Foram dias de coisas de ponta à cabeça.
Na quinta, internação surpresa por conta de um cálculo renal.
Na sexta, ainda antes da endoscopia, tv e web do celular buscavam a notícia. Fui para a sala de cirurgia imaginando como seria a seleção brasileira de Muricy (ok, não pensava nisso). Acordei da anestesia seis horas depois com Mano no comando. Claro, ele e o presidente do Corinthians não recusariam.
Coitado do Muricy. Pagou pela incompetência alheia e pelo complicado jogo de poder que rege o futebol. O presidente da CBF poderia ter feito o convite há dias, antes mesmo de o técnico se comprometer verbalmente com o Fluminense. Em vez disso, o fez sem falar antes com o clube - claro, afinal de contas, o presidente não poderia se rebaixar ao ponto de pedir permissão a um desafeto político - o clube votou contra a chapa de Kléber Leite, homem da CBF, na eleição para o clube dos 13. O presidente do Fluminense, por sua vez - ou como sempre - agiu da forma menos recomendada. Valeu-se de um acordo e do respeito que Muricy tem por sua palavra para, de uma vez só, sacanear a CBF, manter seu treinador e, por tabela, sacanear também Muciry.
"É triste porque é uma oportunidade única, mas procurei ser correto. Eu não disse não, dependia do Fluminense."
Mano - que não tem nada a ver com isso e talvez também não devesse ter com a seleção, ainda - se saiu muito bem no primeiro dia no novo trabalho. Além de termos o retorno das entrevistas coletivas como devem ser, tivemos também uma primeira lista repleta de bons nomes. Um possível time titular poderia ter Victor, Dani Alves, David Luiz, Thiago Silva e Marcelo; Lucas, Hernanes, Ramires e Ganso; Neymar e Pato. Só de ler, dá vontade de ver em campo. Além destes todos, ainda há acertos garantidos como Rafael, Sandro e André. Mano foi inteligente e mostra planejamento. Não apenas chamou sete com idade olímpica mas, entre eles, um que nem mesmo vem jogando no Corinthians, que é Jucilei. Poupou outros, como Júlio César, ainda de férias, e Maicon, que resolve sua transferência com a Inter. No futuro, quem sabe, jogadores como Kléber, Keirrison e mesmo Kaká possam se juntar à essa base.
Não haveria um único Felipe Melo, Josué ou Júlio Baptista neste time.
Não sei se Muricy, na convocação, pelo menos, teria feito melhor.
segunda-feira, 26 de julho de 2010
terça-feira, 20 de julho de 2010
O Importante É Vencer (Será?)
Relendo alguns posts recentes e outros nem tanto, percebi que há um tema aqui nesse espaço tão recorrente quanto o tempo.
A importância da vitória.
Justificativa-mor para algumas das decisões mais equivocadas da história do esporte, a busca pela vitória a qualquer preço também forjou campeões inigualáveis. A obsessão por ser o primeiro une nomes como Jordan, Schumacher, Valentino, Bolt, Phelps, Bernardinho, só para citar os mais dependentes desta condição.
Acabamos de assistir à uma Copa em que a seleção brasileira abandonou suas principais características em função do resultado. Onde a Espanha, que se manteve fiel a seus princípios, provou que aprendeu a vencer sem se violentar. Coisa que a Holanda não entendeu muito bem e, por isso, não só ficou em segundo como terminou deixando péssima impressão - pois achou que, para vencer a final, valia tudo, até mesmo bater muito.
Qual será o ponto de equilíbrio? Se o esporte é a grande metáfora da vida, vale a pena abrir mão das próprias convicções para atingir um objetivo? A jornada não deveria ser tão importante quanto o resultado em si? Ou alguém pensa que uruguaios e holandeses, nesse momento, não se sentem orgulhosos? Mas e os alemães, teriam agora o mesmo sentimento, depois de chegar tão perto em duas Copas seguidas mas... não vencê-las?
Afinal, qual a importância da vitória?
