terça-feira, 11 de maio de 2010

O Personagem É Outro.

Esqueçam a fábula dos anões, apesar do apelido. O técnico da seleção brasileira tem muito mais em comum com aquele personagem carismático de Shrek. Sem a sagacidade e a irreverência, claro, além do carisma.

Se a lista não surpreendeu a ninguém, tirando o Grafite - de quem falarei daqui a pouco - a coletiva que se seguiu foi, no mínimo, impagável. E por aspectos totalmente negativos, vindos de todos os lados.

Dunga é o mais limitado comandante que a seleção brasileira já teve. De longe. Intelectualmente, culturalmente. Foram quase oitenta minutos de amargura, de incontáveis erros de português de toda forma, de pensamentos e tentativas de pensamentos confusos, equivocados mesmo. Dunga tentou falar de ditadura, de apartheid, de lobby, de teorias da conspiração, tudo com o mesmo conhecimento de causa que tem para convocar, escalar e montar o time brasileiro.

Deixou muito claro, claríssimo mesmo, que cada jogador convocado por ele ao longo destes quatro anos teve a sua chance de "mostrar que é jogador da seleção". E isso, para o técnico, envolve uma série de variáveis, sendo jogar futebol de seleção, em si, apenas uma delas. E certamente não a mais importante.

Já no fim da coletiva, foi explícito ao citar os nomes de Carlos Eduardo e Grafite. Para justificar o segundo - que atuou exatos 27 minutos com a camisa da seleção sob seu comando - lembrou que o primeiro, quando convocado, chegou e entrou no grupo "como um veterano", mostrando postura e "vontade" de estar no grupo como tal. "Grafite fez o mesmo", disse ele - "chegou e mostrou que é jogador de seleção".

Ora bolas, em 27 minutos é que não foi. Foi onde, então? Nos treinos? Naqueles treinos do Dunga? Claro que não.

Foi na panela.

Porque muito mais importante para o Dunga do que jogar futebol é ter o perfil do grupo. Que é o perfil dele próprio. Jogadores dispostos a dar o sangue pela camisa, como o Felipe Melo. Que unam os demais e tragam uma atitude positiva, como Josué e Kléberson. Que sejam totalmente disciplinados, obedientes, como Gilberto Silva, como Elano. Atletas que se sacrifiquem, doem pelo time... como Dunga.

Quem coloca o individual acima do coletivo, está fora.

E fora isso tudo, ainda há o fator Atletas de Cristo. Há muitos deles no grupo. Jorginho, braço direito do técnico, é o presidente do grupo no Brasil. Grafite, por exemplo, ainda não é integrante. Mas, na seleção, se reúne para rezar com os demais.

É com esse grupo fechado - que começa lá em cima, com Ricardo Teixeira, passa por Dunga, Jorginho e Américo Faria (que era supervisor da baderna de 2006) e termina com nomes como Felipe Melo, Josué e Júlio Baptista, que a seleção brasileira pode ou não fracassar na Copa. Como pode ou não voltar com o caneco.

O X da questão é o "como". E isso, para Dunga, pouco importa. Importam o resultado, acima de tudo, o comprometimento com o grupo e o tal amor à camisa.

11 comentários:

renato disse...

perfeito. e é por isso que vou torcer contra. o que, evidentemente, é também torcer a favor do que essa seleção não é.

Anônimo disse...

Esse comentário do Renato diz tudo, apesar de que todos já sabíamos que o Dunga iria fazer o que sempre diz fazer...

Se ele ganhar a Copa, entra pra História. Como o técnico mais sortudo de todas as edições...

renato disse...

e o requinte do opressor: ronaldinho gaúcho entre os sete sentinelas. isso não se faz. isso é escroto. ou convoca o cara ou esquece. pela história do ronaldinho no futebol, ele não pode terminar a carreira entre medianos como o tardelli ou novatos como o ganso. ele não pode ser considerado uma opção caso josués e felipes melos se machuquem.

