sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Os Melhores da Década

Uau, mais uma que se foi.

Já são três bem vividas e lembradas - a de setenta, sinceramente, não me diz nada, pois nasci em 73. Nunca esquecerei dos tempos românticos dos oitenta, quando o Flamengo ganhava tudo e eu ía a festas de quinze anos com a camisa social dobrada por cima da manga do blazer, o que era moda na época. Mas é melhor não falar dos conceitos de moda dos oitenta. Na seguinte, Zico foi substituído por Jordan, que de 91 a 98 foi a melhor expressão das palavras imbatível, extraordinário e fenomenal, apesar de um certo Ronaldo ter ganho a alcunha. Ganhamos nós uma Copa sem brilho, em 94. Júnior me fez feliz em 92 e MJ, bem, MJ se aposentou duas vezes naquela década. Nenhuma delas para sempre.

Veio então o 2K. Sem o tal bug. Mas com uma velocidade das coisas que nunca se viu antes. Inclusive no degelo, nas extinções de espécies e nas mudanças do clima. Mas, claro, percebe-se com mais facilidade mudanças na música, no cinema, no esporte...

Essa listinha deveria ter sido postada na virada. Ou nos últimos dias da década. Não importa. Os anos 2000 serão pra sempre lembrados, de um jeito ou de outro. Nem que seja pelos TB 00's Awards.

ATLETA DA DÉCADA
Tiger? Schumi? Kelly? Armstrong? Kobe? Phelps? Bolt? Ronaldo? Fico com Tiger. Em uma década, se tornou o primeiro atleta bilionário do planeta (ok, talvez deixe de ser em breve). Dominou o seu esporte como nenhum outro, durante todo o período. Venceu nove majors, chegando aos quatorze na carreira - quatro a menos que o mito Jack Nicklaus. Só que Tiger tem mais umas duas décadas de golfe pela frente pra continuar vencendo. E como vencer parece ser o único remédio viável após essas férias nada sabáticas...

PERFORMANCE DA DÉCADA
É difícil argumentar contra os 81 pontos de Kobe e algumas atuações de craques como Ronaldinho, Zidane, Messi, Federer. Ou mesmo recordes espetaculares como os de Bolt. Mas Michael Phelps pode botar na mesa oito medalhas de ouro conquistadas em Pequim. Um feito sob uma pressão absurda para que não falhasse - e isso, sendo apenas um garoto, como provou nos meses seguintes, agindo como tal. Bem, durante os jogos, naquele 2008, ele não foi. E isso fica não na história da década apenas, mas deste século, certamente.

AMARELADA DA DÉCADA
Essa é do Flu e ninguém tira. Chegou brilhantemente à final da Libertadores, passando por Boca e São Paulo. Tirou a desvantagem diante da LDU e levou a decisão para os pênaltis. E perdeu. (Aliás, reparem neste vídeo a pálida incentivada que a torcida do Flu dá ao FH antes da primeira cobrança).

JOGO DA DÉCADA
Bem, eu vi grandes jogos de futebol e tênis que receberam consideração. O próprio Superbowl do ano passado seria digno do posto. Mas esse fica com um jogo de basquete, claro. Lakers 112, Kings 106, jogo 7 das finais do oeste da NBA em 2002. Kobe e Shaq contra um time irresistível, que tinha Mike Bibby, Peja Stojakovic, Chris Webber e Vlade Divac. Uma rivalidade que beirava o ódio entre Los Angeles e Sacramento, prima pobra da Califórnia. Eram os dois melhores times da liga e eu assisti a este jogo enfiado debaixo de um cobertor, no chão de um quarto de hotel, com o volume da tv bem baixo para não acordar meu companheiro de quarto, grande Chafi. O jogo começou às quatro e meia da manhã na Coréia, onde eu estava cobrindo a Copa, que ainda começava. Fisicamente, nunca mais me recuperei. Pena que os juízes tenham dado uma forcinha e os Lakers vencido. Na prorrogação.

TIME DA DÉCADA
Essa é uma escolha pessoal e intransferível, como todas as outras. Nesta década, para mim, o time foi o Arsenal campeão inglês da temporada 2003-2004. Vinte e seis vitórias, doze empates, nenhuma derrota. E eu tive o prazer de acompanhar tudo, jogo a jogo, a cada plantão daquele ano. No total, aquele Arsenal ficou 49 jogos invicto. Tinha Henry, Bergkamp, Pirès, Ljungberg, Vieira, todos no auge.