Nesses dias pós-Copa, além do retorno do campeonato brasileiro, temos a definição de como serão as próximas temporadas do futebol europeu e da NBA. Na América e no velho continente, times fazem contas, contatos e mais contas para tentar formar as equipes mais capacitadas para conquistar vitórias e títulos. E nesses gloriosos tempos modernos em que o atleta é dono do próprio nariz, fica muito mais fácil decidir qual prioridade para a carreira. Vitória? Dinheiro? Fama?
Qual terá sido a principal motivação para David Villa ter trocado o Valência pelo Barcelona, por exemplo? Claro que ele ganhará mais fortuna e visibilidade no clube catalão. Mas sabem quando foi a última vez que o Valência conquistou um título? Há seis anos.
E Ibrahimovic, que depois de seguidos scudettos na Itália, viu a Inter ganhar tudo - e por "tudo", leia-se Champions - justamente depois dele sair do clube? Será que o sueco pensa agora em mais dinheiro ou faixa no peito? Mesmo com a chegada de Villa, declarou, na semana passada, que gostaria de permanecer no Barça. Me parece clara sua opção.
No mundo da bola, em que os campeonatos são variados e a chance de sucesso maior, há bolo para todos. Mas na NBA, de apenas um campeão por temporada - e outros 29 times frustrados - a aposta precisa ser certa. Depois de muito suspense, LeBron James e Chris Bosh, duas estrelas da seleção americana campeã olímpica, decidiram não renovar com seus clubes e se juntar a Dwyane Wade no Miami Heat. LeBron e Bosh jamais foram campeões de coisa alguma, tirando o ouro em Pequim, ao lado de Wade. Trocaram salários maiores que poderiam receber nos Cavs e Raptors, respectivamente, pela chance de conquistar o sonhado título, que Wade já tem. Iniciaram, com sua decisão, uma avalanche de outros jogadores que cavam um lugar no time da Flórida, mesmo que ganhando o salário mínimo da liga, em busca do anel de campeão. Em menos de duas semanas, a equipe praticamente foi remontada. Mas não sem a desaprovação de alguns.
"Eu jamais teria chamado Larry Bird e Magic Johnson e dito, ei, vamos nos juntar e jogar no mesmo time. Não posso dizer que é ruim, é uma oportunidade que esses garotos têm hoje. Mas, para ser honesto, eu estava tentando superar aqueles caras."
Nem preciso dizer o autor da frase acima. Mas lembro que, quando LeBron anunciou sua decisão naquele patético programa ao vivo na ESPN americana, pensei: "uau, Jordan jamais teria feito isso". E não me refiro só ao programa.
Agora, mesmo que LeBron ganhe seis títulos da NBA - como MJ - ele sempre terá um a menos que Wade, com quem sempre será comparado, pois se tornaram profissionais no mesmo ano. Mais que isso - todos lembrarão que LeBron precisou da ajuda de outros dois craques para chegar à terra prometida.
Vale tudo pela vitória?
* * *
É necessária uma distinção entre os exemplos que dei.
LeBron, Wade, Villa, Ibra, nenhum desses caras, mesmo querendo vencer sempre, jamais deixou claro ter como motivação o desejo de se tornar o maior de todos os tempos.
Coisa que Jordan, Schumi, Valentino, Bolt, Phelps e Bernardinho sempre demonstraram ao longo de suas carreiras - e acabaram conseguindo.
Algo que Ronaldinho Gaúcho, no auge, não quis. Contentou-se com as vitórias - todas as possíveis, é verdade - que já tinha alcançado.
* * *
É o que falta, também, a atletas como Valtinho. Ontem, o armador, que acaba de trocar o Brasília por Uberlândia, onde teve a melhor fase de sua carreira, mais uma vez abandonou a seleção brasileira. Na verdade, nem mesmo chegou a ser apresentar ao grupo, no Rio. Mas "abandonar", no caso, é o verbo mais preciso.
Não é a primeira, nem a segunda vez que Valtinho, um puta cara e baita jogador, demonstra total desapego ao orgulho que deveria ser vestir a camisa da seleção brasileira.
Mas, certamente, foi a última.
A importância da vitória.
Justificativa-mor para algumas das decisões mais equivocadas da história do esporte, a busca pela vitória a qualquer preço também forjou campeões inigualáveis. A obsessão por ser o primeiro une nomes como Jordan, Schumacher, Valentino, Bolt, Phelps, Bernardinho, só para citar os mais dependentes desta condição.
