Uau, mais uma que se foi.
Já são três bem vividas e lembradas - a de setenta, sinceramente, não me diz nada, pois nasci em 73. Nunca esquecerei dos tempos românticos dos oitenta, quando o Flamengo ganhava tudo e eu ía a festas de quinze anos com a camisa social dobrada
por cima da manga do blazer, o que era moda na época. Mas é melhor não falar dos conceitos de moda dos oitenta. Na seguinte, Zico foi substituído por Jordan, que de 91 a 98 foi a melhor expressão das palavras imbatível, extraordinário e fenomenal, apesar de um certo Ronaldo ter ganho a alcunha. Ganhamos nós uma Copa sem brilho, em 94. Júnior me fez feliz em 92 e MJ, bem, MJ se aposentou
duas vezes naquela década. Nenhuma delas para sempre.
Veio então o 2K. Sem o tal bug. Mas com uma velocidade das coisas que nunca se viu antes. Inclusive no degelo, nas extinções de espécies e nas mudanças do clima. Mas, claro, percebe-se com mais facilidade mudanças na música, no cinema, no esporte...
Essa listinha deveria ter sido postada na virada. Ou nos últimos dias da década. Não importa. Os anos 2000 serão pra sempre lembrados, de um jeito ou de outro. Nem que seja pelos
TB 00's Awards.
ATLETA DA DÉCADATiger? Schumi? Kelly? Armstrong? Kobe? Phelps? Bolt? Ronaldo? Fico com Tiger. Em uma década, se tornou o primeiro atleta bilionário do planeta (ok, talvez deixe de ser em breve). Dominou o seu esporte como nenhum outro, durante todo o período. Venceu nove majors, chegando aos quatorze na carreira - quatro a menos que o mito Jack Nicklaus. Só que Tiger tem mais umas duas décadas de golfe pela frente pra continuar vencendo. E como vencer parece ser o único remédio viável após essas férias nada sabáticas...
PERFORMANCE DA DÉCADAÉ difícil argumentar contra os 81 pontos de Kobe e algumas atuações de craques como Ronaldinho, Zidane, Messi, Federer. Ou mesmo recordes espetaculares como os de Bolt. Mas Michael Phelps pode botar na mesa
oito medalhas de ouro conquistadas em Pequim. Um feito sob uma pressão absurda para que não falhasse - e isso, sendo apenas um garoto, como provou nos meses seguintes, agindo como tal. Bem, durante os jogos, naquele 2008, ele não foi. E isso fica não na história da década apenas, mas deste século, certamente.
AMARELADA DA DÉCADAEssa é do Flu e ninguém tira. Chegou brilhantemente à final da Libertadores, passando por Boca e São Paulo. Tirou a desvantagem diante da LDU e levou a decisão para os pênaltis.
E perdeu. (Aliás, reparem neste vídeo a pálida incentivada que a torcida do Flu dá ao FH antes da primeira cobrança).
JOGO DA DÉCADABem, eu vi grandes jogos de futebol e tênis que receberam consideração. O próprio Superbowl do ano passado seria digno do posto. Mas esse fica com um jogo de basquete, claro. Lakers 112, Kings 106, jogo 7 das finais do oeste da NBA em 2002. Kobe e Shaq contra um time irresistível, que tinha Mike Bibby, Peja Stojakovic, Chris Webber e Vlade Divac. Uma rivalidade que beirava o ódio entre Los Angeles e Sacramento, prima pobra da Califórnia. Eram os dois melhores times da liga e eu assisti a este jogo enfiado debaixo de um cobertor, no chão de um quarto de hotel, com o volume da tv bem baixo para não acordar meu companheiro de quarto, grande Chafi. O jogo começou às quatro e meia da manhã na Coréia, onde eu estava cobrindo a Copa, que ainda começava. Fisicamente, nunca mais me recuperei.
Pena que os juízes tenham dado uma forcinha e os Lakers vencido. Na prorrogação.
TIME DA DÉCADAEssa é uma escolha pessoal e intransferível, como todas as outras. Nesta década, para mim,
o time foi o
Arsenal campeão inglês da temporada 2003-2004. Vinte e seis vitórias, doze empates,
nenhuma derrota. E eu tive o prazer de acompanhar tudo, jogo a jogo, a cada plantão daquele ano. No total, aquele Arsenal ficou 49 jogos invicto. Tinha Henry, Bergkamp, Pirès, Ljungberg, Vieira, todos no auge.
RIVALIDADE DA DÉCADAFederer x Nadal. Quando surge um novo gênio, capaz de superar a todos os grandes, eis que surge também um touro que vira a pedra em seu sapato. É roteiro ideal - não há grandes ídolos sem grandes adversários. A questão é quem será quem no fim da linha.
