É da natureza humana.
Ana Hickman ou Alessandra Ambrósio? Android ou iOS4? Burguer King ou McDonald's?
Eu prefiro a Ana, apesar da beleza da Alessandra, talvez por conta da voz, e não das pernas, como seria de se supor. Não troco a liberdade do Android por nada, apesar de muitos acharem que qualquer coisa com a marca da maçã seja, na verdade, uma dádiva divina, através de Steve Jobs, para nós, mortais. E não há sanduba da cadeia do palhaço Ronald que supere um suculento Triple Stacker com a marca do reizinho. Mas essas, claro, são as minhas opiniões.
Assim é com o Barcelona. Para uns, o melhor time de todos os tempos. Para outros, apenas um entre os melhores.
Cabral ou Colombo? Kant ou Nietzsche? Van Gogh ou Rembrandt?
Comparações são muito mais antigas que o esporte, instrumento relativamente recente da raça humana. As olimpíadas modernas datam de pouco mais de cem anos, assim como o futebol e o basquete. A Copas do Mundo, o voleibol, o MMA - tudo isso é absurdamente novo em termos históricos e, mesmo assim, suscitam a mesma e eterna pergunta: quem é o melhor?
O esporte traz essa questão em sua essência. Busca-se a primazia, não a excelência. De pouco ou nada adianta estar entre os melhores, se nunca se chega a ser O melhor. Rubinho é o exemplo perfeito. A discussão sobre quem é o maior de todos os tempos é sempre mais interessante que aquela em que se repensa o papel de determinados atletas em seu tempo (a aqui não estou pensando em Rubinho como exemplo).
Ipanema ou Leblon? Lula ou FHC? Nikon ou Canon?
Barcelona, Messi e Scottie Pippen são os agentes motivadores desse post. Do Barça, todos sabem, todos viram, todos falam. O Marca já botou o argentino que é o astro do time acima de Pelé. Outros também o fizeram.
Pippen ateou fogueira de bem menos brasas ao dizer, essa semana, que Jordan pode ter sido um melhor cestinha, mas que LeBron James é o melhor jogador a já ter pisado numa quadra de basquete. Em todos os tempos. Pouco depois, via twitter, deu uma atenuada no comentário, afirmando que MJ ainda é o maior, mas que James pode vir a se tornar o mais completo. Já era tarde. Depois de vários nomes de peso terem partido em defesa de Jordan, Kareem Abdul-Jabbar, um dos maiores, botou em seu website uma "Carta Aberta a Scottie Pippen: Quão Cedo Eles Esquecem". Título genial. Tanto quanto a frase "seus comentários são equivocados por causa de sua perspectiva limitada." Eu, fã de Pip que sou, vou considerar que ele quis dar uma provocada no amigo MJ.
Coca-Cola ou Pepsi? Avid ou Final Cut? Feijoada ou churrasco?
Mas e o Barça? E Lionel?
Será mesmo que esse Barcelona, por melhor que seja, é tão superior a alguns esquadrões que não me saem da memória? Como o Milan que tinha Baresi, Maldini, Rijkaard, Gullit e Van Basten. Ou o Flamengo de Leandro, Júnior, Andrade, Adílio e Zico. Ou o Brasil de Carlos Alberto, Gérson, Rivelino, Tostão e Pelé?
Dani Alves, Xavi, Iniesta, Messi e Villa. Eu vi dois dos três que citei acima. Mas nem preciso ter visto a seleção de 70 mais do que já vi para saber que esse Barça pode, sim, estar na mesma discussão com os demais. Se é melhor ou não, aí é aquila velha questão...
Praia ou serra? Monica Mattos ou Cinthia Santos? Geisha Hi-Tech ou Kotobuki?
Com Messi, a questão fica ainda mais subjetiva que isso. Idade, títulos, gols, os parâmetros são variados. Os intangíveis também - idolatria, marketing, vídeo games. O mundo mudou, acelerou, massificou do Lionel à Mallu Magalhães. Tudo hoje é muito maior, grandioso e... efêmero. Dessa mesma discussão de agora, eu fugi em 2004, quando após duas temporadas soberbas, Ronaldinho era o sujeito da eterna pergunta. E Messi, estará a nos encantar assim daqui dois, três, quatro anos?
Pra mim, até Zidane ainda ocupa degrau mais alto. E enquanto Lionel não conquistar uma Copa, fica ali no mesmo time de Zico, Cruiff e Platini. Uma bela meia-cancha.