sexta-feira, 2 de julho de 2010

Nenhuma surpresa.


Caímos nas quartas, como em 2006.

Na Alemanha, éramos favoritos absolutos e perdemos por culpa da soberba e falta de profissionalismo de alguns, além de uma falha em lance de bola parada.

Agora, na África do Sul, éramos pragmáticos, eficientes e ainda favoritos, mas perdemos com direito a chocolate no fim e nova falha num lance de bola parada.

Além deles, claro.

Dunga e Felipe Melo.

Um jamais deveria ter sido o técnico da seleção brasileira. O outro jamais deveria ter vestido sua camisa.

"Alguém duvida que ele continuará chamando também Gilberto Silva, Josué e o HORROROSO Felipe Melo, motivo de piada na Itália e símbolo da crise por que passa a minha Juve?". Isso foi em 9 de fevereiro passado.

"Felipe Melo não pode ser titular da seleção brasileira. Do toque irresponsável de calcanhar no primeiro tempo à sua falta de urgência para voltar neste mesmo lance, passando pelas bordoadas, pelo pênalti infantil e pela expulsão merecida, tudo que se viu ontem em campo foi o verdadeiro Felipe Melo, aquele que qualquer torcedor de arquibancada do Maracanã até hoje se pergunta como pode ter enganado tanta gente - Dunga, Juventus, crônicos esportivos... Que a suspensão dele abra vaga para novos nomes, como Lucas, ou novas idéias, como Elano na posição de segundo volante." Esse post é de 10 de setembro, depois da vitória sobre o Chile, pelas eliminatórias.

Curiosamente, eu abri este mesmo post elogiando Dunga.

"Quem diria que, depois daquele jogo insosso contra a Argentina - apesar da vitória - a seleção brasileira me surpreenderia tão positivamente diante do Chile, já classificada, cheia de reservas, e jogando debaixo de chuva. Não só a seleção, mas, principalmente, Dunga. Quem ganha tempo lendo o Tudo Bola já sabe - eu não aprecio o ténico Carlos Caetano Bledorn Verri, assim como não apreciava o volante. Com a bola nos pés ou a prancheta na mão, seu estilo truculento e pouco cerebral jamais me cativou."

Hoje, perdemos por uma série de fatores. Quase todos relacionados aos dois. Que, curiosamente, são imagem e espelho um do outro. Uma síntese perfeita do que eu penso sobre essa seleção brasileira - a mesma que Cruyff não pagaria pra ver.

Fomos melhores no primeiro tempo, sim. Marcamos bem o adversário - ao melhor estilo Dunga - e marcamos o gol num lance genial, um passe à la Zico de Felipe Melo para Robinho. Mas só tivemos mais um bom lance, num chute de Kaká. Desde a abertura do placar, era evidente que a seleção, essa seleção, estaria mais preocupada em defender. Além de reclamar, claro. Em campo, o destempero de Robinho, Felipe Melo, Maicon e Kaká era outro reflexo do técnico à beira dele. Dunga chegou a ser interpelado pelo quarto árbitro e reclamava tanto de cada falta marcada pelo juíz japonês, que a FIFA simplesmente não o mostrou mais após o segundo gol da Holanda.

Técnico de pelada é assim. Muito mais importante no trabalho de pressionar o juíz do que na armação da equipe. Mas Copa não é pelada. E Dunga não é técnico, nunca foi. Por isso, após o gol de Sneidjer, a Copa acabou para o Brasil. Viramos um bando, sem nenhuma tentativa de jogada, só chutões e lançamentos equivocados enquanto Kaká, pela esquerda, pedia desesperadamente a bola mas não se movimentava para recebê-la. Aliás, nada se viu de guerreiro neste time, que nos 27 minutos após ficar em desvantagem correu menos e mostrou menos vontade que o adversário. Dunga fez o óbvio, tirando Michel Bastos para evitar sua expulsão e lançando Nilmar, sua única real opção para mudar o time no banco - o que é culpa única dele, que convocou mal. E demonstrou ser tão medíocre na função que, mesmo perdendo, mesmo correndo menos, mesmo com Gilberto Silva visivelmente esgotado em campo, simplesmente não usou sua terceira substituição, nem que fosse apenas e tão somente para ter um homem descansado em campo num momento em que jogávamos com um a menos e perdíamos. E aí chegamos ao Felipe Melo.

"Copas são ganhas e perdidas em detalhes". Isso hoje saiu da boca de Dunga, de Júlio Cesar e de Kaká.

Hoje os detalhes de nossa derrota foram:

- um gol contra de Felipe Melo, num lance em que Júlio Cesar até pode ter falhado, mas foi claramente atrapalhado pelo companheiro - afinal, é ele quem toca por último na bola e tromba com o goleiro.

- um gol de cabeça de Sneidjer, de 1,70m, num lance de escanteio em que Luis Fabiano não cortou a bola do primeiro pau - função que na Copa passada cabia a Adriano e, geralmente, cabe mesmo ao centro-avante - numa falha de marcação de... Felipe Melo, que fica parado a dois metros do holandês, nem pula com ele, nem consegue reagir a tempo para interceptar a cabeçada. Ou seja, não marca seu homem num lance de escanteio.

