sexta-feira, 30 de abril de 2010

Pimba Nos Gorduchinhos.


A foto acima, recente, explica, sem margem para dúvidas, o motivo pelo qual Ronaldo não vai à Copa e nem terá muito mais tempo de vida no Parque São Jorge.

Se jogar seu último mundial não o motivou (por que motivaria, se em 2006 ele estava igual agora?), se lutar pelo título inédito da Libertadores, no ano do centenário do Corinthians, não foi capaz de mudar seu comportamento, quem acredita num restante de temporada razoável caso o time seja eliminado na semana que vem?

Ronaldo foi uma piada triste nesta quarta, no Maracanã. E vai continuar sendo enquanto insistir em jogar assim.


Adriano, que não está assim tão menos roliço que Ronaldo, como a foto comprova, também decepcionou quarta. De bom, o pênalti - ainda sem comemorar, que loucura - e dois passes inteligentes no segundo tempo. De resto, nenhuma explosão, velocidade ou competência - o gol perdido na cara do goleiro, na pequena área, pode fazer muita falta no jogo de volta.

Na arquibancada, muitos o xingavam. Todos o apoiaram ao coro de "O imperador voltou!" após um pique no ataque, para tentar roubar a bola do goleiro e, depois, marcar o zagueiro adversário. Foi o último - dali em diante, voltou a se arrastar em campo, como tem feito ultimamente.

Mais um que não encontra motivação, mesmo ganhando uma fortuna, mesmo sendo ídolo do maior clube do país. E seu contrato termina no próximo dia 30, lembrem-se.


Motivação é também a grande questão para o Barcelona de Pep Guardiola depois da eliminação diante da Inter nas semis da Champions League. Favorito, favoritíssimo mesmo depois da derrota em Milão, o Barça emperrou diante de um time com um a menos - mas fechado na defesa por um mestre-retranqueiro chamado Mourinho, que armou um ferrolho de dar inveja a qualquer Muricy que se preze.

Na verdade, a expulsão até caiu bem aos olhos do mundo. Sem Thiago Motta, com dez em campo, a retranca passou a ser vista como única opção, a covardia como heroísmo. E a Inter, que só fez defender, perdeu só de um e avançou à final contra o Bayern.

Dispenso essa decisão. Sem Barça, sem Manchester, sem Arsenal, sem Real, sem Messi, sem graça.

E, por falar em Messi, agora ele terá motivação extra para a Copa...

(Não sei bem porque, mas me veio à cabeça agora a lembrança do Maradona entortanto o Dunga na Copa de 90, quando a Argentina eliminou o Brasil...)


E por falar em Copa - mas de boas lembranças - a Four Four Two brasileira desta mês traz um mini-caderno especial sobre o Mundial de 82, meu primeiro e mais sofrido e saudoso até hoje (como pode algo ser sofrido e saudoso? Resposta: Zico, Sócrates, Falcão, Leandro, Júnior e... Paulo Rossi, Serginho, Cerezo...)

A revista deu uma afinada, mas continua valendo.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

A Libertadores E Os Libertinos.

Ela foi, desde o princípio, o objetivo dos casamentos Corinthians-Ronaldo e Flamengo-Adriano. A competição mais cobiçada pelos clubes brasileiros serviu, inclusive, como forte argumento para que eles tivessem o "sim" dos artilheiros.

Apesar das noivas não terem se casado de branco - por motivos evidentes - tiveram uniões pomposas e cercadas de expectativas. Para a felicidade dos casais, algumas foram logo confirmadas. Com Ronaldo, o Corinthians foi campeão paulista e da Copa do Brasil em 2009. Com Adriano, que chegou depois, o Flamengo saiu de uma já desesperançosa espera de 17 anos, conquistando o hexa.

Engana-se quem pensa que a partir dos títulos as coisas começaram a mudar. Nos dois relacionamentos a troca jamais foi justa, desde o princípio. Ronaldo, que ganha 600 mil por mês, pode ter brilhando em muitos momentos, mas já em abril do ano passado, há um ano, portanto, voltava para o hotel em Presidente Prudente embriagado, nos braços do gerente de futebol Antônio Carlos Zago, que acabaria pagando a conta do escândalo na boate Pop's Drinks com o próprio emprego. Adriano, que ganha 400 mil mensais, tem lista ainda mais extensa de confusões e histórias mal contadas, da bolha no calcanhar na reta final do brasileiro à lombalgia suspeita que o deixou fora de jogos decisivos pelo estadual e Libertadores. Some-se a isso os problemas de ambos com a balança e temos dois casos escancarados de absoluta falta de comprometimento com o casamento. As noivas engordaram, pararam de agradar e ainda insistem em pular a cerca, na frente de todos.

