domingo, 30 de agosto de 2009

Porrada! Nos caras que não fazem nada! Porrada! Porrada!

Seguindo à risca tanto a lei de Murphy quanto o efeito borboleta, duas besteiras que inventamos para tentar explicar o inexplicável - o destino -, eu ontem terminei o dia diante da tv, refastelado no sofá da sala, telespectador de um dos meus mais improváveis interesses: O UFC.

Logo quem, logo eu, olha só... que sempre desprezei "competições" do gênero, apesar de já ter sido um assíduo observador de boxe numa época mais remota, de nomes mais nobres como o próprio esporte, tais como Sugar Ray Leonard, Roberto Mano de Piedra Duran, Evander Holyfield, Tyson. Época em que as mais importantes lutas do mundo podiam ser vistas na tv aberta.

Com o tempo, vieram a tv a cabo e os torneios de lutas marciais, enquanto o boxe perdia espaço. E eu, que sempre achei no mínimo estranho o interesse por dois caras se batendo, se agarrando, se roçando sem parar em meio a um banho de sangue, simplesmente parei de assistir a qualquer tipo de luta na tv.

Mas ontem fui pego por um interesse histórico que não poderia simplesmente ignorar. Cedo, por volta das onze da noite, zapeando a tv, passo pelo Sportv e fico sabendo que a grande atração do UFC 102, que já estava sendo transmitido ao vivo, seria o combate entre o brasileiro Rodrigo Minotauro e o americano Randy Couture, duas lendas desse esporte, se é que se trata realmente disto, esporte.

Nunca parei para ver, mas sei bem o que ambos representam para o MMA.

O famoso octagon estava montado bem no meio da quadra do Rose Garden, casa do Portland Trail Blazers. Uma turba formada basicamente de jovens enlouquecia a cada apresentação dos lutadores - antes do combate principal, foram outros tantos preliminares. Assisti ao primeiro, chatíssimo, em que o vencedor foi anunciado debaixo de vaias - as mesmas que pontuaram toda a luta, composta por três rounds de cinco minutos. Vaiavam a falta de iniciativa dos lutadores. Isso porque não viram os quinze segundos finais do segundo assalto. Num capricho do tal destino citado lá em cima, uma sequência de clinch com os dois brutamontes de pé, entrelaçados pelos braços, foi captada pela câmera certa, no ângulo perfeito, no momento ideal. Resultado - uma cena que faria corar qualquer defensor do movimento arco-íris por conta de sua sugestão sexualmente gay. Muito gay.

Depois desta, vi outra, em que um brasileiro com onze lutas de invencibilidade no cartel foi nocauteado no primeiro soco, um direto no queixo que parecia saído de desenho animado, daqueles em que a cabeça fica e o corpo segue adiante. Caiu grogue, derrotado, envergonhado. Minha paciência para esses aperitivos acabou e marquei o tempo que deveria faltar até o prato principal.

Quatro partidas de Winning Eleven depois, lá estava eu de volta ao sofá, alertado pelo anúncio exagerado da entrada dos lutadores.

Minotauro, 33 anos, e Couture, 46, subiram ao octagon carregando não cinturões, mas uma história de glórias na competição mais famosa do MMA. Ambos na mais absoluta forma, secos e musculosos, compenetratos. Couture, claro, tinha da platéia o mesmo carinho que Rocky Balboa em seus filmes. O Brasileiro, apesar de também idolatrado por lá, desta vez atuava no papel de vilão.

Foram quinze minutos que apreciei da mesma forma que uma boa luta de boxe. Aliás, boxe foi o que se mais viu nesse tempo, com os dois lutadores trocando socos sem nenhuma prudência em várias oportunidades. "Trocação" franca, diziam na tv. Corro pro dicionário. A palavra não existe, como eu imaginei. Tudo bem, o comentarista, também tenho certeza de que foi inventado.

Numa dessas trocas de socos, Minotauro leva Couture ao chão. Tenta a montada e a finalização mas, para surpresa geral, o americano sai do triângulo que o brasileiro tentou a todo custo e força aplicar. Surpreendente, para dizer o mínimo.

A situação se repetiria. Um direto de Minotauro, Couture novamente no chão. Desta vez, o brasileiro imprensa o americano na grade e, de novo, tenta o estrangulamento. Fica longos minutos sobre ele quando, numa troca de posição, passa a ficar ainda mais à vontade para castigá-lo, soco atrás de soco, sempre na cabeça. Nada do juiz, também brasileiro, parar a luta. Nada do americano apagar. Mais uma vez, me surpreendo com sua resistência. O que não me surpreende, de forma alguma, é o impacto das cenas, de uma violência assustadora, daquelas em que, numa situação normal, você pensa “porra, assim ele vai matar o cara”.

