quinta-feira, 15 de abril de 2010

Ter Ou Não Ter, Eis A Questão.

Marquem a semana que está quase acabando. Fatos importantes aconteceram e podem, num futuro próximo, gerar uma grande mudança na estrutura do futebol brasileiro.

Infelizmente, da tragédia de Shakespeare, nesta história estão apenas seus temas: traição, vingança, moralidade e corrupção.

O ponto de partida é a reeleição de Fabio Koff para o comando do Clube dos 13 - que hoje tem vinte clubes - pelo placar de 12 a 8. A chapa encabeçada pelo São Paulo de Juvenal Juvêncio e o Flamengo de Patricia Amorim venceu a capitaneada pelo Corinthians de Andrés Sanchez. O adversário de Koff era Kléber Leite, numa candidatura que tinha o velado apoio da CBF, em uma eleição que era acompanhada com atenção pela TV Globo - maior ameaçada pelo resultado.

A emissora pagou ao Clube dos 13, pelos direitos de transmissão do campeonato brasileiro até 2011, um bilhão e meio de reais, num contrato de três anos. É pouco. O futebol é um dos pilares de sua programação e gera algumas das maiores receitas publicitárias da casa. Para efeito de comparação, os direitos da Premier League, por contrato de igual duração, custaram cinco bilhões de reais.

Fabio Koff, os presidentes dos vinte clubes e a torcida do Flamengo sabem que o dinheiro é pouco. E todos também sabem que, constantemente na bancarrota, clubes aceitam adiantamentos da TV, gerando uma situação em que quem pega fica sem ter como pedir mais na hora de renegociar, pois deve. Só que, desta vez, parte dos vinte clubes queria pagar pra ver, exigindo mais do que um substancial aumento no valor do contrato. A ideia é, como em tantos setores, abrir concorrência.

Assim que Koff foi reeleito, a TV Record se pronunciou, confirmando o interesse nos direitos de transmissão. O receio da atual detentora é exatamente uma nova rasteira por parte da concorrente, que lhe tirou as Olimpíadas de Londres. Tentem imaginar a Globo sem o futebol e a Record, com aquela grade de programação cheia de buracos, podendo passar vários jogos por semana.

Ricardo Teixeira, presidente da CBF, não ficou contente com a derrota de Kléber Leite, seu fantoche. Sabe, de trás para frente, quais presidentes votaram contra ele: de São Paulo, Palmeiras, Portuguesa, Atlético-MG, Atlético-PR, Flamengo, Fluminense, Guarani, Bahia, Sport, Grêmio e Internacional. E já lançou sua vingança, a seu estilo, sobre os dois líderes do movimento - o São Paulo, de Juvenal Juvêncio, e o Flamengo, de Patricia Amorim.

Afinal, qual teria sido exatamente a fonte que fez o Estado de S.Paulo garantir que o Morumbi estava fora da Copa de 2014, fato que a FIFA negou pouco depois?

E por que motivo só agora, quase dois anos depois de afirmar que resolveria a questão, a CBF determinou a entrega da Taça das Bolinhas ao São Paulo, quando, de fato, deveria ser do Flamengo?

Ao mesmo tempo que retalia, a CBF tenta gerar a discórdia no grupo dissidente.

Em contrapartida, o presidente do Corinthians, que votou em Kléber, foi anunciado como chefe da delegação brasileira na Copa. Sim, o senhor Andrés Sanchez, com toda aquela sua postura e eloquência.

E, enquanto isso - enquanto o Clube dos 13 se racha ao meio, enquanto todos os clubes devem fortunas e ainda se vendem por quase nada - a CBF anuncia mais um patrocinador, elevando seus rendimentos anuais com patrocínios para 220 milhões de reais.

Não é mesmo tudo muito podre na tragédia do futebol brasileiro?

10 comentários:

Bolinho disse...

o que me deixa bobo é que ninguem na imprensa - absolutamente ninguem - comenta o fato de que esse cara é presidente da CBF ha quase 20 anos! estarrecedor...

