quarta-feira, 24 de março de 2010

Money.

De todas as alcunhas recebidas ao longo da carreira, essa sempre foi minha predileta. E nada tem a ver com seu toque de Midas ou com sua paixão pelo jogo - qualquer jogo - de apostas. A money ball, no fim, sempre era dele. Todos sabiam, poucos conseguiam pará-lo.

Mas o tempo foi capaz de fazê-lo.

Aposentado de vez, após de uma passagem de dois anos pelo Washington Wizards, Michael Jordan assumiu o comando do time da capital americana na cobiçada função de general manager, que seria algo como o nosso gerente de futebol daqui, com amplos poderes para decidir sobre os assuntos relacionados ao basquete. Sua atuação foi tão pífia que o dono dos Wizards, falecido este ano, o demitiu em 2003.

Sim, Michael Jordan, como qualquer mortal, já foi demitido. E já era Michael Jordan.

Em 2004, Robert Johnson comprou os direitos para ser dono de uma nova franquia em Charlotte (os Hornets haviam trocado a cidade por Nova Orleans em 2002) por 300 milhões de dólares. Dois anos mais tarde, convidaria MJ para ser acionista minoritário e, novamente, a última palavra nos assuntos relacionados ao basquete. Desta vez, Jordan até que fez um bom trabalho. O resultado aparece agora, com a equipe firme na briga para chegar pela primeira vez aos playoffs.

Bob não chegou a colher os frutos do sucesso. Na semana passada, depois de seis anos de prejuízos, ele decidiu vender o time. E Jordan, com 175 milhões de dólares do próprio bolso e mais um grupo de investidores, fechou negócio por 275.

Mais uma vez à frente de seu tempo, MJ se torna o primeiro ex-jogador a ser dono de uma equipe profissional nos Estados Unidos. Não é pouco. Na NBA, são 30 times. Na NFL, 32. Na MLB, outros 30. E na NHL, mais 30. Ou seja: entre 142 equipes profissionais de basquete, futebol americano, beisebol e hóquei, só uma pertence a um ex-jogador. Que, ainda por cima, é também o único dono negro - Johnson havia sido o primeiro na história.

Além de retornar ao estado da Carolina do Norte, onde é um mito por conta de sua passagem pela universidade local, campeã com ele em 1984, Jordan terá também desafios pela frente - talvez os maiores que já tenha enfrentado.

De cara, ele assume uma dívida de 150 milhões deixada por Johnson. Só nesta temporada, o prejuízo estimado é de mais 30 milhões. Em seis anos de existência, os Bobcats (nome escolhido por Bob Johnson - mais egocêntrico, impossível) ficaram marcados pela falta de apelo. Do logotipo aos uniformes, passando pela arena construída há apenas 5 anos, nada foi capaz de incutir no torcedor de Charlotte amor parecido com o que ele alimentava pelos Hornets, que sempre estiveram entre as equipes de melhor média de público da NBA. A chegada de MJ aponta para um futuro mais relevante, por sua capacidade de atrair investidores, patrocinadores e mídia. Mas a grande dúvida é como será o envolvimento do astro no comando da equipe. Em Washington e mesmo em Charlotte, quando ainda gerente de operações, Jordan sempre foi questionado e criticado por sua ausência. Passava mais tempo em Chicago, sua casa, do que trabalhando. Agora, diz que vai ser diferente. E é bom que seja mesmo, pois até um dono de bar sabe que é preciso estar presente para que o negócio dê certo.

Resta saber que tipo de dono será MJ, um dos maiores competidores que já existiu, capaz de socar um companheiro de time por sua falta de empenho num treino ou de humilhar outros que não tinham tanto talento.

Se a NBA tinha em Mark Cuban, do Dallas, um dono de time que aparecia tanto quanto suas estrelas, agora tem dois.

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A nova aventura de MJ me fez lembrar de um certo post de janeiro de 2009.

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O futebol daqui? Ah, deixem chegar as semis da Taça Rio ou algum clássico paulista com o Santos... Porque ontem, na TV, quando ouvi falar do futebol carioca foi pra saber que Vágner Love depôs na polícia e que Adriano vai depor.

Problema deles. Eu quero é bola na rede.

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E o Lionel, hein?

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