Acabamos de assistir à uma Copa em que a seleção brasileira abandonou suas principais características em função do resultado. Onde a Espanha, que se manteve fiel a seus princípios, provou que aprendeu a vencer sem se violentar. Coisa que a Holanda não entendeu muito bem e, por isso, não só ficou em segundo como terminou deixando péssima impressão - pois achou que, para vencer a final, valia tudo, até mesmo bater muito.
Qual será o ponto de equilíbrio? Se o esporte é a grande metáfora da vida, vale a pena abrir mão das próprias convicções para atingir um objetivo? A jornada não deveria ser tão importante quanto o resultado em si? Ou alguém pensa que uruguaios e holandeses, nesse momento, não se sentem orgulhosos? Mas e os alemães, teriam agora o mesmo sentimento, depois de chegar tão perto em duas Copas seguidas mas... não vencê-las?
Afinal, qual a importância da vitória?
Nesses dias pós-Copa, além do retorno do campeonato brasileiro, temos a definição de como serão as próximas temporadas do futebol europeu e da NBA. Na América e no velho continente, times fazem contas, contatos e mais contas para tentar formar as equipes mais capacitadas para conquistar vitórias e títulos. E nesses gloriosos tempos modernos em que o atleta é dono do próprio nariz, fica muito mais fácil decidir qual prioridade para a carreira. Vitória? Dinheiro? Fama?
Qual terá sido a principal motivação para David Villa ter trocado o Valência pelo Barcelona, por exemplo? Claro que ele ganhará mais fortuna e visibilidade no clube catalão. Mas sabem quando foi a última vez que o Valência conquistou um título? Há seis anos.
E Ibrahimovic, que depois de seguidos scudettos na Itália, viu a Inter ganhar tudo - e por "tudo", leia-se Champions - justamente depois dele sair do clube? Será que o sueco pensa agora em mais dinheiro ou faixa no peito? Mesmo com a chegada de Villa, declarou, na semana passada, que gostaria de permanecer no Barça. Me parece clara sua opção.
No mundo da bola, em que os campeonatos são variados e a chance de sucesso maior, há bolo para todos. Mas na NBA, de apenas um campeão por temporada - e outros 29 times frustrados - a aposta precisa ser certa. Depois de muito suspense, LeBron James e Chris Bosh, duas estrelas da seleção americana campeã olímpica, decidiram não renovar com seus clubes e se juntar a Dwyane Wade no Miami Heat. LeBron e Bosh jamais foram campeões de coisa alguma, tirando o ouro em Pequim, ao lado de Wade. Trocaram salários maiores que poderiam receber nos Cavs e Raptors, respectivamente, pela chance de conquistar o sonhado título, que Wade já tem. Iniciaram, com sua decisão, uma avalanche de outros jogadores que cavam um lugar no time da Flórida, mesmo que ganhando o salário mínimo da liga, em busca do anel de campeão. Em menos de duas semanas, a equipe praticamente foi remontada. Mas não sem a desaprovação de alguns.
"Eu jamais teria chamado Larry Bird e Magic Johnson e dito, ei, vamos nos juntar e jogar no mesmo time. Não posso dizer que é ruim, é uma oportunidade que esses garotos têm hoje. Mas, para ser honesto, eu estava tentando superar aqueles caras."
Nem preciso dizer o autor da frase acima. Mas lembro que, quando LeBron anunciou sua decisão naquele patético programa ao vivo na ESPN americana, pensei: "uau, Jordan jamais teria feito isso". E não me refiro só ao programa.
Agora, mesmo que LeBron ganhe seis títulos da NBA - como MJ - ele sempre terá um a menos que Wade, com quem sempre será comparado, pois se tornaram profissionais no mesmo ano. Mais que isso - todos lembrarão que LeBron precisou da ajuda de outros dois craques para chegar à terra prometida.
Vale tudo pela vitória?
* * *
É necessária uma distinção entre os exemplos que dei.
LeBron, Wade, Villa, Ibra, nenhum desses caras, mesmo querendo vencer sempre, jamais deixou claro ter como motivação o desejo de se tornar o maior de todos os tempos.
