sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Mata-Mata.

Faltam só seis rodadas. Então, vejamos:

O Palmeiras tem pela frente o clássico contra o Corinthians, em que qualquer resultado será normal (como, aliás, penso ser qualquer resultado, em qualquer jogo deste campeonato). Pode também tropeçar diante do Fluminense, no Maracanã. Depois recebe o Sport. Enfrenta ainda o Grêmio, no Olímpico - pela lógica das necessidades de cada um à essa altura, o Palmeiras seria favorito. Mas e diante do Atlético Mineiro, depois? Um empate não seria anormal.

O São Paulo vai vencer o Barueri, no Morumbi. Mas pode muito bem perder dois pontinhos diante do Grêmio, no Olímpico. Algo que não deve acontecer contra o Vitória, novamente em casa. Mas que pode se repetir diante do Botafogo, rival histórico e que estará precisando da vitória no Engenhão. Outro jogo fora, contra o Goiás, deve ser mais fácil.

O Atlético Mineiro tem jogo duro contra o Goiás. Pra quem foi capaz de perder para o Flu, deixar dois pontinhos no Serra Dourada não seria surpresa. Se isso acontecer, outro revés diante do Flamengo, mesmo em casa, não seria algo inimaginável. O que tornaria a vitória sobre o Coritiba, fora, na rodada seguinte, obrigatória. Depois viria o clássico contra o Inter, no Mineirão, em que o empate seria resultado mais que normal.

O Internacional deve vencer o Botafogo, em casa. Idem diante do Barueri, e também contra o Santos, no Beira-Rio. Mas pode empatar ou perder para o Atlético Mineiro, no Mineirão. E ainda diante do Sport, novamente fora, já que na hora H esse Inter tem rateado.

O Cruzeiro não deve tomar conhecimento do Fluminense no Mineirão. Mas pode perfeitamente ser surpreendido pelo desesperado Sport na rodada seguinte, na Ilha do Retiro. Pega o Grêmio, em casa, na sequência. Depois enfrenta o Atlético Paranaense, fora, em jogo decisivo. Apostaria no Cruzeiro em ambos. Assim como contra o Coritiba, em Minas.

O Flamengo tem tudo para vencer o Santos, no Maracanã, se tiver Petkovic. E se vencer, pode também passar pelo Galo, no Mineirão, no embalo. Claro que, aí, aumentaria a probabilidade de um daqueles tropeços tolos contra o Náutico, nos Aflitos. De volta ao Maracanã, sobre o Goiás, a recuperação seria uma obrigação diante da torcida. E se vencer esse jogo, encara o Corinthians, que já estará pensando em 2010, com invasão da torcida ao Pacaembu.

Diante dessas possibilidades, Palmeiras (66), São Paulo (65), Flamengo (64), Cruzeiro (63) e Internacional (63) chegariam todos à derradeira rodada com chances de título. Nela, vão enfrentar, respectivamente, Botafogo (Engenhão), Sport (Morumbi), Grêmio (Maracanã), Santos (Vila) e Santo André (Beira-Rio).

E ainda tem gente que diz precisar do tal mata-mata pra sentir a emoção dos momentos decisivos do campeonato.

Hã?

* * *

Mudando de assunto, muito me espanta a revelação de Andre Agassi com relação ao uso de drogas lá pelos idos de 1997, época em que o crystal meth pegou muita gente. Qual o sentido de revelar uma coisa dessas agora, causando contrangimentos para quem ele enganou (ATP) e levantando ainda mais suspeitas sobre o já permissivo mundo do tênis?

Se ele queria vender bem seu livro, seria muito mais impactante e sincero sair do armário, admitindo a homossexualidade e o casamento aberto/de fachada com Steffi Graf.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Deixaram chegar...

Creio que nunca me foi tão difícil escrever. O natural virou trava. A graça não veio, o prazer passou longe.

Mesmo com a vitória do Flamengo, com o campeonato embolado, com tantas possibilidades abertas, escrever sobre esporte me pareceu não fazer nenhum sentido. Vinte pessoas mortas. Três inocentes executados no meio da rua. Três policiais assassinados. E aquela imagem, aquela maldita imagem, que ainda não me sai da cabeça - um helicóptero da polícia abatido por bandidos, queimando num campo de futebol.

Há momentos que são reflexos de mudanças, há momentos que causam mudanças.

Ver Petkovic, aos 37, fazer o que anda fazendo, só me prova que, no futebol brasileiro atual, saber jogar - mesmo - já faz toda a diferença. É verdade que o gringo até está mesmo na sua melhor forma recente. Mas a cada jogo é possível ver quatro ou cinco lances em que as pernas simplesmente lhe traem a cabeça. Pet tem feito a diferença porque tem olhado, corrido e pensado para frente a cada vez que pega na bola. Simples assim. Complicado é entender como chegamos ao ponto de termos, num país como o nosso, um campeonato em que tão poucos jogam assim (e nenhum desta forma). Pet (aplausos para ele) é reflexo, não causa. Já passou desta idade.

Mas o que aconteceu sábado precisava ser um ponto de virada. Precisava. Precisava.

Mas não vai.

