quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Assim é o futebol.

A chuva fina não impediu minha nadadinha básica. Foi na volta para casa que vi que também não foi problema para as centenas de botafoguenses na fila por ingresso para domingo em General Severiano.

Quando um jogo como o de ontem acontece, é preciso tentar entender o que não se pode explicar, em busca de uma razão para o futebol ser assim.

Então vamos lembrar que foi, sim, o melhor para o campeonato. Lá estarão, na final da Taça GB, o Vasco, ressurgido depois do purgatório da segundona, e o Botafogo, que finalmente quebrou a escrita de dois anos e dez jogos. E, de quebra, ganhou o direito de uma revanche com o rival que o submeteu à maior humilhação de seu passado recente - e olha que ele revela outros episódios não menos vergonhosos.

Aqui, um parênteses - de forma alguma eu concordo com a opinião de que o botafoguense deve se envergonhar da maneira como chegou à vitória ontem. Jogou de forma acovardada, como sua torcida, cada vez mais ausente? Sim, sem dúvida. Mas venceu. Sabia de suas limitações e se propôs a buscar a vitória da única maneira possível, jogando atrás e apostando nos postes Herrera e Loco Abreu. Foi eficiente e virou pra cima do Flamengo - problema dele se perdeu quase uma dezena de chances e se o juíz, horroroso, voltou atrás numa expulsão que deveria ter acontecido.

Flamengo que oscilou entre o bom e o mau tom nas explicações após a derrota. Andrade disse que todos viram um pouco de futebol inglês ontem no Maracanã. Eu digo que Andrade não deve assistir aos jogos da Premier League. Se assim fosse, saberia que não se joga somente à base do chuveirinho há tempos por lá. Pelo contrário - hoje, é na Inglaterra onde a bola corre mais veloz, em triangulações e muitos passes de primeira, dos gigantes aos nanicos que os imitam. Coisa que tem faltando justamente ao Fla de Andrade, que gira a bola de um lado para o outro sem eficiência, já que quem recebe nunca vê um companheiro (ou dois) encostar para uma tabelinha ou triangulação. Pior, ontem, foi o técnico ter sacado Vinícius Pacheco, único em campo com coragem para partir para cima do marcador, deixando Kléberson, pior do time.

Marcos Braz, em contrapartida, foi sereno ao minimizar a derrota - sem desmerecer o Bota - e afirmar que não fará nenhuma loucura para reforçar a defesa. Nem cobrará o grupo por supostos excessos na folia momesca.

Braz me parece ser oito ou oitenta. Como o futebol.

* * *

Muricy, que disse ontem não ter medo "de porra nenhuma", foi demitido nesta tarde, seis meses depois de assumir o Palmeiras, à época, líder absoluto do campeonato brasileiro. Sai com um medíocre aproveitamento de 49,1% em 34 jogos.

Muricy deveria ter medo sim - de se tornar um técnico estigmatizado por seu jeito irrascível e também por só ter dado certo, mesmo, num só clube.

Perguntem ao Leão como é isso.

3 comentários:

Luciano disse...

O jogo, segundo a Globo, foi 'tenso', mas eles não concluíram: tenso porque feio, com o Botafogo apelando infelizmente para a catimba e a reclamação, com direito até a tentativa de 'La mano de Dios' por Abreu. E teve eco também do lado do Flamengo. Sinceramente, chego a ficar enjoado de ver uns marmanjos como esses se esperneando, batendo o pezinho e dando chilique, estando certos ou não...nesse ponto até que se podia copiar a disciplina do jogo 'irmão' o rugby, guardadas as brutalidades em seus devidos lugares.
Acho que o Flamengo só não perdeu por mais gols porque apesar de jogar mal o Botafogo também foi mais ou menos.
E cheguei aquela conclusão: sem paciência nenhuma para Juan e Léo Moura. E o Wagner Love? Achei ele bem mais empolgado na Sapucaí do que no jogo, embora não dê para colocar nos ombros dele toda a culpa, por causa do conjunto do time etc., mas me lembrou as últimas atuações dele pelo Palmeiras, bem ao estilo 'acabou o gás'...tomara que seja só temporário.

Edu Mendonça disse...

Meu velho, certa vez, alguém (mais pra ninguém, na verdade) disse que meu problema é ser intolerante. Aí eu passei a pensar se a intolerância é virtude ou defeito. Dentro do que eu penso da vida, tá mais pra primeira. Porque tolerar, em si, não é legal. O legal você curte, não tolera. Você tolera, geralmente, o que está errado, o que não é preto nem branco, o duvidoso, o imoral e por aí vai. Eu acho que se todos fôssemos um pouco mais intolerantes, todos também andaríamos mais na linha. A gente tolera o Collor andando na rua até hoje...

Eu não tolero mais o Juan.

Anônimo disse...

Jogo muito 'feio' e infeliz de se ver... falta, com certeza ao Andrade ver mais futebol da Premier League. Pelo ao menos lá, vemos mais objetividade e 'conjunto' funcionar.

Tolerar, eu acho até fácil, o difícil e continuar a se importar quando se vê tanta irracionalidade em um conjunto cada vez mais deficiente e egocentrista...