GOLAÇO DA DÉCADAZidane, na final da Champions de 2002. Pra mim,
uma barbada. A narração diz tudo e mais.
MICO DA DÉCADAZidane e sua cabeçada na final da Copa de 2006. Foi
só o último momento dele no futebol. Gênios não sabem mesmo como encerrar suas carreiras...
MUSA DA DÉCADADez dos títulos de duplas conquistados por Anna Kournikova na WTA foram entre 2000 e 2002. Então, tecnicamente, ela se qualifica a ser a musa da década. Logo,
o resto vira o resto.
CARA-DE-PAU DA DÉCADARebecca Gusmão teve concorrência acirradíssima - o esporte é terreno incrivelmente fértil para espécimes do gênero. Mas levou o prêmio. Afinal,
sua cara, mesmo não sendo de madeira, diz tudo que é preciso se saber sobre ela e sua mentira.
MALA DA DÉCADANuzman. Graças a Deus o Brasil vai finalmente sediar os jogos.
ENGANADOR DA DÉCADATiger Woods também levou esse, no apagar das luzes. Quem poderia imaginar que o bom moço do golfe, ícone queridinho de uma nova América, fosse apenas uma versão negra, mais rica e viciada em prostitutas de Michael Douglas, ator que na década passada tornou público seu vício por sexo, depois de procurar tratamento. Tiger sofre de uma certa compulsão de mau gosto, aliás.
E um tanto monocromática, diga-se.
BRAVATA DA DÉCADARenato Gaúcho dizendo que iria
brincar no Campeonato Brasileiro. Acumula o título de
fanfarrão da década.
FARSA DA DÉCADALembram-se de
Kostas Kenteris e Ekaterini Thanou nos jogos de 2004? Sumiram na hora do teste anti-doping e forjaram um misterioso acidente de moto para se esconderem em um hospital. Eu, por acaso, fui parar nele por conta de uma horrorosa micose no pé, graças àquelas malditas meias e sapatos sociais do uniforme da Globo (que logo seriam abolidos em favor dos tênis). Fui no dia seguinte ao sumiço. Na meia hora em que estive lá, fui escoltado por quatro seguranças, não sem antes passar por uma revista pior que a da Polícia Rodoviária de Paraty. Ali, soube que era tudo mentira.
BRIGA DA DÉCADAPistons x Pacers, 2004,
sem sombra de dúvida. Ron Artest, o cachorro louco que deita na mesa, foi suspenso pela NBA
pelo restante da temporada.
ABSURDO DA DÉCADAMaradona técnico da seleção argentina. Graças a Deus nunca tentamos o mesmo com o negão.
FRASE DA DÉCADAOutra escolha muito pessoal. Fico com Rasheed Wallace, hoje nos Celtics. Nos tempos de Portland Jail Blazer, foi parado por um policial enquanto dirigia ao lado de Damon Stoudamire, companheiro de time. Diante do cheiro que era praticamente um flagrante, o oficial pergunta se eles tinham maconha no carro. A resposta veio de pronto: "Nope, we smoked it all up".
FERNANDO REDONDO DA DÉCADARiquelme e sua postura em relação à seleção. Pelo menos Redondo tinha uma causa, por mais idiota que parecesse (e não era)
TRANSAÇÃO DA DÉCADAAdriano. Tava aborrecido em Milão, disse tchau pros italianos, sumiu um tempinho, apareceu dizendo que precisava se tratar e continuou abusando de tudo, até de fazer gols. Caiu no colo do Flamengo, que acabou campeão brasileiro. Custo? Ah, pergunte pra Olympikus.
ESCÂNDALO DA DÉCADAO anel de diamantes de quatro milhões de dólares que Kobe Bryant deu à mulher como pedido de desculpas pelo escândalo do Colorado, quando o astro foi acusado de estupro. Nesse caso, tudo vira detalhe, até a inocência dele.
ZEBRA DA DÉCADAO título dos Red Sox de Boston, em 2004, deu fim à uma piada de 86 anos. A derrota da seleção americana de basquete para Porto Rico, em sua estreia nas olimpíadas daquele ano, a que eu tive o prazer de assistir a cinco metros da quadra, não foi menos surpreendente (ficou
depois, com as outras derrotas). Mas para mim nada supera a
Grécia campeã européia de futebol,
também em 2004. Foi ano da Zebra no calendário chinês?
MELHOR COISA DA DÉCADAO
NBA League Pass Broadband, que me permite assistir via web, em full HD, a todos os jogos da NBA por 29 dólares ao mês. A próxima década promete.