No caso específico do Flamengo, a outra parte do casal resolveu dar um "basta" à pouca vergonha. Patrícia Amorim pode ter demitido o gerente e o técnico, mas o alvo, sem dúvida, é Adriano. Quando fala em "moralizar" o futebol da Gávea, em "restaurar a ordem perdida", se refere especificamente a ele. Porque Petkovic não falta a treino; Love, quando falta, treina sozinho no dia seguinte (e, por isso e pela dedicação em campo, é poupado pela torcida e deve ser poupado também de punição pelas manifestações no dia da demissão de Braz e Andrade).

Quem não se enquadra, como Adriano e Álvaro, para citar os casos mais evidentes, está com os dias contados - em junho terminam os contratos de ambos.

Patrícia não estava na Gávea quando o hexa foi conquistado. Mas sabe, como qualquer rubro-negro, que o título vinha servindo de justificativa para todo o mal que encontrou depois. A famosa frase "enquanto a bola estiver entrando" foi um recado claro mas não compreendido por todos. Ao que parece, quem se julgar maior que o clube, nesse momento, estará, na verdade, dando adeus a ele. Como ficou provado pelo coro da torcida no Maracanã ao fim do fiasco contra o Caracas.

Quis o destino que Fla e Corinthians se encontrassem logo agora, nas oitavas da Libertadores. Para o rubro-negro, uma verdadeira benção disfarçada - apesar de ter a desvantagem do segundo jogo fora de casa, se passar não terá pela frente, até a decisão, nenhum dos principais candidatos ao título - Inter, Cruzeiro, São Paulo, Estudiantes, estão todos na outra chave. Uma chance de ouro, poucos meses depois de uma conquista que, teoricamente, deveria ter deixado um clima tranquilo e de poucas cobranças para 2010.

Exatamente o oposto do que cada jogador vai encontrar no Maracanã lotado, nesta quarta. Porque a parte do casal rubro-negro que cansou da putaria e da falta de respeito não compreende apenas Patrícia Amorim.

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Ter Ou Não Ter, Eis A Questão.

Marquem a semana que está quase acabando. Fatos importantes aconteceram e podem, num futuro próximo, gerar uma grande mudança na estrutura do futebol brasileiro.

Infelizmente, da tragédia de Shakespeare, nesta história estão apenas seus temas: traição, vingança, moralidade e corrupção.

O ponto de partida é a reeleição de Fabio Koff para o comando do Clube dos 13 - que hoje tem vinte clubes - pelo placar de 12 a 8. A chapa encabeçada pelo São Paulo de Juvenal Juvêncio e o Flamengo de Patricia Amorim venceu a capitaneada pelo Corinthians de Andrés Sanchez. O adversário de Koff era Kléber Leite, numa candidatura que tinha o velado apoio da CBF, em uma eleição que era acompanhada com atenção pela TV Globo - maior ameaçada pelo resultado.

A emissora pagou ao Clube dos 13, pelos direitos de transmissão do campeonato brasileiro até 2011, um bilhão e meio de reais, num contrato de três anos. É pouco. O futebol é um dos pilares de sua programação e gera algumas das maiores receitas publicitárias da casa. Para efeito de comparação, os direitos da Premier League, por contrato de igual duração, custaram cinco bilhões de reais.

Fabio Koff, os presidentes dos vinte clubes e a torcida do Flamengo sabem que o dinheiro é pouco. E todos também sabem que, constantemente na bancarrota, clubes aceitam adiantamentos da TV, gerando uma situação em que quem pega fica sem ter como pedir mais na hora de renegociar, pois deve. Só que, desta vez, parte dos vinte clubes queria pagar pra ver, exigindo mais do que um substancial aumento no valor do contrato. A ideia é, como em tantos setores, abrir concorrência.

Assim que Koff foi reeleito, a TV Record se pronunciou, confirmando o interesse nos direitos de transmissão. O receio da atual detentora é exatamente uma nova rasteira por parte da concorrente, que lhe tirou as Olimpíadas de Londres. Tentem imaginar a Globo sem o futebol e a Record, com aquela grade de programação cheia de buracos, podendo passar vários jogos por semana.