Coisa que Jordan, Schumi, Valentino, Bolt, Phelps e Bernardinho sempre demonstraram ao longo de suas carreiras - e acabaram conseguindo.
Algo que Ronaldinho Gaúcho, no auge, não quis. Contentou-se com as vitórias - todas as possíveis, é verdade - que já tinha alcançado.
* * *
É o que falta, também, a atletas como Valtinho. Ontem, o armador, que acaba de trocar o Brasília por Uberlândia, onde teve a melhor fase de sua carreira, mais uma vez abandonou a seleção brasileira. Na verdade, nem mesmo chegou a ser apresentar ao grupo, no Rio. Mas "abandonar", no caso, é o verbo mais preciso.
Não é a primeira, nem a segunda vez que Valtinho, um puta cara e baita jogador, demonstra total desapego ao orgulho que deveria ser vestir a camisa da seleção brasileira.
Mas, certamente, foi a última.
segunda-feira, 12 de julho de 2010
Tic Tac
Eis que, de repente, passou mais uma Copa.
No fim das contas de um Mundial em que faltou gol e sobrou emoção, Espanha e Holanda acabaram chegando à final. E eu, que pela primeira vez na vida não torci pela seleção brasileira, vi minha favorita Argentina ser eliminada como alguns imaginaram, pela falta de um técnico de verdade. Como nós, aliás.
Um Espanha x Holanda era promessa de uma decisão e tanto. E foi, pelo peso do jogo, pela tensão, pelas defesas de Casillas, pelo passe do Cesc Fábregas para o gol de Iniesta, pela bela emoção que tomou conta de todo o time espanhol, antes mesmo do apito final. A Espanha é, hoje, o antídoto para tudo o que há de ruim no futebol. Não só aprendeu a vencer finais - provando que ainda pode-se conquistar títulos jogando sempre em busca do gol -, como foi a mais disciplinada da Copa. Nada mais merecido que esta vitória espanhola, pelo seu significado para o futebol e também como um prêmio ao modo como os espanhóis jogaram o jogo. Bem diferente dos holandeses, prima-donas arrogantes que foram, sobretudo após nos eliminarem.
Hoje, Johan Cruyff - ídolo - disse as seguintes:
"Esse estilo de futebol feio, vulgar, hermético e pouco atraente pode até os ter deixado satisfeitos, mas eles terminaram perdendo. A Holanda jogou o antifutebol. Dois jogadores deveriam ter sido expulsos de imediato. Foram duas entradas tão duras que até eu senti a dor."
Chegamos à era do mega-híper-super-slow, onde até as falhas de caráter ficam claras aos olhos do mundo. Essa geração holandesa, que cresceu ouvindo histórias sobre o jogo bonito de Cruyff, Neskens, Rep, acabou achando que tinha que baixar o cacete para ter destino diferente daquela. A não expulsão do De Jong, no lance com Xabi Alonso, aos 28 do primeiro tempo, foi um absurdo como poucos. Van Bommel também deveria ter ido pra rua. E é inacreditável que ele só tenha recebido dois amarelos em toda a Copa.
"Na última quinta-feira me perguntaram: 'Podemos jogar como o Inter de Milão? Podemos travar a Espanha da maneira que Mourinho eliminou o Barça?' Disse que não, de forma alguma. E disse não porque detesto esse estilo, mas também porque pensei que a Holanda não se atreveria e que não renunciaria ao seu estilo. Estava errado. É certo que eles não se colocaram colados à sua área, mas também não quiseram a bola e, lamentavelmente, tristemente, jogaram muito sujo."
Cruyff vê o futebol de forma clara como via espaços no campo.
E a Copa de tantos lances sensacionais, de dois personagens centrais a milhares de quilômetros de distância - um polvo e uma paraguaia, que dupla - terminou com um final feliz. Os mocinhos venceram. E o futebol pra frente, bonito, bem jogado por espanhóis, alemães e uruguaios, principalmente, mas também por argentinos, chilenos e até japoneses. E apesar da Holanda, quem diria.