Nada. Os dois se levantam, a luta acaba. Minotauro é declarado vencedor. Comemora sob tímidas vaias, já que foi claramente superior. Ouço a palavra “trocação” pela enésima vez. Tento ser menos intolerante e pensar que se trata de um termo próprio do esporte. “Impróprio é o catso, se são jornalistas, devem falar nossa língua com correção”.

É, realmente tem certas coisas as quais eu não consigo me acostumar.

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Início, meio e fim.

Há exatos cinco anos eu saía do ginásio do complexo de Helliniko, em Atenas, com um tremendo sorriso no rosto. Havia acabado de testemunhar a vitória da Argentina sobre a Itália, na disputa do ouro olímpico no basquete.

Era um dos eventos mais esperados e disputados dos jogos, pois todos acreditavam que o Dream Team americano estaria na final. Por isso não foi nada fácil entrar sem ingresso, no meio do segundo quarto, mesmo com a credencial de imprensa. Mas na Grécia, como aqui, muita coisa se resolve no jeitinho.

Para mim, que pela segunda olimpíada seguida não tinha o Brasil para torcer, era natural ficar feliz e vibrar por nossos vizinhos. Não só porque a escola argentina sempre me agradou, mas também porque aquela geração, em especial, tinha algo mágico. Que não era o talento incomum de Manu, a garra absurda de Noce ou a inteligência de Scola. O que saltava aos olhos naquele time era o espírito solidário, a união, a quase irmandade entre os jogadores. E as olimpíadas de Atenas, que começaram com o inacreditável - a derrota americana para Porto Rico, bem diante de meus olhos - terminavam com um sentimento imenso de orgulho em ser latino-americano, contagiado, claro, por três quartos pulando bem no meio da apaixonada torcida argentina, que eu bem sei, canta sem parar até em jogo de pólo aquático.

Naquela noite, éramos todos irmãos no basquete.


Eis que hoje, cinco anos depois, a seleção brasileira vence a argentina com autoridade e até sobras, pela Copa América, início do caminho para o tão esperado ciclo olímpico, que continua no ano que vem, com o Campeonato Mundial.

Em quadra, uma geração cada vez mais madura e preparada do basquete brasileiro, com Leandrinho, Ânderson, Tiago, Huertas, Alex. E um adversário desmantelado pelos desfalques de Ginóbili, Nocioni, Oberto, Delfino, Pepe. Nomes que, na Turquia, devem ter seu canto do cisne com a seleção argentina.

Uma troca de guarda. Que nossos moleques, cada vez mais homens, honrem o posto.

* * *

Pra quem não quiser mudar de assunto, vale uma olhada nisto.

Com sua introdução ao Hall da Fama do Basquete cada vez mais próxima, pipocam publicações, homenagens e lançamentos em torno de MJ. E lembranças. Muitas e boas.

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Uma questão de bom senso.

Os mais velhos lembrarão que este era o slogam de uma antiga marca de cigarros.

Os mais antigos talvez fiquem até assustados com o que vou dizer.

O Esporte Fantástico do domingo passado resolveu propor uma questão, no mínimo, polêmica: quem era melhor, o Flamengo de 81 ou o São Paulo de 91/92?

Foram ouvidas seis opiniões, três ligadas a cada clube - Leandro, Andrade, Heitor Martinez (ator rubro-negro que me surpreendeu com seu conhecimento sobre o Fla), Cafu, Raí e Nasi (ele mesmo, do Ira!), tricolor fanático.

Quando entrevistei o Leandro, em sua pousada, em Cabo Frio, tive que lhe fazer a seguinte pergunta proposta pelo quadro do programa: num jogo único, quem levaria a melhor?

Leandro, do alto de sua classe e sabedoria, teve o bom senso de admitir que, em se tratando de futebol, qualquer um poderia vencer um jogo único. Mas ressaltou que, se fossem dez jogos, provavelmente aquele time do Flamengo venceria nove.

Ontem finalmente vi a matéria. Leandro e Andrade, claro, apontaram o Fla como sendo superior, pelos motivos que nem perderei tempo e espaço em reproduzir aqui. Heitor Martinez teve opinião igual (e, no dia da entrevista, foi mais longe, lembrando que se o Flamengo não tivesse perdido aquela semi para o Peñarol aqui, também seria bi da Libertadores e Mundial, como aquele São Paulo - mas não usaram isso na edição).

Cafu, que entrou para a história infinitamente mais pelo fôlego do que pela inteligência, preferiu apontar o São Paulo. Foi além - disse que, sem o Zico, o Fla de 81 tinha bons jogadores, mas inferiores aos daquele tricolor bi-mundial.