- a expulsão de... Felipe Melo, seis minutos depois do segundo gol holandês, acabando de vez com nossas chances e, pelo que pareceu, com qualquer espírito de reação do time.

Baixamos a cabeça. Paramos com a ótima marcação do primeiro tempo. Jogamos de forma absolutamente desorganizada, sem criar um único bom lance em 27 minutos, com exceção de um chute de Lúcio e uma bola cruzada na pequena área holandesa - mas foram dois lances isolados, originados de bola parada.

Foi a Holanda que fez, nesse tempo, o que o Brasil deveria ter feito após seu gol. O time laranja partiu pra cima, buscou mais um. Esteve duas vezes na cara do nosso goleiro, como se jogasse um rachão de fim de churrasco. Como afirmou seu técnico, poderia mesmo ter feito quatro ou cinco.

E a primeira seleção brasileira em Copas que tinha como característica fundamental jogar no contra-ataque fica pelas quartas.

Dunga e Felipe Melo ficam para a história assim como Barbosa, Toninho Cerezo, o próprio Dunga e Lazaroni, Roberto Carlos...

Que a próxima seleção brasileira me faça ter um pouco mais de orgulho do nosso futebol, por favor.

7 comentários:

Virgílio Dias disse...

O erro pode acontecer novamente. Teixera vai mudar o perfil do técnico.
Vai querer um cara diplomático, estilo intelectual. Pode ser o Leonardo, pessoa não muito querida no Tudo Bola.
Eu também não sou muito chegado a ele.
Abração e ótima crônica

Edu Mendonça disse...

Diretas para técnico da seleção!

Anônimo disse...

Confesso que mesmo torcendo para que esse molde de 'seleção' caísse, fiquei surpreso pela forma com que caiu hoje... eu realmente estava com dúvidas se ia cair mesmo, devido ao nível de forma geral da competição...salvo poucas excessões ( Argentina, Alemanha, Espanha, seguidas pelo Uruguai).

Coração sozinho não ganha. O mais impressionante nisso tudo, mais do que toda 'coerência' e 'jeito' do Dunga, aliados à soberba do grupo que se formou com ele, é tomarmos ciência da cabeça e preparo deles.
Lembro de uma entrevista do Murici Ramalho, onde mesmo seu time vencendo com boa vantagem, interpelou alguns comentários. Disse que nem sempre se ganha jogando bem, e que, as vezes se jogando bem se perde, isso se chama competir, tem que saber que suas limitações sempre serão exploradas. Liçao básica pra quem disputa qualquer coisa não só no esporte...

Parecia morte anunciada o que aconteceu com a seleção. O lado bom nisso tudo é que pelo ao menos o Dunga sai do comando... O lado ruim, é que nossa seleção, enquanto não der dimensão que favoritismos não existem, nunca saberá ser campeão. Taí uma diferença básica dessa seleção pra de 94. Infelizmente o Dunga daquela época, marcado por perseguição mostrou-se ruim como técnico.

Exponho aqui minha opnião, porque ao ler outros blogs, com excessão ao do PVC, todos 'mudam' de opnião conforme os resultados são apresentados...

Edu Mendonça disse...

Depende muito de como se encara o futebol e do que se espera dele. As opiniões podem mudar com os resultados, mas não deviam. Eu, como já escrevi aqui, quero resultado do meu time. Da seleção, quero futebol bonito, pra frente, vistoso, de que eu me orgulhe.

Anônimo disse...

E é claro o seu blog também se enquadra nessa excessão... eu também desejo ver um futebol assim em nossa seleção...

Precisamos de alguém na seleçao com mais consistencia e que queira resgatar esse tipo de futebol deixado pra trás...

Anônimo disse...

Vendo o jogo da Argentina x Alemanha, pude perceber, porque via em um lugar público e com bastante pessoas, o quanto somos hipócritas.
A Argentina no mundial jogou bem, nada excepcional,mas bem. E o Brasil? Cadê a torcida pelo bom futebol? Tudo bem que como técnico o Maradona não tem tido muito sucesso, mas ele está num começo e se ele continuar, e o melhor é que torçamos para que não, porque se for trabalhada, assim como ocorre agora com a Alemanha e Espanha, a Argentina será muito indigesta num futuro próximo...
Num entendo essas rixas em futebol, é até engraçado, mas nosso teto é de cristal...

Anônimo disse...

... até porque é só se imaginar um jogo de Copa, que é diferente, entre 'essa' seleção x Argentina, Alemanha ou Espanha...

Enquanto não soubemos competir e nos darmos conta que aqui não há nenhuma 'fábrica de talento'; e que ainda, o futebol de forma objetiva e pra frente já é realidade na maioria das seleções pelo mundo, estaremos e amargaremos perdas como essa morte anunciada que foi essa seleção do "técnico Dunga", que nem técnico é. Muita hipocrisia...