Para mim foi uma Copa única, também, por ter sido a primeira em uma nova casa, após quatorze anos. Uma proposta diferente, de misturar as coisas, futebol e arte com música, grafite, charge e até repente e poesia.
E tudo se mistura naturalmente, sem que se precise forçar nada, quando a intenção é boa - foi o que aprendi.
E me surpreendi, no fim, com uma constatação. Há um sentimento diferente quando se trabalha na tv pública. Algo genuíno e prazeroso.
* * *
E não é que LeBron foi pro Miami Heat? Junto com Bosh, pra jogar com Wade?
Além de demonstrar uma megalomania jamais vista, que deixou contra ele a cidade de Cleveland e quase totalidade da mídia, James mexeu com uma ferida america. Dan Gilbert, donos dos Cavs, soltou uma carta em que esculhambava o ex-astro do time, chamando-o de traidor e incitando a torcida contro o ex-ídolo. Logo o reverendo Jesse Jackson, ícone da luta por direitos humanos, respondeu com uma carta aberta em que classifica a atitude do bilionário Gilbert de racista.
"Ele fala como se fosse dono do LeBron e não dono do Cleveland Cavaliers. Seus sentimentos de traição personificam uma mentalidade senhor-escravo. Ele vê LeBron assim. Esta é uma relação dono-empregago, entre partes profissionais, e LeBron honrou seu contrato."
É verdade.
Não achei nenhum negro em vídeos como esse.
O reverendo só não cita que se LeBron tivesse anunciado sua decisão num comunicado oficial ou mesmo através de uma entrevista coletiva, nada disso estaria acontecendo.
No programa - por vezes constrangedor - de uma hora transmitido ao vivo pela ESPN - a terceira maior audiência esportiva na tv a cabo americana em 2010 - LeBron pagou um mico histórico e enfureceu muita gente.
E mesmo que venha a ganhar títulos com seus amigos na ensolarada Miami, sempre será lembrado que ele precisou formar sua panela para chegar lá.
sexta-feira, 2 de julho de 2010
Nenhuma surpresa.
Caímos nas quartas, como em 2006.
Na Alemanha, éramos favoritos absolutos e perdemos por culpa da soberba e falta de profissionalismo de alguns, além de uma falha em lance de bola parada.
Agora, na África do Sul, éramos pragmáticos, eficientes e ainda favoritos, mas perdemos com direito a chocolate no fim e nova falha num lance de bola parada.
Além deles, claro.
Dunga e Felipe Melo.
Um jamais deveria ter sido o técnico da seleção brasileira. O outro jamais deveria ter vestido sua camisa.
"Alguém duvida que ele continuará chamando também Gilberto Silva, Josué e o HORROROSO Felipe Melo, motivo de piada na Itália e símbolo da crise por que passa a minha Juve?". Isso foi em 9 de fevereiro passado.
"Felipe Melo não pode ser titular da seleção brasileira. Do toque irresponsável de calcanhar no primeiro tempo à sua falta de urgência para voltar neste mesmo lance, passando pelas bordoadas, pelo pênalti infantil e pela expulsão merecida, tudo que se viu ontem em campo foi o verdadeiro Felipe Melo, aquele que qualquer torcedor de arquibancada do Maracanã até hoje se pergunta como pode ter enganado tanta gente - Dunga, Juventus, crônicos esportivos... Que a suspensão dele abra vaga para novos nomes, como Lucas, ou novas idéias, como Elano na posição de segundo volante." Esse post é de 10 de setembro, depois da vitória sobre o Chile, pelas eliminatórias.
Curiosamente, eu abri este mesmo post elogiando Dunga.
"Quem diria que, depois daquele jogo insosso contra a Argentina - apesar da vitória - a seleção brasileira me surpreenderia tão positivamente diante do Chile, já classificada, cheia de reservas, e jogando debaixo de chuva. Não só a seleção, mas, principalmente, Dunga. Quem ganha tempo lendo o Tudo Bola já sabe - eu não aprecio o ténico Carlos Caetano Bledorn Verri, assim como não apreciava o volante. Com a bola nos pés ou a prancheta na mão, seu estilo truculento e pouco cerebral jamais me cativou."