RIVALIDADE DA DÉCADA
Federer x Nadal. Quando surge um novo gênio, capaz de superar a todos os grandes, eis que surge também um touro que vira a pedra em seu sapato. É roteiro ideal - não há grandes ídolos sem grandes adversários. A questão é quem será quem no fim da linha.

GOLAÇO DA DÉCADA
Zidane, na final da Champions de 2002. Pra mim, uma barbada. A narração diz tudo e mais.

MICO DA DÉCADA
Zidane e sua cabeçada na final da Copa de 2006. Foi só o último momento dele no futebol. Gênios não sabem mesmo como encerrar suas carreiras...

MUSA DA DÉCADA
Dez dos títulos de duplas conquistados por Anna Kournikova na WTA foram entre 2000 e 2002. Então, tecnicamente, ela se qualifica a ser a musa da década. Logo, o resto vira o resto.

CARA-DE-PAU DA DÉCADA
Rebecca Gusmão teve concorrência acirradíssima - o esporte é terreno incrivelmente fértil para espécimes do gênero. Mas levou o prêmio. Afinal, sua cara, mesmo não sendo de madeira, diz tudo que é preciso se saber sobre ela e sua mentira.

MALA DA DÉCADA
Nuzman. Graças a Deus o Brasil vai finalmente sediar os jogos.

ENGANADOR DA DÉCADA
Tiger Woods também levou esse, no apagar das luzes. Quem poderia imaginar que o bom moço do golfe, ícone queridinho de uma nova América, fosse apenas uma versão negra, mais rica e viciada em prostitutas de Michael Douglas, ator que na década passada tornou público seu vício por sexo, depois de procurar tratamento. Tiger sofre de uma certa compulsão de mau gosto, aliás. E um tanto monocromática, diga-se.

BRAVATA DA DÉCADA
Renato Gaúcho dizendo que iria brincar no Campeonato Brasileiro. Acumula o título de fanfarrão da década.

FARSA DA DÉCADA
Lembram-se de Kostas Kenteris e Ekaterini Thanou nos jogos de 2004? Sumiram na hora do teste anti-doping e forjaram um misterioso acidente de moto para se esconderem em um hospital. Eu, por acaso, fui parar nele por conta de uma horrorosa micose no pé, graças àquelas malditas meias e sapatos sociais do uniforme da Globo (que logo seriam abolidos em favor dos tênis). Fui no dia seguinte ao sumiço. Na meia hora em que estive lá, fui escoltado por quatro seguranças, não sem antes passar por uma revista pior que a da Polícia Rodoviária de Paraty. Ali, soube que era tudo mentira.

BRIGA DA DÉCADA
Pistons x Pacers, 2004, sem sombra de dúvida. Ron Artest, o cachorro louco que deita na mesa, foi suspenso pela NBA pelo restante da temporada.

ABSURDO DA DÉCADA
Maradona técnico da seleção argentina. Graças a Deus nunca tentamos o mesmo com o negão.

FRASE DA DÉCADA
Outra escolha muito pessoal. Fico com Rasheed Wallace, hoje nos Celtics. Nos tempos de Portland Jail Blazer, foi parado por um policial enquanto dirigia ao lado de Damon Stoudamire, companheiro de time. Diante do cheiro que era praticamente um flagrante, o oficial pergunta se eles tinham maconha no carro. A resposta veio de pronto: "Nope, we smoked it all up".

FERNANDO REDONDO DA DÉCADA
Riquelme e sua postura em relação à seleção. Pelo menos Redondo tinha uma causa, por mais idiota que parecesse (e não era)

TRANSAÇÃO DA DÉCADA
Adriano. Tava aborrecido em Milão, disse tchau pros italianos, sumiu um tempinho, apareceu dizendo que precisava se tratar e continuou abusando de tudo, até de fazer gols. Caiu no colo do Flamengo, que acabou campeão brasileiro. Custo? Ah, pergunte pra Olympikus.

ESCÂNDALO DA DÉCADA
O anel de diamantes de quatro milhões de dólares que Kobe Bryant deu à mulher como pedido de desculpas pelo escândalo do Colorado, quando o astro foi acusado de estupro. Nesse caso, tudo vira detalhe, até a inocência dele.

ZEBRA DA DÉCADA
O título dos Red Sox de Boston, em 2004, deu fim à uma piada de 86 anos. A derrota da seleção americana de basquete para Porto Rico, em sua estreia nas olimpíadas daquele ano, a que eu tive o prazer de assistir a cinco metros da quadra, não foi menos surpreendente (ficou depois, com as outras derrotas). Mas para mim nada supera a Grécia campeã européia de futebol, também em 2004. Foi ano da Zebra no calendário chinês?

