terça-feira, 11 de maio de 2010

E Lá Vamos Nós.

Dunga perdeu a chance.

Bastava ceder um pouquinho aqui e ali. Deixar de lado, mesmo que brevemente, sua auto-proclamada coerência - que como o craque Tostão escreveu em sua coluna, não é virtude. Tivesse aberto mão de uma ou duas peças que provavelmente sequer entrarão em campo na África do Sul, e teria trazido para si a simpatia e torcida de toda uma nação. Mas não fez isso. E agora vai para a Copa com a cobrança de cento e noventa milhões de pessoas na ponta da língua. Ao primeiro insucesso - possível já na fase de grupos - o coro será ensurdecedor.

Para uma Copa quase militarizada - pelas campanhas publicitárias, mais parece que vamos para a guerra - Dunga manteve sua linha de comando, valorizando conceitos como fidelidade em detrimento do talento. Como eu já havia escrito aqui, achava difícil que ele, no fim de uma jornada de quase quatro anos, levasse quem jamais lhe deu uma gota de suor. Lembrem sempre que Dunga é aquele que, quando levantou a taça, em 94, vociferou palavrões. Um homem ressentido e magoado pelo fracasso de 90, marcado pela alcunha de "Era Dunga". Flagrado pelas câmeras, em 98, dando uma cabeçada no companheiro Bebeto. Alguém que, ainda hoje, precisa provar para todos que é possível vencer dentro de suas convicções, do seu jeito.

E assim vamos para a África do Sul com Josué, Felipe Melo (quantos minutos de mundial até ser expulso?), Gilberto Silva, Júlio Baptista, Kléberson... e até Grafite.

...e sem Ganso. Nem Neymar. Sequer um Ronaldinho Gaúcho.

Dunga foi chamado para "limpar a casa" após a bagunça e o fracasso na Alemanha e "restaurar o amor pela seleção".



Meu amor ela não terá.

Pois temo - temo mesmo - pelo que pode significar para o futebol uma vitória brasileira com um time assim, um pensamento como esse e um "técnico" como Dunga.

* * *

A foto que ilustra este post ilustra também a situação absurdamente parecida com a atual, só que vivida em 1978 - o jovem Falcão, bicampeão brasileiro pelo Internacional, fora deixado de fora da lista da Copa pelo não menos teimoso Cláudio Coutinho. Naquele mesmo mundial, aliás, Menotti também deixou de levar um tal Diego.

10 comentários:

Bolinho disse...

"temo mesmo - pelo que pode significar para o futebol uma vitória brasileira com um time assim, um pensamento como esse e um "técnico" como Dunga".
Assino embaixo! E tem que ser muito cego pra não levar Dênis Marques e Willians!!

renato disse...

ar-gen-ti-na!!!ar-gen-ti-na!!!ar-gen-ti-na!!!ar-gen-ti-na!!!ar-gen-ti-na!!!ar-gen-ti-na!!!ar-gen-ti-na!!!ar-gen-ti-na!!!

Edu Mendonça disse...

Amigos, inacreditável a coletiva. Nunca antes tivemos pessoa tão limitada intelectualmente no comando da seleção. Dunga é um homem extremamente ignorante, burro mesmo. Hora de me divertir com Trajano, PVC e Calazans falando sobre, hehehe.

renato disse...

camarada, chico anysio sobre o dunga:

"ele acha que dois e dois são quatro; e que três e um não são."

camilo disse...

ele deu mole. ficou sozinho na história. sou novo, mas nao me lembro de um clima assim depois de uma convocação de copa.

Edu Mendonça disse...

Nem eu. Mas desde que acompanho (1982), nunca houve uma lista como essa.

renato disse...

qual é a seleção mais chata da história? essa ou a de 90?

Edu Mendonça disse...

Pra mim, essa.

A de 90 pelo menos tinha mais qualidade. Taffarel, Jorginho, Ricardo Gomes, Branco, Alemão, Careca, Romário, Mozer, Aldair, Muller, Bebeto, Renato Gaúcho, Mauro Galvão...

O problema dela, pra mim, era o Lazaroni. Que perdeu o posto hoje.

camilo disse...

voltando à lista, acho sinceramente a convocação do Kléberson uma coisa muito séria.

Eu pensava que o símbolo era o Elano, mas agora vejo o Kléberson nesse avião pra África o maior absurdo disso tudo.

Edu Mendonça disse...

Reserva do Toró. Sem mais.