Passei a desconfiar que Cafu foi gostar de futebol tardiamente e, por isso, talvez jamais tenha visto Leandro, Júnior, Andrade e Adílio em campo.

Nasi, como esperado, apontou o São Paulo.

E aí veio Raí. Que, por duas vezes, enalteceu aquela bela equipe de Telê Santana, mas foi categórico: o Fla de 81 era melhor que o São Paulo da época dele.

Demonstrou sabedoria, conhecimento e, acima de tudo, respeito pela geração do irmão mais velho, uma das mais brilhantes que o futebol brasileiro já teve.

Uma questão de bom senso, acima de tudo.


Estreia é sempre estreia, mesmo agora, sem acento. Por isso, mais importante que qualquer outra observação, é preciso lembrar que o primeiro passo foi dado com o pé direito.

Mas, aqui entre nós, quase tropeçando no próprio pé esquerdo.

O Brasil venceu a República Dominicana, mas não sem tomar um calor quase até o fim e, principalmente, não sem deixar a todos preocupados.

Depois dos erros na preparação - como a tardia apresentação, duas semanas depois do que poderia ter sido - nossa seleção deixou muito a desejar ontem, em San Juan, mostrando um basquete quase oposto ao pregado e treinado por Moncho e mostrado nos amistosos anteriores.

Afobação no ataque, uma certa impaciência na defesa e, sobretudo, tiros e mais tiros de três pontos equivocados, mesmo numa tarde em que ficou claro, desde o início, que a bola não estava caindo.

Tomara que hoje, passada a estreia, joguemos como um time contra a Venezuela.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Segundona.

Eu assisti a três jogos de futebol neste fim de semana.

No sábado, vi o trio Thiago Silva, Ronaldinho Gaúcho e Alexandre Pato ser decisivo para a estreia do Milan com vitória sobre o Siena, por dois a um, no campeonato italiano.

Thiago foi um monstro na defesa, orientando companheiros dez anos mais experientes que ele. Ronaldinho, jogando como um legítimo camisa dez, deu dois passes mágicos nos lances dos gols marcados por um Pato absolutamente decisivo e confiante. Os três me pareceram em forma e motivados.

Ontem, vi Diego ter uma atuação soberba na magra vitória da Juve sobre o Chievo. Foi dele o cruzamento para o gol de Iaquinta e foram para ele as palmas de todo o Estádio Olímpico de Turim quando Ferrara o substituiu, a quatro minutos do fim, exatamente para isso. Mais que as palmas, o sorriso no rosto do brasileiro, enquanto era festejado pelos demais companheiros no banco, dizia tudo. Diego veste a 28, mas poderia perfeitamente vestir a 10 se ela não fosse de Del Piero.

Pois nem Diego, nem Thiago Silva, nem Pato, nem Ronaldinho, nenhum deles vai estar em campo no dia cinco, em Rosário, quando o Brasil enfrenta a Argentina.

Para os três mais jovens, seria um importante aprendizado relacionado à amarelinha. Encarar nossos hermanos, na terra deles, e na situação atual deles, é uma experiência que amadurece e bota à prova qualquer jogador.

Em vez deles, lá estarão Luisão, Felipe Melo, Josué, Gilberto Silva...

Ainda bem que ainda há tempo até a Copa de 2010.

* * *

O terceiro jogo a que assisti, claro, foi Avaí x Flamengo.

Sobre ele, apenas uma coisa a dizer - o foco de jogadores, comissão técnica e dirigentes, a partir de agora, deve ser chegar logo aos tais 45 pontos.

E é bom não entrar numa de que falta pouco para isso.

* * *

Mudando totalmente de assunto, deixo a dica - "Nalu Pelo Mundo", que estreou por esses dias no Multishow (terças, 21h), poderia ser apenas mais um programa na linha Surf Adventures, Mochilão, Travellers e outros, todos bons. Mas Nalu é muito bom. Também pela graça de Isabelle Nalu, de quatro anos, e pela simpatia do casal Pato e Fabiana. Mas, principalmente, pela edição, roteiro, sonorização e cuidado que se vê com a produção de cada sequência. Quando se sabe que tudo é feito apenas pelo casal - paralelamente a tomar conta da filha, numa idade em que isso não é exatamente algo fácil -, fica ainda mais admirável o resultado. Pra quem curte fazer tv, vale dar uma olhada.

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

O admirável mundo da bola, onde 2+2=3.

Eu já escrevi aqui uma vez que não sou muito bom em matemática. Mesmo assim, vamos lá, tentar entender algo que matemático algum parece ser capaz de me fazer compreender.

