A cena, ontem, me fez mal.
No estacionamento do "CT" do Flamengo, Zico, com cara de nenhum amigo, se dirigia ao carro, após mais um dia de turbulência no Flamengo, quando foi interpelado pelo repórter Cícero Melo, da ESPN Brasil. Uma, duas, três perguntas. Nenhuma resposta. A porta do carro se fecha e Zico vai embora.
Nenhum questionamento quando à postura do Cícero. É dever do repórter, mesmo sabendo que, se não falou em coletiva, se não falou com ninguém, Zico provavelmente também não falaria com ele. Mas eu, no seu lugar, também tentaria. Só não poria no ar depois, por uma questão de elegância.
O que me fez questionar o estado atual (não mais) das coisas foi a postura do Zico. Aquele semblante. De um Zico que eu não reconheci nas imagens. Fiquei profundamente triste ao pensar que, depois de tudo que fez pelo clube, o Galinho agora pudesse estar numa situação em que, trabalhar para o clube, lhe causasse tanta angústia. Angúsia pela pressão, normal quando o Flamengo não vai bem, mas, principalmente, pelas acusações, tramóias, motins e pessoas escusas que rondavam seu trabalho nos últimos quatro meses.
Aí hoje eu chego no trabalho e dou de cara com a notícia de que Zico pediu o boné.
O primeiro sentimento, claro, foi de revolta e desesperança. Como pode alguém que se diz rubro-negro duvidar da idoneidade do Zico? Como pode, ainda hoje, a mesma corja que se instalou na Gávea na segunda metade da década de noventa ter tanto poder?
Quem é "capitão" Léo pra ser presidente do Conselho Fiscal do clube, depois de ter aprovado as contas de Edmundo Santos Silva em 99? Quem é Hélio Ferraz pra dizer que vai cobrar do "piloto" do futebol explicações pela má fase? Quem é essa gente, rubro-negramente falando, perto do Zico?
Por outro lado, agora, sinto alívio, uma quase felicidade pela saída do Galo. E me recordo do que senti quando, depois de 14 anos, pedi demissão do Sportv, por não concordar com os rumos do canal e com as decisões dos "capitães léos" de lá. Não é justo, numa relação de trabalho, que um lado se mate, se doe, se aborreça e se frustre enquanto o outro bate, explora, cobra e erra seguidamente.
Por isso, posso dizer que fico feliz com a saída do Zico do Flamengo. Feliz por ele.
O Flamengo atual não merece uma pessoa como Zico.
Merece, sim, sujeitos como o da foto. Ex-chefe de torcida, ex-dirigente da Ferj e, agora, ex-rubro-negro, como fica provado neste episódio.
Pra quem quiser entender o porquê das denúncias deste sujeito serem descabidas, sugiro a leitura da coluna de hoje do PVC.
E, por favor, que ninguém me venha com o argumento de que Zico errou ao abandonar o barco num momento de crise. Porque ninguém que se ache no direito de dizer isso jamais fez, pelo Flamengo, os sacrifícios que Arthur Antunes Coimbra fez.
Nem perto disso.
4 comentários:
Sinistro. Inacreditável.
Não consigo compartilhar seu alívio. Me sinto como um soldado menos do que raso que vê seu general abandonar a batalha. Zico devia ter respondido, ele tem o apoio do povo. Devia ter ficado e removido esse pessoal de lá. Talvez toda a genialidade do Zico no campo tenha sido apenas para prepará-lo para a disputa da qual desistiu, retomar o Flamengo para seu verdadeiros donos. Nós. Babou.
O buraco é bem mais embaixo do que imaginamos:
http://flamplarn.blogspot.com/2010/10/delinquencia-servico-do-flamengo-os.html
Outra leitura:
http://esportes.r7.com/blogs/cosme-rimoli/2010/10/01/o-dia-em-que-um-chefe-de-torcida-derrubou-zico-do-flamengo/
Cada dia fica mais claro que a Patrícia tem tanta culpa na saída do Zico quanto o capitão Leo e o restante de sua quadrilha na Gávea. Ninguem comunica a demissão por sms a toa. Usaram o galinho.
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