terça-feira, 3 de novembro de 2009

Onde está a emoção?

Eu sou fanático por basquete. Se tem um jogo passando na tv, eu assisto. Se tem uma peladinha com quatro moleques aqui na Lagoa, eu paro e vejo. Simples assim. Joguei a vida toda e sei que pode haver mais emoção até num racha entre amigos do que numa partida da NBA. Qualidade técnica, claro, são outros quinhentos.

É por isso que me espanta que tanta gente dita entendida no esporte não saiba diferenciar as duas coisas na hora de falar sobre este campeonato brasileiro.

"- Ah, mas é equilibrado porque ninguém se destaca, os times se nivelam por baixo."

"- É emocionante porque várias equipes disputam o título, mas não são bons times."


É verdade. São verdades.

Chegaram à trigésima-terceira de trinta e oito rodadas nada menos que seis pretendentes ao título porque, a rigor, nenhum deles foi capaz de disparar na liderança (ou, no caso de Flamengo e Cruzeiro, serem capazes de evitar longas sequências de maus resultados ao longo do caminho).

Realmente, o nivelamento é feito por baixo. Veteranos como Petkovic e Marcelinho Paraíba estão entre aqueles que têm mostrado o melhor futebol até aqui, ao lado de nomes que nunca se firmaram como craques - como os Diegos Souza e Tardelli -, repatriados do futebol europeu que buscam a redenção - como Adriano e Ronaldo -, e algumas poucas revelações que não chegam a empolgar, como Fernandinho, do Barueri, e Marquinhos, do Avaí.

Quando, entre os dez principais artilheiros, estão Obina, Val Baiano e Wellington Paulista, não é preciso dizer mais nada.

Mas e daí?

E daí que não temos aqui um Kaká, um Ronaldo, um Gerard, um Messi? São realmente nossos jogos tão menos emocionantes assim?

Faltou emoção na virada épica do Fluminense sobre o Cruzeiro? A incompetência mineira e a reação tardia carioca fizeram do jogo menos emocionante? Será que quem tanto critica tem mesmo assistido ao futebol que se joga por outras bandas?

É mais emocionante ter seis times de massa brigando por um título, apesar de sua mediocridade, ou um chatérrimo campeonato polarizado entre Real e Barça, mesmo recheados de estrelas?

Emoção e qualidade técnica, é verdade, se encontram na Premier League e, sobretudo, na Champions. Porque na Itália, as partidas têm sido de doer... e mesmo na Inglaterra, após apenas onze rodadas, o Liverpool já ficou pelo caminho e, de novo, a briga deve ser entre United e Chelsea, com o irresistível Arsenal tentando seguir os dois gigantes.

Enquanto isso, por aqui, a emoção é menosprezada em função da falta de craques, de dinheiro, de organização... uma pena. Porque a emoção do jogo de futebol não atenta necessariamente para nada disso.

* * *

Claro que, dentro da nossa estrutura, tudo que puder ser feito para atrapalhar, será.

Nem nas arquibancadas em Ribeirão Preto se aguentava o calor absurdo do sol das três da tarde. Porque, claro, a CBF igonora o horário de verão que contraria a TV.

Nem numa reta final de campeonato um jogo decisivo deixa de ser puxado para o meio da semana, apenas ele, para satisfazer a grade da TV.

Isso sem falar das arbitragens pífias, das malas brancas e sabe-se mais o que virá até o fim.

* * *

Mas é só aqui que o lanterna do campeonato - um clube que já foi campeão nacional, diga-se - é capaz de vencer, em sequência, dois dos primeiros quatro colocados na tabela, nos deliciando com a simples imagem de um Muricy perdendo o sono por conta de quem, há apenas duas rodadas, era cavalo morto.

Emocionante, sim.

2 comentários:

renato disse...

é que sexta-feira é o pior dia pra mim. senão, no dia 13, eu ia abstrair um pouco de tanta emoção no futebol. superfurry animals e gogol bordello, na fundição. cê vai?

Edu Mendonça disse...

Hmmm... Não sou tão fã assim do gogol e nem conheço a outra banda. Mas, por 40 reais + 1 lata de leite em pó, tá valendo pra conhecer. Acho que sim.