Hoje, perdemos por uma série de fatores. Quase todos relacionados aos dois. Que, curiosamente, são imagem e espelho um do outro. Uma síntese perfeita do que eu penso sobre essa seleção brasileira - a mesma que Cruyff não pagaria pra ver.
Fomos melhores no primeiro tempo, sim. Marcamos bem o adversário - ao melhor estilo Dunga - e marcamos o gol num lance genial, um passe à la Zico de Felipe Melo para Robinho. Mas só tivemos mais um bom lance, num chute de Kaká. Desde a abertura do placar, era evidente que a seleção, essa seleção, estaria mais preocupada em defender. Além de reclamar, claro. Em campo, o destempero de Robinho, Felipe Melo, Maicon e Kaká era outro reflexo do técnico à beira dele. Dunga chegou a ser interpelado pelo quarto árbitro e reclamava tanto de cada falta marcada pelo juíz japonês, que a FIFA simplesmente não o mostrou mais após o segundo gol da Holanda.
Técnico de pelada é assim. Muito mais importante no trabalho de pressionar o juíz do que na armação da equipe. Mas Copa não é pelada. E Dunga não é técnico, nunca foi. Por isso, após o gol de Sneidjer, a Copa acabou para o Brasil. Viramos um bando, sem nenhuma tentativa de jogada, só chutões e lançamentos equivocados enquanto Kaká, pela esquerda, pedia desesperadamente a bola mas não se movimentava para recebê-la. Aliás, nada se viu de guerreiro neste time, que nos 27 minutos após ficar em desvantagem correu menos e mostrou menos vontade que o adversário. Dunga fez o óbvio, tirando Michel Bastos para evitar sua expulsão e lançando Nilmar, sua única real opção para mudar o time no banco - o que é culpa única dele, que convocou mal. E demonstrou ser tão medíocre na função que, mesmo perdendo, mesmo correndo menos, mesmo com Gilberto Silva visivelmente esgotado em campo, simplesmente não usou sua terceira substituição, nem que fosse apenas e tão somente para ter um homem descansado em campo num momento em que jogávamos com um a menos e perdíamos. E aí chegamos ao Felipe Melo.
"Copas são ganhas e perdidas em detalhes". Isso hoje saiu da boca de Dunga, de Júlio Cesar e de Kaká.
Hoje os detalhes de nossa derrota foram:
- um gol contra de Felipe Melo, num lance em que Júlio Cesar até pode ter falhado, mas foi claramente atrapalhado pelo companheiro - afinal, é ele quem toca por último na bola e tromba com o goleiro.
- um gol de cabeça de Sneidjer, de 1,70m, num lance de escanteio em que Luis Fabiano não cortou a bola do primeiro pau - função que na Copa passada cabia a Adriano e, geralmente, cabe mesmo ao centro-avante - numa falha de marcação de... Felipe Melo, que fica parado a dois metros do holandês, nem pula com ele, nem consegue reagir a tempo para interceptar a cabeçada. Ou seja, não marca seu homem num lance de escanteio.
- a expulsão de... Felipe Melo, seis minutos depois do segundo gol holandês, acabando de vez com nossas chances e, pelo que pareceu, com qualquer espírito de reação do time.
Baixamos a cabeça. Paramos com a ótima marcação do primeiro tempo. Jogamos de forma absolutamente desorganizada, sem criar um único bom lance em 27 minutos, com exceção de um chute de Lúcio e uma bola cruzada na pequena área holandesa - mas foram dois lances isolados, originados de bola parada.
Foi a Holanda que fez, nesse tempo, o que o Brasil deveria ter feito após seu gol. O time laranja partiu pra cima, buscou mais um. Esteve duas vezes na cara do nosso goleiro, como se jogasse um rachão de fim de churrasco. Como afirmou seu técnico, poderia mesmo ter feito quatro ou cinco.
E a primeira seleção brasileira em Copas que tinha como característica fundamental jogar no contra-ataque fica pelas quartas.
Dunga e Felipe Melo ficam para a história assim como Barbosa, Toninho Cerezo, o próprio Dunga e Lazaroni, Roberto Carlos...
Que a próxima seleção brasileira me faça ter um pouco mais de orgulho do nosso futebol, por favor.
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