Meu amigo Fábio Balassiano, do ótimo blog Bala na Cesta, fez o levantamento - nos últimos sete anos, em jogos decididos por seis ou menos pontos, a seleção brasileira havia perdido todos.
Bem, agora são oito.
Depois da derrota para os americanos, na última bola, hoje perdemos para a Eslovênia, por 80 a 77, num jogo chave para nossas pretensões no Mundial.
Basquete é um jogo de detalhes em que você não pode justificar uma derrota por três pontos com base neles. Não é como no futebol, em que um lance específico pode ser capital para o resultado. Então, não dá pra falar daquela bola que o Alex deixou escapar no contra-ataque (e como jogou bem ele hoje, muito na defesa) ou de um dos pombos-sem-asa do Leandringo na hora errada (e como tem sido individualista ele...). É muito mais lógico - e é o justo - dizer que perdemos o jogo no segundo quarto, quando uma pane ofensiva de sete minutos deu o placar de 24 a 12 para o adversário no período.
Mas aí eu lembro da bola que o Balassiano levantou... e chego à conclusão de que, nos momentos decisivos, a gente continua não sabendo o que fazer.
De que adianta uma reação como a do último quarto, quando fizemos 15 pontos seguidos (11 do Marcelinho, que mudou o jogo, inclusive com sua defesa, com duas roubadas) se, nos minutos finais, quando se decide uma partida, não temos organização? Aquela bola sem nexo do Leandrinho, a 3:14 do fim, o que é? Falta de inteligência dele ou de comando do banco? Por que, nessas horas, a impressão que fica é que não temos um time, mas sim cinco caras em quadra querendo resolver, cada um da sua maneira? Naquele momento, perdíamos só por 5... Pouco depois, lá estava de novo o Leandro partindo pra dentro do garrafão, com tempo de sobra no relógio, pra mais uma bola desperdiçada...
Não vou nem entrar no mérito da nossa defesa, outra vez vacilante e desatenta hoje, principalmente no perímetro, deixando o Lakovic chutar 6 pra 11 de fora... O que nos falta é jogar, nos momentos decisivos, como joga a Argentina, desde a época do próprio Magnano - com cada um sabendo o que pode e o que não pode, o que deve e o que não deve fazer.
Mais alguns pitacos sobre hoje:
- Eram uns 3 mil eslovenos na Abdi Ipekci arena hoje, empurrando sua seleção o tempo todo e vaiando a nossa a cada posse. Não é desculpa, claro, mas quem já jogou, mesmo na base ou num intercolegial no ginásio do adversário, sabe a diferença que isso faz. E a transmissão da TV, de forma alguma, mostrou o quanto eles fizeram barulho.
- Enquanto nosso time não tiver arremessadores consistentes, Marcelinho terá vaga na seleção. Perdemos, mas ele, de novo, mostrou que não se omite (20 pontos, 5/10 com 4/8 de 3 e 3 roubadas, em apenas 17 minutos).
- Novamente Tiago foi muito bem, apesar da ótima atuação do Brezec, homem que ele marcou a maior parte do tempo. Aliás, o pessoal em Milwaukee, se estiver acompanhando o mundial, deve estar otimista para a próxima temporada - ele, Delfino e Ilyasova estão jogando bem. Ok, o Brezec foi só hoje...
- Pra compensar, Leandrinho, de novo, esteve muito mal - chutou 6 pra 18, deu só uma assistência e desperdiçou quatro bolas em 36 minutos (foi quem mais tempo esteve em quadra).
- Huertas saiu com cara de poucos amigos, provavelmente por ter ficado a maior parte do último quarto no banco (onde começou e de onde só saiu a 3:12 do fim). Eu sei que, quando um time reage, o técnico, quase por obrigação, mantém quem entrou em quadra. Mas a reação de hoje teve as digitais do Marcelo, não do Nezinho, que errou uma bandeja ridícula num contra-ataque de três contra um (mostrando zero domínio com a esquerda e, mais que isso, muito nervosismo, de novo). Magnano, aos poucos, vai vendo com quem pode contar para o pré-olímpico. Ou, pelo menos, assim eu espero...
- Agora é vencer a Croácia. Mas com ou sem a vitória, cruzaremos com Argentina ou Sérvia nas oitavas. Nada animador, infelizmente. Mas formar um time é isso, conviver com adversidades.
Um comentário:
pode botar essa na conta do Leandrinho fominha.
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