Anônimo disse...

Só nos resta torçer pra que uma 'seleção' de verdade ganhe a copa. O Dunga não sabe que pra quem coordena deve-se ser imparcial a questões pessoais, e acho que isso foi o que mais 'pegou' no caso do Ronaldinho, ele não deve ter levado na esportiva aquele jogo... é uma pena, realmente uma pena ele estar de fora...

Edu Mendonça disse...

Foi cruel ao deixar Ronaldinho entre os sete. Cruel ou vingativo, não sei.

Foi incoerente com a inclusão do Ganso. Até porque, pelo que disse na coletiva, todos concluímos que o garoto nem entre os sete estaria.

Por isso tudo usou do artifício covarde de divulgar esses sete depois, enquanto o resto do mundo soltou sempre a lista com 30 (o Maradona não se enquadra nesse grupo).

Enfim... Apesar do Júlio e do Juan, não torcerei. Que Messi, Tévez, Higuaín e a Espanha salvem essa Copa.

Anônimo disse...

eu acho vcs jornalistas engraçados. quando eh um cara como o w.luxemburgo reclamam que o cara eh arrogante e metido a filosofar. ai quando entra um cara como o dunga direto e reto tb reclama. prefiro um como ele, original e franco aos que estão por aí.

renato disse...

ser direto, reto e franco não é necessariamente bom. o que o dunga fala direta, reta e francamente é de uma burrice assustadora. essa é a questão.

Edu Mendonça disse...

Como você, eu também acho jornalistas engraçados. Principalmente os esportivos.

Veja que ontem, por exemplo, muita gente fez graça em cima de um deles, só que injustamente. Cícero Melo perguntou ao Dunga na coletiva se ele, caso fosse o técnico em 58, também não teria levado Pelé. Dunga, claro, não entendeu a pergunta - e muitos também não. Disse que não havia sentido comparar Neymar com Pelé. Mas o fato é que a pergunta era absolutamente pertinente, pois em 58, apesar de já ter experiência na seleção, o negão ainda não era o Pelé, atleta do século, era só um menino começando. Genial, é verdade, mas um menino. Assim como o Neymar.

Eu procuro originalidade e franqueza nas minhas amizades, nos meus relacionamentos, não no técnico da seleção brasileira. Desse, eu quero capacidade, inteligência e conhecimento de causa. Não acho mesmo que Dunga tenha nada disso. Aliás, ele nem técnico é, na verdade. Por isso mesmo devia medir as palavras quando for usar a falta de experiência para justificar qualquer coisa.

Grande abraço!

MARCELO MENDEZ disse...

Olá Edu

Vim aqui e to conhecendo seu trabalho por intermédio de meu amigo aí do Rio, alexandre Bolinho, Flamenguista tão amalucado, quanto eu sou palmeirense aqui em Sampa. Gostei do seu texto e de sua análise, Perfeita. A minha ta no meu blog CANELA DE FERRO o qual, o convido a conhecer:

www.bretonicas.blogspot.com


O seu ta favoritado aqui!!

Forte Abraço e parabéns!

Edu Mendonça disse...

Seja bem-vindo, Marcelo, a casa é sua. Vou passar lá pra ver. Abraço!

Anônimo disse...

O Dunga não foi, em hipótese e de nenhuma forma possível direto e reto, prova-se por essa lista dos sete totalmente 'incoerente' à sua coerência.

Concordo com o comentário anterior de que jornalistas são engraçados sim, porém nada ao se comparar com tantos atos visivelmente formadores de opnião(leia-se panelinha), como foi esses testes todos que o Dunga fez com esses quase 90 jogadores.

E se quiser se indignar um pouco, veja as matérias esportivas do jornal extra daqui do Rio, aquilo sim é 'engraçado'. O mesmo jornalista e/ou editor, que eleva às alturas os jogadores, são os mais incoerentes quando criticam os mesmos... E ainda tentamos achar o lado sério do futebol por essas bandas...