sexta-feira, 6 de maio de 2011

Ouro De Tolo.

Flamengo. Palmeiras. Internacional. Grêmio. Cruzeiro. Fluminense. Todos derrotados, em maior ou menor grau, de forma vergonhosa nesta semana.

Não vou falar do Coritiba, que venceu, e de quem eu ainda não assisti a um único jogo neste ano. Mas posso falar sobre os demais.

Quem é o Flamengo 2011? O time campeão carioca invicto? Ou uma equipe que, na Taça Guanabara, precisou dos pênaltis para passar pelo Botafogo nas semifinais; na Taça Rio, igualmente foi incapaz de superar Fluminense ou Vasco no tempo normal, merecendo aplausos apenas pela frieza na hora dos penais? E que, agora, precisa vencer o Ceará, fora de casa, por dois gols de diferença, para seguir na Copa do Brasil.

Quem é o Cruzeiro, o alardeado super-time celeste, que vinha encantando a todos nesse início de temporada? É o time eliminado em casa pelo Once Caldas? Ou o que neste ano já goleou por 8x1 e 7x0 adversários do porte de América de Teófilo Otoni e Democrata de Governador Valadares (com sotaque mineiro, por favor)? Ah, mas teve a melhor campanha da Libertadores. Ok, ok... num grupo com Deportes Tolima, Guaraní do Paraguai e um Estudiantes que igualmente já ficou pelo caminho nas oitavas...

A dupla Grenal teve, como adversários na primeira fase, potências como Júnior Barranquilla, Oriente Petrolero, León de Huánuco, Jaguares, Emelec e Jorge Wilstermann. Uau. E, nem assim, o Grêmio, que enfrentou os três primeiros, foi primeiro em seu grupo. No gauchão, goleadas sobre Canoas, Ypiranga e Inter de Santa Maria só reforçaram a falsa impressão de que estava tudo bem com os grandes do sul. Pois é, não estava.

E o que dizer de Palmeiras e Fluminense? Ambos sequer chegaram às finais dos respectivos estaduais. O Fluminense, que a duras penas se classificou na Libertadores, caiu diante de um oponente fraquíssimo - depois de fazer a vantagem de 3x1 em casa, não menos. E o Palmeiras... bem, o Palmeiras acordou para a realidade com um verdadeiro tombo do beliche, e do andar de cima - um 6x0 que ficará marcado de diferentes formas na história dessa equipe e do próprio clube.

Afinal de contas, o que se passa? Por que tanto alarde em torno da tal quarta-feira negra ou das derrotas de Fla e Palmeiras ontem? Alguém realmente se surpreende?

Os estaduais, além de um convite ao prejuízo, são fraquíssimos, se tornando também uma certeza de prejuízo técnico. Os clubes ocupam seus quatro, cinco primeiros meses do ano medindo forças contra equipes semi-profissionais - é o que são - formadas na última hora, com data de validade marcada e que não representam, de forma alguma, parâmetro algum para nada. Dezenas e dezenas de jogos com estádios vazios e sem real importância até que se chegue ao Grenal decisivo no sul, ao Cruzeiro x Atlético do título em Minas, ao Flamengo e qualquer um no Rio e o resto você já sabe, pois não há nada mais previsível que os estaduais.

Eles são como as novelas da grade da Tv Globo. Uma tradicão, um "charme", como querem alguns, em que já sabemos início, meio e fim da história, com direito a poucas surpresas e uma qualidade artística com a qual nos acostumamos apenas - mas que é baixa. Nem um nem outro é, realmente, bom. Ambos iludem quem os acompanha.

E eis que agora, após essa semana de revelações, teremos mais sete meses de futebol em que apenas o Santos segue na Libertadores e só restarão quatro clubes na Copa do Brasil a partir da semana que vem. A todos os outros, restam apenas 38 partidas pelo Campeonato Brasileiro.

E quem se achava forte para este, agora, se repensa. E quem se achava fraco, não se pensa tão mais assim.

* * *

E já que falei sobre acordar para a realidade, Ronaldinho Gaúcho, que não conseguiu se destacar num estadual com Boavista, América, Cabofriense e afins, foi vaiado durante todo o segundo tempo de ontem no Engenhão, a cada vez que tocava na bola.

É incrível como a gente nunca consegue acompanhar a imaginação do futebol. Nem a dos craques que tomam gosto pela vida fácil.

6 comentários:

Luciano disse...

Será que uma solução seria montar um campeonato estilo 'conferências', ou seja, com torneios regionais - norte, centro-oeste, nordeste, sudeste e sul - que depois culminassem com o campeonato nacional? Ou estaria viajando muito? Porque de fato os torneios estaduais são um lixo.

Edu Mendonça disse...

Pô, não acho viagem não, muito pelo contrário. Seria uma forma de manter-se a rivalidade e a tradição regionais, dando uma importância nacional ao título de cada região. O grande lance seria limitar o número de clubes - que é o que mata o atual formato dos regionais. Imagine um brasileirão dividido por regiões e só com os grandes. Seria duca.

Thiago disse...

Conferência Sul-Sudeste: Inter, Grêmio, Coritiba, Atlético, São Paulo, Corinthians, Palmeiras, Santos e Avaí.

Conferencia Sudeste-Centro-Oeste: Cruzeiro, Atlético, Fla, Flu, Vasco, Botafogo, Goiás, Gama.

Conf. Norte-Nordeste: Remo, Sport, Santa Cruz, Ceará, Fortaleza, Náutico, ABC.

Ou algo por aí, c/ um triangular final ou algo parecido. melhor que pontos corridos.

Bolinho disse...

Apesar de estar de acordo contigo, acho que o estadual movimenta times que não atuam nas series A e B, mantendo-os em contato com o grandes times locais. Tinha que reduzir o numero. Hj o estadual é uma pré temporada estendida. No Rio, por exemplo, poderia ser com 8 ou no máximo 10 times, por 2 meses.

Edu Mendonça disse...

Cada caso é um caso. No Rio e em SP, o formato atual deveria ser substituído por um mais enxuto, como você diz, com menos clubes e menor tempo de duração. No Pará ou no Mato Grosso, por exemplo, o estadual tem outra importância, pois a maioria dos clubes destes estados não está inserida nem nas séries C ou D. O importante é mantê-los em atividade durante todo o ano.

Anônimo disse...

o q tem que acabar eh essa visao regionalizada do futebol brasileiro. geografia eh uma coisa, futebol eh outra. a inglaterra deve ter tantos times profissionais quanto o brasil e nem por isso tem isso lah. eh so organizar 4, 5, 6 divisoes e acabou, todo mundo joga o ano inteiro!