Ricardo Teixeira, presidente da CBF, não ficou contente com a derrota de Kléber Leite, seu fantoche. Sabe, de trás para frente, quais presidentes votaram contra ele: de São Paulo, Palmeiras, Portuguesa, Atlético-MG, Atlético-PR, Flamengo, Fluminense, Guarani, Bahia, Sport, Grêmio e Internacional. E já lançou sua vingança, a seu estilo, sobre os dois líderes do movimento - o São Paulo, de Juvenal Juvêncio, e o Flamengo, de Patricia Amorim.

Afinal, qual teria sido exatamente a fonte que fez o Estado de S.Paulo garantir que o Morumbi estava fora da Copa de 2014, fato que a FIFA negou pouco depois?

E por que motivo só agora, quase dois anos depois de afirmar que resolveria a questão, a CBF determinou a entrega da Taça das Bolinhas ao São Paulo, quando, de fato, deveria ser do Flamengo?

Ao mesmo tempo que retalia, a CBF tenta gerar a discórdia no grupo dissidente.

Em contrapartida, o presidente do Corinthians, que votou em Kléber, foi anunciado como chefe da delegação brasileira na Copa. Sim, o senhor Andrés Sanchez, com toda aquela sua postura e eloquência.

E, enquanto isso - enquanto o Clube dos 13 se racha ao meio, enquanto todos os clubes devem fortunas e ainda se vendem por quase nada - a CBF anuncia mais um patrocinador, elevando seus rendimentos anuais com patrocínios para 220 milhões de reais.

Não é mesmo tudo muito podre na tragédia do futebol brasileiro?

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Finalmente.

Depois de sei-lá-quantos jogos diante de times pequenos, de plateias pequenas, os dois principais protagonistas do estadual do Rio finalmente chegam ao momento da verdade, como numa novela modorrenta que pega fogo somente em seus capítulos finais.

Nada mais apropriado que uma decisão entre Flamengo e Botafogo.

Na verdade, nada além disso seria capaz de salvar esse campeonato do esquecimento histórico.

Porque não seria a mesma coisa se o Botafogo estivesse prestes a decidir o título com Fluminense ou Vasco. Com tricolores, não há mágoas ou grandes decisões recentes. Com vascaínos, até poderia-se lembrar da goleada humilhante na Taça Guanabara, mas mesmo ela já foi vingada com o título do turno.

Já com o Flamengo...

Há dois finais opostos para este campeonato. No primeiro, O Flamengo vence, conquista um inédito tetra estadual, fortalece seu técnico e sua busca por mais uma Libertadores. E ainda sela, de vez, a superioridade sobre o rival, tetravice, marcando para sempre uma geração de alvi-negros que não aguenta mais perder para o Fla.

No segundo, o Botafogo vence, seja conquistando a Taça Rio ou, mais rodriguianamente ainda, perdendo-a, para superar, nas finais, o rival. Seria a retumbante catarse alvi-negra, a alegria sufocada pelos últimos três anos, a lavagem de uma alma e uma psiqué que parecem desbotadas pelos seguidos vices, pelas chacotas, pelos cânticos provocativos rivais. E, tudo isso, sob a batuta de um mítico Joel e de figuras marcantes, tipicamente botafoguenses, como Caio e Loco Abreu.

Não teria a mesma graça, para o Botafogo, ser campeão diante de Flu ou Vasco.

E volta, subitamente, a ter graça e relevância o campeonato estadual, pelo resgate imediato de sentimentos como raiva, soberba, confiança e frustração provocados nas duas torcidas pelas últimas três decisões entre os clubes.

Finalmente alguma emoção.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

O Sombra.

Como esperado, ninguém duvida que os cinco representantes brasileiros na Libertadores devam se classificar sem problemas para as oitavas-de-final da competição, acalentado sonho de consumo de todos para 2010. Corinthians, São Paulo, Cruzeiro e Internacional lideram seus grupos neste momento. E o Flamengo, segundo colocado no seu, ainda tem três jogos pela frente, dois deles em casa.

Se ainda é cedo para especular sobre adversários na próxima fase, não é para pensarmos nas manchetes dos jornais em seis de maio, dia seguinte aos jogos de volta das oitavas. Estarão os cinco ainda na briga?

Dois dias depois, em oito de maio, começa o campeonato brasileiro. E eu duvido muito que dele Muricy Ramalho seja mero espectador.