Anteontem foi anunciada a saída de Emerson do Flamengo. A tal proposta árabe - que, estranhamente, ontem, descobriu-se ser do Al-Ain, e não do Al-Ahli - havia sido aumentada e o clube, como apalavrado com o jogador, iria liberá-lo.

Vejamos, então, os valores sabidos até aqui. Lembro que a fonte desses números é a própria diretoria do Flamengo - a mesma que vinha dizendo negociar com um clube que, agora, revelou ser outro.

A multa rescisória do contrato assinado pelo jogador, em março passado, foi estabelecida em 6 milhões de euros, algo em torno de 15 milhões de reais. Pelos dois anos do compromisso, Emerson receberia pouco mais de um milhão de euros, 2,8 milhões de reais.

Há duas semanas chegou a notícia de que o Al-Ahli - perdão, o Al-Ain, na verdade - estaria oferencendo, pelo mesmo tempo de contrato, 12,5 milhões de reais ao jogador. Isso dá quatro vezes e meia o que ele teria a receber do Flamengo.

O mesmo Al-Ahli - quer dizer, o Al-Ain - ofereceu 5 milhões de reais ao clube - três vezes menos que a multa rescisória. Conta daqui, conta dali e os dirigentes rubro-negros concluíram que era muito pouco, ainda mais porque quase 90% do dinheiro iria diretamente para dois credores, o Atlético de Madrid, por conta da compra do zagueiro Gamarra, e uma empresa de segurança contratada na mais nebulosa administração que o clube já teve, de Edmundo Santos Silva.

Eis que, anteontem, os árabes melhoram a proposta feita ao jogador, de 12,5 milhões para 17 milhões. Nada menos que 4,5 milhões de aumento.

O Flamengo? Não, o Flamengo continua com a oferta de cinquinho na mesa, nem um tostão a mais.

Ora, como os árabes são capazes de oferecer tanto mais ao atleta e nada além para o clube?

Seriam eles os melhores negociantes do mundo ou seriam nossos dirigentes os piores?

Ou as duas coisas?

O vice de futebol do clube, Marcos Braz, afirmou ontem textualmente o seguinte, depois de vetar o negócio e quebrar a palavra dada a Emerson: "- Qualquer um que olhar a proposta verá que ela não é boa para o clube."

Jura?

Aí eu pergunto: alguém duvida que Emerson vai embora?

E mais importante: alguém acredita que os árabes possam aumentar a proposta ao clube da mesma maneira que fizeram com o jogador?

NÃO e NÃO são as respostas. No fim desta terça, O Flamengo já acenava com a possibilidade de fechar negócio por 6 milhões de reais - só um milhão a mais do que a proposta inicial e ainda duas vezes e meia menor que o valor da multa rescisória.

Se Emerson é tão importante para o time (e é) e se os árabes têm cacife (e terão sempre) para aumentar a proposta a Emerson em 4,5 milhões, por que o clube não bate o pé e diz que só libera o jogador se receber aumento similar, o que levaria o valor a ser recebido pelo Fla para algo em torno de 10 milhões de reais?

* * *

A enquete na página de abertura do globoesporte.com dá a tônica do que tem sido esse Campeonato Brasileiro até aqui. A pergunta é:

Quem foi o melhor jogador do primeiro turno do Brasileiro?

As opções?

Adriano, Diego Souza, Fernandinho, Júlio César, Miranda e Diego Tardelli.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

SMS

Essa coisa de trabalhar tem me deixado sem tempo para o Tudo Bola. E o Flamengo, me deixado sem paciência pra escrever. A troca de mensagens com meu irmão, ontem, durante o jogo, resume bem o que ele foi.

- O flor VAI cair...
(a bolinha da Globo tinha acabado de anunciar o primeiro do Coxa)
- Porra, na pequena área, era bola do Bruno...
(e o Fla, tomado o primeiro do Grêmio)
- Tamos perdendo gol demais!
(nem lembro qual foi esse, foram tantos perdidos...)
- Esse Fierro é uma merda. Vamos ganhar esse jogo.
(confiança nada tola, diga-se, pois o Grêmio estava deixando jogar)
- Goleiraço.
(Victor salva um gol feito. Ou Adriano perde, tanto faz...)
- goleiraços
(Bruno espalma para escanteio uma cabeçada à queima-roupa)
- O nosso já foi.
(Bruno tinha acabado de falhar no segundo gol do Grêmio)
- FRANGAÇO
(a caixa alta diz tudo...)
- Imperador e Sheik muito mal hoje, perderam uma penca.
(na conta deles: 5 chances claras perdidas)
- Time apagou
(já tava 3x1...)
- Mais uma que dava pra ter ganho. Gostei do Camacho e do Everton, melhor do time.
- Placar injusto

E assim acabou o primeiro turno do campeonato para o Flamengo, décimo colocado com 27 pontos, cada vez mais longe do G4 mas, graças a Zico, confortavelmente longe da zona do rebaixamento.

