quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Jogamos Como Nunca, Mas Insistem Em Tratar A Derrota Como Sempre...

Sai agora a notícia de que Tiago Splitter jogou contundido ontem - uma contratura na coxa sofrida na partida diante da Eslovênia, nossa penúltima na primeira fase. Por conta disso ele teria jogado tão pouco contra a Croácia e tão discretamente contra a Argentina.

Já li manchetes como “A CBB ESCONDEU A CONTUSÃO” e lamúrias do tipo “a imprensa não tinha como saber, pois não podia acompanhar os treinos, fechados”. Eu não sou fã de como as coisas são feitas na CBB, há muitos anos. E ainda acho cedo para sair metendo o pau na administração atual, que teve o mérito de contratar um técnico de ponta, tem acertado em algumas medidas e continuado a errar em muitas outras.

Mas acho que é direito de qualquer treinador, em qualquer esporte, trabalhar sem a presença da imprensa.

Não conheço, aliás, nenhum jornalista que goste de escrever seu texto com alguém atrás olhando enquanto ele trabalha.

O que não acho correto é limitar o acesso da imprensa aos atletas depois que o trabalho acaba, como foi feito aqui em Istambul, em treinos e jogos.

E, se técnico fosse da seleção brasileira, não gostaria que o Sérgio Hernández soubesse que um de meus principais jogadores, um dos encarregados de marcar Scola, entraria em quadra sem estar 100%.

Mas agora, como disse, vai ter um monte de gente que nunca pegou numa bola de basquete, que não sabe identificar um pick and roll (que Prigioni e Scola fizeram tão bem ontem no fim), querendo achar explicações, sejam quais forem.

Depois, eu tenho que ouvir colegas de profissão dizendo que o esporte não é área de jornalistas sérios. Muitos não são mesmo.


Nada mais apropriado que o jogo de hoje entre Sérvia e Espanha, pelas quartas-de-final, ter teminado da maneira como terminou – com uma cesta de 3 de Milos Teodosic, a três segundos do fim, quase no estouro do relógio de posse de bola e quase do meio da quadra.

A bola que decidiu a partida (92 x 89) mostra não apenas como o armador sérvio tem colhões do tamanho do troféu de MVP da última Euroliga, que merecidamente ganhou, como também como no basquete, hoje em dia, times e seleções vivem e morrem através dos arremessos de 3. Que nós, nos últimos anos, erradamente nos acostumamos a rotular como um “mal brasileiro”.

A Espanha, que tem um excelente pivô como referência no garrafão em Marc Gasol, entrou no quarto final perdendo por três pontos. Até então, havia chutado quase tantas bolas de 3 – vinte e duas – quanto de dois pontos – vinte e seis. E isso tendo como um de seus principais jogadores o jovem Ricky Rubio, que praticamente não chuta dos 3 por não ter arremesso consistente. No fim, os espanhóis terminaram a partida com um aproveitamento de 56% para 2 pts (20/36) e 38% para 3 (10/26). Mesmo chutando muito bem dentro do perímetro, tentaram só dez bolas a mais nele do que de fora.

E o que dizer da Sérvia? Foram 35 arremessos para 2 no jogo (com o também ótimo aproveitamento de 54%), contra 30 da linha dos 3 (com 50% de acerto, o que acabou sendo o X para a vitória). Ou seja, praticamente chutaram tanto de fora quanto de dentro.

Desconsiderando os erros, em que os dois times praticamente se equivaleram (14 espanhóis e 16 sérvios), a Espanha teve 65 posses de bola e a Sérvia, 62.

Qual a moral desses números, então?

Simples. Se você tem um bom time pra 3 pontos, com bons arremessadores, jogue com eles. Se, mesmo assim, a bola não estiver caindo, não insista.

E se, ao contrário, você não tem no chute de 3 sua principal arma, mas a bola, num jogo qualquer, estiver caindo, continue chutando.

Ou seja, bom senso. Como tudo na vida.

4 comentários:

Anônimo disse...

vc não deveria defender a liberdade de imprensa? como pode dizer que tá certo agir como a cbb fez, quem nem o dunga na copa.

Thiago disse...

Cara, sou forçado a discordar. Pra mim ele tem a obrigação de deixar a imprensa cobrir os treinos, saber como tá sendo feito o trabalho. Uma vez eu até li aqui você defendendo o direito que um técnico tem de não querer um microfone captando o que é dito num pedido de tempo (o Phil Jackson, por exemplo, concorda), mas ai é outra história. Sem acesso ao treino, a gente não tem como saber se o cara tá fazendo um bom trabalho ou não nem como saber quem tá bem e quem nem tá treinando, como li hoje que foi o caso do Tiago. O Magnano pode ter muito conhecimento e toda moral do mundo pelo que fez na Argentina mas chegou aqui com o pé esquerdo nem nos treinos no RJ ele deixou a imprensa trabalhar. Nem vou entrar no mérito de ontem que ele também foi muito mal na minha opinião mas acho que se a gente não cortar o mal pela raiz ele vai achar que é isso mesmo e pode qualquer coisa e não é por aí. Abs.

Anônimo disse...

só porque trabalhou na globo em mais um monte de luhar acha que sabe mais que os outros, não sabe nada onde já se viu defender a cbb desde jeito na maior cara dura, devia ter vergonha de escrever esse monte de lixo enquanto a patota do Sr. Brunoro segue fazendo a festa e empurrando o basquete brasileiro pro fundo do poço.

Edu Mendonça disse...

@Anônimo das 18:29 e @Thiago

Lembram-se quando um grupo de professores universitários acompanhou um dia na rotina do Jornal Nacional e ficou perplexo quando, na reunião de pauta, o apresentador e toda a equipe tratavam o telespectador pela alcunha de Homer (Simpson), pois acreditam que o público médio do JN não tem a capacidade de compreender reportagens mais complexas sobre qualquer assunto? Repercutiu mal, a concorrência caiu em cima...

Eu acredito em liberdade de imprensa, mas acredito tanto quanto no direito à privacidade, seja na vida pessoal ou no trabalho. E já que estamos falando de basquete, na NBA, por exemplo, todos os times abrem parte do treino para imprensa e a convidam a se retirar em outra parte, é normal. Ninguém quer trabalhar o tempo todo com jornalistas olhando, com o receio de que qualquer coisa dita ou feita acabe nas manchetes no dia seguinte, mal interpretada ou fora de um contexto. Como jornalista, não acho que tenha esse direito supremo de ter acesso a tudo a todos, todo o tempo, quando eu bem queira. Mas sei que, mesmo entre meus colegas de profissão, muitos discordam deste ponto de vista. Questão de opinião.

Falando especificamente da contusão do Splitter, Thiago, acho apenas que o Magnano não quis dar mais armas pro Hernández. Se soubessem que ele tava machucado, era capaz de forçarem o jogo físico ainda mais pra cima dele (não viu como o Scola tirou o Ânderson do sério com duas cotoveladas que os juízes não marcaram? Imagine o que fariam sabendo da contratura na coxa do Splitter. Era um Brasil x Argentina, sempre vale tudo...).

@Anônimo das 20:12

Ter um blog é dar a cara a tapa sem receber nada por isso. E nem tenho vergonha de assinar cada opinião que dou aqui. Leia a explicação acima, abs.