visitas?
Bom time. E na apresentação já houve problema. O seu número "1" não apareceu e o telefone estava incomunicável...
Hmmm... será o Grêmio, querendo nosso único verdadeiro ponta-de-lança?
(Agora eu me senti velho escrevendo ponta-de-lança).
Tomara que não.
* * *
Camarada Carlos, até onde eu sei o blogger não tem contador de visitas. Boa sorte com o Carlos Alberto...
hm, tomara que eu esteja enganado, mas esse leandro lateral tem uma cara de chupa-sangue danada. (chupa-sangue ainda tem hífen?)
Eu acho ele bola, Renatinho. O vi jogar bem muitas vezes no ano passado (menos na reta final, quando todo o time do Palmeiras insistia em não jogar nada quando precisava - como o Flamengo...). O perigo é deixarem a bola dele cheia demais nas Laranjeiras antes mesmo de estrear. Porque tem jogador que é assim. Acha que, quando está num time com caras que se matam, como Diguinho e Jaílton, pode correr menos.
O Juan foi um exemplo de anti-profissionalismo (essa tem?) nas últimas rodadas. Voltava sempre andando pra defesa. Como estava quase sempre no ataque, quase nunca corria. Um Juan totalmente diferente daquele do primeiro semestre, porque o time jogava com Aírton, Toró e Jaílton, três pra correr por/pra ele.
Pois não é que até com a trema acabaram? Daqui a uns dez anos vamos ouvir de nossos estagiários: "Hmmm... não peguei o tempo da trema... Pra que servia mesmo?".
eu desisti de aprender português quando descobri, depois de velho, que pêra tinha acento. alias, pera não tem mais. caíram os acentos diferenciais (ué, mas já não tinha caído em 1972?). daí segue o texto da lei: exceções. pronto, fodeu. como assim "exceções"? terá sido por falar essa língua tão pouco pragmática que descobrimos meio mundo mas perdemos tudo para os ingleses? bom, se quiser anotar, as exceções são pôde, pôr e têm/vêm.
por isso que eu vou pra israel. lá tem guerra, mas não tem essas mudanças ortográficas idiotas !!!! ponto.
ps: como se escreve "guerra" agora ?
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