Não, não se trata de pensamento pequeno, muito pelo contrário. A realidade desse campeonato é que qualquer sequência pode levá-lo ao céu ou ao inferno. Perguntem a São Paulo (seis vitórias seguidas, da quase zona pro G4), Avaí (nove jogos invicto, da lanterna para o quinto lugar) ou Fluminense (oito derrotas nas últimas doze rodadas, em que só venceu uma vez). Subir ou cair na tabela, numa competição em que a marca é a irregularidade, é muito fácil.

O difícil é mudar a realidade.

É por isso que não acredito que o Fla brigue mais pelo título. Pode melhorar, dar uma arrancada ali ou aqui (mais provavelmente aqui, porque fora o time quase não vence), mas vai, no máximo, brigar mesmo pela Libertadores.

É por isso, também, que acredito que o Fluminense já esteja rebaixado.

Teoricamente, Palmeiras, Goiás, Inter, São Paulo e Atlético estariam na disputa, já que a diferença entre o primeiro e o quinto colocados é de apenas cinco pontos. Mas eu vejo o Galo ficando pelo caminho... o Bambi subindo, chegando... o Colorado se reerguendo depois da saída de Nilmar... o Goiás cada vez mais sólido - e ainda terá Fernandão pra melhorar mais... e o Palmeiras, de Muricy, sinceramente eu não vejo com essa bola toda.

Continuo apostando no Inter, como previ aqui antes do campeonato. E acho que o São Paulo será o principal adversário dos gaúchos, com o Goiás pintando como possível surpresa.

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Ei, Léo Moura...

Pedir desculpas não adianta, camarada. Aliás, camarada é o cacete.

Xingar a torcida, como você fez, muito menos. E dizer que se trata de meia dúzia que te persegue é piada ou surdez da sua parte. Ou cara-de-pau. Ou, pior, presunção.

Assim como aconteceu com Juan, seu parceiro da outra lateral, realmente as vaias te acompanham há tempos. E eu posso dizer isso de cadeira - arquibancada, na verdade - porque vou a todos os jogos. E também vaio.

Eu já escrevi isso aqui outra vez, mas vou repetir só pra você - a torcida rubro-negra, salvo raríssimas exceções (o horroroso Wellinton é um exemplo), só vaia quem não demonstra aplicação em campo. Vaia quem não volta pra defesa com o mesmo ímpeto que vai ao ataque. Vaia quem perde esse ímpeto e passa a se achar o dono do time, dando passinhos pro lado, sem suar a camisa. Vaia quem abandona a posição e se manda pra área, onde já está o Adriano. Vaia quem não honra a camisa que chamam de manto.

Por isso tudo e mais um pouco, como seguidas faltas e cruzamentos bizonhos, jogo após jogo, o que deixa clara a falta de treinamento, ela vaia você há tempos.

E veja só que engraçado, Léo: Willians, que há pelo menos meia dúzia de partidas tem jogado tão mal quanto você, esse sim, foi vaiado timidamente depois de uma bola perdida no ataque já no fim do jogo contra o Náutico. Sabe por que Willians não é vaiado, mesmo jogando mal? Porque dá o sangue em campo. Se aplica, demonstra esforço. Não foge de divididas, não volta dando trotezinho pra defesa. Rouba mais bolas que o restante do time todo. Erra dezenas de passes, é verdade. Mas tem ido mais à linha de fundo que você. Tem demonstrado infinitamente mais respeito à instituição Flamengo que você.

Claro que, nessas horas, mesmo após a atitude lamentável que você teve, aparecem cronistas criticando a postura do torcedor que vaia tanto quanto a sua. Eu lembro a esses que você e Juan, que um dia foram chamados de "os melhores laterais em atividade no Brasil", são há muito tempo os piores do time. Irritam a torcida tanto ou mais que o pobre Wellinton. Mas não pelo mesmo motivo. E sim pelos motivos que fizeram vocês terem passagens-relâmpago pela seleção do Dunga. A mesma seleção que sofre até hoje com seus próprios laterais.

Enfim, camarada, corra. Corra bastante amanhã, contra o Goiás, longe da meia dúzia que você afirma o perseguir injustamente.

Domingo que vem temos mais um encontro, eu, você e a torcida do Flamengo.