Hoje, é possível dizer que Adilson Batista, Mano Menezes, Andrade e Ricardo Gomes estão firmes em seus cargos, situação bem diferente da de Jorge Fossati, que se não tivesse vencido ontem o Cerro, poderia já não ser mais o homem no comando do Internacional. Mas e no caso de uma eliminação nas oitavas, estariam estes senhores garantidos em seus clubes para o restante da temporada?

O uruguaio, que andava em corda bamba, pode nem durar até lá. E o Beira-Rio, que já foi a casa de Muricy, seria a escolha mais natural para ele. O Inter não tem mais o belo time que acabou não vingando na temporada passada, mas possui elenco suficientemente bom para que o treinador brigue pelo título brasileiro.

Em Minas, Adílson é exceção louvável no futebol daqui, pois dirige o Cruzeiro desde o início da temporada 2008 e duvido muito que não termine a 2010 à frente do time. Um retorno ao Morumbi, onde outro ex-zagueiro não chega nem perto em termos de estabilidade, seria improvável.

Sobram, então, Flamengo e Corinthians, os dois maiores clubes do país.

Dois paióis onde combustões espontâneas levam a grandes explosões. Onde o mais queimado, quase sempre, é o técnico.

Mano, que assim como Adilson já acumula duas temporadas inteiras no comando do Corinthians, vem dando seus primeiros sinais de desgaste no cargo. Nem mesmo a conquista da Copa do Brasil, no ano passado, parece ser capaz de aliviar sua barra no caso de uma eliminação na Libertadores - principalmente se o time sequer se classificar para as semifinais do paulista, o que é uma grande possibilidade.

Só não consigo é imaginar Muricy no Parque São Jorge. Embora também não conseguisse imaginá-lo no outro Parque, onde acabou durando pouco.

Andrade, mesmo tendo sido o comandante do hexa, não enfrenta menores turbulências na Gávea. Dos atritos com Marcos Bráz à bomba-relógio Petkovic, passando pela busca do inédito tetra carioca, nada tem feito sua vida mais tranquila, como se poderia supor de quem na temporada passada levou o clube a título tão importante e esperado. Assim como Mano, duvido muito que, sem título estadual e sem vaga nas quartas da Libertadores, o Tromba seja mantido no comando.

Enquanto isso, Muricy solta uma frase aqui, outra ali, como a sobre o sonho de, um dia, treinar o Flamengo.

E espera.

* * *

E como espera, Muricy certamente assistiu ontem a Arsenal x Barcelona, disparado o melhor jogo da temporada até aqui. Como sei que, por sua maneira de ser, não deve ter ficado encantado com dois times jogando tão pra frente, de forma tão inconsequente quase, imagino que tenha ficado impressionado com atuações tão distintas de seus companheiros de profissão.

Arsène Wenger teve que lidar com toda sorte de problemas. Arshavin e Gallas se machucaram ainda no primeiro tempo, quando o time da casa foi massacrado. Fugindo do óbvio, ele recuou Song para a zaga e botou Eboué e Denílson no meio-campo, para tentar conter um Barça que, nos primeiros dez minutos, poderia facilmente ter feito dois ou três a zero. Apesar disso, o placar no intervalo marcava zero a zero.

Mas, logo nos primeiros quinze minutos da segunda etapa, Ibra, inteligentíssimo, se posicionou de forma perfeita para receber dois lançamentos e fazer dois a zero. Àquela altura, com quase 70% de posse de bola, o Barça parecia já pensar nas semifinais da Champions. Foi quando, pouco depois, Pep Guardiola resolveu mexer no time (em time que está ganhando não se mexe...); tirou o sueco, que saiu descontente, claro, e botou Henry, que entrou descontente, pois já havia declarado que, se possível, jamais enfrentaria o ex-clube, onde ainda é ídolo. Henry não jogou nada e o Barça, que buscava o terceiro gol, desandou.

Do outro lado, Wenger botou Theo Walcott em campo. E o veloz meia-atacante, em sua segunda jogada, diminuiu. Mais tarde, Puyol seria expulso ao cometer pênalti em Fábregas, que empatou a partida e também se contundiu - embora não fosse mesmo disputar o jogo de volta, suspenso.

Placar final, 2x2. Nas finalizações, 11x3 para o time espanhol, que teve 62% de posse de bola.

Muricy?

Talvez tenha achado que Guardiola devesse ter substituído Ibra por mais um zagueiro ou volante...