MELHOR COISA DA DÉCADA
O NBA League Pass Broadband, que me permite assistir via web, em full HD, a todos os jogos da NBA por 29 dólares ao mês. A próxima década promete.

11 comentários:

fábio balassiano disse...

edu, nunca tinha visto o seu blog. muito legal, parabéns.
mas queria comentar uma coisinha aqui.
não curto muito esse negócios de listas porque minha memória é péssima, e acho que a gente, quando faz uma dessas, sempre acaba esquecendo de algo.

não é por ser tricolor, mas discordo veementemente da "amarela". e o vôlei feminino nas olimpíadas de 2004? era o tal 24-19, não? acho um pouco mais forte que uma derrotas, nos pênaltis, na final da libertadores...

no jogo da década, coloria, também, o nadal e federer de wimbledon. mas aí é muito pessoal também.

parabéns pelo blog.
abs, fábio

Edu Mendonça disse...

Fala, Fábio!

Ah, eu também não curto. E esta, em especial, é só uma grande brincadeira mesmo com o fim da década. Dentro deste espírito, botei o Flu acima do vôlei feminino por dois motivos: 1) foi em casa, em mais um Maracanazzo para os cariocas (Fla na Copa do Brasil e Libertadores, Vasco no mundial da FIFA...) e 2) eu mal considero vôlei como esporte, só por força da profissão mesmo.

Você lembrou bem da final de Wimbledon, histórica.

Grande abraço!

renato disse...

grande post, camarada. mas senti falta de uma terceira referência ao zidane: a exibição de gala contra o brasil em 2006. não há no mundo quem me convença com aquele papo de "ah, mas se o brasil tivesse marcado, se tivesse dado porrada..." ter provocado, numa seleção brasileira, essa intimidação (aparente ou vedadeira, não importa), também faria/fez parte da atuação do zidane naquele jogo. acho que a minha geração nunca tinha visto um solo com aquele. nem do maradona.

Camilo disse...

é pessoal demais mesmo...

me marcou muito aquela atuação do Ronaldinho Gaúcho contra o Real Madrid, em que o cara acabou com o jogo, nao lembro se fez dois ou tres gols. era uma superioridade técnica que assustava e provocava opiniões de que já era melhor do que o Maradona. estavam bem enganados, né...

Edu Mendonça disse...

Duas atuações inesquecíveis, sem dúvida. O Zidane foi cerebral naquele jogo (tem um drible sobre dois, no meio de campo, que nunca me saiu da cabeça). Era um cracaço. Lembro do outro jogo dele, contra a Suécia, na Copa de 2002 - o único jogo a que assisti no estádio. Mesmo machucado, usando uma proteção na coxa, a cada vez que ele tocava na bola ouvia-se aquele "ohhhh...". E não era por se tratar do Zidane, mas sim porque, mesmo daquele jeito, ele fez jogadas absurdas, abusando da inteligência e dos toques de prima.

O Ronaldinho, lá pela primeira metade da década, tava jogando mais do que o Messi nos últimos doze meses. Isso diz muito, né?

Anônimo disse...

Tem ainda a atuação inesquecivel do Edmundo contra o Manchester, pelo mundial da fifa, em 2000.

Edu Mendonça disse...

Ou você é vascaíno ou não está falando sério. Se bem que, podem ser as duas coisas.

Camilo disse...

e o teu ídolo naquelas séries finais contra os Jazz e os Sonics na década de 90?

Só torcia contra ele, pq nao entendia como caíam todos aqueles jumps marcados, como ele conseguia aquelas infiltraçoes, a concentração absurda, marcação, força, etc, etc, etc...

Minha saída era torcer pra ele errar.

Edu Mendonça disse...

Ah, os 90 FORAM DELE... Lakers, Magic, Blazers, Drexler, Suns, Barkley, Sonics, Kemp, Payton, Jazz, Stockton, Malone. No fim daquela década, MJ era comparado com JC como a figura mais conhecida no planeta. Tinha que ser mais do que simplesmente os tênis...

Lucas disse...

Edu, tem aquele jogo clássico de basquete da Lagoa. Ou aquilo já é da década retrasada?!

Edu Mendonça disse...

Hehehe... Eu imagino a gente com 80 anos e você ainda me lembrando daquele drible. Mas foi na década retrasada mesmo.