Se Osama não tivesse derrubado as torres, talvez nunca tivéssemos Obama. Aqui, derrubaram um helicóptero da polícia, policiais morreram carbonizados e hoje todos teriam ido à praia se sol tivesse havido no feriado do comerciário.

Fica complicado pensar em esporte.

E mais ainda no que será preciso acontecer para que tenhamos nosso momento de mudança.

sábado, 10 de outubro de 2009

Deus é Rubro-Negro

Eu parecia estar adivinhando. Desde a primeira acelerada, torci o nariz. Mas tinha perdido a hora, estava atrasado, e acabei recorrendo a um táxi para ir ao Maracanã. Ignorando a pista molhada, a chuva e o trânsito lento da Lagoa, o motorista cortava de uma pista para outra, fechava, freava em cima, acelerava parado.

Quando enfim foi capaz de acelerar, já no Rebouças, eis que o carro apaga, como num daqueles episódios de abdução em Arquivo X. Painel, rádio e motor, tudo para de funcionar. E, lentamente, bem no meio da primeira galeria do túbel, ele para. Sem pisca alerta, sem sinal da bateria a cada enervante virada de chave do motorista, visivelmente em estado de semi-pânico. Concluo que deve ter começado a dirigir táxi ontem. Saio pra empurrar o Santana velho, mas esqueço que estou no sentido ZN, e nem consigo fazer o carro se mexer, graças à inclinação da pista. "Eu não mereço".

Imediatamente um carro para à nossa frente e liga o pisca. Mas ninguém sai do carro. Eu, que ainda estava do lado de fora do táxi, vejo uma mão me chamar. Era um rubro-negro me oferecendo carona. Deixo dez reais com o taxista e sigo confiante para o Maracanã.

"Deus é Rubro-Negro. Hoje é nosso."


Brigar por uma vaga na Libertadores é uma realidade para um clube que, mesmo sem planejamento, faz novamente boa campanha. O Flamengo entrou com moral no campeonato, viu essa moral ir embora rapidamente, passou por forte turbulência e encontrou, num antigo maestro, seu caminho. O maior mérito do Fla de Andrade é recuperar o clássico 4-3-3, fazendo a equipe jogar sempre para frente. Além disso, o Tromba tem moral suficiente na Gávea para substituir o sempre desinteressado Juan no intervalo e sacar Dênis Marques mais uma vez.

Sem Everton (fratura) e talvez também Álvaro (joelho) até o fim do campeonato, Andrade e o time têm sua missão bastante dificultada. Hora de saber quem pode e quem não tem condições de permanecer no clube no ano que vem.

Se eu bem conheço a mente de Andrade, o Oséas genérico começa no banco contra o Palmeiras. E Juan vai ter que correr bem mais que hoje.Histórico o Argentina x Peru de hoje. Torço pra que meu irmão Bolinho tenha conseguido ingresso e presenciado.

A Argentina vai à Copa.

E Maradona, terminadas as eliminatórias, faria um bem imenso ao país se elegantemente deixasse o cargo.

Mas entender a mente deste é algo bem mais complicado.

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

F....eu.

Eu ainda não sei bem o que é mais inacreditável neste dois de outubro, que jamais vou esquecer.

Se as dezenas de pronúncias diferentes para o sobrenome Rogge.

Se o nosso prefeito, no fim de uma entrevista à ESPN Brasil, concluindo uma longa explanação com um "...e a ESPN vai continuar com seu baixo astral."

Se Don Nuzman rindo debochadamente - e dando as costas ao mesmo repórter da ESPN Brasil - por conta da pergunta "o que podemos aprender com os erros do Pan para 2016?"

Se o mesmo senhor pulando e abraçando euforicamente o prefeito, sim, o prefeito - que foi quem mais comemorou, saltando como um moleque no momento do anúncio.

Se o fato de todo mundo parecer ignorar que, só até agora, com a campanha, foram mais de cem milhões de reais do dinheiro público, meu, seu.

Ou se o fato de ninguém achar absurdo que a mesma turma que organizou o Pan - e até hoje é investigada pelo TCU - ter recebido, hoje, o direito e a responsabilidade de organizar algo dez vezes maior, quem sabe cem vezes mais caro.

De emocionante neste dois de outubro, para mim, 36 anos de Rio de Janeiro, apenas a imagem de um Lula que me lembrou muito um sentimento daquele 27, também outubro, 2002, quando quem foi à praia de Copacabana tinha muito mais esperança em seus corações.

Porque, aqui entre nós, o Rio só piorou nos últimos sete anos. E nada me leva a crer que nosso principal problema - sermos uma cidade partida - vá ser solucionado nos próximos sete.

Deus abençoe nossa cidade.

* * *

A mim, causa nenhum espanto. Mas vai causar, quando aqui a notícia chegar.

Nenê declarou que, em 2016, quando terá 33 anos, já estará aposentado.

O pivô jogou nesta semana, quando seus Nuggets enfrentaram os Jazz pela pré-temporada da NBA.

Mas não defendeu o Brasil na Copa América.

Entendo.

* * *

Dois dias depois, Nenê negou a entrevista ao site americano e soltou a seguinte nota: "(...) se for a vontade de Deus, vou estar jogando ou torcendo pelo Brasil."

Hein?