Edu Mendonça disse...

Na Granja, eu já vi ele mandar deixar os caras da ESPN Brasil - que critica e denuncia - debaixo do maior sol, enquanto a gente - que não podia falar mal - tinha tenda armada do lado do campo e todas as facilidades. Esquema de máfia mesmo. Por isso tantos se omitem de falar sobre ele ou a própria CBF, que nunca fez tanto dinheiro.

Mas depois do jingle dos 45 anos da Globo que traz o slogam da campanha do Serra disfarçado (fora o 45 do PSDB)... pelo menos já tiraram do ar depois que o PT reclamou. Por que tiraram, ora?

Anônimo disse...

Concordo com gênero, número e grau, porém por quê isentar os clubes envolvidos?? Se há um valor, esquema, ou seja lá o que mais, também há grande culpa dos clubes. Se vendem por pouco porque são administrados pessimamente. O que é algo a se questionar também, por quê tudo tem que ter um valor para ser negociado??

Cadê a inteligência administrativa, coordenadora e seletista?? Tudo isso existe há muito tempo aqui. O que mais desanima é o fato real e pífio, de que, torcemos por clubes medíocres, sem estrutura, não porque não possuem condições plenas, mas sim porque não tem noção mesmo do que é isso; e o que é pior, elegem ídolos que se acham imbatíveis dentro e fora de campo...ou melhor, nós torcedores, admiradores elegemos...

Futebol por essas bandas não se deve ser levado à sério, talvez até nós estejamos acobertando toda essa sujeira que só se fortalece. Forma-se um verdadeiro cartel, onde a implicidade do ser, agir, ter e acobertar erros se cultiva. Emissoras chacais sempre irão existir, mas cabe aos clubes darem o direcionamento mais recíproco...

Anônimo disse...

...ah, e antes que eu me esqueça, Ricardo teixeira é só a ponta do iceberg...

renato disse...

camarada, e a campanha da brahma? piorou. a "postura" de guerreiros ficou mais boçal, e agora acompanha um pagode. a arte acabou.

Edu Mendonça disse...

Nunca, em toda a vida, estive tão pouco interessado numa Copa como esta que se aproxima. A culpa, claro, é dessa onda dunganiana, que contamina tudo.

Arte é Messi.

Anônimo disse...

"Na Granja, eu já vi ele mandar deixar os caras da ESPN Brasil - que critica e denuncia - debaixo do maior sol, enquanto a gente - que não podia falar mal - tinha tenda armada do lado do campo e todas as facilidades."

:(( Me sentindo incrivelmente mal agora por fazer piada com o pessoal da ESPN Brasil. Eu os acho mto sérios e às vezes não parecem ter senso de humor, mas vejo que gente que TRABALHA com área tem uma relação bem diferente com futebol/esporte em geral do que eu, que só vejo.

Não tenho que passar perrengue pra ver e me informar das coisas que gosto - já que outros o fazem pra mim! - então ficam bem mais fácil só se divertir com os jogos, né? Bah.

(Adorava o Messi até ele destruir, praticamente sozinho, todos os times para os quais torço na CL. Peguei raiva. >:( )

Edu Mendonça disse...

Ana, o pessoal da ESPN Brasil é dono da audiência lá de casa. E nem os acho tão sisudos, principalmente em programas como o Linha de Passe e Bate-Bola. Jornalismo Esportivo com maiúsculas.

Dá mesmo pra ter raiva do Messi?

alhm disse...

"Dá mesmo pra ter raiva do Messi?"

Pode apostar >:(

(Concluí recentemente que sou uma daquelas pessoas odiosas que gosta mais de torcer do que do futebol propriamente dito. FALHA DE CARÁTER!! etc etc)

Edu Mendonça disse...

Eu te entendo.

Tem um amigo meu que tinha raiva e torcia contra o Michael Jordan simplesmente por ele ser o Michael Jordan e fazer aquelas coisas de Michael Jordan (ele, claro, não é torcedor dos Bulls...).