domingo, 29 de agosto de 2010

Não Existe Mais Bobo No Basquete

O título deste post não é nada original, mas cai perfeitamente bem após um primeiro dia de campeonato marcado por surpresas.

A primeira delas foi logo na chegada à Abdi Ipekçi Arena, onde acontecem os jogos do grupo B nesta primeira fase do mundial. Não sabia que metade da população da Eslovênia havia emigrado para cá. Com uns oitenta por cento de 11.500 lugares ocupados, o ginásio era um mar de camisetas verdes. Em Atenas, no pré de 2008, já havia notado o quanto a torcida eslovena é fanática e apaixonada, por conta da presença de numeroso grupo uniformizado nas arquibancadas. Mas aqui eles realmente deram uma demonstração de que a) realmente gostam muito de basquete, b) são patriotas ao extremo ou c) ambas as coisas. E isso pode ser um problema para o Brasil, que faz contra a Eslovênia um jogo decisivo para uma boa classificação na próxima quarta-feira. O time deles é alto - média de 2,02 - e experiente, com destaque para Goran Dragic, que mostrou na estreia a mesma confiança vista na última temporada da NBA pelos Suns, marcando 16 pontos, distribuindo oito assistências e chutando 6/9, com um só desperdício de bola em 26 minutos. Tudo bem, era a Tunísia. Mas como vimos nesse primeiro dia de jogos, isso nem quer dizer tanto.

Afinal, quem imaginaria a Austrália vencendo a Jordânia por apenas um pontinho? Ou a Grécia tendo tanta dificuldade contra a China? Ok, os gregos estavam desfalcados, mas a França também veio para Istambul com um time depenado e venceu a campeã Espanha, mudando a perspectiva do grupo D. Pra completar o dia, a Argentina só decidiu seu jogo contra a Alemanha no fim, por 78 a 74, e muito graças à atuação inspirada de Carlos Delfino.

A vitória americana sobre a Croácia foi a única com placar centenário e diz mais sobre o time da ex-potência europeia, nosso último adversário na primeira fase, do que sobre o do coach K. Roko Ukic, que não teve sucesso na NBA e veio parar aqui no Fenerbahçe Ülker, não me pareceu muito melhor do que vi em 2008, em Atenas. Chutou 2/11 e não conteve nenhum dos velozes moleques americanos, principalmente Rose e Westbrook, como era de se esperar. Teremos que prestar atenção com Bojan Bogdanovic, ala bom de bola, e, claro, com Ante Tomic, pivô do Real Madrid que promete problemas para nossos homens altos. E já que toquei no assunto...

Não jogamos bem. Não mesmo. E por mais que fale-se sempre em treino de luxo ou fragilidade exagerada do adversário, mostramos contra o Irã que nossa defesa, além de nada assustadora, muda pouco durante o jogo, tirando uma ou outra pressão quadra toda que não surtiu tanto efeito. Mais - de que adianta isso se, por inúmeras vezes, o gigante Hamed Haddadi teve liberdade para trazer a bola de uma quadra à outra? Com 2,18, ele não somente faz o que quer no time como causou problemas para nossos homens altos, terminando com 16 pontos, 9 rebas e 5 tocos, além de chutar 7/13. Se sabíamos que o jogo seria todo nele, falhamos em tentar contê-lo. E, graças a isso, em nenhum momento deslanchamos no placar como deveríamos e poderíamos. Num grupo onde o importante é terminar em segundo, para fugir de argentinos e sérvios, o saldo de pontos pode ser decisivo. E, nesse ponto, já saímos atrás dos eslovenos.

Magnano rodou bastante o time, que voltou a chutar mais da linha dos 3 do que deveria - e mal, 6/21 - e pareceu muito mais preocupado em poupar figuras chaves como Huertas, Leandrinho e Tiago do que com fazer o placar. Acredito que hoje à noite, contra a Tunísia, não vá ser diferente. Mas é bom que comecemos logo a entrar num ritmo mais forte, com uma rotação mais fechada e, principalmente, tenhamos em mente de que quarta-feira precisaremos estar prontos para uma verdadeira pedreira.

* * *

Pela primeira vez participo de um evento FIBA onde voluntários não falam inglês, seguranças não falam inglês, técnicos de TV não falam inglês, não há Coca-Cola no ginásio (só uma Cola turca e fast-food típico, em que o cara que prepara seu sanduba não lava as mãos entre mexer na comida e no dinheiro) e a Arena é quente.

A Turquia realmente é um lugar exótico.

2 comentários:

Anônimo disse...

Kkkk, lugar exótico! Ao menos o chocolate do ginásio se salva! Que foto é esta, não identifiquei...

Edu Mendonça disse...

Foto da web...